sábado, 10 de setembro de 2022

Memórias das preces a Santo António a pedir chuva

 Memórias das preces a Santo António a pedir chuva 

Na década de 1960, surgiram alguns anos muito sêcos com penalização da agricultura, as searas de trigo e de outros cereais não se desenvolviam e algumas em terras mais fracas desapareciam totalmente e, os lavradores e seareiros não colhiam nada o que significava uma desgraça para toda a comunidade de Capelins, porque, mesmo os que não eram lavradores ou seareiros acabavam por ser envolvidos, o mais certo era ficarem desempregados. 
Assim que, começavam a sentir a seca, ou seja, a ver as searas com sede, as mulheres  reuniam-se na Igreja de Santo António para planear e decidir a data e horário da novena que, rapidamente era anunciada por toda a Freguesia. 
Durante nove dias consecutivos, as mulheres compareciam na Igreja de Santo António e rezavam, rezavam e cantavam orações específicas, com muita fé a pedir que viesse chuva e se até ao final da novena não viesse a chuva pedida, faziam outra novena e se fosse necessário, ainda outra.
Quando faziam uma série de novenas e não chovia, era organizada uma procissão com a imagem de Santo António, entre a sua Igreja e a Ermida de Nossa Senhora das Neves, sempre na esperança de, no caminho, começar a chover e se mesmo assim, não chovesse a imagem de Santo António ficava na Ermida de Nossa Senhora das Neves, como se fosse um castigo e a novena continuava, mas na Ermida de Nossa Senhora das Neves e, Santo António, não voltava à sua Igreja enquanto não chovesse, passando, grandes temporadas naquela Ermida.
Conta-se que, num ano de novenas, os crentes já não tinham esperança nenhuma que viesse chuva, e decidiram acabar com as Preces e levar a Imagem de Santo António para a sua Igreja, mas no dia que o fizeram, saíram da Ermida de Nossa Senhora das Neves com o céu limpo, sem sinais de nuvens e muito menos de chuva, mas quando vinham a meio caminho começou a chover imenso, e toda a gente acreditou que foi um milagre de Santo António, o qual ficou na memória dos capelinenses, cujo testemunho tem passado de geração em geração.

Fim 

Texto: Correia Manuel 

Santo António de Capelins 


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