domingo, 27 de janeiro de 2019

A Fuga dos moradores das terras de Capelins entre 1705 e 1712

A Fuga dos moradores das terras de Capelins entre 1705 e 1712

Ao consultarmos os Livros Paroquiais de Santo António de Capelins, verificamos que faltam Assentos Paroquiais de nascimentos, casamentos e óbitos entre o dia 09 de Maio de 1705 e 03 de Fevereiro de 1712, logo pensamos que, os mesmo, se teriam extraviado ficando os respetivos Registos perdidos, porém, na consulta casual aos Registos da Paróquia de Santiago Maior, encontramos o Registo do óbito de uma residente no Monte da Vinha, da Freguesia de Santo António, que teve de ser sepultada naquela Igreja por a sua Freguesia se encontrar deserta devido ao inimigo. Esta situação, causou-nos curiosidade por não termos conhecimento de desentendimentos entre Portugal e Castela durante esse espaço de tempo, mas fomos confirmar e concluímos que, afinal houve, foi entre essa datas que Castela passou por grande crise e pela Guerra da Sucessão ao trono, na qual, Portugal também esteve envolvido! 
Todas as guerras provocavam graves consequências económicas e sociais e esta não foi exceção, faltava tudo e principalmente alimentos, os quais, tinham de ser procurados através de todos os meios, incluindo a força das armas, junto às fronteiras! Assim, pensamos estar explicado o motivo da fuga dos lavradores e dos restantes moradores, indefesos, das terras de Capelins para Santiago Maior, Terena e outras localidades mais seguras!

Guerra da Sucessão do trono de Espanha 
A Guerra da Sucessão Espanhola ocorreu entre 1701 e 1714, envolvendo diversas monarquias europeias em torno dos direitos de sucessão da coroa espanhola. Após a morte de rei Carlos II, que não deixara herdeiros, terminava a dinastia dos Áustria, ramo espanhol da Casa de Habsburgo. Com o falecimento precoce de seu sobrinho, José Fernando, príncipe da Baviera, subiu ao trono espanhol o Duque de Anjou, Filipe de Anjou, neto de Luís XIV, dando início à dinastia de Bourbon na Espanha.
Uma vez que, os Bourbon teriam, além da França, poder sobre a Espanha e suas conquistas, as demais potências europeias recearam os efeitos da união de dois reinos tão poderosos sob a mesma dinastia. A preocupação vinha sobretudo por parte da Inglaterra, rival da França na disputa pela hegemonia europeia e nos espaços ultramarinos. O domínio espanhol dos Bourbon poderia alterar as dinâmicas e os balanços das relações tanto políticas quanto comerciais, o que dificultaria uma possível hegemonia inglesa. Ao mesmo tempo, a França temia uma união entre Espanha e Áustria sob as mãos de um mesmo monarca Habsburgo, como reivindicava o imperador Leopoldo I da Áustria em favor de seu filho, o arquiduque Carlos. Assim, em 1701, o conflito motivado pela crise sucessória da Espanha culminou numa guerra entre monarquias europeias.
A guerra inicia-se em 1701, porém é oficializada em 1702 quando a Grande Aliança declara guerra contra a França. As batalhas iniciaram-se no norte da Itália, mas desdobraram-se por muitos outros territórios europeus, além de gerar conflitos na América como nas disputas territoriais entre os portugueses e espanhóis em torno da Colónia de Sacramento. Assim como ocorreram muitas batalhas importantes, como a da conquista de Gibraltar.
Houve várias tentativas de apaziguamento entre os reinos envolvidos na guerra, sendo a mais efetiva o Tratado de Utrecht, assinado em 1713. Entretanto, o fim da guerra só foi estabelecido em 1714.

Também concluímos que, foi nesta data, que os ingleses ocuparam Gibraltar, onde permanecem!

Batalha da Guerra da Sucessão do trono de Espanha



quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - A Tamujeira

A Flora de Capelins - A Tamujeira 

A tamujeira, Flueggea tinctoria, da família das euphorbiáceas é uma planta arbustiva típica de habitats ribeirinhos mediterrânicos, endémica da Península Ibérica! 
A tamujeira apresenta folhas pequenas, simples, ovaladas em disposição alternada e caducas, os seus ramos acabam em espinho nas pontas, é comum nas margens e leitos de cursos de água de regime torrencial.
As suas flores são muito pequenas de cor branca.
A tamujeira (Tamuje) tem origem no castelhano tamujo, nome pelo qual também é conhecido em Portugal, principalmente nas zonas fronteiriças, onde a influência de linguagem mais se faz sentir. 
A tamujeira era muito frequente nas terras de Capelins, nas margens das Ribeiras de Lucefécit e do Azevel e, principalmente do rio Guadiana, tendo sido a sua principal utilização a feitura de vassouras para varrer os cereais na debulha nas eiras, arramadas, cabanas, currais e, as ruas dos Montes, o que acontecia desde recuados tempos.
Após a subida das águas do Grande lago de Alqueva, deixamos de encontrar a tamujeira na Freguesia de Capelins.


Tamujeira 


A Flora de Capelins - O Tojo


A Flora de Capelins - O Tojo 
Os tojos são plantas arbustivas da família Fabaceae, são originárias da região Europeia ocidental, principalmente da costa atlântica, tendo sido introduzidas noutras regiões onde se tornaram invasivas!
O tojo ou Ulex europaeus forma arbustos eretos, rígidos, muito densos, perenes, com rebentos novos verde escuros e folhas transformadas em espinhos de forma linear e dispostos alternadamente nos caules.
Os ramos dispõem-se de forma alterna e são estriados. Os espinhos são complexos apresentando um espinho principal e outros laterais.
As folhas nas plantas adultas são muito reduzidas e têm um aspeto de escama triangular, verde ou parda, muito pequena. As flores, que surgem no inverno e primavera, são dispostas em grupos, possuem um cálice formado por duas válvulas amarelas, quase da dimensão da corola, com duas brácteas pequenas, a corola também é amarela.
O fruto é uma vagem achatada, ovado oblonga, preta, densamente peluda, contendo duas a três pequenas sementes, que surge na primavera e verão.
O tojo, é uma espécie exigente em humidade preferindo os climas temperados, dá-se bem em espaços abertos, com bastante sol e adapta-se perfeitamente a solos pobres e secos mas não tolera solos calcários, possui um sistema radicular profundo e folhas cerosas adaptados a ambientes secos. 
O tojo é uma planta abundante nas terras de Capelins, mas somente numa faixa de terras pobres, geralmente com afloramento de rochas e pedras entre as quais o mesmo se desenvolve formando matos em conjunto com outras plantas, propícios a esconderijos de algumas espécies de animais, coelhos, lebres e outros! 
Antigamente, a sua principal utilidade, depois de secos, era de acendalha do lume e, imprescindível para "musgar" os porcos nas matanças! Juntavam-se em pequenas paveias, as quais, com a ajuda de uma forquilha acendiam-se no lume e, quando começavam a arder, eram colocadas em cima dos porcos durante uns minutos até a pele empolar e ficar em condições de sair com o auxílio de uma raspadeira, percorrendo o porco até ficar todo pelado. Assim, antes da matança, os capelinenses, eram obrigados a recorrer aos matos, de carroça, carro de mão, ou mesmo a pé, neste caso, carregando os tojos às costas, porque tinham de estar preparados no dia marcado para a matança do porco.


Tojos de Capelins 


terça-feira, 22 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - A Pereira

A Flora de Capelins - A Pereira 

A pereira é uma árvore da Família Rosaceae, a sua origem é do Este da Europa e oeste da Ásia, tem tamanho médio até vinte metros de altura, inerme ou espinhosa, renovos grossos, castanho avermelhados. 
A pereira, era cultivada na Grécia antiga, é citada na Odisseia, e já estava representada nos pomares latinos do séc. I, em cerca de quarenta variedades! Atualmente, se bem que tenham sido inventariadas cerca de mil variedades de pêras, apenas algumas são cultivadas!
Nas terras de Capelins, existiam muitas pereiras, em hortas, courelas, ferragiais, limites de propriedades, bermas dos caminhos e das estradas e algumas no meio de montados, a maioria, eram enxertadas pelos guardadores de gado, na base de carapeteiros, feitas em Março por ser o mês mais propício para essas enxertias. 
As folhas da pereira são simples, caducas, ovadas ou elípticas, mais ou menos cuspidadas, crenulado serrilhadas a subinteiras, com pecíolo igual ou menor ao limbo, tomentosas na rebentação. 
As suas flores brotam em Abril, estão dispostas em fascículos, corimbos umbeliformes na terminação dos ramos. As sépalas são lanceolado acuminadas, as pétalas obovadas, branco rosadas. 
O seu fruto é um pomo, designado pêra, apresentando forma muito variada, piriforme e globosa, estando coroado pelo cálice persistente, a sua polpa tem sabor doce e agradável e tem a sua maturação entre Junho e Setembro.
A pêra, é perfeitamente digerível quando madura, para estômagos susceptíveis, no entanto, é preferível cozê-la, é rica em açúcares e bastante pobre em vitaminas, mas importante devido aos ácidos orgânicos, aos minerais e à pectina, um pouco adstringente devido ao tanino, mas o seu sabor refrescante torna-a apreciável.


Pereira 


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - O Abrunheiro

A Flora de Capelins - O Abrunheiro
O Abrunheiro, tem folhas: obovadas a elípticas, densamente pubescentes, raras vezes glabrescentes, na página inferior e no pecíolo.
A sua floração dá-se entre Março e Abril, as flores são brancas, solitárias ou dispostas duas a três em fascículos! 
O seu fruto designa-se por abrunho e atinge a maturação em Agosto e Setembro, apresenta uma drupa de dois a cinco centímetros, subglobosa a oblonga, purpúrea, vermelha, amarela ou verde, pruinosa, com polpa ácida mas comestível e difícil de separar do endocarpo subgloboso e escassamente carenado, pedicelos pubescentes até um centímetro e meio! Os abrunhos são utilizados em compotas e licores, de que é exemplo a bebida alcoólica anisada, conhecida como acharán!
O abrunheiro, não era uma árvore muito comum nas terras de Capelins, existia, um ou outro, nas hortas, quintais e em floreiras ao lado da entrada das casas! Adapta-se bem, tanto a solos básicos, como ácidos mas, prefere-os bem drenados, possui raízes superficiais que, se forem danificadas, produzirão ramos ladrões.
O abrunheiro não deve ser confundido com a ameixeira, P. domestica L., espécie cultivada como fruteira, inerme, de flores branco esverdeadas, com frutos maiores e mais arredondados e doces.

Abrunheiro 


domingo, 20 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - A Ameixeira

A Flora de Capelins - A Ameixeira 
A Ameixeira, ameixoeira ou ameixieira são os nomes por que são conhecidas algumas espécies de árvores de fruto do subgénero Prunus, incluídas no género Prunus da família botânica Rosaceae!
A espécie japonesa, Prunus serrulata, apesar do seu nome, teve a sua origem provável na China! A Prunus domestica, ou ameixeira europeia teve origem na Ásia Menor, a sul do Cáucaso!
A ameixeira, era uma árvore pouco comum nas terras de Capelins, mas existia em algumas grandes hortas e, em alguns ferragiais, mais tarde já nos quintais junto às casas! 
O seu fruto designa-se por ameixa, é redondo com uma espécie de bico, doce e de epicarpo fino, existem muitas variedades consoante o seu tamanho, cor, sabor e estação do ano em que se desenvolvem, têm entre três a seis, centímetros de largura! 
As ameixas são um alimento culinário e podem ser usadas para conserva, geleia e doces! 
A ameixa fresca é um excelente agente terapêutico contra as enfermidades causadas pelos ácidos e associadas às hiperlipidemias, principalmente pelo ácido úrico, tais como o reumatismo, a artrite, a gota, a arteriosclerose, a nefrite e outras! É diurética e recomendada contra as afecções de caráter inflamatório das vias urinárias. É, ainda desobstruente do fígado, depurativa do sangue e desintoxicante do aparelho digestivo, pelo que se emprega com êxito nas afecções febris do estômago e do intestino. A ameixa, também costuma ser usada no tratamento das afecções das vias respiratórias!


Ameixeira 


sábado, 19 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - O Limoeiro

A Flora de Capelins - O Limoeiro

O limoeiro é uma árvore da família das rutácea e, encontram-se muitas variedades. A sua copa é aberta e pouco densa, com ramos espinhosos, solitárias na axila das folhas. As folhas são alternas, oblongas e serrilhadas, agudas, coriáceas, verde-escuras brilhantes, com a margem finamente dentada e com pecíolo estreitamente alado. As flores são solitárias, ou dispostas em pequenas cimeiras, na axila das folhas, com simetria radial, brancas, raiadas de púrpura, pequenas e muito aromáticas; providas de quatro a cinco sépalas persistentes, unidas na base, com cinco pétalas e numerosos estames, com os filetes soldados. 
As espécies mais comuns na Europa, foram trazidas pelos árabes, do Sudeste da Ásia, provavelmente do sul da China, ou Índia. 
O limoeiro não era uma árvore muito comum nas terras de Capelins, talvez aqui tenha aparecido na época romana ou árabe, era encontrado apenas nas grandes hortas e, muito raramente junto às casas, ao contrário da laranjeira.
O seu fruto, hesperídio, designa-se por limão, de cor amarela quando maduro, oblongo ou ovoide, com casca epicarpo grossa, desde rugosa a sublisa, glandular e aromática e com polpa ácida. 
O limão, era uma fruta rara no mundo antigo grego e romano, mas sabe-se que os gregos utilizavam o limão para proteger as roupas das traças.
As primeiras descrições claras do uso da fruta para fins terapêuticos remontam às obras de Teofrasto, (372 a.C. — 287 a.C.), aluno de Aristóteles, que é considerado o fundador da fitoterapia.Pérsia.
Nas terras de Capelins, o sumo do limão era usado para fins terapêuticos, talvez, mais o chá feito com as folhas do limoeiro fervidas, para tratar a indisposição e outros males.

Limoeiro 


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - A Parreira ou Videira

A Flora de Capelins - A Parreira ou Videira 

Na verdade não existe nenhuma diferença entre parreira e videira são simplesmente palavras sinónimas e referem-se à planta da uva que, também se designa de vinha.
A Parreira ou Videira é uma trepadeira da família das vitáceas, com tronco retorcido, ramos flexíveis, folhas grandes e repartidas em cinco lóbulos pontiagudos! 
As suas flores são esverdeadas e dispostas em ramos! 
O seu fruto é a uva que se apresenta em cachos e a sua colheita realiza-se no final do verão! 
A parreira ou videira é originária da Ásia mas, pelo menos desde a época romana que existe nas terras de Capelins, onde foram encontrados vestígios de uma vinha existente há cerca de 2.000 anos no limite desta Freguesia, junto à Ribeira de Lucefécit, nas Águas Frias! 
Neste caso, apenas nos referimos à parreira, que era plantada ao lado da porta de cada casa, a qual, se destinava a fazer sombra no verão e a produzir uvas que podiam ser consumidas frescas, geralmente como conduto do pão, ou eram expostas ao sol e transformadas em passas, sendo depois acondicionadas em panelas de barro, onde se conservavam até inverno dentro e eram consumidas em dias especiais ou nas merendas do almoço no campo! Também, eram conservadas nos próprios cachos, que penduravam em pregos nos paus dos tetos das casas onde as uvas mirravam um pouco, mas aguentavam-se muitos meses, acabando por ter o mesmo fim das passas! 
As uvas da parreira de porta, ou das hortas, não se destinavam à produção de vinho, não só pela pouca quantidade mas, por a espécie não ser propriamente para esse fim, embora o cultivo da videira para a produção de vinho seja uma das atividades mais antigas da civilização, desde o período neolítico há mais de oito mil anos! 
Na Bíblia, as uvas são mencionadas pela primeira vez quando Noé cultivou videiras nas suas terras! 
As uvas são especialmente simbólicas para os cristãos, que desde o início da Igreja faz o uso do vinho na celebração da Eucaristia. 
Já os romanos tiveram vinhas nas terras de Capelins ou vizinhas.


Uvas 


A Flora de Capelins - A Laranjeira

A Flora de Capelins - A Laranjeira 

A laranjeira, Citrus sinensis, é uma árvore da família das Rutáceas e existem muitas espécies, as mais comuns são as que produzem laranja amarga ou laranja de Sevilha, Citrus aurantium L., e a laranja doce, Citrus sinensis L., esta, também conhecida por laranja portuguesa por terem sido os portugueses a trazerem-na para a Europa e a levá-la para as Américas, por isso, em algumas regiões confundem-na como sendo originária de Portugal, como nos Balcãs onde tem a designação de Portugal ou Portokali, conforme a lingua!
A origem das árvores do género Citrus confunde-se, no tempo, com a história da humanidade! Sabe-se que, a maior parte destas árvores é originária de regiões entre a Índia e o sudeste do Himalaia, onde se encontram, ainda em estado silvestre, variedades de limeiras, cidreiras, limoeiros, toranjeiras, laranjeiras amargas, laranjeiras doces e de outros frutos ácidos aclimatados ou locais.
As laranjeiras, além de serem muito comuns nas hortas das terras de Capelins, elas destacavam-se às portas de algumas casas, rivalizando com as parreiras, talvez por iniciativa dos árabes uma vez que, era uma árvore muito comum nos pátios das casas árabes abastadas, geralmente associada a uma fonte ou a um lago! 
As suas flores são utilizadas para fins medicinais, assim como, as folhas, a casca, o fruto e também em alguns casos o extrato das sementes! 
O seu fruto é híbrido resultante do cruzamento entre um pomelo Citrus paradisi e uma tangerina Citrus reticulata e designa-se por laranja, cujo sabor pode variar de doce ou levemente ácido, depois de descascada pode ser consumida ao natural ou espremida para obter sumo que contém bastante vitamina C!
Nas terras de Capelins, quem gostava, usava a laranja como refeição, depois de descascada era cortada em pedaços para uma tigela, temperada com um fio de azeite e consumida com pão caseiro, passado pelo molho! 
A casca exterior pode ser usada também em diversos pratos culinários, como ornamento, ou mesmo para dar sabor. O albedo, a camada branca interior da casca, de dimensão variável, raramente é utilizado, apesar de ter um sabor levemente doce!
A sua madeira é considerada nobre, sendo usada em móveis e em objetos de qualidade.


Laranjeira 


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - O Sobreiro

A Flora de Capelins - O Sobreiro 
O Sobreiro, é uma das mais importantes e emblemáticas espécies florestais da nossa flora, em termos ecológicos e económicos, é uma angiospérmica dicotiledónea, também denominada folhosa. Pertence à ordem das Fagales, família das Fagáceas, género Quercus, sendo a espécie Quercus suber! Esta árvore, faz parte da vegetação natural das terras de Capelins, não existe em abundância, ao contrário da azinheira, mas aparece no seio de alguns montados, como na Serra da Sina e outros lugares, em pequenas manchas, ou mesmo, algumas salteadas e isoladas! 
As suas folhas são persistentes, de cor verde escura, brilhantes nas faces superiores e acinzentadas nas inferiores, têm uma forma oval, com margem inteira ou ligeiramente serrada ou dentada e têm indumento. 
A gestão tradicional destas árvores permite combinar três objetivos importantes, a produção agropastoril, a conservação do ecossistema e o fornecimento de lenha para lareiras ou para fazer carvão! 
O fruto do sobreiro é a glande, que tem uma forma oval oblonga e um pedúnculo curto, mais pequeno do que a bolota, sendo aproveitada, essencialmente na engorda de porcos, por isso, tem sido cultivado nas terras de Capelins desde tempos remotos! No entanto, o valor económico dos sobreiros deve-se, essencialmente à produção de cortiça, estando a sua importância cultural relacionada com o papel que têm na conservação da biodiversidade e valores históricos, como o registo de sistemas sociais e agrícolas tradicionais!
A extração da cortiça, sendo bem feita, não prejudica a árvore, uma vez que, esta volta a produzir nova camada de casca, (súber) com idêntica espessura a cada nove anos, período após o qual é novamente extraída! 
O sobreiro, pode ter até vinte metros, mas normalmente tem cerca de quinze metros, muito semelhante à azinheira, em termos de estrutura e, ambos pertencem ao género Quercus! 
É de salientar que, em 21 de Dezembro de 2011, a Assembleia da República aprovou um projeto de resolução que declarou o sobreiro como árvore nacional.


Sobreiro 


terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - O Loureiro

A Flora de Capelins - O Loureiro 
O Loureiro, cujo nome científico é Laurus nobilis L., é uma árvore do género Laurus da família botânica das Lauraceae! 
Os romanos chamaram-lhe Laurus e "nobilis" que significa nobre, sendo usado nas festas como símbolo de triunfo, com o qual, condecoravam e coroavam os heróis!
É uma árvore sempre verde que pode atingir até dez metros de altura! 
As suas folhas têm entre seis e dez centímetros de comprimento e dois a quatro centímetros de largura, com margem lisa mas em algumas folhas há margem ondulada!
A sua flor é verde amarelo pálido com cerca de um centímetro de diâmetro e são suportadas em pares ao lado de uma folha!
O fruto é uma pequena baga brilhante e preta como uma drupa com cerca de um centímetro de comprimento contendo a semente e que faz lembrar a azeitona! 
Nas terras de Capelins, todas as grandes hortas tradicionais tinham alguns Loureiros que, além de ter a utilidade nas cozinhas, também serviam de proteção nos limites das mesmas, contra o acesso de pessoas e animais! A horta do Monte Grande da herdade da Defesa de Ferreira tinha Loureiros que forneciam o louro ao Monte e a muitos moradores de Capelins de Cima!
As folhas do Loureiro são usadas como especiaria em culinária! Nas terras de Capelins o seu uso é sobretudo em estufados, ensopados, caldeiradas, assados tradicionais, temperar azeitonas de conserva e outros! Estas folhas, se forem conservadas inteiras, têm uma vida útil longa de cerca de um ano, sob temperatura e humidade normais! 
O Loureiro é considerada uma árvore medicinal já que, as suas folhas, frutos e óleos, foram e são usados para quase tudo, desde o combate à calvície até à cura das enxaquecas! 

Loureiro 


segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - A Romaneira ou Romanzeira

A Flora de Capelins - A Romaneira ou Romanzeira 
A Romanzeira, cujo nome científico é Punica granatum L., nas terras de Capelins designava-se por Romaneira, é uma árvore da família Lythraceae, Angiospermae! 
Cultivada desde a antiguidade, tem origem no Médio Oriente, Pérsia, onde se propagou por regiões de clima seco, atinge de dois a cinco metros, apresenta o tronco acinzentado e ramos avermelhados quando novos e, pode ter a forma de árvore ou de arbusto, perde as suas folhas no inverno e recupera-as na Primavera!
Nas terras de Capelins, esta árvore existia em quase todas as hortas, adaptando-se bem ao nosso clima e aos terrenos baixos e frescos!
As flores encaracoladas surgem na Primavera e no Verão, rapidamente passam ao vermelho escarlate mas existem variedades em que as pétalas são cor de rosa, brancas, amarelas e até bicolores e, também existem exemplares de flores matizadas de branco, simples e dobradas! 
O seu fruto é a romã, que só aparece no final do verão, é esférico, com casca coriácea e grossa, amarela ou avermelhada manchada de escuro! 
A romã é um fruto vulgar no mediterrâneo oriental e Médio Oriente onde é tomado como aperitivo, sobremesa ou algumas vezes em bebida alcoólica! O seu interior é subdividido por finas películas, que formam pequenas sementes possuidoras de uma polpa comestível!
A importância da romã é milenar, aparece nos textos bíblicos, está associada às paixões e à fecundidade! 
Os gregos consideravam-na como símbolo do amor e da fecundidad!. A árvore da romã foi consagrada à deusa Afrodite, uma vez que acreditavam nos seus poderes afrodisíacos! 
Os judeus, consideravam a romã um símbolo religioso com profundo significado no ritual do ano novo, acreditavam que, assim, o ano que chegava, seria melhor do que o anterior! 
Em Roma, a romã era considerada nas cerimónias e nos cultos como símbolo de ordem, riqueza e fecundidade!
Os judeus chamavam-lhe rimmon e os árabes, rumman, depois, os portugueses chamaram-lhe romã ou roman! 
Na Idade Média, a romã era considerada como um fruto cortês e sanguíneo!
À romaneira, assim como ao seu fruto, a romã, também eram atribuídos poderes medicinais!

Romaneira 


domingo, 13 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - O Zambujeiro

A Flora de Capelins - O Zambujeiro 

O zambujeiro, também conhecido como oliveira-brava ou oliveira-da-rocha, é uma planta do género Olea, da família Oleaceae! Também tem a denominação: Olea maderensis, (Lowe), (Rivas Mart. & Del Arco).
O zambujeiro apresenta-se como um arbusto ou uma árvore que pode atingir grande dimensão, é ramoso, glabro com folhas opostas, oblongas a linear lanceoladas, de um a dez centímetros de comprimento, coriáceas, subsésseis de cor verde acinzentadas! 
A sua origem é das ilhas da Madeira, Porto Santo, Desertas e Canárias, sendo disseminado através de aves que consomem o seu fruto, como os tordos, melros e outros!
Esta planta encontrava-se em abundância nas terras de Capelins, mas só em lugares específicos, como nas margens rochosas e elevadas (barreiras) do rio Guadiana, nos espaços entre rochas, onde os capelinenses os recolhiam para transplantar nas courelas e, mais tarde, já bem enraizados, cerca de um a dois anos, servirem de base na enxertia em oliveiras! 
O zambujeiro apresenta a floração entre Março e Junho, as flores são pequenas, de corola branca, com cerca de quatro milímetros de diâmetro, reunidas em paniculas axilares de dois a quatro centímetros.
O fruto apresenta-se como uma drupa, pouco carnudo, elipsóide e depois de maduro é preto, muito semelhante à azeitona, mas de pequena dimensão, não sendo rentável a sua colheita, mas antigamente era apanhado e misturado com a azeitona para a produção de azeite.


Zambujeiro 


sábado, 12 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - A Amendoeira

A Flora de Capelins - A Amendoeira 

A amendoeira, Prunus dulcis é uma espécie de árvore da família Rosaceae e subgénero Amygdalus!
As folhas são caducas, simples, alternas, com um comprimento variável entre os quatro e doze centímetros, oblongo lanceoladas, glabras, finamente denteadas. O pecíolo tem um tamanho superior a um centímetro. No início as folhas podem dobrar-se em V ou ao longo da nervura central.
A floração, que ocorre normalmente entre Fevereiro e Abril, é anterior ao aparecimento da folhagem, originando uma paisagem muito típica e procurada pela sua beleza. 
As flores, rosadas antes de se abrirem e mais pálidas ou mesmo brancas na sua maturação, têm um diâmetro que varia entre os quarenta e os cinquenta milímetros, são curtamente pecioladas, o hipanto é campanulado e as margens das sépalas tomentosas. 
O ovário e o fruto são, também, tomentosos! O fruto é ovoide, ligeiramente comprimido, com um comprimento variável entre os trinta e cinco e os sessenta milímetros! É de cor cinzento esverdeada, com cobertura suculenta que encerra o caroço conhecido por amêndoa!
Apesar de, o termo amêndoa se referir ao fruto da amendoeira (Prunus dulcis), ele também é considerado a sua semente, a qual, também é disseminada através de alguns mamíferos e aves que as consomem! 
As amêndoas são utilizadas normalmente para fins culinários e terapêuticos! O óleo de amêndoa é utilizado na cosmética e contêm, como outras sementes de plantas do género Prunus, uma substância que produz ácido cianídrico, em teor elevado nas amêndoas amargas, que pode causar graves perturbações e que, sendo usado em excesso pode ser fatal. 
A amêndoa, também pode ser utilizada na produção de licor, de leite de amêndoa, como recheio de bolos e outros fins, podendo, também ser consumida crua ou torrada!
A amendoeira é originária da Ásia Menor e Nordeste de África, cultivou-se desde a Antiguidade em volta do mar Mediterrâneo, mas adapta-se bem ao clima dos países do Mediterrâneo Ocidental. 
Esta árvore, encontrava-se em diversos lugares nas terras de Capelins, geralmente ladeando caminhos, junto a ribeiros, terras fracas e limites de propriedades, sendo muito raro encontrarem-se amendoeirais em terras boas para cultivo de cereais ou outras árvores!


Amendoeiras de Capelins 


sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Marcação da Páscoa e do Carnaval

A Lua Cheia depois do Equinócio marca a Páscoa e o dia do Carnaval 
Uma das curiosidades de alguns capelinenses e não só, é saber porque motivo o Carnaval quase nunca, é celebrado no mesmo mês em cada ano! Uns anos é em Março, como neste ano de 2019 e, outros anos é no mês de Fevereiro! 
Assim, tomamos a liberdade de esclarecer a causa deste fenómeno! 
No ano de 325, durante o Primeiro Concílio de Niceia, os Bispos da Igreja Católica definiram a data de comemoração da Páscoa, que também varia de ano para ano, significa que, esta é marcada primeiro do que o Carnaval!
A Páscoa é definida, tendo como referência o Equinócio, dia em que, o dia e a noite possuem a mesma duração (doze horas)! O Equinócio é por volta do dia 20 de Março de cada ano!
Após a ocorrência do Equinócio, espera-se a primeira Lua Cheia e, logo no Domingo seguinte é o Dia da Páscoa! Se por acaso a Lua Cheia for numa segunda feira, então, a Páscoa só será no Domingo seguinte!
Como vimos, a data da Páscoa depende da Lua Cheia, que é um fenómeno da natureza que varia de ano para ano, assim, como o Equinócio, que também é um fenómeno da natureza e, não tem data fixa para acontecer! 
O dia do Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa e, sete dias antes da Páscoa é o Domingo de Ramos (começo da Semana Santa)! Quarenta dias antes do início da Semana Santa é a terça-feira de Carnaval. Logo, o dia do Carnaval é o último, antes do período da Quaresma! 
O Carnaval é uma festa pagã e não Cristã, os Bispos apenas marcaram a Páscoa!

Carnaval em 2019 - 5 de Março;

Carnaval em 2020 - 25 de Fevereiro; 
Carnaval em 2021 - 16 de Fevereiro;
Carnaval em 2022 - 01 de Março;
Carnaval em 2023 - 21 de Fevereiro; 
Carnaval em 2024 - 2024 - 13 de Fevereiro. 



A Flora de Capelins - O Freixo ou "Freixeiro"

A Flora de Capelins - O Freixo ou "Freixeiro" 

O Freixo, Fraxinus excelsior, designado nas terras de Capelins por Freixeiro é uma espécie de árvore da família das Oleaceae Fraxinus excelsior! 

Nas terras de Capelins, encontravam-se em abundância, nas margens dos Ribeiros, afluentes das Ribeiras de Lucefécit, do Azevel e do rio Guadiana e também, nas margens e imediações destes cursos de água!

O Freixeiro é uma árvore de solos frescos e profundos, de porte médio, que pode atingir cerca de vinte e cinco metros de altura, a casca tem sulcos profundos, verticais e é castanha escura acinzentada, as folhas são verdes e têm efeitos medicinais em chá, as flores não têm cálice nem corola, são em cachos, pendentes e surgem antes do aparecimento das folhas.
A madeira é dura, densa, pesada e porosa, é usada nas guitarras e outros instrumentos de música, em raquetes e outros objetos que impliquem flexibilidade e resistência!
Na idade média a sua madeira era muito apreciada na construção de arcos e flechas. 
Estas árvores eram das principais nos cultos das antigas religiões pagãs e Sagradas do povo Celta, mas também dos escandinavos e dos gregos.
Os gregos acreditavam que era a grande árvore universal, devido às suas extensas e profundas raízes que uniam a humanidade ligando o mundo dos vivos com o mundo dos mortos. 
Poseidon, Deus grego dos mares, fazia também o culto desta árvore e as sacerdotisas dos templos gregos tomavam muitas decisões importantes na sua sombra. 
Nas terras de Capelins, estas árvores tinham várias finalidades, o seu enraizamento profundo e extenso retinha as terras junto aos cursos de água, impedindo que fossem arrastadas pelas águas originando o assenhoramento dos vales! 
Os seus ramos verdes muito saudáveis, na época seca, serviam para alimentação do gado herbívoro ruminante e, acreditava-se que, se o mesmo consumisse as suas folhas, não adoecia. 
O freixeiro, sempre foi, e ainda é considerado uma árvore protetora.


Freixo (Freixeiro) 


quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - O Pereiro Bravo ou Carapeteiro

A Flora de Capelins - O Pereiro Bravo ou Carapeteiro 

O Pyrus bourgaeana, popularmente chamado de carapeteiro, catapereiro, pereira-brava, pereiro-bravo, cachapirro, escalheiro-manso ou escalheiro-preto, é uma espécie vegetal de porte arbóreo e espermatófita que pertencence ao género Pyrus e à família Rosaceae! 
É uma planta abundante nas terras de Capelins, típica dos matos, encontrando-se, geralmente junto de azinheiras (Quercus ilex), prefere solos siliciosos e clima temperado, embora se adapte bem a todas as condições de frio ou calor! 
O carapeteiro é uma árvore de pequeno porte, caducifólia, por vezes arbustivo, com ramos espinhosos e em disposição aberta, as folhas são ovais, dentadas e apresentam um pecíolo grande! 
Esta árvore floresce entre Fevereiro e Março e as suas flores apresentam-se em grupos de umbelas, com cinco sépalas e cinco pétalas brancas ou suavemente rosadas, com numerosos estames.
Os seus frutos são pequenos, de forma esférica e com polpa farinhenta, a maturação tem lugar no outono e, bem maduros eram muito apreciados nas terras de Capelins! A sua colheita tinha de ser feita com cuidado, para evitar picadas da árvore, depois, eram colocados dentro de palha durante umas semanas, até à maturação e ficarem doces, mas o seu consumo sem esta ação, não era fácil. 
Os pêros, do pereiro bravo, após caírem da árvore eram consumidos por diversos mamíferos selvagens, lebres, coelhos, ouriços e outros, que atuavam como dispersores das sementes! 
O uso principal do carapeteiro era para base de enxertia de outras árvores de fruto, quase sempre em pereiras!


Pereiro bravo ou carapeteiro 



quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - O Marmeleiro

A Flora de Capelins - O Marmeleiro


Antes do ano de 1800, ao consultarmos escrituras de compra e venda de courelas nas terras de Capelins, nas quais está descriminado todas as árvores que as mesmas continham, em algumas, lá encontramos o marmeleiro! 
O marmeleiro pertence à família Rosaceae, subfamília Pomoideae e género Cydonia e já era cultivado na Babilónia desde a antiguidade (4000 a. C). A sua origem, parece ser da Europa Meridional ou das orlas meridionais do Mar Cáspio! 
O marmeleiro é uma planta que possui porte arbustivo ou arbóreo, que pode atingir quatro a seis metros de altura, com o tronco tortuoso, de epiderme lisa, acinzentada, formando escamas, que se desprendem, com a idade. A copa é irregular e os ramos jovens são tomentosos, as suas folhas são caducas, alternas, de cinco a dez centímetros de comprimento e de quatro a seis centímetros de largura, com forma ovada ou elítica e de pecíolo curto. 
As suas flores são brancas ou rosadas, solitárias, surgem nas axilas das folhas, medem três a sete centímetros de diâmetro, têm cinco pétalas, cinco sépalas e vinte estames. A floração ocorre na primavera, entre Março e Maio! 
O fruto é o marmelo, de cor amarelo dourado, muito aromático, com ápice em forma de umbigo. A polpa é amarelada e ácida, contendo numerosas sementes, semelhantes às da macieira, apresentando coloração castanha escura. 
Nas terras de Capelins, o marmelo era consumido, cozido ou assado, com açúcar, transformado em marmelada, e raramente faziam geleia ou compota! Devido à sua dureza e ao ácido não era muito apetecível cru! 
O marmelo, também era usado como corta gordura, sendo frito com os torresmos nas matanças de porcos! 
Os árabes utilizaram o marmeleiro para fins medicinais, dado o seu conteúdo em mucilagem! 
O marmeleiro adapta-se a diferentes tipos de solo, dos mais férteis até aos mais pobres, desde que sejam frescos e com reação ligeiramente ácida, sendo encontrados nas terras de Capelins, na sua maioria, junto aos ribeiros e lugares baixos.


Marmeleiro 


terça-feira, 8 de janeiro de 2019

A Flora de Capelins - A Figueira

A Flora de Capelins - A Figueira 

A figueira-comum, também designada por figueira da Europa, figueira de baco, figueira de Portugal, figueira do Reino e figueira mansa, Ficus carica, árvore da família Moraceae, que pode atingir grande porte até oito metros de altura, é originária da região do Mediterrâneo e o seu uso iniciou-se na Idade da Pedra, sendo uma das primeiras plantas cultivadas pelo homem!
Os ramos das figueiras são frágeis, possuem folhas recortadas, tendo entre cinco e sete lobos, as suas flores de pequeno tamanho desenvolvem-se no seu interior quando ainda são inflorescências. 
As terras de Capelins eram muito povoadas por esta árvore, talvez, aqui introduzida pelos romanos ou pelos árabes, mas é com os Cristãos novos a partir do ano de 1500 que ganham maior importância, uma vez que, os seus antepassados judeus não podiam consumir carne de porco, então, um dos condutos para o pão, eram as passas de figo, continuando aqueles com essa tradição! 
Os figos da Figueira Ficus carica, podem constituir uma inflorescência se possuirem somente flores e uma infrutescência se as flores forem fertilizadas e se transformarem em pequenos aquênios, frutos, que contêm a semente.
Os figos são de estruturação carnuda e suculenta, têm a coloração branco-amarelada até roxa, são comestíveis e altamente energéticos pois são ricos em açúcar e são colhidos, conforme a espécie, entre Maio e Outubro, podendo ser consumidos frescos ou secos, neste caso designados passas, obtidas dos mesmos, que eram colocados ao sol do verão em tabuleiros, até ficarem bem secos, depois eram tratados ao gosto de cada família, podiam ser logo guardados em panelas de barro, ou sofriam uma pequena fervura adicionando funcho nessa água, ou ainda, outros tratamentos que eram segredos e, eram então guardadas para aguentar quase todo o ano, sendo um doce para oferecer no dia de todos os Santos, no Natal e para completar as merendas nos campos de Capelins.


Figueira de Capelins 


segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Os Trajes de Capelins - A Samarra

Os Trajes de Capelins - A Samarra

A Samarra era um resguardo tradicional masculino que, parece ter a sua origem no Ribatejo, porém, ao longo dos anos foi descendo ao Alentejo e, acabou por se difundir por outras regiões do país! 
A Samarra, era feita em fazenda de lã castanha, azul-escura ou preta, tinha decote redondo e, apertava à frente com carcela e cinco botões de massa, os bolsos eram embutidos na vertical ou diagonal, as mangas eram compridas com aplicação de botões ou com virola e era forrada de cetim acolchoado.
As golas das samarras eram forradas de pele de raposa, de borrego, ou por questão de preço, podiam nem ter pele! 
As Samarras, também eram usadas nas terras de Capelins, pelos lavradores e por outras pessoas que tinham posses para as comprar nas feiras da região! 



Samarra Alentejana


Os cardos nas Terras de Capelins

Os cardos nas Terras de Capelins 

O cardo é o nome comum de diversas espécies de plantas que pertencem ao género Cynara e à família Asteraceae, a mesma da alface, chicória, endivas e outras. 
Neste caso, apenas nos referimos aos cardos usados nas sopas nas terras de Capelins, onde os mesmos, eram muito apreciados, principalmente nas sopas de grãos ou de couves!
Os cardos são uma planta rasteira com muitas folhas cobertas de picos nas extremidades, por isso, era preciso ter algum cuidado na sua apanha nos campos! Assim, cortavam-se junto à terra e, deixavam-se murchar umas horas para diminuir a agressividade dos picos, diminuindo as eventuais picadas nas mãos, quando na preparação, as folhas com picos eram ripadas à volta do caule que, era a parte comestível. 
Os cardos davam algum trabalho a arranjar, mas o resultado final era delicioso! 
Encontramos os cardos em solos bem drenados, secos e áridos e ricos em azoto! 
Os cardos têm efeitos medicinais, de entre as suas propriedades, são ricos em sais minerais e destaca-se a ação protetora do fígado!


Cardo de ouro 


domingo, 6 de janeiro de 2019

As Labaças nas terras de Capelins

As Labaças nas terras de Capelins 
As labaças, Rumex crispus L, em capelinense alabaças, pertencem à família das Poligonáceas, existindo muitas espécies e com diversas designações, mas a Rumex crispus é a mais consumida! É uma planta vivaz, nativa da Europa e de África!
As alabaças eram muito apreciadas nas terras de Capelins onde, tradicionalmente eram usadas em variados e deliciosos pratos, desde assopas de feijão e de grão e, em esparregados, neste caso, eram cozidas e depois guisadas com ovos e miolo de pão alentejano, como coziam muito rapidamente, uma vez que, eram colhidas apenas as folhas mais jovens e tenras, depressa se fazia o esparregado, o qual, como referimos, levava miolo de pão, mas a refeição era acompanhada com pão, sendo um bom jantar (ceia) para toda a família!

Quanto à tradição em consumir alabaças nas terras de Capelins, a mesma, já vem da época dos árabes que, conforme está mencionado num tratado antigo, faziam a sopa de alabaças com grão como dieta, calmante para o estômago.

Ainda hoje, os capelinenses e não só, continuam a consumir alabaças, também designadas catacuzes!

Sopa de feijão com labaças/alabaças

Ingredientes:
(para 2 pessoas)
Um molho pequeno de folhas de Labaças
1 lata de feijão manteiga cozido de 410 gramas (será melhor cozer o feijão manteiga e não usar o de lata, mas tem de ficar de molho em água desde a noite anterior)
1 cebola média picada ou em fatias finas
2-3 dentes de alho picados ou fatiados
1 folha de louro
Sal e azeite qb
Água q.b.


Alabaças 


Os Trajes de Capelins - O Pelico e os Safões em pele de borrego ou ovelha

Os Trajes de Capelins - O Pelico e os Safões em pele de borrego ou ovelha 
O Pelico e os Safões de pele de borrego (castanho), era um traje usado em todo o Alentejo, por ser um excelente abrigo do frio e da chuva e por não causar impedimento na elaboração da maior parte dos trabalhos na agro pecuária! 
O pelico podia apresentar uma estrutura idêntica a um casaco sem mangas, as cavas eram cortadas de forma a ultrapassarem o ombro, protegendo as espáduas com as abas, na parte de trás descia até ao meio das pernas, podendo ter, ou não gola, e era abotoado com botões de metal anti ferrugem! 
Os cortes dos pelicos ajustavam-se à dimensão da pele do animal e à medida do corpo do seu utilizador! 
Os safões consistiam/consistem em dois meios aventais, cavados, de forma a contornarem as pernas ajustados através de botões iguais aos dos pelicos!
Desta forma, os homens protegiam-se dos ventos gelados e da chuva no Inverno!
Nas terras de Capelins , alguns homens, no Inverno, por debaixo do pelico e safões, geralmente, usavam camisa de riscado, calça de cotim, ceroulas de flanela, camisola interior, meias de linha, botas grosseiras e, um chapéu preto ou uma boina de orelhas!
Os homens que não tinham safões, por vezes, sobre as calças, usavam pequenas tiras de sacos de serapilheira, tipo polainas, para proteger o fundo das pernas das calças, acima das botas. 
É de salientar que, também existiam safões, apenas para proteger as pernas e as calças, feitos de um tecido resistente, que designavam por lona.

Pelico e Safões 


Os Trajes de Capelins - O Capote

Os Trajes de Capelins - O Capote 

O capote alentejano teve a sua origem nos trajes de pastores do Alto Alentejo que, pretendiam um casaco em burel que os cobrisse do frio e que, ao mesmo tempo, lhes desse liberdade de movimentos. Assim, surgiu a ideia de se coser um traje longo e sem mangas que possuía uma sobrecapa que caía até à altura do peito e podia possuir uma gola em pele de raposa ou do mesmo tecido! Como referimos, esta peça de vestuário teve a sua origem na classe pobre, passando depois a ser agasalho e, ao mesmo tempo um sinal de fortuna, ou pelo menos fingiam que a tinham, sendo muito usado pela classe rica e, até por alguns reis de Portugal. 
Nas terras de Capelins, no Inverno e, em toda a época de mais frio e chuva, os homens de posses, lavradores e não só, não perdiam a oportunidade de exibir os seus capotes, nas festas, cerimónias, bailes e outros ajuntamentos, os quais, podiam ser de burel ou de lã e, de cor castanha ou outras mais escuras!
Escrevemos sobre o passado dos capotes, mas na verdade, ainda são usados como peças de vestuário de recorte muito nobre! 
É a nossa singela homenagem, aos capotes das terras de Capelins!



Capote 


quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Flora de Capelins - Azinheira

As Azinheiras de Capelins
Nome científico: Quercus rotundifolia
As azinheiras são árvores que se desenvolvem a partir dos chaparros (azinheiras jovens) de crescimento muito lento, levando centenas de anos a atingir o grande porte que as caracteriza! São árvores muito abundantes nas terras de Capelins, onde existem grandes montados, as mesmas, chegam a medir até 10 metros de altura, pertencem à família das fagáceas, possuem folhas discolores, ligeiramente espinhosas nos espécimes adultos, flores masculinas em amentos, as femininas em panículas e frutos ovoides! Em algumas espécies existe dimorfismo foliar.
A azinheira é nativa da região Mediterrânica da Europa e Norte da África, a sua madeira é dura e resistente, sendo muito utilizada, desde a antiguidade! Nas terras de Capelins os seus ramos e troncos depois de secos eram e ainda são utilizados como combustível para o lume e, assim coser os alimentos e ao mesmo tempo aquecer as casas! 
A sua lenha,(ramos secos) também, aquecia os fornos de coser o pão e para fazer carvão vegetal em fornos construídos com a lenha das azinheiras, coberta de palha e, depois tudo tapado com terra, deixando apenas os respiradores para poder desenvolver a combustão e ao arder durante alguns dias, estava/está feito o carvão, ainda muito procurado para aquecimento e para os grelhadores! 
O seu fruto é a bolota que, é aproveitada para vários fins, como foi descrito em artigo anterior.



Azinheira de Capelins 



Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...