domingo, 21 de dezembro de 2014

Resenha histórica da Igreja Paroquial de Santo António de Capelins

Resenha histórica da Igreja Paroquial de Santo António de Capelins

Existe uma lenda sobre a Igreja de Santo António que, conta ter sido um aventureiro que andou pela Índia e teve lá tanto sucesso que, ao passar por estas terras, a mandou construir, nos primeiros decénios da centúria de 1500, numa courela junto à herdade da Sina, esta última parte, de verdade, consta numa escritura de compra/venda realizada no Cartório Notarial de Terena sobre a compra/venda dessa courela, no dia 20 de Fevereiro de mil oitocentos e trinta e um.
A informação que conhecemos sobre a dita construção, coincide com a indicada por Túlio Espanca no seu livro: "Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, onde está escrito que, a sua construção, corresponde aos alvores, início, do século XVI, ou seja, início da centúria de 1500.
Há autores que classificaram o seu estilo arquitetónico barroco e rococó sendo constituída por uma capela mor com acesso à sacristia por uma nave única, com Capelas laterais que possuem características do barroco setecentista e o altar da Capela Mor correspondente à imaginação rococó. No interior, destacam-se o Altar e as pinturas da Capela Mor. 
Sabemos que, a dimensão da Igreja de Santo António, começou por ser cerca de metade da atual, existindo um alpendre a ocidente, o qual, foi sacrificado quando da sua ampliação, talvez na centúria de mil e setecentos, sendo as ombreiras em granito, deslocadas para a nova porta que olha a ocidente. Mais tarde, o teto que era de madeira foi substituído por alvenaria, por consequência, as paredes laterais foram reforçadas, talvez fossem abertas as capelas laterais nesta intervenção.
 Quando a Igreja de Santo António foi construída, ainda existia a Igreja Matriz de Santa Maria de Ferreira, no Lugar de Ferreira, atual Neves, uma vez que, no ano de 1534, quando esta foi visitada por um clérigo do Bispado de Évora, no seu relatório, nada consta sobre a Igreja de Santo António, da qual, só temos conhecimento que deve ter substituído a referida Igreja Matriz cerca do decénio de 1550, porque, existem indícios que a Freguesia de Santo António já existia no ano de 1551, embora só conste nos Livros de Registos Paroquiais de São Pedro de Terena no início da década de 1570, mas salienta-se que, antes dessa data, não existiam Registos Paroquiais no Concelho de Terena.
O primeiro Pároco a fixar-se em Santo António foi o padre Luís de Campos, em 1633, que saiu da Vila de Monsaraz alguns anos antes, porém, nos Livros Paroquiais de São Pedro de Terena, no início da década de 1570 em alguns Registos está indicado que, Gonçalo Dias era o Capelão da Igreja de Santo António, mas também está na Igreja de São Pedro de Terena. 
A partir do referido ano de 1633, já existem Registos Paroquiais de nascimentos, casamentos e óbitos, escritos pelo Pároco, permanente na Igreja de Santo António.

Correia Manuel



Igreja de Santo António de Capelins 





sábado, 20 de dezembro de 2014

Resenha histórica da Igreja Paroquial de Santo António de Capelins

Resenha histórica da Igreja Paroquial de Santo António de Capelins

A Igreja Paroquial de Santo António de Capelins, parece ter sido construída no século XVI, sendo propriedade da Coroa até ao século XIX (1500-1834). Foi construída no sistema normal da tipologia rústica do meio ambiente, a Igreja não se destaca por qualquer motivo arquitetónico das suas congéneres da região, feita de alvenaria tocada de escaiolas, olhando na linha do ocidente e ligada ao casario pitoresco do priorado e sacristão, além do atual cemitério público fechado por murete afrentado de campanário de alterosa espadana.
Do primitivo edifício, em traça do século XVI, apenas subsiste o presbitério cupular, algumas empenas laterais de cornijas polilobadas, em grossa alvenaria rebocada, e o portal granítico, adintelado, de verga losângica e cruz relevada.
A fachada, de frontão arredondado sofreu uma profunda modificação na centúria oitocentista que alterou as proporções da nave e lhe fez perder o alpendre; Tem campanário vulgar, com acrotérios pinaculares, no eixo, e sino de bronze fundido, antigo.
Quatro pequenos cruzeiros simbólicos a envolvem, a distâncias regulares e destinados a marcar o itinerário das procissões promovidas pelas seis irmandades que ainda subsistiam em 1758: Santo António, Senhora do Rosário, Senhora das Neves, Almas Santas, S. Bento e Senhor Jesus.
O interior, de planta retangular, compõe-se de nave muito alongada, hoje de abóboda redonda mas que era de tabuado; Capela-Mor e batistério, este singelíssimo, rasgado na face da Epístola e conservando, apenas, a pia marmórea, circular e lisa; Púlpito no corpo sobranceiro, com caixa de madeira, quadrangular, sem interesse artístico.
Nos alçados laterais e junto da abside abrem-se dois altares em nichos parietais de sóbrias molduras entalhadas com grinaldas revestidas de ouro.  Estão consagrados a NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO (Evangelho) e às ALMAS. Mantêm, incluindo a abside, as imagens assinaladas no arrolamento das MEMÓRIAS PAROQUIAIS DE 1758, feito pelo Padre Manuel Madeira. A Padroeira do primeiro altar é de roca e vestimentas bordadas com riqueza; Lateralmente veem-se S. JOSÉ e NOSSA SENHORA DE BELÉM, ambos de madeira, mas vulgares.
A sobranceira, além do CRUCIFICADO, tem as esculturas de S. MIGUEL, estofada, mas da arte popular, e uma belíssima VIRGEM, de um CALVÁRIO, seiscentista, de lenho dourado e no local recolhida de qualquer templete profanado. Mede de altura 95 cm.
A capela-Mor, antecedida por arco pleno de alvenaria, é de forma cúbica fechada pela habitual cúpula de meia laranja repousando em trompas lisas. Esteve, total ou parcialmente até à década de 1940, recoberta por composições murais de ornatos e figuras sacras, aparentemente de setecentos, que se vislumbram nos alçados. O retábulo, de talha dourada e policromada, do estilo rococó, é obra tardia do 2º terço do século XVIII; Na edícula adosselada do centro, expõe-se SANTO ANTÓNIO, peça de madeira pintada, do século XVII (altura 65 cm), e nas mísulas colaterais S. GREGÓRIO PAPA e S. BENTO (este deslocado do altar das ALMAS) ambos de lenho estofado e aparentemente de produção seiscentista, popular.
Na banqueta existiram e encontram-se recolhidas na sacristia, as imagens antigas de S. FRANCISCO DE ASSIS (muito maltratado) e S. BARTOLOMEU, medindo, este, de altura 1,00 m. Nesta dependência, além de vários ex-votos pintados sobre madeira, tela e chapa cúprica, subsiste, na parede, o lavatório de mármore branco, esculpido com a insígnia da tiara de S. GREGÓRIO PAPA, obra popular de alvores de setecentos.
Dimensões interiores da Igreja de Santo António de Capelins:
 Nave – Comprimento 15,90 X 5,10 metros.
Ábside: fundo 3,75 x largura 4,10 metros.
BIBL. – Memórias Paroquiais de 1758, vol. IV, pp. 157-61. Arquivo Nacional da Torre do Tombo

(Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora – por Túlio Espanca IX Lisboa 1978) 

Correia Manuel

Igreja de Santo António de Capelins 




sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

História de vidas de Gentes de Capellins - 1633 - 1910

História de vidas de Gentes de Capellins - 1633 - 1910

Através do registo de batismos, casamentos e óbitos, verificados nos livros da Paróquia de Santo António, (Capelins), vamos conhecendo as Famílias que aqui habitavam entre os anos de 1633 até 1910 ou, até aos dias de hoje. Conseguimos seguir a vida de algumas pessoas desde o seu batismo até ao seu falecimento e, saber a sua origem, ou seja, de onde vieram, para as terras de Capelins. À medida que as gerações se foram renovando, alguns apelidos originais foram-se perdendo, devido aos matrimónios e migrações! Existiam apelidos muito fortes, por as Famílias serem muito numerosas mas, mesmo esses, foram eliminados ou assimilados ao longo dos anos. 
Agora, já encontramos Registos de batismos na Igreja de S. Pedro de Terena, de crianças da Freguesia de Santo António, desde 1578, mas parece-nos existirem de antes dessa desta data. Estão registadas nos livros da Paróquia de S. Pedro de Terena.
Transcrevemos, o que conseguimos perceber, de alguns assentos Paroquiais de Santo António:

Batismo em 1635
Hos sete dias do mes de Janeiro da era de mil seiscentos e trinta e cinco annos batizei epus os Santos Óleos a duas meninas, huma por nome Maria e outra Catherina, filhas de António Mendes ? e de Balecé? foram padrinhos Domingos Caeiro, Maria Nunes e Domingos Gomez.
Pe. Luis de Campos

Batizado em 1681.
Aos vinte dias do mês de Abril da era de mil seiscentos e oitenta e hum annos Batizei epus os Santos Óleos a Maria, filha de Manoel Gomes e de sua legítima mulher Isabel Moz? foram padrinhos Fernando Marques e Maria Dias e por verdade fiz este termo que assinei dia mes e era ut? supra.
Pe. Manoel Nunes

Casamento em 1727
Aos 27 dias do mes de Abril da era de mil setecentos e vinte e sete, casei António Correia, natural da Vila de Alcaçovas, filho de Manoel Correia e de Catarina Dias da mesma Vila, com Theresa da Conceição filha de André ? e Catherina ? naturais da Freguesia de Santo Antonio (...)
Pe. ?

Existem muitos casamentos entre pessoas da Freguesia de Santo António e de San Tiago.

Óbito em 1679
Aos quatro dias do mes de Maio da era de mil seiscentos e setenta e nove annos faleceo da vida presente Sebastiam Roiz mosho? do Reino , com todos os Sacramentos, fez testamento e está enterrado na sexta cova da terceira carreira começando da mão esquerda de cima para baixo e por assim se passar na verdade fiz este termo que assinei dia mes e era ut? supra.
Pe. Manoel Nunes

Óbito em 1681
Aos vinte e tres dias do mes de Janeiro da era de mil seiscentos e oitenta e um faleceo da vida presente Joanna Dias, com todos os sacramentos, está enterrada na terceira cova da quarta carreira começando da mão esquerda de cima para baixo e por assim se passar na verdade fiz este termo que assinei dia mes e era ut supra.
pe. Manoel Nunes

Óbito em 1691
Aos quinze dias do mes de Novembro da era de mil seiscentos e noventa e um faleceo da vida presente Maria Marques com todos os Sacramentos da Penitencia (...) por perder a fala não fez testamento está enterrada na quinta cova da quarta carreira começando da mão esquerda de cima para baixo e por assim e passar na verdade fiz este termo que assinei dia mes e era ut supra.
Pe. Manoel Nunes

Santo António de Capelins 




domingo, 14 de dezembro de 2014

O Auge e Decadência do Lugar de Ferreira - Neves

O Auge e Decadência do Lugar de Ferreira - Neves 

O Lugar de Ferreira situava-se junto à atual Ermida de Nossa Senhora das Neves até ao alto do Monte de Ferreira. 
Antes da chegada da Casa do Infantado, em 1698, era neste local que se encontrava quase todo o casario, existiam apenas alguns Montes (Casais), em alguns lugares da Vila Defesa, como o Monte da Zorra, Monte do Foro, Monte de Capelins, Monte do Carrão, Monte da Talaveira, Monte da Galvoeira, Monte do Azinhal Redondo de Baixo e de Cima, Monte da Vinha, e poucos mais. Este casario, pertencia ao senhorio da Vila de Ferreira, o qual, entre 1433 e 1674 foi da família Freire de Andrade. 
Neste lugar, desses tempos, ainda podemos encontrar dois silos comunitários distanciados cerca de duzentos metros.
Pelo número de casas, indicadas em diversos documentos, estima-se que, nos finais da centúria de 1600, residiam neste Lugar de Ferreira, mais de duzentas pessoas. Porém, durante os anos 1700, devido à insegurança e, por as herdades da Defesa de Ferreira e de Bobadela terem passado para a Casa do Infantado e devido à construção do Monte Grande, em volta do qual, começaram a crescer as Aldeias de Capelins de Cima e Capelins de Baixo, decerto, por aforamento de terrenos, começando o declínio do Lugar de Ferreira. Conforme o registo de José Cornide, historiador e parece que era espião espanhol, que andou muitos anos por Portugal, dizem que, a espiar para o rei de Castela, cerca de 1800, apenas existiam 32 casas junto à Ermida de Nossa Senhora das Neves e, daí em diante, foi sempre em decadência, até ao seu total desaparecimento. 

Forno das Neves, junto à Ermida - Capelins





sábado, 13 de dezembro de 2014

A Freguesia de Capelins - Santo António

A Freguesia de Capelins - Santo António

Existem indícios de que a Freguesia de Capelins, existe desde a década de 1550, porque, conforme consta em alguns documentos foi criada em conjunto com a Freguesia de Santiago Maior, a qual consta num processo do Tribunal do Santo Ofício referente a um morador na Aldeia da Venda, Freguesia de Santiago do Termo (Concelho) de Terena, com a data de 1551, no entanto, a Freguesia de Santo António, já se encontra nos Registos Paroquiais de São Pedro de Terena no início da década de 1570. 
Os limites da Freguesia de Capelins, não foram alterados desde a sua criação na dita data, incluía a Vila de Ferreira, situada a sul da herdade da Boeira, da herdade de Nabais e da Sina, ladeada pelas Ribeiras de Lucefécit e da Ribeira de Azevel e de fundo pelo rio Guadiana, mas era constituída por outra parte não pertencente à dita Vila, as herdades de Nabais, da Sina e Fontanas, incluindo a Aldeia de Faleiros, era todo este espaço geográfico, que constituía a Freguesia de Santo António de Terena, atual Capelins. 
A Freguesia e Paróquia confundiram-se durante vários anos, mas nos Registos Paroquiais ao longo dos anos, verifica-se que, os Párocos escreveram sempre, Freguesia de Santo António do Termo de Terena, associado a, Igreja Paroquial de Santo António. 


Texto: Correia Manuel
 


Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins 











As Festas em Honra de Nossa Senhora das Neves em Capelins

As Festas em Honra de Nossa Senhora das Neves em Capelins

 O registo mais antigo, sobre as Festas em honra de Nossa Senhora das Neves, é de 1747, onde é referido que, no dia 05 de Agosto de cada ano, a ela acodiam muitos romeiros de toda a região, mas,  também, no ano de 1799, o historiador espião espanhol José Andrés Cornide de Folgueira y Savedra, a ela se refere, assim como, ao Lugar de Ferreira, o qual, nessa data, ainda era constituído por 32 casas, durante a sua viagem ao Alentejo, esteve em Terena em 22 e 23 de Novembro de 1779, fazendo espionagem ao serviço de Castela, no sentido de encontrar os locais de fronteira de mais fácil acesso para uma possível invasão das tropas espanholas, que acabou por acontecer, Portugal foi invadido por forças espanholas a 20 de Maio de 1801. Foi uma guerra de curta duração que terminou a 6 de Junho desse ano, com perda do território, Olivença, por parte de Portugal.

As referidas Festas, são assinaladas desde aquela data mas, decerto, já se realizavam desde o início da fundação da Vila, em 1314, até à década de 1950, mas, sem descrição dos respetivos programas, embora saibamos pelos antepassados que o normal eram as cavalhadas, jogos, procissão, missa e bailes. Passaram-se muitos anos em que não se realizaram, até que, devido a existirem muitas pessoas com promessas para pagar a Nossa Senhora das Neves, constitui-se uma Comissão, e organizaram as referidas Festas nos dias 23 e 24 de Setembro de 1978, junto da Ermida, a qual, estava ainda em bom estado de conservação, foi caiada, a porta pintada e toda a área envolvente bem limpa.
O programa das Festas, foi composto por uma vacada num recinto improvisado, um baile à noite, atuação do Rancho Folclórico de Fazendas de Almeirim, a procissão com Padre, os Pendões e imagens de Nossa Senhora das Neves e Santo Isidro, acompanhada pela banda filarmónica do Redondo, que percorreu o espaço entre a Ermida e a cruz que se encontra a leste da tapada do Monte de Ferreira.
Durante as Festas, funcionou o Bazar onde foram sorteadas garrafas de licor, anis, brandy e outas bebidas e oferendas da população. Junto à Ermida, funcionou uma tenda com bebidas e petiscos, uma taberna ambulante do Ti José Russo de Ferreira de Capelins e, do Ti António Rato, de Montejuntos..
Durante a noite, não faltou energia elétrica, fornecida por um gerador alugado no Redondo.
A partir dessa data, tentaram conservar a Ermida, o melhor possível, até que, na 1 ª década de 2000, roubaram o sino e, por precaução, as imagens de Nossa Senhora das Neves, de Santo Isidro e Pendões, foram recolhidos na Igreja de Santo António, em Capelins. 

Procissão da Festa de Nossa Senhora das Neves em Setembro de 1978











Igreja Matriz de Santa Maria da Vila de Ferreira

Igreja Matriz de Santa Maria da Vila de Ferreira

A Igreja Matriz de Santa Maria, na Vila Medieval de Ferreira, foi construída cerca de 1262 pelo donatário da Vila de Terena e do seu Termo D. Gil Martim, , chegando ao fim, talvez por ruína ou por destruição durante a Guerra da Restauração, entre 1640/1668. 
Nos últimos anos,  devido ao levantamento arqueológico e patrimonial de alqueva, foram encontradas algumas sepulturas escavadas na rocha ao lado da atual Ermida de Nossa Senhora das Neves. Porém, em 2013, a Associação Raia, com a colaboração da Junta da Freguesia de Capelins, investigaram no terreno e, encontraram mais nove sepulturas nesse local, mas, decerto, existem mais. Depois de investigarmos como eram sepultadas as pessoas na Idade Média e Moderna, concluímos que, os Cristãos eram sepultados dentro das Igrejas e, se já não existiam lugares, então, acrescentava-se a Igreja, ou fazia-se outra, logo, neste caso, não podia ser diferente, assim, como nestes casos, temos que ler as entrelinhas, supomos que, essas sepulturas estavam no interior da Igreja Matriz de Santa Maria, situando-se a mesma nesse lugar. Não foram encontradas ossadas nestas sepulturas, porque, decerto, foram recolhidas e colocadas no subsolo da atual Ermida de Nossa Senhora das Neves ou no adro. Nessa época, não existiam cemitérios para cristãos e, as ossadas, nunca poderiam ficar desprotegidas.

Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins 




sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A visita de um Clérigo da Diocese de Évora à Igreja Matriz de Santa Maria de Ferreira, em 1534

 A visita de um Clérigo da Diocese de Évora à Igreja Matriz
de Santa Maria de Ferreira em 1534

A visita efetuada em 1534, por um clérigo de missas, do Bispado de Évora, ordenada pelo Cardeal Infante D. Afonso, teve como objetivo a verificação de dois aspetos essenciais, o espiritual e, o temporal. O espiritual era averiguar como se encontrava a fé dos paroquianos, ou seja, se compareciam nas missas e nos atos religiosos. O temporal, referia-se ao estado do património, se estava bem cuidado, quais as necessidades da Igreja, em termos materiais, tratamento das imagens, móveis e outros objetos inerentes às missas e outros fins. Mas, também, sobre o comportamento do Cura, Sacristão, Comendadores, e paroquianos.

Aos casos assinalados pelo clérigo, foi dado um prazo para cumprimento das alterações verificadas e ficava definido quais as consequências suportadas pelos fregueses e comendadores, desde o seu impedimento de assistir às missas, até penas pecuniárias.
Neste caso, não sabemos, quais foram as exigências do visitador em termos espirituais e temporais, aos fregueses, Cura, e comendadores da Igreja de Santa Maria em Ferreira. Esperamos consultar brevemente o referido livro da visitação. 


A Visitação de 1534, foi às Freguesias, Capelas Curadas e Capelas sufragâneas de Matrizes, incluindo a Igreja Matriz de Santa Maria em Ferreira (depois Neves).

A Igreja de Santa Maria de Ferreira, desapareceu nos finais da  centúria de 1600, ou por ruína ou por destruição durante a Guerra da Restauração,  sendo erigida no seu lugar, um pouco ao lado, a Ermida de Nossa Senhora das Neves.

A Ermida de Nossa Senhora das Neves, na Vila de Ferreira

Conforme texto de Túlio Espanca, no "Inventário Artístico de Portugal" de 1978, que se transcreve:
“A Igreja de Nossa Senhora das Neves foi a primitiva Matriz da extinta Vila de Ferreira, com o título original de SANTA MARIA, e já existente no ano de 1320, como vínculo do padroado real, encontra-se situada a cerca de 5 quilómetros de distância da Aldeia de Ferreira de Capelins.
Da traça primitiva da fundação medieval, nada existe atualmente, devendo classificar-se a subsistente como obra híbrida dos séculos XVI-XVIII, bastante pobre no domínio arquitetónico e sumptuário.
O edifício atarracado e construído num declive pouco pronunciado do abandonado monte daquele nome, olha na banda do ocidente em recorte acentuadamente popular, alvíssimo de caio e de contornos ligeiros onde se destacam os gigantes laterais, a silhueta do campanário axial, com volutas de enrolamento, de sineta brônzea, e a abside, de planta quadrangular, rematada por cúpula octogonal de uma singela, de alvenaria. A fachada, sem nártex, eleva-se em empena triangular, com discreto portal de arco pleno, ladeado por arrebicado adro pavimentado de pedrinhas calcáreas, losângicas, de branco e negro ao gosto de fins de oitocentos.
Envolventes, dois cruzeiros modestos, de mármore e ardósia, refeitos em períodos vários pelas extintas irmandades. O seu interior, de planta retangular, é de manifesta simplicidade. A nave e o teto, de alvenaria, são completamente caiados de branco, erguendo-se na face do Evangelho o púlpito, também de alvenaria com ligeiros ornatos geometrizantes. No alçado sobranceiro abriu-se, na década de 1950, um nicho com imagem moderna dedicada a SANTO ISIDRO, LAVRADOR.
A Capela-Mor, único corpo quinhentista do Templo, é antecedida por arco-mestre atarracado, redondo e de molduras duplas, onde persistem vestígios de pinturas antigas.
A cúpula, octogonal, assenta em trompas. Se teve decorações artísticas, perderam-se completamente. Na ousia apenas se rasga, em trabalho de alvenaria escaiolada e de pilastras com aletas, o transformado nicho da padroeira. A imagem de NOSSA SENHORA DAS NEVES (Virgem com o menino), de madeira estofada e esculpida ao modo popular do século XVII, sofreu grande restauro em época posterior, período em que aplicaram às figuras olhos de cristal. Mede de altura 84 cm.
Dimensões interiores da Igreja de NOSSA SENHORA DAS NEVES:
 Nave – comprimento, 9,20 X 5,40 metros.
Presbitério – fundo, 3,85 X largura 3,70 metros.”

Ermida de Nossa Senhora das Neves, antes da recuperação em 2019










A Casa do Infantado na Vila de Ferreira entre 1698 e 1834

A Casa do Infantado na Vila de Ferreira entre 1698 e 1834

Como já foi referido, em 1698, parte da Villa de Ferreira, termo da Vila de Terena, foi doada à Casa ou Estado do Infantado, a qual, começou por fazer grandes alterações na administração das suas herdades, Defesa de Ferreira e Defesa de Bobadela. Na Defesa de Ferreira expandiram-se as duas Aldeias, denominadas Capelins de Cima e Capelins de Baixo e na Defesa de Bobadela foi criada uma zona franca, onde, no porto da Cinza podiam transitar mercadorias e animais isentos de taxas aduaneiras. Neste lugar, foram colocadas barcas para transporte de pessoas, mercadorias e animais entre as duas margens do rio Guadiana.
 No início do ano de 1700, toda a Villa foi repovoada, verificando-se em documentos oficiais dessa época que, houve um grande aumento da população e desenvolvimento económico da região através da agro pecuária e da industria moleira.
Como prova, que de facto as duas herdades das Defesas, pertenciam à Casa do Infantado, transcrevemos o seguinte anuncio da Gazeta de Lisboa, no Sábado dia 10 de Novembro de 1827, a avisar os interessados, sobre o arrendamento das referidas Defesas. 




Annuncios

Tribunal da Junta da Sereníssima Casa, e Estado do Infantado, se hão de arrematar neste presente anno as seguintes rendas; a saber: as Dízimas do Pescado das Villas de Vianna e Caminha, o Almoxarifado dos Campos da Cidade de Leiria; as Defezas de Ferreira, e Boubadella do Além-téjo; o Almoxarifado da Villa da Boubadella da Beira, (… e muitos outros), As pessoas que quiserem lançar nas ditas rendas podem comparecer e dar seus lanços na Secretaria da Fazenda da mesma Junta, em todos os dias de Conferencia nos imediatos a estes des de as três até às sete horas da tarde, para serem as ditas rendas arrematadas nos dias cinco, doze, e dezenove de Dezembro deste anno; e toda a pessoa que pretender lançar nestas rendas se deverá apresentar munido com Certidões de corrente, tanto pelo Tesouro Publico, como pela dita Sereníssima Casa, e com Procuração bastante, no caso de ser para segunda pessoa; e sem a apresentação destes documentos se não admite ninguém a lançar.
Sábbado, 10 de Novembro de 1827

Gazeta de Lisboa nº 267 


Defesa de Ferreira







quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

As Aldeias de Capelins de Baixo e Capelins de Cima

As Aldeias de Capelins de Baixo e Capelins de Cima 

O documento descritivo do Termo ou Concelho de Terena, que incluía as terras de Capelins, no ano de 1708, já se refere à Ermida de Nossa Senhora das Neves, mas nada refere sobre as aldeias de Capelins de Baixo e Capelins de Cima, logo, nesse ano ainda não deviam existir, encontramos Capelins, sem referência a aldeia, no registo de um óbito em 1712, do Padre Miguel Gliz Galego, mas há muito que existiam vários Montes, entre eles o Monte de Capelins, Monte do Foro, Monte do Carrão, Monte da Zorra, Monte da Talaveira, Monte da Amadoreira,  Monte da Galvoeira, Montes do Azinhal Redondo de Baixo e de Cima, Monte do Seixo e outros.
Como, na Villa de Ferreira, existiam doze herdades, entre elas, as herdades da Defesa de Bobadela e Defesa de Ferreira, doadas à Casa do Infantado em 1698, foi nesta última que surgiram as duas aldeias de Capelins de Baixo e Capelins de Cima no segundo ou terceiro decénio de 1700, porque, já constam no Dicionário Geográfico em 1747. 
Uma aldeia, geralmente começava por um Monte e depois, nas imediações desse,  surgiam outros, mas, podia levar alguns anos a desenvolver-se, por isso, as referidas aldeias, devem ter começado no início de 1700 e somente em 1747 aparecem no Dicionário Geográfico de todas as cidades, villas Lugares e aldeias, rios ribeiras e serras dos Reynos de Portugal e Algarve, como a seguir podemos verificar.


DICIONÁRIO GEOGRÁFICO OU NOTÍCIA HISTÓRICA DE TODAS AS CIDADES, VILLAS, LUGARES, E ALDEAS, RIOS, RIBEIRAS, E SERRAS DOS REYNOS DE PORTUGAL , E ALGARVE – TOMO I – 1747.

“S. ANTÓNIO. Freguesia na Provincia do Alentejo, Arcebispado de Évora, Comarca da Cidade de Elvas, parte della Termo da Villa de Terena, e parte da Villa de Ferreira: tem cento e dous vizinhos. Está situada em monte; descobrem-se della a Villa de Olivença, distante cinco léguas, Estremoz quatro, Évora-Monte cinco, Alandroal duas, Terena huma, Monsaraz duas, Mourão três, Xelles, no Reino de Castella duas, e Alconxel do mesmo Reino quatro léguas. Tem esta Freguesia, a parte da Villa de Ferreira, duas Aldeas chamadas Capellins de Cima, e Capellins de Baixo.
A Paróquia está fora de povoação: he seu Orago Santo António, que está no Altar mayor, com S. Bartholomeu: os collateraes são de Nossa Senhora do Rosário, com Nossa Senhora de Belem, e S. Joseph, e outro do Santo Nome de Jesus, com S. Bento, e S. Gregório. Tem huma Irmandade das Almas. O Paroco he Cura, de apresentação dos Arcebispos de Évora: tem renda cincoenta mil reis, pouco mais, ou menos. Na parte, que está no Termo da Vila de Ferreira, tem huma Ermida de Nossa Senhora das Neves, aonde acodem romeiros no seu dia de cinco de Agosto.
Os frutos, que recolhem os moradores desta Freguesia em mayor abundancia, são, trigo, cevada, e centeyo. Pelos confins desta Freguesia passa o rio Guadiana, e nelle recebe os rios Lucefece, e Azavel, que entrão nelle nos sítios de Roncão, e Gato”. 



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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A vida económica e social dos moradores da Vila de Ferreira na Idade Média e Moderna

A vida económica e social dos moradores da Vila de Ferreira na Idade Média e Moderna


A Idade Média, é considerado o período entre o século V e, o século XV, ou seja, início do Renascimento. A Vila de Ferreira, existe desde cerca de 1314, assim, tentamos conhecer, o que for possível, sobre a vida económica e social dos moradores desta região. Através de alguns documentos oficiais disponíveis ao público e, por analogia com o que se encontra publicado sobre este assunto, referente a Freguesias vizinhas, pensamos, não ter sido muito diferente na Vila de Ferreira.
A sociedade medieval era constituída por três classes, o clero, nobreza e povo, assim, quanto à realidade da referida Vila, o senhorio, durante a Idade Média, esteve sempre na posse de casas nobres, era uma grande extensão de terra, quase a mesma que, constitui hoje a Freguesia de Capelins, estava dividida em diversas herdades, com Montes ou casais, que eram arrendadas a lavradores, os quais, tinham ao seu serviço os trabalhadores agrícolas, guardadores de gado e pessoas para outros trabalhos. 
A Igreja Católica, detinha grande poder e podia intervir em todas as causas, por isso, no Lugar de Ferreira, sede da Vila, existia a Igreja Matriz de Santa Maria, com um Cura, que tinha a missão de tratar da vida espiritual dos moradores, porque, nesta época vivia-se grande fervor religioso. A religião fazia parte da vida do dia a dia, intervindo na vida prática e espiritual das pessoas, que eram dominadas pelo medo do inferno, assim, procuravam na Igreja a explicação para os mais diversos acontecimentos, como as epidemias, a fome e mesmo as trovoadas, com a oração e a devoção, esperavam afastar esses males. A Igreja, cobrava impostos, todas as pessoas tinham de pagar o dízimo, recebendo grande parte das colheitas e até de gado.
As casas do Lugar de Ferreira, eram muito rudimentares, feitas de taipa, terra amassada, algumas pedras e, geralmente cobertas de colmo, estevas, piorno e pasto, por isso, hoje, no local onde existia esse casario está plantado um olival e poucos vestígios se encontram. A vida dentro da casa era em comunidade, ou seja, sem intimidade, todos comiam, dormiam e passavam o tempo livre na mesma divisão. O mobiliário era escasso, uma mesa, uns bancos sem costas e um móvel essencial que era um baú ou arca, que servia para guardar tudo o que tinham, desde roupa a loiças e, ainda podia servir de mesa ou de assento. As camas, se existiam, tinham colchões de palha. A cozinha, tinha poucos utensílios, panelas, almofariz, frigideira de cabo comprido, algumas, um caldeirão ou panela de ferro. A comida era pouca, à base de pão de trigo e de ervas aromáticas e outras comestíveis, as que existiam em abundância nesta região, além de outros produtos hortícolas que já cultivavam nas hortas, como, alhos, hortelã, salsa, coentros e cebolas. Os que podiam, faziam matança de porcos e guardavam a carne fumada para consumir ao longo do ano, mas a Igreja ordenava que não se comesse carne às quartas-feiras, sextas-feiras e sábados, assim, dava para mais tempo. Havia muita caça, mas era para os senhores, que tinham os falcões e as matilhas de cães treinados para esse fim.
Já por aqui passavam vendedores ambulantes, que vendiam produtos artesanais e mercadorias diversas, fazendo, também, trocas comerciais, como ovos de galinha e animais. Como antes referimos, D. Dinis, autorizou uma feira anual em Terena, durante quinze dias, com entrada livre para os moradores do Concelho, onde podiam comprar e vender todos os produtos existentes nessa época, desde animais, cereais, roupas, utensílios, e assistir a espetáculos de música, circenses, aos jograis e outros, era o maior acontecimento na região, as pessoas contavam os dias que faltavam para chegar a feira. Do Lugar de Ferreira, Neves, a Terena eram menos de duas léguas, logo ali.
À semelhança das terras vizinhas, pensamos que, existia uma festa anual, junto à Igreja de Santa Maria, consistindo na parte religiosa, missas, cânticos na Igreja, procissão, mas também, a parte profana de divertimento, cantares, bailes e principalmente jogos.
A vida dos moradores da Vila de Ferreira, era de muito trabalho, de sol a sol, senão, desde madrugada até noite dentro e, não tinham nada, tudo era do senhor, também por isso, era muito difícil povoar esta Vila, além da grande insegurança que aqui existia, devido à proximidade da fronteira que era constantemente atravessada por grupos de saqueadores, de um e outro lado. 


Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins 




terça-feira, 2 de dezembro de 2014

História de vidas de Gentes de Capelins 1734

História de vidas de Gentes de Capelins 1734

Documento de 1734, há 280 anos, que envolve um casamento em Capelins, nessa época designava-se Santo António, termo da Vila de Terena.

BULA APOSTÓLICA DE DISPENSA MATRIMONIAL APRESENTADA AO VIGÁRIO GERAL DESTE ARCEBISPADO A FAVOR DE INÁCIO RODRIGUES BARBOSA E DE FRANCISCA SIMÕES, NATURAIS DE SANTO ANTÓNIO DE TERENA.

NÍVEL DE DESCRIÇÃO
Documento composto Documento composto
CÓDIGO DE REFERÊNCIA
PT/ADEVR/FE/DIO-CEEVR/B/001/00041
TIPO DE TÍTULO
Atribuído
DATAS DE PRODUÇÃO
1734 A data é certa a 1734 A data é certa
DIMENSÃO E SUPORTE
papel e pergaminho
EXTENSÕES
28 Folhas
HISTÓRIA ADMINISTRATIVA/BIOGRÁFICA/FAMILIAR
A Câmara Eclesiástica é a repartição que se ocupa dos bens e direitos temporais do Cabido da Sé.

As suas funções são essencialmente financeiras. Adquire funções judiciais, mas só no século XV começa a ter plenos poderes.

A partir desta data e até final do século XVIII foi uma instituição de grande importância.

Em 1831, porém, perdeu grande parte das suas atribuições judiciais e, em 1870, esta decadência mais se acentuou com a extinção dos Estados Pontifícios.

No Arquivo Histórico da Câmara Eclesiástica de Évora, existem documentos muito importantes, não só para a história da Arquidiocese, como também para a história de toda a Região.

Fonte imediata de aquisição ou transferência: Alguma documentação do Arquivo Histórico da Câmara Eclesiástica de Évora, encontra-se em depósito no Arquivo Distrital de Évora. Ao que se supõe, terá vindo a monte, devido a uma invasão ao Paço Arquiepiscopal que decorreu no ano de 1910, aquando da implantação da República.

A documentação é muito variada, destacando-se nela processos relacionados com diversas Ordens do seguinte modo: De Genere, Menores, Tonsura, Missa, Epístola, Evangelho. Existe também documentação diversa: Dispensas matrimoniais, Parentesco, Património, Breves e Bulas sobre diversos assuntos, entre outra, que se encontra ainda por inventariar.
ÂMBITO E CONTEÚDO
Contém: Bula Apostólica, petição, rol de testemunhas, comissão apostólica, mandado apostólico,...

Selo de chapa no fls. 2v.

Tipologia e suporte: papel e pergaminho
CONDIÇÕES DE ACESSO
Documentação de consulta livre.
COTA ATUAL
Pç. 41 Cxª2

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A Villa Defesa de Ferreira de 16-10-1314

A Villa de Ferreira de 16-10-1314

No reinado de D. Dinis, após o falecimento de D. Martins Gil Riba de Vizela, em Dezembro de 1312, neto de D. Gil Martins primeiro donatário da Vila de Terena, sem deixar descendência direta, a Vila de Terena e seu termo (Concelho), voltou à posse da Coroa.
Durante o ano de 1313, a mãe de D. Martin Gil, reclamou a herança do filho, conseguindo receber uma parte, mas Terena e Viana do Alentejo, não foram devolvidas, porque, D. Dinis, tinha planos para o povoamento desta região. Assim, cerca de 1314, fundou a Vila de Ferreira, Vila Defesa, em quase tudo, semelhante aos Coutos de Homiziados, apenas um modelo mais moderno, com a cedência de alguns privilégios aos seus moradores, em troca deles defenderem a Vila contra os invasores. A Vila de Ferreira, era constituída pelo espaço geográfico a sul das herdades da Boeira, Nabais e da Sina, até ao rio Guadiana e, lateralmente pelas Ribeiras do Lucefécit e do Azevel, subindo ao longo do extremo da atual Freguesia de Santiago Maior. Porém, foram construídas habitações no lugar designado hoje por Neves e no alto do olival do Monte de Ferreira, denominando-se, Lugar de Ferreira, assim como, a Igreja Matriz de Santa Maria de Ferreira, ao lado da atual Ermida de Nossa Senhora das Neves, em termos geográficos pertencia ao Concelho de Terena. 
Depois de fundada a Vila de Ferreira, por D. Dinis, em 1314, este monarca, entregou o senhorio desta Vila e da Vila de Terena ao seu filho legítimo, o Infante D. Afonso, que veio ser o nosso rei D. Afonso IV, o qual, assim que recebeu esta Villa doo-a a sua esposa Dª Beatriz de Castela, ficando na posse da Casa das Rainhas até à sua morte em 1359. 



 História da Vila Defesa de Ferreira 

Em 16-10-1314, D. Dinis, doou a Vila de Terena e seu Concelho, ao seu filho, o infante D. Afonso, através da Carta de Doação que se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, na Cota Atual: Chancelaria de D. Dinis livro 3 folha 88 v, conforme a seguir se transcreve:

CARTA DE DOAÇÃO DE VIANA E TERENA, CONCEDIDA POR D. DINIS A D. AFONSO, INFANTE DE PORTUGAL

NÍVEL DE DESCRIÇÃO
Documento simples Documento simples
CÓDIGO DE REFERÊNCIA PT/TT/CHR/C/001/0003/08801
TIPO DE TÍTULO  Formal
DATAS DE PRODUÇÃO 1279-02-16 A data é certa a 1325-01-07 A data é certa
DIMENSÃO E SUPORTE 1 doc.; perg.
HISTÓRIA CUSTODIAL E ARQUIVÍSTICA
Documento descrito no índice Portugal, Torre do Tombo, Chancelaria de D. Dinis: Índice dos próprios, L 25, f. 4 (PT/TT/ID/1/25).
Este Instrumento de Descrição Documental, não datado, foi substituído pelo catálogo em linha, em 2010.
COTA ATUAL Chancelaria de D. Dinis, liv. 3, f. 88v. 



  
Até 1312, as terras da Villa de Ferreira, pertenciam ao mesmo donatário da Vila de Terena, ou seja, à Família Riba de Vizela que lhe concederam o seu primeiro Foral em 1262, ficando o Termo ou Concelho de Santa Maria de Terena.
Em Dezembro de 1312 faleceu o Conde D. Gil Martins neto de D. Gil Martins o primeiro donatário e em 1313 voltaram à Coroa. 
Em 06-10-1314 D. Dinis criou a Vila Defesa de Ferreira (tipo Couto de homiziados) e doou a Vila de Terena ao seu filho o então Infante D. Afonso, que veio ser o Rei D. Afonso IV,
Na mesmaa data o Infante D. Afonso doou a Vila de Terena e ser termo à sua esposa D. Beatriz de Castela, entrando na Casa das Rainhas, onde permaneceu entre 1314 a 1359, até à morte de Dª Beatriz.
A partir de 1359 a Vila de Terena, assim como a Vila Defesa de Ferreira, passaram por vários donatários, Dª Beatriz de Castro, Dª Beatriz xe Portugal, filha do Rei D. Fernando e outros.
Em 1433, deu-se a separação em termos de donatários da Vila de Terena e da Vila Defesa de Ferreira, esta Vila foi doada por D. Duarte a D. Gomes Freire de Andrade.
Com a criação da dita Vila Defesa de Ferreira, por D. Dinis em 1314, a partir dessa data, iniciou-se uma separação geográfica, delimitada a norte pelas herdades de, Cabeça da Sina, Nabais e Boeira, a Este pela Ribeira do Lucefecit, a Oeste pelo limite da atual Freguesia de Santiago Maior e Azevel, a sul pelo rio Guadiana, sendo concedido pelo rei, a esta Vila, o estatuto de Vila Defesa, sendo a diferença, entre os Coutos de homiziados, ninguém era obrigado a vir para estas terras, mas era obrigação dos seus povoadores defenderem a zona de fronteira com Castela, logo, os povoadores eram lavradores e, ao mesmo tempo militares, tinham ao seu serviço, trabalhadores/militares, geralmente as terras eram arrendadas a oficiais militares e ordenanças (guardas do reino), já na reserva ou, ainda ao serviço do exército. Por isso, aos moradores da Vila Defesa de Ferreira, foram concedidos vários privilégios, como o de não irem à guerra, de não serem presos durante a época das sementeiras, no caso de cometerem algum delito e, de isenção de impostos, com o objetivo de povoarem a Vila. 
A partir do ano de 1433 a Vila Defesa de Ferreira ficou na posse da Família Freire de Andrade até 1674. 
Entre os anos de 1674 e de 1698 a Vila Defesa de Ferreira esteve na posse do Coroa e do Infante Francisco de Bragança. 
Em 1698 as doze herdades da Vila Defesa de Ferreira foram divididas em herdades e propriedades de menores dimensões e vendidas a particulares, porém as herdades da Defesa de Ferreira e da Defesa de Bobadela foram doadas à Casa do Infantado até 1834.
A Vila de Ferreira só foi extinta em 06 de Novembro de 1836. 

Correia Manuel


Carta de doação da Vila de Terena e respetivo Concelho ao Infante D. Afonso 










































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