domingo, 26 de fevereiro de 2023

Memórias do banho no pego da rocha, na Ribeira de Lucefécit

Memórias do banho no pego da rocha, na Ribeira de Lucefécit 

Nos primeiros anos da década de 1970, num sábado, ao fim da manhã estava um grupo de rapazes a beber umas cervejas numa taberna de Ferreira de Capelins, era um dia festivo com baile à noite. 

Um dos rapazes mandou vir mais uma rodada, mas o Manel disse que não queria beber mais nada, porque, tinha de ir tomar banho, senão,  metia-se o almoço e depois a tardada e chegava à hora de se vestir para a bailarada e ainda não tinha tomado banho e não queria ir para o baile a cheirar mal. 

Os rapazes que estavam no grupo, disseram que, também iam tomar banho, mas não era em casa, ainda não havia casas de banho em Capelins, uma vez que, não existia saneamento básico, a solução era o banho à chinês, num alguidar, com uma vasilha deitava-se água pela cabeça, depois de bem molhados, ensaboavam-se com um sabonete bem cheiroso e deitava-se um pouco de champoo na cabeça, a seguir continuavam a deitar água pela cabeça para tirar a espuma e estava o banho tomado, mas neste caso, sendo verão alguns rapazes, geralmente,  tomavam banho na Ribeira de Lucefécit ou no rio Guadiana, mas tinham um lugar muito bom e perto da Aldeia, era o pego da rocha, com nascente, na Ribeira de Lucefécit e tomavam banho em águas sagradas, já que desciam passando por diversos Santuários do vale da Lucefécit, assim, convenceram o Manel em ir com eles, era só levar um sabonete, champoo e uma toalha, e vinham de lá lavadinhos, davam uns mergulhos e vinham almoçar a casa.

Os rapazes beberam mais umas cervejas e pouco depois foram às suas casas buscar o que fazia falta para o banho e partiram a dois e dois nas motorizadas até ás Águas Frias com destino ao pego da rocha que ficava entre os portos das Águas Frias de Baixo e de Cima, muito próximo do caminho que ligava as Aldeias de Ferreira e do Rosário, assim que chegaram despiram a roupa toda e atiraram-na por cima das tamujeiras, e ficaram nus, saltaram para a água, começaram a nadar, a mergulhar e muita brincadeira, andaram nisso quase uma hora, mas quando a fome começou a apertar decidiram passar os sabonetes pelo corpo, o champoo na cabeça, e deram uns mergulhos para a espuma sair. 

Quando saíram da água, prepararam-se para se limpar, mas nem as tolhas nem uma única peça de roupa apareciam, ainda pensaram que, com o entusiasmo de irem mergulhar as tinham deixado lá mais para cima e já aflitos, começaram a procurá-las pelo meio das moitas das tamujeiras que por ali havia, mas nada de toalhas nem de roupa, entretanto, enxugaram com o sol, como já estavam convencidos que tinham sido roubados, lamentavam-se como é que iam aparecer nus, montados nas motorizadas na Aldeia de Ferreira, logo em noite de baile, o que não iam dizer deles, como seriam gozados no baile, depois de várias ideias, pensaram em fazer um tapilho em buínho entrelaçado ligado com junça, para o rapaz mais magro, por causa do tamanho da cintura, ir na motorizada, à casa de cada um, buscar roupa, e de entre todas as ideias, esta era a melhor, mas surgiu outro problema, não tinham uma única navalha para cortar a junça e o buinho, porque, estavam nos bolsos das calças que tinham roubado, tinha de ser à mão, mas demorava muito tempo e tinham muita fome, mas era melhor começar a fazer o tapilho, por isso, uns apanhavam o buínho e os que sabiam, faziam os entrelaçados, depois era só fazer as ligações  com junça e também ligar ao cinto feito em buínho, só assim estavam safos de passar a suposta vergonha. 

Quando os rapazes já andavam a colher o buínho, o Manel pressentiu que estavam a ser observados, levantou os olhos à procura de ver alguém e avistou uma camisola pendurada de um freixeiro no ribeiro do castelo, que ficava um pouco mais abaixo do dito pego, não conteve a alegria e gritou: - Está além a nossa roupa, estamos safos! E foi a correr naquela direção e os outros rapazes deixaram o buínho e foram a correr atrás dele, e lá estava a roupinha e as toalhas tudo bem arrumado, debaixo do freixeiro, foi um grande alívio para todos, depressa se vestiram e, antes da partida, ainda olharam, olharam, mas não viram ninguém e só não foram procurar o ladrão, que estava bem perto, porque não aguentavam a fome, ainda tentaram comer umas bagas de uvas bravas, mas estavam intragáveis e as amoras já estavam secas.

Passados uns meses, ouviram dizer que o brincalhão tinha sido o tio de um dos rapazes e amigo de todos, que era vaqueiro ali perto, e como tinha assistido ao espetáculo da rapaziada no banho, pensou em lhe pregar uma partida, depois era para aparecer com a roupa, mas como os viu e ouviu tão zangados teve medo não lhe chegassem a roupa ao pêlo, porque ouvia-os dizer que desfaziam o ladrão e ficou amagado no meio do buinho, dentro da Ribeira. 

Foi uma boa lição para os rapazes que, depois disso acontecer, sempre que iam tomar banho ao pego da rocha nas Águas Frias, deixavam a roupa bem arrumada e à vista deles, porque nunca mais esqueceram a vergonha que teriam passado se têm aparecido nus na Aldeia de Ferreira.

Fim 

Texto: Correia Manuel 




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Memórias da horta da ti Maria, em Capelins

 Memórias da horta da ti Maria, em Capelins

A ti Maria Rosa, era uma mulher de estatura média, tinha pouca conversa, assim como de empatia, vestia de negro, porque tinha ficado viúva muito cedo, e como não tinha filhos, vivia sozinha no seu Monte, perto da Aldeia de Ferreira.
A vida diária da ti Maria, pouco mudava, além de tomar conta de si própria, tratava das galinhas e da sua horta que se situava num pequeno vale a cerca de duzentos metros do Monte, onde tinha um poço com muita e boa água e lá plantava e colhia quase tudo o que precisava para consumo na casa, desde as hortaliças, batatas, alhos, cebolas, tomate, feijão, cenouras e muitas qualidades de frutos, figos, laranjas, abrunhos, ameixas, pêssegos, uvas, melão, melancia, morangos e outros.
A meio de cada manhã, a ti Maria deixava a horta e dirigia-se ao Monte, tratava das galinhas, comia alguma coisa e punha as sopas ao lume para o seu jantar (almoço) e davam para a ceia (jantar), e só voltava à labuta da horta à tardinha, mas no verão, como se levantava de madrugada, dormia uma boa sesta e era nessa hora que a rapaziada aproveitava para fazer uma visita ao seu morangal, que ocupava um grande espaço da horta, produzindo alguns quilos de morangos, e do qual, a ti Maria tratava muito bem e tinha muito orgulho.
Os rapazes foram passando a palavra sobre, o lugar onde havia muitos e bons morangos, um fruto muito cobiçado e raro em Capelins nessa época, e os fregueses dos mesmos foi aumentando, e quando a ti Maria esperava de haver morangos maduros para colher, não avistava nenhum e estranhava de naquele ano, dos finais da década de 1960, os morangos estarem tão atrasados, porque nos anos anteriores, nessa altura já tinha colhido quilos e quilos e começou a desconfiar que havia mão alheia a fazer a colheita, uma vez que, via morangos arraiados e depois desapareciam, tinha de haver ali gato ou rato, pelo que, começou a espreitar lá do Monte, de onde avistava as entradas da horta, mas os rapazes tinham um esquema bem montado e a ti Maria não conseguia apanhá-los, quando uns iam encher a barriga de moranguinhos, ficava um de vigia, camuflado em cima de uma oliveira, de onde via a porta do Monte e, assim que ela aparecia, mandava um assobio e os que estavam na horta rastejavam uns metros por baixo das roseiras, entravam dentro de um pequeno ribeiro e, facilmente se punham em fuga e como ela era surda, não ouvia o assobio, e se fosse à horta, quando lá chegava, já eles estavam longe.
A ti Maria usava várias estratégias, espreitava, espreitava e não via ninguém na horta, já nem dormia a sesta, para guardar os seus belos morangos, andava a dormir em pé, e queixava-se a toda a gente que naquele ano, já o verão ia a meio e ainda não tinha metido o dente num morango, não sabia o que se passava, achava que os roubavam, mas não via lá ninguém nem pégadas de gente, já estava desconfiada que seria algum bicho rastejante, porque era o que lá via, sinais de bichos rastejantes que lhe comiam os morangos todos, nem os deixavam amadurecer, mal ficavam arraiados e desapareciam.
A ti Maria não encontrava sinais de entrada dos invasores na horta, até já tinha andado, algumas vezes, com um grande pau a picar debaixo das roseiras e tudo em volta, mas apenas tinha espantado algumas codornizes e não encontrava nenhum bicho.
Os rapazes sabiam do dilema onde ela andava metida, e isso, ainda os motivava mais, a continuar a sua brincadeira, já não era pelo interesse nos morangos, mas por saberem que a traziam arreliada e combinaram em continuar e não a deixar provar os morangos nesse ano, mas não tocavam nos outros frutos, e aperfeiçoaram a técnica de catar morangos, mesmo aqueles que ela escondia, ainda verdes, debaixo de pasto, eles tanto procuravam que os achavam e mesmo que não estivessem maduros já lá não ficavam e a ti Maria chegou a uma altura que se convenceu que eram bichos rastejantes que tinham aparecido naquele ano e eram comedores de morangos e começou a dar voltas à cabeça de como os podia apanhar, não tinha dúvidas que o isco tinham de ser morangos, mas não tinha, a não ser que comprassse alguns e metia-os dentro de uma ratoeira dos ratos e assim fez, comprou meio arrátel de bons morangos, a um regatão, em troca dos ovos das galinhas e meteu alguns dentro de duas ratoeiras disfarçadas no meio do morangal.
Os rapazes aperceberam-se das ratoeiras, mas não tocavam nos morangos que lá estavam dentro, podiam estar envenenados para matar os bichos e ficavam no mesmo lugar até se estragarem, sem resultados, e a ti Maria pelo rasto que ficava das barrigas dos rapazes pensou que deviam ser bichos grandes que não cabiam na entrada das ratoeiras e, desesperada, desistiu das suas caçadas aos papa morangos, também, porque, o verão estava a chegar ao fim, assim como, a época dos morangos e ela quase não provou os seus morangos.
A ti Maria andou meses a contar a toda a gente que, naquele verão tinham aparecido uns bichos rastejantes que lhe tinham comido os morangos todos, mal os tinha provado, algumas pessoas achavam estranho, mas pensavam que ela não devia estar boa da cabeça, devia comê-los e depois não se lembrava e dizia que eram os bichos rastejantes que os comiam e não tocavam em mais nenhuma fruta, não podia ser, para os rapazes era uma paródia, mas mais tarde reconheceram que foi uma má ação, mas para eles não tinha passado de uma brincadeira na horta da ti Maria.
Fim
Texto: Correia Manuel

Morangueiros



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Memórias da partida ao louceiro do Redondo, em Capelins

Memórias da partida ao louceiro do Redondo, em Capelins

Numa tarde, após mais um dia de escola, em meados da década de 1960, em Ferreira de Capelins, o grupo habitual meteu-se a caminho de casa, a magicar sobre o que podiam fazer de mal durante o curto caminho, mas apesar de várias propostas de cada um, não se encontrava nada de jeito, que não fosse muito grave, senão o acerto de contas, depois em casa, ou mesmo na escola, podia ser muito severo.

Quando o grupo ia chegando à porta da taberna, o João parou e disse:

João: É pá, já sei o que vamos fazer hoje!

Os rapazes pararam, olharam em volta e ficaram sem o perceber, porque, não viram nada, nem ninguém, a quem pudessem pregar alguma partida e insistiram para ele lhe explicar o que afinal iam fazer!

João: Vocês não estão a ver mesmo em frente dos seus narizes os burros do louceiro? O que querem melhor?

Manel: Então, e o que queres fazer aos burros? Não vês que estão carregados de louça! Queres espantá-los e partir a louça toda?

João: Pois, isso é que era uma bela partida, era para toda a vida!

Manel: Sim, mas as lambadas que a gente levava dos nossos velhos, também eram para toda a vida! Ou tu pensas que o homem não ia fazer queixar e éramos logo apanhados?

João: Não sei! Se a gente fizer as coisas bem feitas, não somos, como é que o louceiro sabe que fomos nós os culpados de um atabão (grande mosca da família tabanidae) picar o rabo do burro?

Manel: Ó João, mas os burros estão presos um ao outro, com uma corda, por isso, se espantarmos só um, o outro vai segurá-lo!

João: Isso resolve-se bem! A gente desata a corda e o homem sabe lá se foi o burro ao fugir que a partiu!

Não, não! Responderam os rapazes em coro! E deixaram bem claro que não entravam na partida ao louceiro, era muito arriscado, no fim, ainda apanhavam uma grande sova dos pais e tinham de pagar a louça toda, e até podia meter a Guarda Republicana.

O João chamou-lhe tudo, caguinhas, medrosos, que não eram para nada, mas não os demoveu e apressou-se a contar-lhe uma partida semelhante à que ele queria fazer, passada nos tempos do seu avô, e começou a contar:

Há muitos anos, andava por aqui um louceiro do Redondo, ao qual chamavam o ti Zé louceiro, era muito bondoso e gostava muito de beber uns copinhos de vinho, um dia estava numa taberna além em Capelins de Baixo e tinha o burro à porta, com um resto de louça nos alforges, umas panelas maiores e umas mais pequenas, apareceram uns rapazes que o conheciam e lembraram-se de lhe pregar uma partida, e se bem o pensaram, melhor o fizeram, combinaram o que iam fazer e um dos rapazes foi buscar um tôjo sêco cheio de picos e outro levantou a cauda ao burro e meteram o tôjo entalado na cilha debaixo da cauda do animal que, quando sentiu as picadas, mandou dois sopros e partiu em corrida pela estrada de Montejuntos.

O ti Zé louceiro já tinha bebido uns copinhos de vinho e estava muito descontraído na taberna, pelo que, não deu por nada, mas daí a pouco tempo foram dizer-lhe que tinham visto passar o burro em grande correria para os lados da Aldeia de Montejuntos e parecia que ia com a mosca, mas ele não se importou, nem se mexeu de onde estava e só respondeu: - Deixem-no ir andando, ele há-de aparecer!

Os autores da partida, rebolavam-se no chão a rir, mas não contaram a ninguém que tinha sido obra deles e toda a gente que por ali passava eouvia dizer que o burro do ti Zé louceiro lhe tinha fugido, culpavam a mosca que lhe tinha picado no rabo.

Quando lhe apeteceu, o ti Zé louceiro despediu-se, saiu da taberna e seguiu para o lado que lhe indicaram terem visto ir o burro e, a partir dali foi pedindo informações, se o tinham visto, deu volta a Montejuntos a Cabeça de Carneiro, às herdades que ficavam no caminho e por fim, ao terceiro dia, alguém lhe disse que tinha visto um burro com alforges da louça, a pastar, serenamente perto das Sete Casinhas, o ti Zé louceiro seguiu a indicação que lhe deram e encontrou o seu burro, mas devido às picadas do tôjo, o animal tinha-se espojado para se livrar das picadas e partiu a louça toda, a sorte é que já era pouca, rematou o João!

Depois deste relato, o João insistiu para fazerem o mesmo, e afirmava que o louceiro não descobria que tinham sido eles, era a mosca, e que era uma partida muito engraçada, e mais isto e mais aquilo, mas nenhum rapaz do grupo lhe achou jeito, porque, pressentiam que não ia correr bem para o lado deles e foram andando para suas casas a imaginar o cenário do burro do ti Zé louceiro, tinha sido muito engraçado, mas era melhor ficarem assim.

Fim

Texto: Correia Manuel

Louça do Redondo 



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Memórias do toque do Buzino, em Capelins

 Memórias do toque do Buzino, em Capelins

Capelins foi sempre uma Freguesia rural, onde existem muitas herdades, de maiores ou menores dimensões, que constituíam a Vila Defesa de Ferreira de 1314, assim, o trabalho da maioria dos moradores da Freguesia era na agro pecuária, sendo permanente o trabalho com o gado, mas os trabalhos agrícolas eram sazonais, havendo nas respetivas herdades, um grupo de trabalhadores da casa, mas os trabalhos de, corte de lenhas, alqueive, monda, ceifa, carrego dos cereais para as eiras, debulha, arrumação da palha, sementeiras e colheita da azeitona, eram sazonais, obrigando os lavradores a contratar mais trabalhadores, alguns de outras regiões, como da Beira Baixa de onde vinham grandes ranchos de homens e mulheres a reforçar a mão de obra local.
Antes do inicio dos trabalhos sazonais, as herdades recrutavam o rancho de homens e mulheres, geralmente contavam com os habituais, aqueles e aquelas que já tinham lá trabalhado anteriormente, mas era preciso confirmar se podiam contar com eles, então, uns dias antes, os manageiros andavam de porta em porta e pelas tabernas até terem os ranchos organizados e toda a gente era informada de quanto ia ganhar, do sítio, do dia e horas de apresentação no trabalho.
Alguns trabalhadores contratados, eram da mesma família, mas nem todos moravam nas mesmas casas, muitos deles até afastados, numa ou outra Aldeia ou Montes em redor, pelo que, ficava um homem de confiança, encarregado de avisar a partida do rancho, pelas cinco ou seis horas da manhã, dependia da distância a percorrer até ao lugar onde iam enrregar e do tipo de trabalho, que podia ser a ceifa ou outro, mas como esse homem não podia andar a bater de porta em porta, tinha um grande búzio, ao qual chamavam um buzino e que ao ser soprado, por quem sabia, produzia um som inconfundível e único que, àquela hora da madrugada ouvia-se a léguas de distância e, em poucos minutos toda a gente desse rancho estava caminhando, ainda sonâmbolos, na direção do trabalho nas herdades, mas como os ranchos podiam sair em horas diferentes, cada tocador do buzino tinha um código para ser identificado pelo seu rancho, dava um toque mais longo e de seguida um mais curto, ou o contrário, ou outro que todos conheciam, e o buzino era sempre tocado dos sítios mais altos, como do Monte do Pinheiro, do Monte da Figueira ou do Largo de Capelins de Cima, para se ouvir bem, nas Aldeias e Montes da região.
O tocador do buzino, tinha o cuidado de fazer a chamada alguns minutos antes da hora marcada, mas não tocava mais de duas ou três vezes, na hora da partida quem estava, estava, quem não estava, ou ia a correr atrás do rancho ou ficava a dormir e perdia o dia de trabalho, mas havia pessoas que, ou por serem seareiros, trabalhavam por sua conta, ou comerciantes, ou alvanéus, ou já não conseguiam trabalhar e estavam em casa, que a essa hora já tinham a noite de sono feita e ouviam muito bem o toque do buzino, então ficavam com o ouvido à escuta, para ouvir bater as portas dos vizinhos ou familiares, e se isso não acontecesse, era sinal que eles não tinham ouvido o toque de chamada, continuando a dormir, nesses casos, lá estavam eles de serviço, sem preguiça levantavam-se das suas camas e corriam a bater nas paredes meias ou às portas e a gritar, "tocou o buzino, tocou o buzino"!
Os homens e mulheres que não tinham ouvido o buzino saltavam da cama, vestiam alguma coisa, pegavam na trouxa e saíam a correr, alguns ainda vestindo peças de roupa pelo caminho, mas não podiam perder o dia de trabalho e muitas vezes chegavam lá a deitar os bofes pela boca e só comiam alguma coisa quando fosse ditada a hora da bucha, começando um dia de trabalho ainda mais duro.
O buzino, tornou-se o instrumento de sopro, mais odiado nas terras de Capelins, era parecido com o cornetim militar, considerado o culpado de tirar as pessoas da cama para o trabalho e, anos mais tarde, quando caiu em desuso para dar lugar aos relógios despertadores, quem os tinha, meteu-os no fundo dos cestos da roupa ou das gavetas e, quando a rapaziada os encontrava nas casas dos avós e os cobiçava para brincar, muitas vezes, entusiasmavam-se a soprar na tentativa de os tocar, mas era difícil e nem todos conseguiam, então, os mais velhos, que tinham andado ao toque dos buzinos, pediam, encarecidamente para estarem sossegados, porque lhes faziam lembrar os tempos em que o toque dos ditos cujos, os tirava da cama e os empurrava para o trabalho no campo, muito duro, mesmo doentes, com frio, ou com chuva.
Quem diria que, uma concha de molusco ou caracol do mar, tinha causado tanto mal aos nossos ancestrais, ou talvez não, porque não passava da substituição do relógio despertador que, muitos capelinenses, nessa época, não podiam comprar.
Fim
Texto: Correia Manuel
Búzio, buzino em Capelins 



sábado, 18 de fevereiro de 2023

A lenda do fado, "Olha a Mala", em Capelins

 A lenda do fado, "Olha a Mala", em Capelins

Nos anos de 1950, quando a senhora Celeste Rodrigues cantou o fado "Olha a Mala" teve tanto êxito que era só o que se ouvia cantar por todos os cantos do país, chegando à Aldeia de Ferreira, onde não havia ninguém que não cantasse ou assobiasse o refrão - "Olha a mala...olha a mala/Olha a malinha de mão/Não é tua...nem é minha/É do nosso hidrovião".
Este fado era tão popular que se ouvia de dia e de noite em todos os lugares da Freguesia de Capelins, nas Aldeias, Montes, malhadas, choças, cabanas e nos campos, chegando ao ponto de enjoar e toda a gente pedia por todos os santinhos que não cantassem mais o "Olha a Mala", porque, era um massacre, e quando algumas pessoas perceberam isso, começaram a usá-lo para fazer pouco dos outros, ou seja, quando uma conversa ou qualquer ato não lhe agradavam, começavam a cantarolar o "Olha a Mala", uma forma de chamar parvo a alguém e, começou a dar origem a alguns sopapos.
O ti Manel Joaquim e a ti Joaquina Maria, moravam na Aldeia de Ferreira, eram seareiros, tinham umas courelas perto da Aldeia, onde tinham uma boa choupana, como se fosse uma casa, até lá faziam lume, a um canto, onde cosiam as sopas do jantar (almoço) e era lá que passavam os dias, voltando a casa no seu carro da mula ruça à noitinha.
O ti Manel e a ti Joaquina, por vezes chegavam a casa ao sol posto, outros vezes já era noite, como aconteceu naquele dia do mês de Março e, quando já estavam dentro da Aldeia, antes de chegarem a casa, começaram a ouvir o fado, "Olha a Mala", ficaram arrepiados, porque esse fado estava proibido na Aldeia de Ferreira, uma vez que era um símbolo de ofensa, por isso, não entendiam, porque motivo aquela pessoa, na taberna, estava a cantar o dito fado, com aquele descaramento.
Assim que chegaram a casa, ele foi desengatar a mula do carro, meteu-a na cabana, deu-lhe uma pouca de palha, limpou a palha velha do chão da cabana e atirou alguma palha nova para a cama do animal e foi tratar do bacro (porco) que quase saía do chiqueiro a grunhir com fome, e a ti Joaquina foi fazer lume e uma açorda de espinafres com ovos para a ceia (jantar) e quando o ti Manel entrou em casa, depois de tudo arrumado no quintal, com a cesta dos ovos que tinham trazido das galinhas que tinham na courela, já a ti Joaquina estava a partir dois ovos para escalfar na açorda que estava fervendo.
O ti Manel foi guardar os ovos na despensa, para depois venderem à ti Chica dos ovos, de Vila Viçosa, e quando voltou perguntou se a açorda ainda estava demorada, porque já estava cheio de fome, e a ti Joaquina respondeu que estava quase pronta, já podia ir lavar as mãos e migar as fatias de pão para o barranhito, ia já arredar a tigela de fogo do lume, depois era só perder a fervura.
O ti Manel e a ti Joaquina comeram a açorda de espinafres quase em silêncio, mas no fim da ceia, ela não se conteve e perguntou-lhe:
Ti Joaquina: Ó Manel, então tu não ouviste cantar o "Olha a Mala", ali para a taberna? O que seria aquilo?
Ti Manel: Ó Joaquina, então não havia de ouvir! O que era aquilo não sei, mas olha que fiquei desconfiado que era a fazerem pouco da gente!
Ti Joaquina: Ai Manel, olha que eu pensei o mesmo! Mas se não fizemos mal a ninguém, não merecemos uma coisa dessas!
Ti Manel: Pois não, mas tu sabes o que é a inveja! Deixa que se isso continuar, eu vou lá ver quem é, e dou-lhe o arroz!
Ti Joaquina: Deixa-te disso homem, cada um faz a sua vida e não vamos arranjar fezes!
Ti Manel: Ai não? Então vais ver! Vá, despacha-te que está na hora de deitar!
Ti Joaquina: Então vai lá dar a palha à mula, que eu vou lavar a louça e meter os grãos de molho para as sopas de amanhã!
A ti Joaquina, de manhã, levava já os grãos, com uma batata e alguns temperos, um bocadinho de chouriça, de farinheira e de toucinho, dentro da panela e depois fazia lume lá na choupana na courela e cosia lá as sopas para o jantar (almoço).
Pouco passava das vinte horas, já tinham tudo arrumado e foram para a tulha, isto é, para a cama e não demorou nada, já ressonava cada um para seu lado, porém, pela meia noite deu-se o primeiro despertar, para usarem o penico que estava debaixo da cama, porque nessa época não havia casas de banho na Aldeia, toda a gente tinha um penico, uma vez que durante a noite não podiam ir à rua, assim, o ti Manel e a ti Joaquina, quase encheram o penico e com o sono que estavam, nem o taparam com o abanico, ferraram a dormir, até que, o ti Manel sentiu as cotoveladas da ti Joaquina a chamá-lo:
Ti Joaquina: Manel, ó Manel, tu não estás a ouvir o mesmo que eu? Ou será que dei em doida?
Ti Manel: É Joaquina, estou a ouvir o "Olha a Mala"! É o que estás a ouvir?
Ti Joaquina: Então não é, Manel! Estão a cantar à nossa porta, ou aqui à nossa janela! Acende lá a candeia e vai lá à porta ver quem anda a fazer pouco da gente!
O ti Manel levantou-se em ceroulas, calçou as botas de cabedal e foi a correr à porta, mas quando chegou à casa de fora, deixou de ouvir o fado, ainda abriu a porta da rua, mas não viu ninguém, voltou ao quarto e disse à ti Joaquina que deviam ter fugido, mas ela respondeu que continuava a ouvir cantar o fado, por isso, se não era à porta, tinha de ser à janela.
A ti Joaquina insistiu e o ti Manel teve de ir em ceroulas, com a tranca da porta na mão, dar a volta ao quarteirão até à janela do seu quarto e não viu lá ninguém, mas quando entrou no quarto a ti Joaquina disse-lhe que, continuava a ouvir cantar o dito fado.
O ti Manel e a ti Joaquina, apuraram o ouvido e confirmaram que o cantar era debaixo da sua cama, e comentaram que, alguém para fazer pouco deles lhes tinha metido uma grafonola debaixo da cama e começaram a tirar a tralha toda, até ficar só o penico e, como o fado continuava, a ti Joaquina deitou a mão à asa do penico e puxou-o para ela e naquele momento benzeu-se e deu um grito que assustou o ti Manel:
Ti Joaquina: Ai valha-me Deus, Manel! Olha bem para isto!
O ti Manel correu a olhar para dentro do penico e ambos viram um grande Mosquito das patas altas a remar com dois palitos no produto biológico em volta do penico e cantando: Olha a mala...olha a mala/Olha a malinha de mão/Não é tua...não é minha/É do nosso hidrovião. Eu um dia fui à praia/De manhã de manhãzinha/Não vi pescador nem peixe/Só lá vi uma malinha.
O ti Manel tapou, apressadamente o penico com o abanico e correu com ele para a rua, fazendo movimentos bruscos para afogar o dito cujo, e já na rua, deu voltas e mais voltas aéreas ao penico e por fim estatelou o produto biológico com todas as suas forças no meio da rua que saltou pelas portas dos vizinhos e pelas botas e ceroulas dele e no sítio onde o despejou pulou-lhe em cima até se cansar, por fim, recolheu ao quarto dizendo à ti Joaquina que nem os ossinhos lhe aproveitavam, aquele Mosquito nunca mais fazia pouco deles.
O ti Manel e a ti Joaquina, já pouco dormiram o resto da noite, a pensar no que tinha acontecido, mas só na courela falaram do caso e ambos concordaram que tinham sido as feiticeiras, por isso, à noite quando chegaram a casa fizeram defumadores e outras mezinhas para afastar dali as feiticeiras e a partir daquela noite, nunca mais ouviram cantar o "Olha a Mala".
Fim
Texto: Correia Manuel
"Texto construído a partir do que ouvia aos ancestrais, nas soalheiras e borralheiras em Capelins".




quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Resenha histórica das herdades da Vila de Ferreira de 1262

 Resenha histórica das herdades da Vila de Ferreira de 1262

A Vila de Ferreira de 1262, era constituída por quase todo o espaço geográfico da atual Freguesia de Capelins e, além dos 5 Baldios e da Coutada de Terena, ou do Roncão do Conde (Azevel), incluía a Defesa de Ferreira que, até 1698 englobava 12 herdades, assim designadas:
1 - Herdade da Defesa de Ferreira;
2 - Herdade da Zorra;
3 - Herdade da Talaveira;
4 - Herdade do Roncão;
5 - Herdade do Carrão;
6 - Herdade da Amadoreira;
7 - Herdade da Galvoeira;
8 - Herdade do Seixo;
9 - Herdade do Monte da Vinha;
10 - Herdade do Azinhal Redondo de Cima;
11 - Herdade do Azinhal Redondo de Baixo;
12 - Herdade da Defesa de Bobadela.
Em 1698, 2 herdades foram doadas à Casa do Infantado, a herdade da Defesa de Ferreira e a herdade da Defesa de Bobadela.
À herdade da Defesa de Ferreira foi retirado um espaço para Coutada da Câmara de Ferreira, (era um Concelho Comunitário), para pastagem do gado de trabalho do povo, junto ao lugar onde se desenvolveram as duas Aldeias, Capelins de Cima e Capelins de Baixo.
A herdade do Carrão foi vendida em courelas ou pequenas propriedades.
As restantes herdades foram divididas em duas e vendidas aos lavradores que já as tinham arrendadas, ou a outros interessados e, assim deu-se uma Reforma Agrária na Freguesia de Santo António do Termo de Terena, (só passou a Freguesia de Santo António de Capelins cerca de 1790).
Assim continuou até Abril de 1834, quando foi extinta a Casa do Infantado e, as suas duas herdades passaram para a Fazenda Nacional e, depois, foram vendidas como sabemos.
Mais uma página, da breve história da Freguesia de Capelins! 



sábado, 11 de fevereiro de 2023

Memórias do grande ciclone de 1941, em Capelins

 Memórias do grande ciclone de 1941, em Capelins

Na parte da tarde do dia 14 Fevereiro de 1941 começou a chover, impedindo os alvanéus e os trabalhadores rurais de poderem trabalhar e, a noite seguinte foi diferente das anteriores, ouvia-se vento e os animais estavam agitados, acordando os seus donos e causando alguma preocupação, fazendo prever aos mais velhos conhecedores destes fenómenos que, alguma coisa má estava para acontecer, levando-os a pensar que podia ser um tremor de Terra, mas amanheceu sem isso acontecer.
Embora fosse sábado, nessa época era um dia de trabalho como os outros, por isso, embora com algum vendaval, de madrugada, algumas pessoas que dormiam nas suas casas nas Aldeias, levantaram-se e foram para os Montes e herdades onde trabalhavam para se juntarem aos que lá dormiam, alguns, junto dos animais de trabalho que tinham de tratar durante a noite, outros tinham de apascentar o gado durante o dia e moravam com as famílias nesses Montes, e os seareiros que trabalhavam por conta própria, meteram as bestas nas carroças e seguiram para as suas courelas, como faziam todos os dias, mas toda a gente comentava que tinha sido uma noite muito má e o dia continuava igual à noite, parecia que andava o diabo à solta, o céu estava carregado de nuvéns muito negras que pouca chuva deixavam cair, mas havia grande ventania.
Nesse fatídico dia de vendaval, estava marcado um casamento na Igreja de Santo António de Capelins, cujo noivo era o senhor Francisco António Pôtra, filho de João Pôtra e de Violante Maria, por esse motivo, era conhecido pelo senhor Francisco "Violantinho" (por a mãe ser Violante), moradores no Monte de Calados, e a noiva era a senhora Gertrudes Grave, filha de Manuel João Rocha (o ti "Capeleiras") e de Luzia Moreira, conhecida pela senhora Gertrudes "Capeleiras", moradores no Monte do Pinheiro, o qual, mesmo em dia de vendaval, não deixou de se realizar.
À hora marcada pelo padre, os noivos, Familiares e convidados estavam na Igreja, sendo transportados em charretes ou carroças puxadas por uma ou duas muares, cujos carreiros estranhavam o comportamento dos animais, com as orelhas afitadas, muito nervosos, levando os mais novos a pensar que se devia ao movimento festivo.
Quando iam no caminho para a Igreja deram-se algumas peripécias devido à ventania, a cobertura da charrete que transportava o noivo teve de ser recolhida, porque estava em risco de ser arrancada pelo vento e, logo a seguir, o chapéu do noivo que fazia parte da indumentária, levantou voo e por mais que o procurassem, nunca mais foi encontrado.
Quando estavam dentro da Igreja de Santo António, com a porta encostada, porque o vento soprava por todos os lados, assistindo ao casamento, ouviram, quase, repentinamente um grande ruído que, parecia um forte trovão abafado, o padre que dizia um sermão, parou de falar e ficou assustado, tal como toda a gente que ali estava e ficaram a olhar uns para os outros, até que, comentaram: - Foi um tremor de Terra! Mas nem todos concordaram, porque não sentiram a Igreja a tremer, alguns homens saíram a correr e lá fora ouviam-se gritos de mulheres e de crianças que moravam ali, assim como as vozes dos carreiros a acalmar as muares, em simultânio, gritaram todos: - Foi um ciclone! Foi um ciclone!
Os convidados iam saindo da Igreja e ficavam abismados com a destruição do arvoredo e com o que lhes contavam, que azinheiras arrancadas pela raiz tinham voado por cima da Igreja, das casas e deles, tinha sido uma grande sorte não terem caído mesmo ali, em cima da Igreja, só podia ter sido por proteção de Santo António, e puderam confirmar que havia azinheiras, pernadas e ramos das mesmas e de outro arvoredo em redor da Igreja de Santo António e, apenas algumas telhas das casas estavam levantadas, mas sem ninguém se encontrar ferido, pelo que, depois de as pessoas ficarem mais calmas, realizou-se o casamento, mas estava toda a gente desejando de regressar às Aldeias para saberem se as pessoas estavam bem e se as Aldeias não tinham sido destruídas pelo ciclone.
Assim que o casamento foi realizado, partiram para a Aldeia de Capelins de Baixo, mas tiveram muita dificuldade em lá chegar, porque a estrada estava obstruída em alguns sítios com o arvoredo que tinha sido arrastado pelo ciclone, mas os homens foram abrindo caminho conforme puderam e chegaram ao seu destino, sempre com a preocupação de saber se era preciso ajudar alguém e se, eventualmente havia feridos, ou mortos e só depois de saberem que, nas Aldeias e nos Montes de Capelins, estavam todos bem, deram continuidade à boda do dito casamento, porque apenas havia algumas telhas fora do lugar, algumas partes de beirais e de chaminés partidos que foram reparados pelos alvanéus de Capelins nos dias seguintes.
Nesse dia e nos seguintes, ouviram-se várias notícias de acontecimentos, desde pessoas que tinham voado alguns metros, outras tinham-se agarrado a árvores ou muros para não serem atirados ao ar pelo ciclone e o ti Manel que estava no seu Monte onde tinha ido jantar (almoçar) e, ao ouvir aquele ruído saiu a correr e foi apanhado de surpresa, apenas sentiu um grande empurrão pelas costas e quando deu por si, estava empoleirado numa figueira e a sua mulher que ia atrás dele, ficou sem palavras quando o viu naquela situação, achou estranho como é que ele tinha subido tão depressa para a figueira, mas viu logo na sua frente várias árvores arrancadas e partidas e percebeu que tinha sido um ciclone que o fez voar até àquele lugar, ele foi descendo com calma e estava bem, só tinha uns pequenos arranhões e as calças abertas atrás.
As pessoas que trabalhavam nos campos, incluindo os ganadeiros, começaram a ouvir o ruído e a ver ao longe, azinheiras, oliveiras e outras árvores a voar e tiveram tempo de se atirar ao chão e a procurar proteção para não voar, nem serem atingidos pelos destroços, mas apanharam grandes sustos.
Os gados que pastavam nos campos ficaram espavoridos e, muitos animais fugiram, passando dias e semanas perdidos, sendo muito difícil para os donos, ganadeiros e outra gente, em os encontrar e tornar a juntar os rebanhos e as manadas.
Assim, o grande ciclone de 15 de Fevereiro de 1941, fez grande prejuízo e deixou marcas psicológicas na Freguesia de Capelins, sendo relembrado ao longo dos anos, principalmente o desaparecimento do chapéu do senhor Francisco Violantinho, mas também, pelo receio de se repetir, vindo à memória dos mais velhos, sempre que se levantava ventania na Freguesia de Capelins.
Fim
Texto: Correia Manuel
"Escrito com base nos relatos que se ouviam aos que assistiram ao grande ciclone de 1941, e colaboração de outras pessoas que ouviram contar aos mesmos."
Fotografia: Correia Manuel
Azinheira que ficou nesta posição desde o grande ciclone de 1941 - em Capelins 



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