sexta-feira, 31 de julho de 2015

Os hidronimos da Ribeira Oydaluiciuez/Lucifer/Lucefécit 

Vários historiadores escreveram que, a atual Vila de Terena no período muçulmano (711-1167/1242), designava-se por Oydaluiciuez, sendo o hidronimo da Ribeira, o mesmo, do nome (da toponímia), desta Vila. 

Através das cantigas a Santa Maria de Terena, da autoria do rei de Castela e Aragão Afonso X o sábio, antes de 1282, esta Ribeira já se designava por Ribeira do Lucifer, devido ao milagre de Santa Maria de Terena que, para livrar um homem bom de morte certa às mãos dos seus perseguidores desde Elvas, acusado de matar a sua mulher, estavam quase a alcançá-lo junto à Ribeira, então Santa Maria para ajudar o perseguido Tomé, sabendo que ele estava inocente, transformou a Ribeira em Lucifer, impedindo a passagem dos perseguidores, (Cantiga CCXIII). Essa designação não podia continuar, porque ninguém se atrevia a dizer esse nome, uma vez que, ao falar no Diabo, ele aparecia a essa pessoa, por isso, a palavra foi sendo transformada (Lucefece...), até ficar a atual Lucefécit. 


Ribeira do Lucefécit 





Segredos de Capelins

Segredos de Capelins 

Como sabemos, os segredos de Capelins referem-se principalmente, à época da comunidade judaica, cristãos novos e "Marranos", que aqui viveram a partir de 1492, da qual descendemos a maioria dos Capelinenses. Nos assentos Paroquiais de casamentos, nascimentos, batizados e óbitos, de Santo António, verificam-se inúmeras ligações de famílias de Cristãos novos de Monsaraz - Santiago Maior e Capelins.
Os cristãos novos eram sepultados em terreno sagrado, na Igreja ou no cemitério cristão, o mesmo não podia acontecer aos marranos. Por isso, são conhecidas várias necrópoles em Capelins (6), pelo menos uma, senão mais, ainda tem sepulturas por abrir, muito próxima de Ferreira de Capelins.
Monsaraz
Em Monsaraz, uma das vilas medievais portuguesas mais bem preservadas, existiu uma judiaria dentro das muralhas nas imediações da Rua Direita. Este centro histórico, que no passado acolheu muitos judeus e "marranos" vindos de Espanha, apresenta hoje um conjunto muito uniforme de ruas e edifícios da época.

Monsaraz 





Ribeira de Lucefécit, nas terras de Capelins

Ribeira de Lucifer/Lucefécit em Capelins

Ribeira do Lucefécit. Que misterioso ribeiro é este cujo nome é tão temido que um rei sábio se recusou a dizê-lo? Lucefécit significará aquilo que pensamos? E se assim é, por que razão o apelidaram dessa forma?
A Ribeira do Lucefécit corre por terras sagradas, disso temos provas que estão à vista de qualquer um, a começar pelo facto de contornar o Santuário da Rocha da Mina, que poderá estar ligado ao culto de Endovélico. Continua o seu caminho para sul e passa a norte da histórica freguesia de Terena, onde abre alas, transformando-se quase em lagoa. Volta a fechar e segue caminho até desaguar no Guadiana, junto à fronteira com Espanha, deixando para trás vários exemplos de megalitismo em território português.
Abrindo a discussão, Lucefécit poderá derivar tanto do árabe como do latim.
No primeiro caso, Lucefécit poderá resultar da conjunção de vários termos, todos eles árabes, dos quais sobressaem: al e oucif (que significa negro). No segundo caso, falamos de quem o topónimo sugere: Lúcifer. Sendo que tal nome só tem conotação negativa a partir de certo momento da história.
Lúcifer foi a tradução latina feita para descrever Vénus, a estrela da manhã, portadora (ferre) da luz (lux), daí se transformando em lucisferre, que derivou em Lúcifer – antes de endiabrarem tal termo, devemos lembrar que no Novo Testamento, Jesus autoproclama-se estrela da manhã. A igreja, que durante anos tentou demonizar qualquer vislumbre de adoração pagã, onde Vénus obviamente estava incluído, tratou de associar o termo a Satanás, pai dos demónios da natureza. O trabalho foi bem feito, tanto que ainda hoje os cristãos mais crédulos ainda evitam usar o seu nome.
E salta a pergunta: a acreditar que o topónimo tem raízes no latim e não no árabe, para quê dar tal nome a esta ribeira? Hipoteticamente, pela mesmíssima razão. Como já foi dito, estas águas correm por montes sacralizados, onde as referências físicas e simbólicas a deidades pagãs pululam. A escolha deste nome poderá ter servido o propósito de diabolizar uma zona que a igreja via como infiel ao seu Deus único, transformando-se assim numa espécie de espantalho para gestos que o poder clerical considerava como ameaça à sua religião.
Afonso X, o rei sábio, parece não ter dúvidas, e numa alusão à ribeira, recusa-se a pronunciá-lo nas suas Cantigas de Santa Maria: d’un rio que per y corre, de que seu nome nom digo.
"In: Bloque Portugalnummapa"


terça-feira, 28 de julho de 2015

Afonso X o sábio, rei de Castela e Aragão 1252-1284, 
peregrino de Santa Maria de Terena

São bem conhecidas as cantigas do rei de Castela Afonso X o Sábio, a Santa Maria de Terena, que incluem a Ribeira de Lucifer (Lucefécit), assim como, a Monsaraz e à região da passagem do Guadiana perto dos Mocissos. 
Alguns autores afirmam que, Afonso X, escreveu esses versos devido à influência de D. Gil Martins, Senhor das Terras de Terena, que após se ter zangado com o nosso Rei D. Afonso III, se exilou na sua Corte. No entanto, essa teoria é muito duvidosa, porque o conteúdo desses versos denotam um excelente conhecimento pessoal das regiões de Monsaraz, Terena e Mocissos e do que por aí se passava em termos sociais e de fé, é verdade, que o rei diz sempre que lhe contaram.
É nossa convicção que, de facto, o rei Afonso X o sábio, fez a peregrinação a Santa Maria de Terena, talvez, devido ao que ouvia ao fidalgo português D. Gil Martins, sobre os milagres atribuídos a Santa Maria, passando por Monsaraz a caminho de Terena. Depois, na volta a Castela, desceu a Ribeira do Lucefécit até ao porto das Águas Frias de baixo, seguindo até aos Mocissos, onde talvez existisse uma barca para passagem do Guadiana na direção onde mais tarde surgiu São Bento da Contenda.

Decerto que, tinha que existir uma razão muito forte para Afonso X ser tão devoto de Santa Maria de Terena
cantiga 275
Como Santa Maria de Terena guariu do[u]s freyres do espital que raviavan.
A que nos guarda do gran fog' infernal
sãar-nos pode de gran ravia mortal.
Dest' en Terena fez, [per] com' aprendi,
miragr' a Virgen, segund[o] que oý
dizer a muitos que ss' acertaron y,
de dous raviosos freires do Espital
A que nos guarda do gran fog' infernal...
Que no convento soyan a seer
de Moura; mas foi-lles atal mal prender
de ravia, que sse fillavan a morder
come can bravo que guarda seu curral.
A que nos guarda do gran fog' infernal...
Assi raviando fillavan-ss' a travar
de ssi ou d' outros que podian tomar,
e por aquesto fóronos ben liar
de liadura forte descomunal.
A que nos guarda do gran fog' infernal...
E a Terena os levaron enton,
que logar éste de mui gran devoçon,
que os guariss[e] a Virgen, ca ja non
lles sabian y outro consello tal.
A que nos guarda do gran fog' infernal...
E levando-os ambos a grand' affan,
que cada u mordia come can,
passaron con eles un rio muy gran
d' Aguadiana, entrant' a Portogal.
A que nos guarda do gran fog' infernal...
E o primeiro deles mentes parou
de cima dun outeiro u assomou,
des i mui longe ante ssi devisou
a Terena que jaz en meo dun val.
A que nos guarda do gran fog' infernal...
E disse logo como vos eu direy:
«Soltade-me, ca ja eu ravia non ey,
ca vejo Santa Maria, e ben sey
que ela me guariu mui ben deste mal.
A que nos guarda do gran fog' infernal....
Mais agua me dade que beva, por Deus,
ca a Virgen, que sempr' acorr' [a]os seus,
me guariu ora, non catand' aos meus
pecados que fiz come mui desleal.»
A que nos guarda do gran fog' infernal...
O outro diss' esto meesmo pois viu
e eigreja, ca logo sse ben sentiu
da rravia são, e agua lles pediu,
e deron-lla da fonte peranal.
A que nos guarda do gran fog' infernal...
E pois beveron, ar fillaron-s' a ir
dereitament' a Terena por conprir
ssa romaria; e porque os guarir
fora a Virgen, deron y por sinal
A que nos guarda do gran fog' infernal...
Cada un deles desso que ss' atreveu
de seu aver, que eno logar meteu;
e des i cada un deles acendeu
ant' o altar da Virgen seu estadal.
A que nos guarda do gran fog' infernal...
Est miragre mostrou aquela vez
Santa Maria, que muitos outros fez
como Sennor mui nobr' e de mui gran prez
que senpr' acorre con seu ben e non fal.
A que nos guarda do gran fog' infernal...
Existem outras cantigas de Afonso X sobre Santa Maria de Terena e esta região.
No século XIII, já existia uma Albergaria em Monsaraz, destinada a acolher os romeiros que, vindos da margem esquerda do Guadiana, em busca do famoso santuário mariano de Terena, atravessavam o rio na barca de passagem e faziam caminho por Monsaraz, onde pernoitavam. Um peregrino ilustre, Afonso X, o Sábio, vindo da Andaluzia, a caminho de Terena, deve ter passado nesta época por Monsaraz.
(Monsaraz - Vida morte e ressurreição de uma vila alentejana)
Afonso X de Castela







sábado, 18 de julho de 2015

Atalaia do Monte de Calvinos na Freguesia de Capelins 


Por aqui passava, vindo de Badajoz, pelo Vale do Guadiana, por Juromenha, Castelo árabe dos Mocissos, Terras da atual Freguesia de Capelins, para Monsaraz, Sarish, o árabe Azovel, com o seu exército de 1000 cavalos, deixando o seu nome a esta Ribeira do Azevel, e este testemunho, esta Atalaia, construída cerca de 1140, decerto várias vezes reconstruída e aproveitada para vigiar a região, porque dela se avistavam pelo menos, os Castelos de: Cuncos, (Espanha), Mourão e Monsaraz encontra-se submersa pelas águas do Grande Lago de Alqueva. 
O lugar onde a presente Atalaia se encontra, foi denominado pelo Reino, como herdade do Azinhal Redondo de Baixo!

Atalaia do Monte de Calvinos - Capelins 






O famoso mestre de guerra muçulmano, Azovel, nas Terras de Capelins

Tal como em Portugal, também existiram notáveis mestre de guerra nas hostes muçulmanas, que desde o ano de 711 se fixaram na Peninsula Ibérica. Neste caso, escrevemos sobre um deles, Azovel, por ter deixado a sua pegada nas Terras de Capelins.
Azovel, emprestou o seu nome a um afluente do rio Guadiana, que fica, grande parte, nas Terras de Capelins, ou seja, a Ribeira do Azevel, (houve um pequeno ajustamento na palavra, da letra "o" para a letra "e", de resto, quase tudo se mantém), esta Ribeira demarca o limite dos atuais Concelhos de Reguengos de Monsaraz, e Alandroal, mas antes de 1836, eram os termos (Concelhos) de Monsaraz e Terena (Terras de Capelins).
Azovel, foi um famoso caudilho cordovês almorávida que viveu na primeira parte do século XII e chegou a ter sob o seu comando  um corpo de exército de 1000 cavalos. Foi Lugar-Tenente do célebre governador de Badajoz, Texufine. Azovel era um mestre de guerra de movimento, ora estava nas Terras de Capelins ou Monsaraz, como entrava por terras de Castela, foi numa dessas incursões que acabou por morrer na Mata de Montiel, no ano de 1143, às mãos do exército cristão comandado pelo notável cavaleiro espanhol Múnio Afonso, Alcaide-Mor de Toledo.
Azovel foi para os muçulmanos, como Geraldo Sem Pavor foi para os cristãos portugueses, mas este comandante de salteadores, nunca teve no seu comando mais de 300 cavalos.
Junto à Ribeira do Azevel existe uma Atalaia, talvez submersa pelas águas de Alqueva, designada, agora, por Atalaia de Calvinos, na Freguesia de Capelins, que documenta a passagem do famoso caudilho, Azovel e suas tropas, por este local e pelo vale do Guadiana, entre Badajoz e Monsaraz, onde aparecia com frequência.

Base: Monsaraz - Vida morte e ressurreição de uma Vila Alentejana - José Pires Gonçalves - 1966.

Atalaia do Monte de Calvinos que documenta a presença de Azovel neste local.







quinta-feira, 16 de julho de 2015

As Batalhas da Guerra da Restauração, na Vila de Cheles e de Alconchel

As Batalhas da Guerra da Restauração, na Vila de Cheles e de Alconchel

Conforme podemos verificar na indicação do número e local, onde se encontram os respetivos documentos, (Arquivo Nacional da Torre do Tombo), ANTT, durante a Guerra da Restauração (1640-1668), o exército do Alentejo, sediado em Elvas, travou batalhas na nossa vizinha Vila de Cheles e na Vila de Alconchel. Foram batalhas ferozes com muitos mortos, arrazaram tudo por onde os exércitos passaram, seguidas de saques (prezas de gado), de um e outro lado da fronteira. Também, a Vila Defesa de Ferreira, ou Defesa del-Rei, e principalmente o Lugar de Ferreira, nas Neves, não escaparam a essas devastações, por isso, ninguém queria residir nesta região .  

Nº 189
1642, Julho, 27
Relação dos sucessos que o Monteiro-mór Francisco de Mello, general
de cavalharía teve com os inimigos castelhanos nas villas de Cheles, Valverde,
Campos de Badajoz, com o Memorável feito de hum António Fernandes e a
entrada que fez por Castella dentro e a villa de Figueira de Vargas a doze pera
treze do corrente.
B.N.L.
H.G. 21.603 7P., 8 ps
(impresso em Lisboa, 13-8-1642)

Nº 190
[1643]
Sucesso que Francisco de Mello, Monteiro mor do Reyno, general de
cavalharia, teve com os castelhanos, junto de Albuquerque, em o qual matando
a muytos delles, fez mais de sincoenta prisioneiros, e uma grande preza de
gado.
B.N.L.
Res. 95 18V., fls 225 a 228v. 8 ps
(impressa na of. Domingos Lopes Rosa-1643)

Nº 192
1643, Outubro, 6
Relação sumaria da entrada que o exército de S.M. fez em Castella
pelas fronteiras do Alentejo, e dos lugares que tomou, e arrazou, ate hoje seis
de Outubro, e do que se passou no sitio, e entrega do Castello de Alconchel.
B.N.L.
Res 9521V, fl. 239-244v.
(Impresso na of. Domingos Lopes Rosa-1643)
Nº 279
1666, Maio, 27
Mercê a Luís Lopes Godinho de 40.000 reis de tença com o hábito de S.
Tiago e o ofício de escrivão da Câmara de Portalegre, pelos serviços prestados
no Alentejo, em Alconchel, Elvas, Dejebe e Ameixial, e no socorro de Olivença.
A.N.T.T.
Portarias do reino
Liv 5, fls 413v, 1ft.
Nº 283
1666, Junho, 18
Mercê a Manuel Dias da Costa de 140.000 reis com o hábito de Cristo,
por serviços prestados no Alentejo em Alconchel, Telena, Valença de
Alcântara, campanha de Olivença, etc.
A.N.T.T:
Portarias do reino
Liv. 5, fls 422v/423, 2fts

Nº 319
1673, Julho, 20
Mercê a Marcos Rapozo Figueira de promessa de uma comenda de
200.000 reis e hábito de Cristo, pelos serviços que prestou nas batalhas de
Valverde, Alconchel, Figueira, Olivença, etc.
A.N.T.T.
Portarias do reino

Liv. 7, fls. 420, 1ft.

Villa de Cheles 








quarta-feira, 15 de julho de 2015

Nossa Senhora das Neves - Capelins

Nossa Senhora das Neves - Capelins 

Testamento de 26 de Junho de 1516 de Simão Bentinho, Missa na Igreja de Santa Maria na Defesa de Ferreira. (Senhora das Neves)
CAPELA QUE INSTITUIU SIMÃO BENTINHO MORADOR QUE FOI NESTA VILA COM ENCARGO DE VINTE MISSAS CADA ANO, MAIS VINTE ALQUEIRES DE TRIGO À MISERICÓRDIA DESTA VILA DE QUE É ADMINISTRADOR LOURENÇO FERNANDES ZORRO POR SEUS SOBRINHOS FILHOS DE SEU IRMÃO BENTO GONÇALVES
NÍVEL DE DESCRIÇÃO
Documento simples Documento simples
CÓDIGO DE REFERÊNCIA
PT/ADPTG/PCELV/4/1/77
TIPO DE TÍTULO
Formal
DATAS DE PRODUÇÃO
1541-11-28 A data é certa a 1541-11-28 A data é certa
DIMENSÃO E SUPORTE
2 f.
EXTENSÕES
2 Folhas
ÂMBITO E CONTEÚDO
Terena, Herdade dos Bentinhos, Defesa de Ferreira. Catarina Mendes. Treslado parcial do testamento do instituidor datado de 26 de Junho de 1516.
CONDIÇÕES DE ACESSO
Comunicável
COTA ATUAL
Cx. 6
COTA ANTIGA
Tb. 31, f. 153 v.
IDIOMA E ESCRITA
por
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E REQUISITOS TÉCNICOS
Bom 

Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins



Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...