sábado, 5 de novembro de 2016

As escadinhas do Pinheiro - Capelins

As Escadinhas do Pinheiro

Como sabemos, o acesso ao Monte do Pinheiro, a partir da ex-aldeia de Capelins de Baixo, por caminho mais direto era/é feito através de um lance de escadas em pedra (laje) conhecidas por escadinhas do Pinheiro, que são um símbolo que causam saudades a todas as pessoas que muitas vezes as subiram e desceram e até aqueles que poucas vezes o fizeram.
Estas escadinhas vieram aliviar o problema do acesso ao Monte do Pinheiro cerca do ano de 1946. Antes, os moradores e as pessoas que precisavam de se deslocar ao Monte do Pinheiro e não eram poucas, eram obrigadas a subir uma barreira íngreme e perigosa, ainda mais no inverno. A estrada para Montejuntos passava junto às paredes em frente das escadinhas, sendo mudada para o local que agora conhecemos e apenas mal empedrada há cerca de 70 anos e foi quando foram feitas as nossas escadinhas do Pinheiro, ou seja, como antes referimos cerca de 1946.  

Escadinhas do Pinheiro 



Saudosos Rio Guadiana 

Respostas a um inquérito enviado ao Marquês de Pombal em 8 de Abril de 1758 
Escrito pelo então Pároco de Juromenha Fr. Gaspar Mendes Fragoso
Rio Guadiana em 1758

Juromenha

1. O rio que se acha nas vezinhancas desta Vila, e munto proximo a ela, he o selebrado Guadiana. Dizem os que milhores noticias delle tem, que este rio tem seu nascimento na Espanha, emtre duas serras de Aragam, e que nasce de duas fontes e que
juntas, formam este caudalozo rio, e que no mesmo reyno, entra por bacho da terra sete legoas, dizem outros, que sinco, o certo he, que no noco Reyno, de Portugal se ve corrente a superficie.
2. Nam ha duvida que caudaloso parece o seu nascimento, po[r]que impetuosa he a sua corrente, principalmente de Inverno, no que se vem as numeraveis, e grandes cheas,
que servem de admiracao aos que o vem; todo o anno, nam decha de correr; mas de Veram, com pouca abundancia, que socede pasarem-no a pe descalco; dizem alguns que
lhe socede que lhe sucede assim por cauza de lhe tomarem as agoas, ou as divertirem para regarem, naquelles campos, la na Castella, o que he preciso regarce; outros, que a multidao de
gados, que bachao de terras assima lhe deminuem as agoas. O certo he que de Verao se ve o rio, das agoas mui empobrecido; sendo de Inverno tam emrriquecido dellas.
3. Neste rio, em distancia, de tiro de espingarda, se mete a ribeira de Mures, e em istancia quazi, de mea legoa, a Ribeira da Asseca; isto he, junto a esta Vila, que em distancias maiores, se metem outras ribeiras, e ribeiros: neste termo, so a Ribeira de
Pardais, na distancia de legoa, e tres ribeiros, de menos qualidade, em distancia de mea legoa, e menos, como sam o de Patalao desta parte do rio, e a da outra, o de Villa Real, e do Freyxial.
4. He navegavel este rio Guadiana, e as suas embarcacoes, nao excedem a barca, e seus barquinhos e nam me parece pode admetir outras, e sam as que sempre nelle vi, e nao ouvi o contrario.
5. Paresseme, que o seu cursso todo, he o mesmo em todo o rio, arrebatado mais no Jnverno pellas impetuosas \agoas/, que mais o faz emfuresser, e de Veram, mui pacifico, e quieto, pella deminuhicao dellas e bom socego, e isto me parece, lhe sucede em toda a sua corrente, porque, o contrario, nam me consta.
6. Este selebrado rio, tem sua corrente do nascente do nascente, ao poente.
7. Cria este rio, muntos pexes, e de varios nomes, e diverssas espessies hũns sam barbos, outros cumbos, outros beissudos, outros verceiros, estes sam os de maior qualidade, que ha barbo, que chega a ter o peso, de doito [sic[, vinte, e trinta arrates;
ha tambem outra qualidade, de pexes de menos grandeza, a que chamam escarpios, e pemcas, os maiores, pezao quatro, sinco, seis arrates; fora desta qualidade, ha eyrozes, que sam como as jnguias no mar; ha entam pexe mihudo, bogas, bordalos, saralosas, pardelhas, e etc. Neste rio, ou este rio, entra hũ selebrado, chamado Pego d Lima, que pellos especiaes escarpios e pencas, de que o enriquecia, nelle se fariao grandes e
selebres pescarias, de Verao, pella abundancia de agua que lhe ficava, hoie se acha sem pequia, e so consserva a agua, no tempo do Inverno, e ja estas pescarias tem sessado,
por esta causa. A foz de Mures, e da Asseca, que no dito rio entrao, como ja dice, em qualquer dellas, se fazem pescarias, de toda a qualidade de pexes, e os principais, e em mais abundancia, bogas e bordalos.
8. As pescarias, que ha neste rio, e mais pingues e vistozas se fazem de Veram, com redes, e moscoes, com que se pescao os mais, e mais nobres pexes.
9. Nam consta, que as pescarias deste rio seiam captivas, nem de pessoa particular, mas livres, para toda a pessoa, e nao e nam sei se pratique o contrario.
10. No noco Reyno, nam tenho noticia de serem cultivadas as suas marges, mas antes infrutifero, por nam lanssar suas agoas fora.
11. As agoas deste rio, lhe nam conheco vertude particular; so ousso dizer, que he bom o beber agoa por pao da tarrafeira que no dito rio ha munta, e que esta agoa pellos copos da tal tarrafeira, he boa para desfaser a obstrucao. Eu nao o esprimentei.
12. O dito rio Guadiana, nam sei que tenha outro \nome/ neste Reino, ou fora delle, mas antes nas historias honde se fala neste rio, sempre com o mesmo nome.
13. Este rio morre, e finda no mar, junto a Vila de Serpa, honde chamam o Salto do Lobo. Digo de Mertola.
14. He certo que este rio por todo elle tem muntos asudes e mohinhos, e por isso nao. se pode em toda a parte navegar, mais que tam somente nas partes desempedidas.
15. Nam tenho noticia, que este rio, no noco Portugal tenha mais de hũa ponte, em distancia desta Villa hũa legoa, na freguesia da Senhora da Ajuda, termo de Elvas, que se acha demolida a principal parte dela, e se nao passa; e he de cantaria.
16. So mohinhos tem este rio, e nao sei tenha outro algũ emgenho, no noco Reyno.
17. Nam temos que dizer.
18. Nam sei tenham algũ empedimento as agoas deste rio,
para a cultura dos campos, e para tudo o mais pressiso, porque veio, dellas se uza livremente.
19. Nam sei das legoas, que o rio tem, nem das povoacoes por onde paca, so algũas do noco Reyno, poderei, inconfuso, dar algũa noticia. De Badajos para este Reyno, passa pelo termo de Elvas, e termo de Olivenca, por esta de Juromenha, vezinhancas de Monssaraz, Mouram, Moura, nam sei se por, Serpa, ou Beja.
20. Nam sei mais de couza notavel deste rio, e de tudo o mais, que se pertende saber, e do que alcanssei ou tive noticia, vai expendido por mim, nesta naracam, qui faco, segundo os interrogatorios que se me apresenterao. Nam faltara, quem com mais individuacao fassa esta deligencia, e que milhor noticia tenha. O que confirmo, e faco esta na verdade.
Juromenha 8 de Abril de 1758
O Prior Fr. Gaspar Mendes Fragoso 



Resenha histórica da Aldeia do ROSÁRIO - Alandroal

Resenha histórica da Aldeia do ROSÁRIO - Alandroal
Foi sede de uma freguesia extinta do concelho do Alandroal.
Embora se desconheça a data exacta da sua fundação, sabe-se documentalmente que já existia no ano de 1588. A freguesia esteve desde sempre integrada no município do Alandroal e confrontava a ESTE, com o antigo concelho de Juromenha e Oeste e Sul com o antigo concelho de Terena.
Foi extinta nos primeiros anos do século XX, tendo sido integrada na freguesia de Nossa Senhora da Conceição (Alandroal). Conserva-se a igreja paroquial de Nossa Senhora do Rosário, cuja construção foi iniciada no século XVI. 

Antiga Freguesia de Nossa Senhora do Rosario, curado da ordem de Aviz do Termo da Villa do Alandroal.
Pertence 20 ex.™ sr . Carlos Eugénio de Almeida, par da reino.
Está situada a Igreja parochial de Nossa Senhora do Rosário uma légua a O. da ín. d. do Guadiana, na estrada de Elvas para Monsaraz. Dista do Alandroal 2 '/* ' para S. E. 
Compreende esta Freguesia as herdades de Parreiras, Alcalate, de El-Rei (que pertence à sereníssima casa de Bragança), D. Pedro, Castanhos, Tijoso, Serrinha, Pigeiro, Pereiros, Monte Velho, Ronca, Zambujeira, Curralinhos, Aguas Frias de Cima, Aguas Frias do Meio, Aguas Frias de Baixo, Pego do Bufo, Aguilhão, Ordem, Milreu, Stª Luzia, Bello, Monte da Fonte, Apóstolos, Misericórdia de Cima, Misericórdia de Baixo, Galhanos, Xurreira, Figueiras, Bolhas, Outeiro, Soveral ou Sobral, Bentinha, Ruivana, S. Ildefonso, Casco, Cabeça de Carneiro, Gandra, Cabeça Gorda, Proviços, Casaes, Casa do Sacristão, Taipa, Moinho do Botas, Moinho dos Mocissos, Monte do Alegre, Fonte da Silva, Malhada Quente, Val de Pereiro, Tapada, Monte Novo, Colmeal, Colmeal de Milreu; e Casco Courellas de Pereiros, Terça, Rogado. 
Em 1708 pertencia a esta Freguesia a ermida de S. Miguel, no monte do mesmo nome, edificada sobre as ruínas do templo do Deus Endovelico, de que já falámos na descripção do Alandroal. 

Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Alandroal 





Resenha histórica da Villa do Alandroal

Resenha histórica da Villa do Alandroal
Alandroal, o nosso Concelho desde 6 de Novembro de 1836
O Alandroal é uma vila raiana portuguesa pertencente ao Distrito de Évora, região do Alentejo e sub-região do Alentejo Central, com 1 873 habitantes (2011). Ergue-se a 341 m de altitude.

O Alandroal foi elevado à categoria de vila em 1486, por uma Carta de Foral atribuída por D. João II.
É sede de um município com 542,68 km² de área e 5 843 habitantes (2011), subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Vila Viçosa, a nordeste pelo município de Elvas, a leste por Espanha, a sul por Mourão e por Reguengos de Monsaraz e a oeste pelo Redondo.
Ao Alandroal foram anexados, no século XIX, os territórios dos antigos municípios de Terena e Juromenha, as outras duas vilas deste município.
A povoação de Villarreal (em português, Vila Real), situada actualmente no município de Olivença (Espanha), era uma povoação do antigo concelho de Juromenha.
Parte I

CONCELHO DO ALANDROAL
BISPADO DE ELVAS
COMARCA DO REDONDO
ALANDROAL
Antiga Villa do Alandroal na ant.* com. de Am. Don.° à ordem de Aviz.
Hoje é cab. 1 do actual cone. do Alandroal.
Está situada em eminente mas não molesta colina, 7 k a E. da ribeira Lucefece, 4" a O. da ribeira dos Pardaes. Tem estrada para Elvas, para Estremoz, para o Redondo, para Reguengos, para Terena, e para Monsarás. Dista de Évora «M/i 1 para e. N. E. Costeava o ant." T. d'esta Villa, segundo diz o D. G. M., pela parte do oriente o rio Guadiana, que leva peixe meudo, tenças, barbos, eirós, carpas, bogas, picões e sarrelhos. 
A ribeira de Lucefece (continua o mesmo D. G. M.), nasce em uma lagoa na Freguesia de Rio de Moinhos, no Termo de Estremoz, e vae desaguar no Guadiana, do sitio do Aguilhão: leva egualmente peixe meudo. 
Este rio Lucefece, segundo diz Carv. , deve o nome á seguinte occorrencia: um capitão romano, recolhendo com o seu exercito de uma grande batalha, dada nas proximidades da serra d'Ossa (que da mesma batalha derivou o nome pelos muitos ossos dos que ali morrerem) ao chegar ás margens do rio e vendo alvorecer o dia, exclamou Lucem feát. 
O illustrado parocho do Alandroal, no seu relatório do D. G. M„ diz ser isto vulgar tradição sem fundamento solido. 
A ribeira dos Pardaes (prosegue ainda o dito D. G. M.) nasce na lagoa do mesmo nome, no Termo de Villa Viçosa, e vae entrar no Guadiana no sitio do Azinhalinho. Também correm pelas visinhanças da Villa a ribeira dos Machos e outros ribeiros menores. As ribeiras que não secam de verão são, além do rio Guadiana, as de Lucefece e Pardaes. 
"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M"

Parte II
"Tem a Villa uma só Paróquia que era antigamente da ínvocação de Nossa Senhora do Castello e hoje de Nossa Senhora da Conceição, prior que era da ordem de Aviz. 
Compreende esta Freguesia, além da Villa, os casaes de Penedraes, Roca ou Ronca, Carrapatosa (2), Chiado, Botelhos, Ameixieira, Junceira, Cabril, Mendes, Monte das Almas, Funchal, Cebolla, Barranca (2), Pego Longo, Paroleira, Micbão, Cruz Branca, Vai do Pio (2), Fonte Santa, Pomarinho, Monte da Quinta, Gamella, Pego da Moura, Congeito, Pericoto, Touril, Barrancos, Motta, S. Miguel, Tojalinho, Colmeal de D. Maria, Atalaia, Magarreiro, Pipa; as q. u * das Fretas ou das Freiras, do Belio; as hortas de Fonte dás Freiras, Azenha, Das Freiras, Retorta, Colmeias, Gordesas, Fartella, Rego d'Agua, Bernarda Franca, Do Rosa, Lagar, Eiras do Rabasco, Do Neto, Do Silva, Dos Frades, Do Agostinho, Sovereiros, Hortinba, (3) do Migarreiro, Do Colmeal, Da Pipeira, Perramedo (2), Fazenda do Moedas, Vai do Cortiço, Telheiro, 5 na Bica da Horta, Do Mestre, Dos Arcos, Horta Pequena, Das Cravas, Das Amoreiras, Da Nora, Tapada de Thomé das Fontes; e as ermidas de Nossa Senhora das Neves, Nossa Senhora da Consolação, S. Bento, S. António, S. Pedro. 
Vem mencionadas em Carv. as ermidas de Nossa Senhora das Neves de muitas romarias. Nossa Senhora da Consolação fundada por Diogo Lopes de Sequeira, S. Pedro, S. Bento fundada por um devoto que em tempo que havia peste no reino ia todos os dias áquelie sitio fazer oração a 8. Bento da Contenda, do Termo de Olivença, que d'ali se avista : sendo certo que nem n'esse contagio nem em outro qualquer que depois tenha affligido o paíz, padeceu a Villa coisa alguma. Também menciona mais duas ermidas Santa Luzia e S. Sebastião, que provavelmente já não existem visto que d'ellas se não fala na E. P.

Tem casa de misericórdia e bom hospital. 
Está a Villa do Alandroal dividida em duas partes, e no meio o castelo com 7 torres, a parte superior fica entre vinhas e olivaes, e a inferior entre hortas, ferregiaes e arvores frutíferas, e a esta chamam o Arrabalde.

Da parte mais alta da Villa se avista o Redondo, Monsarás e Mourão; do adro da ermida de S.tº Antonio se avista em dias claros Évora; da ermida de S. Bento, Olivença ; do sitio da Pipeira, se avista Mourão, Terena, Juromenha e Badajoz.
É abundante de trigo e mais cereaes, de hortaliças, legumes, frutas, especialmente de espinho, e delicadas cidras que são muito estimadas em toda a província; recolhe muito 
azeite, vinho o sufficiente mas bom.

Tem abundância de gados em suas excellentes pastagens ; também tem abundância de caça miúda e alguma grossa, e bastantes lobos. 
Tem na praça uma fonte de crystalina e preciosa agua, que de inverno corre quasi tépida e de verão fresca, e sempre muito diurética, d'onde procede talvez não haver n'esta Villa. 1 mal de pedra. 
Sae a agua pela boca de 6 leões e cae em um bello tauque, (Deste sae para outro mais inferior e finalmente para regar muitas hortas e pomares. 
É esta fonte talvez a mais notável do reino em abundância d'aguas, pois ainda na maior força do verão, e em annos de maior secura, não se nota differença alguma na força da sua corrente. 
Tem mais nas visinhauças a fonte chamada das Freiras e a de S. Bento, que dizem, e é notório, ser medicinal contra as sezões; e também tem outra no sitio da Pipeira. 
Emflm pôde afontamente dízer-se que o Alandroal tem abundância de excellentes aguas.

Nas cercanias da Villa ha dois algares que da superfície do terreno atè á da agua tem 100 palmos craveiros (22") e a agua de profundidade 150 (33°); um chama-se algar de S.'° António, o outro algar das Morenas: foram mandados tapar em 1 723 pelo juiz de fora, a fim de evitar desgraças e malefícios, como se lê em padrões erigidos nos dois sítios. 
Tem feira annual de 3 dias (franca) começando no 3.° domingo de setembro. 
Tem este concelho: 
Superfície, em hectares K0589

População, habitantes 8848
Freguesias, segundo a E. C 7
Prédios, inscriptos na matriz. 3317
Houve em tempos remotos no sitio de Villares povoação talvez romana, pois se tem ali encontrado moedas de differentes imperadores e outras antigualhas.

Parte III
Da actual Villa não se sabe o tempo certo da fundação.
É tradição que tomou o nome dos alandros que são umas plantas que tem as folhas como de loureiro e a flor como as rosas, os quaes havia na sua fonte, o da fonte para baixo, em uma horta que chamam do Mestre, por ter sido dos mestres de Aviz.
O castello é obra do mestre de Aviz D. Lourenço Affonso, como se vè de um letreiro sobre a porta do mesmo castelo que tem a era de 1332. Também sobre esta porta que era a principal e fica entre duas torres, se lé a seguinte legenda.
DEUS É E DEUS SERÁ; POR QUEM FOR ESSE VENCERÁ.
Sobre outra porta chamada da traição, está a cruz da ordem de Aviz com duas águias, dos braços da cruz para baixo, e dos braços para cima dois grilhões ao modo da corrente de Calatrava, e umas lettras que dizem mouro me fez. 
Na torre grande do castello está outra pedra com a cruz de Aviz e a seguinte inscripção.

Era de 1336, a 25 dias andados de fevereiro, fez este castello D. Lourenço Affonso, mestre de Aviz, á honra e serviço de Deus e de Santa Maria sua madre e das ordens do muito nobre senhor D. Diniz, rei de Portugal e do Algarve, remonte em aquelle tempo e em defendimento dos seus reinos. 
SALVATOn MUNDI SÀLVAME.

No canto d'esta mesma torre grande está uma pedra com a inscripção seguinte. 
Quando quizeres fazer alguma cousa, cata o que te i necessário e depois verás. Quem de ti se fiar não o enganes. 
Lealdade em todas as coisas.

As eras d'estes letreiros são de Cesar e para as reduzir á vulgar só temos a subtrair 38 annos em cada uma. 
Tinha o castello, d'antes, boas casas, e tão nobres que ali habitaram os duques da Bragança desde 1600 até 1605, e em 1604 casou D. Izabel, filha do duque D. Theodosio com D. Miguel de Noronha, M. de V.' Real, como consta do livro dos assentos da Freguesia A parochia estava dentro do castello. 
No monte onde hoje se vê a ermida de S. Migue) houve em tempo dos romanos um templo ao Deus Endovelico, do qual falaremos na descripção da Villa de Terena, pois não 
sabemos com certeza se este monte, que pertencia ao antigo Termo da Villa do Alandroal, faz hoje parte da Freguesia da mesma Villa, da Freguesia de S. Braz dos Mattos, ou da Freguesia da Villa de Terena. 
Nasceu n'esta Villa o padre António Alvares da Companhia de Jesus, filho de Gregório Alvares, e de sua mulher Maria Vaz. 
Pela acclamação de D. João iv assentou praça e chegou ao posto de sargento mór com grande honra; mas desenganado das coisas do mundo tomou o habito da Companhia aos 40 annos de edade, em 1659. 
Foi depois estudar philosophia para o collegio de Braga, e sendo já professo chegou ordem d'el-rei ao reitor que lhe mandasse o padre Alvares, pois tendo entrado no reino os inimigos com grandes forças não podia dispensar a sua reconhecida intelligencia nas fortificações e coisas militares, 
Chegado ao campo tomou o commando geral de artilheria e fez logo taes disposições que o general inimigo disse aos seus que alguem de grande intelligencia tinha chegado aos portuguezes. 
Apenas concluída esta campanha recolheu-se novamente o padre Alvares ao seu collegio de Braga, onde fatleceu em 1662, com signaes de muita piedade, deixando na ordem e na Villa exemplar e saudosa memoria. 
Também foi natural d'esta povoação Diogo Lopes de Sequeira 4." governador da índia. 
Finalmente dá gloria a esta Villa o ser pátria de Pêro Rodrigues, de quem falia Camões na oitava 33 do canto 8." 
«Na mesma guerra vS que pregas ganha 
iEst'outro capitão de pouca gente; 
•Commendadores vence e o gado apanha 
«Que levavam roubado ousadamente : 
•Outra vez vé que a lança em sangue banha 
•D' estes, só por livrar com amor ardente 
«O preso amigo; preso por leal; 
•Pedro Rodrigues é do Landroal.

Deu foral a esta Villa D. João II em 1486 e novo foral el- rei D. Manuel em 1544.


"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M" 






Resenha histórica do Concelho de Terena 1262 e 1836

Resenha histórica do Concelho de Terena 1262 e 1836

TERENA 
(arcebispado de evora) 

Ant.' Villa de Terena na ant.* comarca d'Elvas. 

Está situada a Villa k a °- da m - d- do rio Lucefece, mas em logar alto (226"), 2* ao N. da m. e. da ribeira do Alcaide, duas léguas a O. da m d. do Guadiana. Tem estrada para Monsaraz, para Elvas, para Reguengos, e para o Alandroal. 

Dista do Alandroal doas léguas para o S. 
Tem uma só Freguesia da invocação de S. Pedro, prior. que era do padroado real.

Compreende esta Freguesia, além da Villa, o Lugar das Hortinhas e os montes (casaes), q. w e hortas seguintes: Casas de D. João, Boa Nova, Boieira, Monte Novo de Bacellos, Bacellos, Santa Clara, Monte dos Canhões, Cabeça de Mourão, Alcaidinho, Garcõa, Monte Novo da Garcôa, Monte do Inverno, Victntós. Val de Clara, Monte do Outeiro de Cima, Monte do Outeiro de Baixo, Horta do Rozado, Val do Farrusco, Horta do Rodízio, Monte Novo das Hortinhas, Monte de Lucas, Arrife de Baixo, Monte da Cumeada, Silveirinha, Defezinha, Monvizo, Monte Novo, Monte da Machada Alta, Monte das Courellas, Malhada Alta, Monte das Janellas. 
A maior parte são herdades: a de Boieira pertence à sereníssima casa de Bragança.

"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M"

Em 1708 havia na egreja parochial alem do prior, um vigário da vara e dois beneficiados
Tinha em 1708 e ainda existem as ermidas de Santo António no Rocio e a de S. Sebastião que está em ruinas; e na descida da Villa, em sitio baixo na distancia de 1 '/**, uma egreja de Nossa Senhora da Boa Nova, fundada segundo diz Carv." pela rainha D. Maria, mulher de D. Affonso de Castella e filha de D. Affonso iv de Portugal, a qual egreja tinha um capellão da ordem de Aviz. 
Foi esta egreja a primeira parochia da antiga povoação, a qual em razão de ser o sitio baixo e menos sadio, se foi pouco a pouco despovoando, passando os habitantes para o alto, formando a nova povoação de Terena. Ainda se conserva a antiga pia baptismal.

Ficava esta primitiva povoação, e fica ainda a dita egreja, entre a ribeira do Alcaide e o Lucefece (ou ribeira de Terena).
«Não pode deixar de notar-se (diz Almeida no D. C.) uma espécie de contradicção a respeito da fundação d'esta egreja, segundo Carv. , pois sendo a primeira da povoação, e esta 
fundação do anno 1262, como em seguida diremos, mal se pode considerar fundadora do templo a filha de D. Affonso iv. É crivei pois que a sua origem seja anterior.»

Esta é a opinião de Almeida ; mas quem nos assegura que o templo edificado pela rainha D. Maria fosse a mesma primitiva egreja parochial e não uma nova construcção sobre as suas ruínas? Difficil coisa é discutir opiniões sobre estas obscuridades históricas.
Assemelha-se a egreja de Nossa Senhora da Boa Nova a 'um castello; e toda de cantaria e guarnecida de ameias. O interior è em fórma de cruz. Tem 3 portas, uma na frente e duas lateraes. Nas paredes ha ricas pinturas. 
Tem esta Villa, casa de misericórdia e hospital. 
Teve muralhas que estão hoje em ruínas, mas ainda tem castello. 
É abundante de trigo, centeio, azeite, gado, excellentes montados, e caça miúda.

Não tem fontes e os habitantes bebem agua de 3 poços que chamam da Coutada, dos Coutos e de Beja. 
Tem esta Villa um celleiro commum -para supprimento dos lavradores que recebem o que necessitam para suas sementeiras em annos de escassez, e pagam depois também em 
género com um juro módico. Ha poucos annos tinha já este celleiro acima de 20 mil moios.

Também ha uma coutada commum que costumam sortear e dividir pelos habitantes em coureilas, para as semearem por sua conta e sem juro algum.
Tem feiras annuaes no domingo de paschoela e no 1º domingo de setembro.
Segundo Carv. c Terena fundação de D. Gil Martins pelos annos de 1262, o qual lhe deu foral, e ficando em seu domínio passou depois a seu filho o conde D. Martim Gil, por morte d'este reverteu para a coroa. 
Deu-lhe foral el-rei D. Manuel em 1514. 
Era alcaide mor do seu castello, em 1708, o conde da Ponte.

«Entre Évora e Villa Viçosa (diz o dr. Húboer) nas visinhanças de Terena e de Nossa Senhora da Boa Nova devia ter havido algum sanctuario e alguma antiga cidade, pois que ali se tem encontrado muitas dedicações ao deus Endovelico. 
«Scaligero recebeu communicações de 12 inscripções encontradas n'este sitio: Rezende menciona 13, e D. António Caetano de Sousa na sua Historia Genealógica, da Casa Real 
Portuguesa transcreve 8, das que o Duque de Bragança D. Theodosio mandou collocar na parede do convento de Santo Agostinho de Villa Viçosa. i D. C. faz menção n'esta Villa do dito templo do Deus Endavelico, edificado sobre o monte de S. Miguel da Motta, onde hoje se vè a ermida de S. Miguel; e diz, seguindo Carv. e outros auctores, que foi mandado construir por Maharbal capitão carthaginez, em cumprimento de um voto que fez achando-se gravemente enfermo em Elvas ou em suas proximidades: como consta de varias inscripções em que o nome do mesmo deus Endovelico (que os lusitanos chamavam Cupido) se acha gravado, inscripções que mandou transportar para Villa Viçosa e collocar na parede do convento de S.t° Agostinho o duque de Bragança D. Theodosio.

Era uma d'ellas a seguinte que apresentamos tal qual vem no D. G. M., no relatório do prior do Alandroal. 
C. Juno Novato cumprhio o voto feito ao deus Endovelico PELA SAUDE DA SUA VlVENIA VENUSTA MANtLIA.

O D. C. traz Viviana em logar de Vivenia (na inscripçao latina é Vivmiae) e acrescenta a palavra dama, que não vem na latina.
Afíiaiiça-nos o sr. Francisco de Borja de Sousa e Silva, digníssimo empregado da casa do es." par do reino o sr. Carlos Eugénio de Almeida, que por muito tempo residiu na Villa de Terena, que ainda ali viu uma lapida em que se liam as palavras Endovelico sacro. 




Resenha histórica de Terena - Concelho entre 1262 e 1836

Resenha histórica de Terena - Concelho entre 1262 e 1836

Como sabemos, a então herdade de Terena foi doada cerca de 1252 por D. Afonso III a D. Gil Martins Riba de Vizela, o qual, com sua esposa Dª Maria João concedeu o primeiro Foral a Terena em 1262 e assim, nasceu o Concelho de Terena. 

A seguir podemos ler e ter uma ideia o que realmente era um foral:



CARTA DE FORAL
Uma Carta de Foral, ou simplesmente Foral, foi um documento real utilizado em Portugal, que visava estabelecer um Concelho e regular a sua administração, deveres e privilégios. A palavra "foral" deriva da palavra portuguesa "foro", que por sua vez provém do latina "fórum".

Os Forais foram concedidos entre o século XII e o século XVI. Eram a base do estabelecimento do município e, desse modo, o evento mais importante da história da vila ou da cidade. Era determinante para assegurar as condições de fixação e prosperidade da comunidade, assim como no aumento da sua área cultivada, pela concessão de maiores liberdades e privilégios aos seus habitantes.
O Foral tornava um concelho livre do controlo feudal, transferindo o poder para um concelho de vizinhos (concelho), com a sua própria autonomia municipal. Por conseguinte, a população ficava direta e exclusivamente sob o domínio e jurisdição da Coroa, excluindo o senhor feudal da hierarquia do poder.
O Foral garantia terras públicas para o uso coletivo da comunidade, regulava impostos, pedágios e multas e estabelecia direitos de proteção e deveres militares dentro do serviço real.
Um pelourinho estava diretamente associada à existência de um Foral. Era erguido na praça principal da vila ou cidade quando o Foral era concedido e simboliza o poder e autoridade municipais, uma vez que era junto ao pelourinho que se executavam sentenças judiciais de crimes públicos que consistissem em castigos físicos.
Os forais entraram em decadência no século XV, tendo sido exigida pelos procuradores dos concelhos a sua reforma, o que viria a acontecer no reinado de D.Manuel I de Portugal. Foram extintos por Mouzinho da Silveira em 1832.
HISTÓRIA ADMINISTRATIVA/BIOGRÁFICA/FAMILIAR
A Freguesia de São Pedro também aparece denominada por São Pedro de Terena.
Actualmente é conhecida por Terena. Fica localizada no centro do Concelho do Alandroal.
As origens da Vila de Terena são muito antigas, supondo-se que ascendam à época romana ou cartaginesa.
O seu primeiro Foral foi concedido no século XIII (Fevereiro de 1262) pelo Cavaleiro D. Gil Martins e sua mulher D. Maria João, que se empenharam em povoá-la.
No século XVI, em 10 de Outubro de 1514, o Rei D. Manuel I concedeu-lhe Foral da Leitura Nova.
A Freguesia inclui as localidades de Terena e de Hortinhas.
O orago é São Pedro. 



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