sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A Villa Defesa de Ferreira de 16-10-1314

A Villa de Ferreira de 16-10-1314

No reinado de D. Dinis, após o falecimento de D. Martins Gil Riba de Vizela, em Dezembro de 1312, neto de D. Gil Martins primeiro donatário da Vila de Terena, sem deixar descendência direta, a Vila de Terena e seu termo (Concelho), voltou à posse da Coroa.
Durante o ano de 1313, a mãe de D. Martin Gil, reclamou a herança do filho, conseguindo receber uma parte, mas Terena e Viana do Alentejo, não foram devolvidas, porque, D. Dinis, tinha planos para o povoamento desta região. Assim, cerca de 1314, fundou a Vila de Ferreira, Vila Defesa, em quase tudo, semelhante aos Coutos de Homiziados, apenas um modelo mais moderno, com a cedência de alguns privilégios aos seus moradores, em troca deles defenderem a Vila contra os invasores. A Vila de Ferreira, era constituída pelo espaço geográfico a sul das herdades da Boeira, Nabais e da Sina, até ao rio Guadiana e, lateralmente pelas Ribeiras do Lucefécit e do Azevel, subindo ao longo do extremo da atual Freguesia de Santiago Maior. Porém, foram construídas habitações no lugar designado hoje por Neves e no alto do olival do Monte de Ferreira, denominando-se, Lugar de Ferreira, assim como, a Igreja Matriz de Santa Maria de Ferreira, ao lado da atual Ermida de Nossa Senhora das Neves, em termos geográficos pertencia ao Concelho de Terena. 
Depois de fundada a Vila de Ferreira, por D. Dinis, em 1314, este monarca, entregou o senhorio desta Vila e da Vila de Terena ao seu filho legítimo, o Infante D. Afonso, que veio ser o nosso rei D. Afonso IV, o qual, assim que recebeu esta Villa doo-a a sua esposa Dª Beatriz de Castela, ficando na posse da Casa das Rainhas até à sua morte em 1359. 



 História da Vila Defesa de Ferreira 

Em 16-10-1314, D. Dinis, doou a Vila de Terena e seu Concelho, ao seu filho, o infante D. Afonso, através da Carta de Doação que se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, na Cota Atual: Chancelaria de D. Dinis livro 3 folha 88 v, conforme a seguir se transcreve:

CARTA DE DOAÇÃO DE VIANA E TERENA, CONCEDIDA POR D. DINIS A D. AFONSO, INFANTE DE PORTUGAL

NÍVEL DE DESCRIÇÃO
Documento simples Documento simples
CÓDIGO DE REFERÊNCIA PT/TT/CHR/C/001/0003/08801
TIPO DE TÍTULO  Formal
DATAS DE PRODUÇÃO 1279-02-16 A data é certa a 1325-01-07 A data é certa
DIMENSÃO E SUPORTE 1 doc.; perg.
HISTÓRIA CUSTODIAL E ARQUIVÍSTICA
Documento descrito no índice Portugal, Torre do Tombo, Chancelaria de D. Dinis: Índice dos próprios, L 25, f. 4 (PT/TT/ID/1/25).
Este Instrumento de Descrição Documental, não datado, foi substituído pelo catálogo em linha, em 2010.
COTA ATUAL Chancelaria de D. Dinis, liv. 3, f. 88v. 



  
Até 1312, as terras da Villa de Ferreira, pertenciam ao mesmo donatário da Vila de Terena, ou seja, à Família Riba de Vizela que lhe concederam o seu primeiro Foral em 1262, ficando o Termo ou Concelho de Santa Maria de Terena.
Em Dezembro de 1312 faleceu o Conde D. Gil Martins neto de D. Gil Martins o primeiro donatário e em 1313 voltaram à Coroa. 
Em 06-10-1314 D. Dinis criou a Vila Defesa de Ferreira (tipo Couto de homiziados) e doou a Vila de Terena ao seu filho o então Infante D. Afonso, que veio ser o Rei D. Afonso IV,
Na mesmaa data o Infante D. Afonso doou a Vila de Terena e ser termo à sua esposa D. Beatriz de Castela, entrando na Casa das Rainhas, onde permaneceu entre 1314 a 1359, até à morte de Dª Beatriz.
A partir de 1359 a Vila de Terena, assim como a Vila Defesa de Ferreira, passaram por vários donatários, Dª Beatriz de Castro, Dª Beatriz xe Portugal, filha do Rei D. Fernando e outros.
Em 1433, deu-se a separação em termos de donatários da Vila de Terena e da Vila Defesa de Ferreira, esta Vila foi doada por D. Duarte a D. Gomes Freire de Andrade.
Com a criação da dita Vila Defesa de Ferreira, por D. Dinis em 1314, a partir dessa data, iniciou-se uma separação geográfica, delimitada a norte pelas herdades de, Cabeça da Sina, Nabais e Boeira, a Este pela Ribeira do Lucefecit, a Oeste pelo limite da atual Freguesia de Santiago Maior e Azevel, a sul pelo rio Guadiana, sendo concedido pelo rei, a esta Vila, o estatuto de Vila Defesa, sendo a diferença, entre os Coutos de homiziados, ninguém era obrigado a vir para estas terras, mas era obrigação dos seus povoadores defenderem a zona de fronteira com Castela, logo, os povoadores eram lavradores e, ao mesmo tempo militares, tinham ao seu serviço, trabalhadores/militares, geralmente as terras eram arrendadas a oficiais militares e ordenanças (guardas do reino), já na reserva ou, ainda ao serviço do exército. Por isso, aos moradores da Vila Defesa de Ferreira, foram concedidos vários privilégios, como o de não irem à guerra, de não serem presos durante a época das sementeiras, no caso de cometerem algum delito e, de isenção de impostos, com o objetivo de povoarem a Vila. 
A partir do ano de 1433 a Vila Defesa de Ferreira ficou na posse da Família Freire de Andrade até 1674. 
Entre os anos de 1674 e de 1698 a Vila Defesa de Ferreira esteve na posse do Coroa e do Infante Francisco de Bragança. 
Em 1698 as doze herdades da Vila Defesa de Ferreira foram divididas em herdades e propriedades de menores dimensões e vendidas a particulares, porém as herdades da Defesa de Ferreira e da Defesa de Bobadela foram doadas à Casa do Infantado até 1834.
A Vila de Ferreira só foi extinta em 06 de Novembro de 1836. 

Correia Manuel


Carta de doação da Vila de Terena e respetivo Concelho ao Infante D. Afonso 










































DUMA ENTRADA QUE OS PORTUGUESES FIZERAM POR CASTELA, E DO ROUBO QUE TROUXERAM.

DUMA ENTRADA QUE OS PORTUGUESES FIZERAM POR CASTELA, E DO ROUBO QUE TROUXERAM.

Com a descrição desta façanha dos Alcaides mor de Alandroal e de Vila Viçosa, ficamos a saber que, o porto da Cinza, em 1384, denominava-se, porto da Cerva, assim. voltamos a publicar a façanha de Álvaro Gonçalves, (o coitado) e de Pêro Rodrigues, (o encerra bodes), Alcaides-Mor de Vila Viçosa e do Alandroal, respetivamente, os quais, após a Páscoa, de 1384, entraram por terras de Castela, com 45 cavaleiros e 200 besteiros, passaram o Guadiana (Odiana) no porto da Cinza, então, chamado porto da Cerva e, roubaram o gado que pastava entre Alconchel e Vila Nueva del Fresno, atravessando, para ambos os lados, a Vila de Ferreira, que era quase todo o espaço geográfico da atual Freguesia de Capelins
Este feito, foi copiado das Crónicas de Fernão Lopes.

DUMA ENTRADA QUE OS PORTUGUESES FIZERAM POR CASTELA, E DO ROUBO QUE TROUXERAM.

Álvoro Coitado era muito amigo de Pero Rodrigues, Alcaide do Alandroal, e acordaram ambos de fazer uma cavalgada (rapina de gado, etc) em Castela, quando nenhuns que então tivessem voz por Portugal eram ousados disto cometer, porquanto Pero Rodrigues da Fonseca estava em Olivença muito poderoso com quinhentos de cavalo entre homens de armas e ginetes, de guisa que toda aquela comarca era temerosa ante ele, e os gados todos muito seguros ao longo do extremo da parte de Castela. Feito o acordo e marcado o dia, juntou Álvoro Gonçalves os seus trinta escudeiros e cento e cinquenta homens de pé de Vila Viçosa, e Pero Rodrigues quinze de cavalo e cinquenta homens de pé do Alandroal, assim que eram por todos quarenta e cinco de cavalo e duzentos homens de pé. E juntos assim para entrar por Castela, passaram de noite o Odiana pelo porto da Cerva e foram ao enxido (pastos para criação de gado) de Cheles sobre o quarto da alva, e fizeram presa em dois fatos (manadas) de vacas de Garcia Gonçalvez de Grisalva, e tomaram catorze vaqueiros e arrancaram as tendas, e carregaram as manadas com todos os seus aparelhos. E assim trouxeram as vacas e novilhos e éguas com os seus pastores, que não escapou mais do que um que foi dar novas a Vila Nova del Fresno e a Alconchel, lugares do senhorio de Castela. E Pero Rodrigues e Álvoro Coitado mandaram tanger a cavalgada aos homens de pé e deram-lhes dez de cavalo que viessem com eles, e eles com os besteiros ficaram em resguardo, caso alguma gente sobreviesse para pelejar. Com a qual cavalgada passaram por Ferreira, e vieram com ela pelo Sobral da Ordem entre a vila do Alandroal e Juromenha até ao campo de Pardais, onde está uma igreja de são Marcos. Naquele campo repartiram a sua cavalgada, aos capitães a sua direita parte e a cada um dos outros o que lhe aí cabia, e o quinto que era dado a Álvoro Coitado não quis este naquela hora havê-lo para si, mas que se repartisse por eles, do que todos ficaram muito contentes e lho agradeceram muito.
E acharam naquela presa setecentos novilhos que andavam apartados numa das manadas, e as vacas eram mil e quatrocentas, e vinte e seis éguas e nove poldros de três anos e outros poldros pequenos, e as éguas deram-nas a Álvoro Coitado que as mandou para uma sua quinta perto de Benavente. E esta foi a primeira cavalgada que os portugueses fizeram por Castela no começo desta demanda.
 Extraído do Blogue: “O Espaço da História”
XIII – Cenas da guerra no Alentejo

(Escrito por Fernão Lopes)





quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O Povoamento das terras de Capelins, após 1258, por D. Afonso III

O Povoamento das terras de Capelins, após 1258, por D. Afonso III

Em 1248, devido a conflitos com a Igreja, D. Sancho II, foi afastado da governação do reino, sendo substituído pelo seu irmão D. Afonso III, que continuou com o povoamento das terras de Capelins, nessa época, de Ferreira.
O modelo de povoamento, continuado por D. Afonso III, foi a distribuição das terras conquistadas aos mouros, pelas famílias nobres, mais próximas da corte. Assim, cerca de 1258, a então, herdade de Santa Maria de Terena, que incluía as terras de Capelins, foi doada à família Riba de Vizela, nobres de Guimarães, afeiçoados à pessoa do rei, a qual, concedeu o primeiro foral a esta Vila e seu Concelho, em 1262, ficando estas terras na sua posse até 1312. 

A Família Riba de Vizela, oriunda de Guimarães, fazia parte da corte de D. Sancho II e depois de D. Afonso III, tiveram como marca familiar a lealdade e a a feição à pessoa do rei, sendo D. Gil Martins nomeado Mordomo-Mor da Cúria e, quando, o rei procedeu à distribuição das terras conquistadas, fez a doação de Terena e de Viana a D. Gil Martins de Riba de Vizela e a sua esposa Dª. Maria Eanes, os quais, em Fevereiro de 1262, concederam o primeiro Foral à Vila de Terena e seu termo, (Concelho), incluindo as terras de Ferreira, ou seja, todo o espaço geográfico ocupado atualmente pelo Concelho de Alandroal. Ainda, em 13 de Dezembro de 1261, D. Gil Martins, apenas em 10 meses, chegou a entendimento com o Cabido da Sé de Évora e com o Bispo D. Martinho, sobre a construção de Igrejas em Terena e no seu termo.
Em 1264, D. Gil Martins exilou-se em Castela, na corte de Afonso X, o rei sábio, devido a agravos com o rei D. Afonso III, onde permaneceu até à sua morte em finais de 1274.
Em 1275, o seu filho D. Martim Gil, que esteve sempre junto de seu pai, em Castela, voltou para Portugal, à corte de D. Afonso III, herdando os bens de seu pai, entre os quais, a Vila de Terena e seu termo (Concelho). Em 1276, foi-lhe concedida a tenência de Elvas, ficando, assim, mais próximo destes seus domínios, que começou a frequentar, mostrando mais interesse na sua administração e desenvolvimento da região.
Em 1280, já no reinado de D. Dinis, D. Martim Gil, abandonou a tenência de Elvas e voltou novamente para Castela, onde permaneceu até 1284, quando faleceu o rei Afonso X. Nesta data, voltou a Portugal, à corte de D. Dinis, que, fez dele seu Alferes-Mor, cargo que manteve até 1295, quando a seu pedido foi substituído por seu filho, também com o mesmo nome, D. Martim Gil, e faleceu ainda nesse ano.
D. Martim Gil sucedeu a seu pai no lugar de Alferes-Mor do reino e no senhorio de Terena e Ferreira. Foi forte apoiante de D. Dinis, mas, devido a um litígio com o seu cunhado em 1312 e, devido à pronúncia do tribunal, sentiu-se ofendido e exilou-se em Castela, onde faleceu em Dezembro desse ano, não deixando descendentes masculinos, extinguindo-se com ele esta linhagem. Também com ele, se extinguiu o senhorio de Terena, voltando a Vila e, as terras de Ferreira à Coroa.


D. Afonso III, povoador das terras de Capelins 





quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A reconquista das Terras de Capelins aos mouros no reinado de D. Sancho II

A reconquista das Terras de Capelins aos mouros no reinado de D. Sancho II
Como antes referimos, as terras do Alto Guadiana foram perdidas para os Mouros, cerca de 1191, logo após a morte de D. Afonso Henriques. Foi impossível aos portugueses, deter as tropas do Califa de Córdova, Almansor que, rapidamente recuperou toda esta região, devolvendo estas terras aos Mouros, onde ficaram até cerca de 1230, já Elvas foi até 1242, quando o rei D. Sancho II, os conseguiu afastar definitivamente. Por isso, Elvas, nunca esqueceu esse feito, prestando homenagem a este rei, que consistiu na colocação de uma estátua nesta cidade, como memorial e, também, a Escola Secundária se denomina de D. Sancho II.
Após esta reconquista, ou libertação, D. Sancho II, tomou, imediatamente medidas, no sentido de povoar e, principalmente de Cristianizar esta região, continuando esta ação a ser desenvolvida pelos monarcas que se seguiram.
No entanto, a Vila de Terena e as terras de Capelins foram reconquistadas aos Mouros em 1230 pelos cavaleiros vilãos de Évora, ficando a pertencer à sua Câmara até 1262, quando foram doadas à Família Riba de Vizela.


Homenagem a D. Sancho II

D. Sancho II, foi o quarto rei de Portugal (1223-1245). Nasceu em Coimbra em 1209 e faleceu em Toledo em 4 de Janeiro de 1248. Filho de D. Afonso II e de D. Urraca, subiu ao trono em Março de 1223. Era indicado como herdeiro no testamento de D. Afonso II, muito embora a ordem de sucessão fosse já então um facto. Casou, cerca de 1240, com D. Mécia Lopes, neta de Afonso IX de Leão e viúva de Álvaro Peres de Castro. Deste casamento não houve descendência.
Tendo D. Sancho herdado o trono aos 13 anos, o governo do reino esteve primeiramente a cargo de ricos-homens que apressaram o pequeno rei a regularizar as relações com a Igreja. Foi elaborada uma concórdia com a Igreja e, finalmente, resolvido o problema com as infantas, irmãs de D. Afonso II. Depois de resolvidas estas questões procurou D. Sancho II dedicar-se à administração do País, concedendo forais a diversas povoações. Iniciou, também, uma nova fase de expansão territorial, que durou todo o seu reinado e terminou apenas com D. Afonso III.
Aproveitando-se das lutas que Afonso IX de Leão mantinha com os Mouros, o monarca iniciou uma campanha no Alentejo em 1226. Entre este ano e 1239 conquistou todo o Alentejo, tendo, para tal, muito contribuído a ação da Ordem de Santiago. Esta Ordem militar recebeu como pagamento dos serviços prestados diversas povoações, tais como Aljustrel, Sesimbra, Aljafar de Pena, Mértola, Aiamonte e Tavira.
/Infopédia)


D. Sancho II


terça-feira, 25 de novembro de 2014

A conquista das terras de Capelins aos mouros, por D. Afonso Henriques e Geraldo Sem Pavor II

A conquista das terras de Capelins aos mouros, por D. Afonso Henriques e Geraldo Sem Pavor 


Entre 1162 e 1167, D. Afonso Henriques, com a ajuda de Geraldo Sem Pavor, (Geraldo Geraldes), conquistou aos mouros, todas as terras do Alto Guadiana, desde Elvas, Juromenha, Monsaraz, Mourão e outras, incluindo as terras de Capelins, no entanto, muitas pessoas por aqui ficaram, sujeitos às novas regras cristãs, porque, esta, era a sua terra, onde tinham nascido e vivido os seus antepassados durante 500 anos, por isso, nos deixaram, aqui em Capelins, muitos dos seus hábitos, cultura e modos de vida.
Esta conquista, deveu-se a Geraldo Sem Pavor, uma lenda no Alentejo, personagem representativa do período de formação das fronteiras de Portugal nesta região. Diz-se que, era um nobre do norte que veio para estas terras do sul para lutar contra os mouros, liderando um bando de salteadores e aventureiros, abrigados num Castro, hoje denominado Castelo do Geraldo na Aldeia de Valverde e, faziam incursões por terras de mouros, saqueando e matando sem piedade. Parece que, D. Afonso Henriques, não apreciava essa pessoa mas, quando  invadiu esta região, Geraldo Sem Pavor, ofereceu-se como voluntário para tomar a cidade de Évora e outras localidades vizinhas. Assim, começou por conquistar a cidade de Évora, oferecendo-a ao rei, ganhando a sua confiança, continuou as conquistas aos mouros, até à hoje Estremadura espanhola. Porém, logo após a morte de D. Afonso Henriques, quase todas estas terras foram perdidas, sendo reconquistadas em 1242, por D. Sancho II.



Geraldo Sem Pavor por terras de Capelins







domingo, 23 de novembro de 2014

A Conquista das Terras de Capelins aos Mouros em 1167

A conquista das terras de Capelins, aos mouros, por D. Afonso Henriques e Geraldo Sem Pavor em 1167 

Em 1167, as terras fronteiriças do Alto Guadiana, de Elvas a Mourão, foram conquistadas aos mouros, por D. Afonso Henriques ajudado por Geraldo Sem Pavor, incluindo a região de Capelins. Porém, foram perdidas em 1191, quando o Califa de Córdova, Almansor, com as suas tropas as recuperou para os mouros, onde permaneceram até 1242, nesta data, o rei português D. Sancho II, afastou-os definitivamente, dando início à sua cristianização. Os mouros que ficaram em Capelins, tiveram que se converter ao Cristianismo e, foram obrigados a pagar altas rendas das terras que ficaram a explorar.
Já no reinado de D. Afonso III, a herdade de Santa Maria de Terena, que incluía quase todo o espaço geográfico ocupado hoje pelo Concelho de Alandroal, foi doada à família Ribas de Vizela, nobres de Guimarães, muito afeiçoados á pessoa do rei. Foi assim, que em 1262, com o primeiro foral da Vila de Terena e seu termo (Concelho), se iniciou o povoamento desta região. 

O povoamento e Foral da Vila de Terena, incluindo Ferreira, por D.Afonso III


A Família Riba de Vizela, oriunda de Guimarães, fazia parte da corte de D. Sancho II e depois de D. Afonso III, tiveram como marca familiar a lealdade e a a feição à pessoa do rei, sendo D. Gil Martins nomeado Mordomo-Mor da Cúria e, quando, o rei procedeu à distribuição das terras conquistadas, fez a doação de Terena e de Viana a D. Gil Martins de Riba de Vizela e a sua esposa Dª. Maria Eanes, os quais, em Fevereiro de 1262, concederam o primeiro Foral à Vila de Terena e seu termo, (Concelho), incluindo as terras de Ferreira, ou seja, todo o espaço geográfico ocupado atualmente pelo Concelho de Alandroal. Ainda, em 13 de Dezembro de 1261, D. Gil Martins, apenas em 10 meses, chegou a entendimento com o Cabido da Sé de Évora e com o Bispo D. Martinho, sobre a construção de Igrejas em Terena e no seu termo.
Em 1264, D. Gil Martins exilou-se em Castela, na corte de Afonso X, o rei sábio, devido a agravos com o rei D. Afonso III, onde permaneceu até à sua morte em finais de 1274.
Em 1275, o seu filho D. Martim Gil, que esteve sempre junto de seu pai, em Castela, voltou para Portugal, à corte de D. Afonso III, herdando os bens de seu pai, entre os quais, a Vila de Terena e seu termo (Concelho), que incluía as terras de Ferreira.  Em 1276, foi-lhe concedida a tenência de Elvas, ficando, assim, mais próximo destes seus domínios, que começou a frequentar, mostrando mais interesse na sua administração e desenvolvimento da região.
Em 1280, já no reinado de D. Dinis, D. Martim Gil, abandonou a tenência de Elvas e voltou novamente para Castela, onde permaneceu até 1284, quando faleceu o rei Afonso X. Nesta data, voltou a Portugal, à corte de D. Dinis, que, fez dele seu Alferes-Mor, cargo que manteve até 1295, quando a seu pedido foi substituído por seu filho, também com o mesmo nome, D. Martim Gil, e faleceu ainda nesse ano.

D. Martim Gil sucedeu a seu pai no lugar de Alferes-Mor do reino e no senhorio de Terena e Ferreira. Foi forte apoiante de D. Dinis, mas, devido a um litígio com o seu cunhado em 1312, e, devido à pronúncia do tribunal, sentiu-se ofendido e exilou-se em Castela, onde faleceu em Dezembro desse ano, não deixando descendentes masculinos, extinguindo-se com ele esta linhagem. Também com ele, se extinguiu o senhorio de Terena, voltando a Vila e as terras de Ferreira à Coroa.


Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins




sábado, 22 de novembro de 2014

Os Celtas e Celtiberos, no Outeiro dos Castelinhos, na Defesa de Ferreira de Cima

Os Celtas e Celtiberos, no Outeiro dos Castelinhos, na Defesa de Ferreira de Cima

Quando se pensava que, foram os Romanos o primeiro povo a fixar-se no Outeiro dos Castelinhos e planície nas margens da Ribeira de Lucefécit, onde fundaram a primitiva Vila de Ferreira, parece que, não foi bem assim, porque, conforme classificação, pelo IGESPAR, dos vestígios encontrados nesse lugar, os mesmos, remontam à Idade do Ferro, (Espólio dessa época), logo, mais de mil anos antes da chegada dos Romanos a esta região, estes, já tinham os lugares assinalados e aqui fundaram a dita Villa. Este lugar, localiza-se entre a estrada Ferreira - Rosário, do lado direito, antes da Ribeira do Lucefécit, junto à mina de ferro que lhe deu a toponímia (Ferraria = Ferreira):


Outeiro do Castelinho 2
CNS:13566
Tipo:Villa
Distrito/Concelho/Freguesia:Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período:Idade do Ferro ((?)) e Romano (Finais do séc.I, inícios do séc.II d.C.)
Descrição:Sítio localizado próximo da villa fortificada Outeiro do Castelinho, onde se detectou à superfície concentrações de material romano: cerâmica comum e grande quantidade de escória de fundição. As sondagens efectuadas até ao momento, revelaram a presença de estruturas muito destruídas, e uma vala de função desconhecida. Não é ainda possível apontar para este sítio qualquer funcionalidade relacionada com a villa romana.
Meio:Terrestre
Acesso:O sítio localiza-se numa pequena plataforma, junto à ribeira de Lucefecit, e na base do esporão onde se encontra a villa fortificada do Oureiro do Castelinho. Estes dois loci (localizados na plataforma e no esporão), encontram-se separados por uma linha de água que desagua na ribeira.
Espólio:Idade do Ferro: 1 taça grande e 1 peça de fabrico manual grosseiro de lábio decorado por incisões. Romano: cerâmica comum romana de pastas grosseiras (malgas, panelas e potes); Época muçulmana (?):1 pendente de bronze que pode corresponder a uma mão de Fátima. No local recolheu-se ainda escória de fundição e um núcleo de quartzo hialino com vários negativos de lascas.
Depositários:ERA Arqueologia, S.A.
Classificação:-
Conservação:-
Processos:S - 13566, 7.16.3/14-10(1) e 99/1(089)



Vila Romana de Ferreira 

Foto: DGPC







Os Iberos, Celtas e Celtiberos, nas terras de Capelins

Os Iberos, Celtas e Celtiberos, nas terras de Capelins

São vários os vestígios de povoados ou habitats deixados pelos Iberos, Celtas, Celtiberos e outros, nas terras de Capelins. Os dessa época, são quase na sua totalidade nos Vales do rio Guadiana e, das Ribeiras do Lucefécit e do Azevel, porém, existem sinais de um habitat do período do Neo-calcolítico, com cerca de 5.000 anos, perto da Igreja de Santo António de Capelins, todos os outros situam-se no leste, sul e sudoeste da Freguesia de Capelins. Existem dois lcoais, muito próximos, na Defesa de Bobadela de Cima, denominados "Espinhaço de Cabra" e "Espinhaço de Cão", com vestígios registados no IGESPAR, referentes ao período Neo-calcolítico e, Idade do Ferro, existindo em Espinhaço de Cão, um povoado da Idade do Ferro, ou seja, ainda, algumas centenas de anos, antes da chegada dos Romanos à Peninsula Ibérica e aqui a Capelins. Seguidamente, apresentam-se as fichas de registo no IGESPAR, dos lugares de Espinhaço de Cabra e, de Espinhaço de Cão, em Capelins.


Espinhaço de Cabra 1
CNS:21265
Tipo:Mancha de Ocupação
Distrito/Concelho/Freguesia:Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período:Neo-Calcolítico
Descrição:Mancha de ocupação de época neo-calcolítica dispersa por todo o cabeço, caracterizando-se pela presença de seixos e lascas à superfície.
Meio:Terrestre
Acesso:-
Espólio:Seixos e lascas.
Depositários:-
Classificação:-
Conservação:-
Processos:7.16.3/14-10(1)

Espinhaço de Cão 1
CNS:16279
Tipo:Povoado
Distrito/Concelho/Freguesia:Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período:Idade do Ferro
Descrição:Sítio de habitat rural, implantado num esporão pouco pronunciado sobre o Guadiana. Estruturas habitacionais, correspondentes a várias fases de construção/reconstrução, com plantas ortogonais.
Meio:Terrestre
Acesso:A partir de Montes Juntos (Alandroal), caminho de terra batida.
Espólio:Cerâmica manual e de roda, mós, objectos de adorno, faunas e carvões.
Depositários:Manuel João do Maio Calado
Classificação:-
Conservação:Regular
Processos:S - 16279, 7.16.3/14-10(1) e 99/1(075)


Espinhaço de Cão 2
CNS:21272
Tipo:Habitat
Distrito/Concelho/Freguesia:Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período:Neo-Calcolítico
Descrição:Habitat de época neo-calcolitica que actualmente se localiza junto a um caminho que acompenha o Rio Guadiana. À superfície foram identificados vários seixos e lascas e um fragmento de sílex. Nas proximidades foi também identificado um machado de pedra polida na berma da estrada (Espinhaço de Cão 3, LAPA, 1995).
Meio:Terrestre
Acesso:Junto ao Guadiana, pelo caminho que conduz ao rio desde o Monte do Espinhaço do Cão.
Espólio:Seixos e lascas e um fragmento de sílex.
Depositários:-
Classificação:-
Conservação:-
Processos:7.16.3/14-10(1)
Espinhaço de Cão em Capelins 
Defesa de Bobadela em Capelins 










Os Mouros nas terras de Capelins III

Os Mouros nas terras de Capelins III

Sem qualquer surpresa, encontramos vestígios do povo "mourisco" em toda a região de Capelins, nas zonas das terras mais férteis. Como sabemos, por aqui permaneceram cerca de 500 anos, de 711 a 1242, data em que foram definitivamente afastados destas terras, mas muitas famílias de agricultores e de outras profissões, por cá ficaram, era aqui o seu lar e, a sua vida, sujeitando-se às novas regras e aparentemente ao Cristianismo. Quando os portugueses conquistaram estas terras, elas foram distribuídas pelos militares nobres, as quais, em alguns casos continuaram na posse dos antigos proprietários , mouros, mediante o pagamento de uma alta renda ao novo proprietário. Assim, apresentamos mais uma prova, ou seja, um registo do IGESPAR, sobre os vestígios da Idade Média Islâmica, em COCOS, junto à Ribeira do Azevel, a sul do Moinho da Culpa, em Capelins.
In: História de Capelins - 5000 anos de Vidas.

Cocos 8
CNS:27367
Tipo:Atalaia
Distrito/Concelho/Freguesia:Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período:Medieval Islâmico e Moderno
Descrição:Amontoado de pedras de xisto correspondendo às ruínas de uma estrutura desmantelada, que pelo tipo de implantação e área de ocupação poderia corresponder a uma atalaia. À superfície aparece cerâmica moderna comum e incaracterística. Situa-se na margem esquerda do Azevel em elevação dominante sobre a ribeira a Sul do Moinho da Culpa.
Meio:Terrestre
Acesso:-
Espólio:Cerâmica comum e incaracterística.
Depositários:-
Classificação:-
Conservação:-
Processos:-







sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Os Mouros nas terras de Capelins II

Os Mouros nas terras de Capelins II

Como já referimos, em momentos anteriores, existem provas de que, também, os Mouros foram senhores das terras de Capelins, entre 711 - 1167/1242 /cerca de 500 anos). Aqui, desenvolveram várias atividades, desde, agricultores, pastores, comerciantes, pedreiros, ferreiros, artesãos e outras. Sabe-se que, existiam vários montes de habitação dentro das suas herdades e, ainda hoje, onde menos esperamos, aparecem-nos vestígios evidentes da sua vivência nesta região. As chamadas chaminés mouriscas, os beirais, o poial e, a laranjeira ou parreira junto à porta de casa.
Um dos vestígios dos mouros, registados no IGESPAR, localizados na Freguesia de Capelins, é a Atalaia do Monte de Calvinos, junto à Ribeira do Azevel, que a seguir, podemos observar:


Atalaia de Monte Calvinos 1
CNS:13620
Tipo:Atalaia
Distrito/Concelho/Freguesia:Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período:Idade Média
Descrição:Trata-se de uma construção circular, implantada sobre afloramento rochoso xistoso, construída em xisto ligado com terra, sem sinal de entrada. O seu interior é maciço. Nas suas imediações encontra-se um monte desocupado e, junto ao Guadiana que corre em baixo, encontram-se moinhos. A atalaia em causa não se encontra relacionada, aparentemente, com estruturas visíveis e não se encontra espólio à superfície. Esta construção encontra-se em linha com o castelo de Cuncos (Espanha) e com o castelo de Mourão.
Meio:Terrestre
Acesso:-
Espólio:cerâmicas vidradas (pós-medievais?)
Depositários:-
Classificação:-
Conservação:-
Processos:S - 13620, 2000/1(267), 7.16.3/14-10(1) e 99/1(087)



Atalaia do Monte de Calvinos - Azevel



Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...