quinta-feira, 28 de maio de 2015

As Procissões Religiosas em Honra de Nossa Senhora das Neves e de Santo António, em Capelins

As Procissões Religiosas em Honra de Nossa Senhora das Neves e de Santo António, em Capelins

O significado da palavra procissão é derivada do verbo latino procedere, e do substantivo processionis, que quer dizer: marchar, caminhar, ir adiante, saída solene, cortejo religioso, etc.

As procissões têm origem na Sagrada Escritura. A caminhada é um elemento muito importante na história da Salvação. No Livro do Êxodo, encontramos o povo que caminha rumo à terra prometida. O povo hebreu cumpriu, religiosamente, a ordem dada pelo Senhor e, uma vez tudo concluído, conduziu a Arca em procissão, numa caminhada de esperança, de louvor e de libertação, na presença de Deus. Também o Livro dos Números nos mostra as normas estabelecidas por Deus ao povo que caminhava. 

As primeiras procissões, dos católicos, surgiram no início do século IV, logo após a declaração de liberdade religiosa concedida pelo imperador Constantino. A partir daí as procissões realizaram-se/realizam-se em vários momentos e ocasiões. As mais comuns são: Via-Sacra, Semana Santa, Corpus Christi, procissões em honra dos santos padroeiros e de Nossa Senhora.

A Arca da Aliança, com seus querubins (anjos de ouro), não foi somente colocada num lugar de honra e destaque, onde se celebrava o culto, mas também levada pelos sacerdotes, solenemente, em procissão, dando voltas pela cidade, tocando trombetas. Foram, realmente, diversas procissões.

Por isso se fizeram/fazem caminhadas de louvor e agradecimento a Deus pelos Santos de cada Igreja, homenageando Santo Antônio, Nossa Senhora das Neves, ou outros Santos/as, cujas imagens são, a exemplo dos anjos de ouro na Arca, conduzidas para lembrar os heróis do cristianismo, pedindo também, a sua proteção para o inexplicável.
Assim se realizaram muitas procissões a Santo António, assim como, a Nossa Senhora das Neves, com tanta fé das pessoas, umas vezes pedindo auxílio para chover, porque o seu pão (cereais) estava a desaparecer devido à falta de água, outras vezes pedindo proteção contra epidemias que dizimavam populações.
Não existiam datas específicas para estas procissões, ao contrário das que integravam as Festas anuais em honra deste Santo/a, sendo o dia da procissão o mais importante da Festa.

Procissão a Nossa Senhora das Neves - 1978 





quarta-feira, 27 de maio de 2015

As Irmandades Religiosas de Santo António (Capelins) entre os Séculos XVI a XVIII

As Irmandades Religiosas de Santo António (Capelins) entre os Séculos XVI a XVIII

Como já aqui referimos, em 1758, ainda subsistiam seis Irmandades em Santo António (Capelins), eram: Santo António, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Neves, Almas Santas, São Bento, e Senhor Jesus. Sobre a sua história, ainda pouco sabemos, mas esperamos, que a mesma se encontre escrita e guardada no Arquivo Distrital de Évora, em conjunto com outros assentos Paroquiais, os quais, ainda não estão digitalizadas. No entanto, podemos acrescentar que, estas Irmandades Religiosas foram muito importantes na sociedade e, neste caso, na então Vila de Ferreira (espaço geográfico da atual Freguesia de Capelins), porque nessa época a maioria dos povoadores eram descendentes de cristão novos com alguma indefinição na sua identidade religiosa. Assim, as Irmandades tiveram um papel relevante, participando na assistência espiritual e material à população do Lugar de Ferreira (nas Neves), e da própria Vila, contribuindo para a vivência do catolicismo, através da orientação doutrinal dos fiéis, da procura sacramental, do culto dos mortos, da prática da caridade e de outras atividades devotas e piedosas.
As referidas Irmandades de Santo António (Capelins), participaram na na construção da identidade de pessoas e de grupos sociais, reforçando os processos de integração e união desta comunidade, promovidos através de festas e outras cerimónias religiosas.
O que foi escrito, é uma simples resenha sobre a ação das Irmandades Religiosas na ex-Vila de Ferreira. Quando for possível consultar os documentos Paroquiais no Arquivo Distrital de Évora, esperamos dar a conhecer, algo mais, sobre esta parte da história de Capelins.  

  

terça-feira, 26 de maio de 2015

Vila de Ferreira Romana - 2.000 anos

Vila de Ferreira Romana - 2.000 anos 

O fortim do Outeiro dos Castelinhos de Ferreira implanta-se num destacado esporão junto da Ribeira do Lucefécit, fronteiro a um importante vau, adjacente a férteis solos agrícolas e a ricas jazidas mineiras. O esporão, de vertentes declivosas, apresenta uma elevada defensabilidade natural, instalando-se o conjunto edificado no topo e parcialmente nas encostas Norte e Oeste. Extensos trabalhos de escavação clandestina, levados a efeito no local, permitiram expor um impressionante conjunto arquitectónico composto por uma ampla área construída, em notável estado de conservação, com as cisternas a atingirem cerca de 2,50 m de altura visível. A construção apresenta uma grande complexidade organizativa que, à falta de um levantamento de pormenor, se torna difícil de compreender. A área edificada é constituída por dois corpos arquitectónicos principais, um no topo e outro no início da encosta Oeste, separados entre si por um corredor ou pátio, parcialmente rebaixado na rocha. Os muros exteriores de ambos edifícios apresentam uma assinalável espessura e robustez, entre 1 m e 1,50 m, e uma construção cuidada, utilizando o xisto local, por vezes em blocos de grande dimensão; os principais muros internos chegam a atingir um espessura de 0,80 cm, o que demonstra as grandes preocupações tidas com a robustez da construção. A estrutura do topo apresenta uma planta quadrangular com aproximadamente 25 m de lado, sendo constituída por um conjunto de compartimentos organizados, aparentemente, em torno de um pátio central. No seu interior são visíveis pisos em opus signinum podendo observar-se, nalguns compartimentos, restos do revestimento das paredes. O conjunto arquitectónico situado na encosta Oeste, separado do anterior por um corredor com cerca de 5 m de largura, apresenta uma planta quadrangular com cerca de 20 m x 24 m; o seu interior é substancialmente distinto do edifício do topo, apresentando três grandes tramos construtivos, com várias subdivisões, paralelos à encosta e escalonados ao longo desta. No extremo Norte deste conjunto, já na encosta Norte, situa-se a zona das cisternas. Estas destacam-se pelo seu soberbo estado de conservação, até ao arranque das abóbadas; são pelo menos quatro tanques, dois dos quais visíveis integralmente, interligados e revestidos a opus signinum. A inclusão deste sítio no grupo dos fortins parece-me óbvia, atendendo à robustez da construção e à localização privilegiada, em termos defensivos e estratégicos, ao controlar um vau da Ribeira do Lucefécit e estar adjacente a ricas jazidas mineiras. A dimensão e riqueza da área construída, tal como a impossibilidade de aferir a diacronia da ocupação, impõem algumas reservas e muitas cautelas quanto à sua inclusão no conjunto. Na primeira publicação foi classificado como "villa fortificada" , realçando-se a robustez da construção e o seu aspecto fortificado, no que se assemelhava com o Castelo da Lousa, reconhecendo-se, contudo, que os materiais não autorizavam uma cronologia tão recuada como para este último.


De net - levantamento arqueológico do Concelho de Alandroal


Vila de Ferreira Romana, em Capelins





sexta-feira, 22 de maio de 2015

Ermida de Nossa Senhora das Neves, em Capelins Santo Isidro o Lavrador

Ermida de Nossa Senhora das Neves, em Capelins
Santo Isidro o Lavrador 

Na Ermida de Nossa Senhora das Neves, em Capelins, existia a Imagem de Nossa Senhora das Neves (Virgem com o Menino), de madeira estofada e esculpida ao modo popular do século XVII, assim como, uma Imagem moderna da década de 1950, dedicada a Santo Isidro, Lavrador. Esta Imagem, estava num nicho aberto nesta mesma época e, decerto, oferecido pelos lavradores e pelo povo de Capelins, porque, Santo Isidro é o protetor dos lavradores e dos trabalhadores do campo, conforme podemos confirmar na história seguinte:

"Santo Isidro (Isidoro) nasceu em Madrid em 1070, filho de pais camponeses e muito pobres. A Isidro não foi permitido a frequência da escola, devido à extrema pobreza teve de começar a trabalhar no campo desde muito novo.
Foi a Igreja que substituiu a falta de livros, na ansia de conhecer as verdades da fé, todos os dias assistia à missa. 
Era notória a paciência nas contrariedades, o modo afável de tratar o próximo, a prontidão em perdoar ofensas, e à fidelidade nos patrões. A pontualidade no cumprimento dos deveres, o respeito e a modéstia e antes de tudo a grande caridade para com todos, assim, Isidro trilhava o árduo caminho da santidade.
Isidro transformava em oração os trabalhos mais pesados, oferecia tudo por amor ao seu Deus e para cumprir a sua vontade.
Enquanto lavrava, com o seu arado, o coração estava sempre com Deus, era tanta intimidade que, os outros trabalhadores e os seus patrões tinham a impressão de que ele estava em êxtase. O seu olhar era iluminador e as suas palavras cheias de ternura e mansidão.
O seu patrão chamava-se João de Vagas e soube sempre ser reconhecido ao seu mais ilustre servo Isidro que, obteve do seu patrão a autorização de assistir à missa todos os dias. Levantava-se de madrugada para cumprir as suas primeiras obrigações com Deus e com o seu patrão. 
Apesar da sua grande pobreza, dava tudo o que tinha aos ainda mais pobres e, sempre com o coração cheio de alegria.
Casou-se com Maria Turibia que, em tudo se parecia com o seu santo esposo.
O único filho do casal morreu ainda criança, e logo em seguida morreu a Maria Turibia, com fama de santa.
Um dia enquanto Isidro se detinha em contemplação e oração, o seu patrão foi ao campo e testemunhou o grande prodígio de ver um anjo a lavrar a terra.
Isidro adoeceu gravemente e faleceu na data exata que predisse a sua morte para a qual se preparou com todo o zelo, vindo a falecer no dia 11 de Maio de 1130, então com 60 anos.
Foram muitos os milagres que lhe confirmaram a grande santidade, sendo por todos muito amado.
Quarenta anos após a sua morte, o seu corpo foi transferido do cemitério para a Igreja de Santo André e, mais tarde, foi colocado na Capela do Bispo, sendo canonizado em 1622 pelo Papa Paulo V."


Santo Isidro. Lavrador




sexta-feira, 15 de maio de 2015

A Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins

A Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins

A Ermida de Nossa Senhora das Neves, monumento religioso, foi construída no último decénio de 1600, sobre as ruínas da Igreja Matriz de Santa Maria, mandada construir por D. Dinis, cerca de 1314. Aqui acudiam no dia 3 de Agosto, peregrinos de toda a região, incluindo de terras de Espanha, tal era a devoção por Nossa Senhora das Neves. Por aqui ficavam a rezar e a divertirem-se durante alguns dias.

A Ermida sofreu várias intervenções ao longo dos anos, entre as quais, a que está registada na calçada do adro de 1935.

Aparentemente, não tem nada dentro, puro engano, porque, decerto tem as ossadas retiradas das sepulturas que estavam no interior da Igreja Matriz e, também, sepulturas depois da sua construção. Como sabemos, nesta época os cristãos eram sepultados/as nas Igrejas.

Assim, pelo menos, em memória das pessoas que aqui estão sepultados/as, não devia estar abandonada e, ser recuperada quanto antes. Por quem? Vamos ver! 

A Ermida de Nossa Senhora das Neves foi recuperada no ano de 2019, por testamento da Senhora Vicência Moreira de Alandroal, mas filha do Senhor Manuel do Monte de Ferreira.


Ermida de Nossa Senhora das Neves - Capelins



quinta-feira, 14 de maio de 2015

Marcos geodésicos de Capelins - Guaritas

Os Marcos geodésicos de Capelins

Existem vários marcos geodésicos na Freguesia de Capelins, aos quais, hoje não temos acesso fácil, porque alguns proprietários das terras não respeitam a legislação vigente, sobre o livre acesso a estas estruturas militares e encerram a sua área de iimplementação com redes e arame farpado.

Uma condição imprescindível aos marcos geodésicos é manterem-se acessíveis, porque, os donos dos terrenos circundantes não podem vedar-lhes os acessos.

Os marcos geodésicos, são propriedade do Estado, nunca Propriedade privada.

Assim:


«O proprietário do terreno onde se encontra o marco geodésico, pode vedar o terreno, desde que exista autorização por parte do Instituto Geográfico e Cadastral nos termos do artigo 23º do Decreto-Lei nº 143/82 de 26 de Abril.»
O que o artigo 23º do Decreto Lei 143/82 diz é o seguinte:
«Nenhum projeto de obras ou plano de arborização, dentro da zona de respeito (*), deve ser iniciado sem prévia autorização do Instituto Geográfico e Cadastral.»
(*) A zona de respeito do marco geodésico é uma zona circunjacente ao marco geodésico,num raio nunca inferior a 15 metros.


"O marco geodésico é propriedade do Estado, tem que estar acessível a todos os cidadãos"

Se eventualmente quisermos fazer a caminhada da "rota dos marcos geodésicos de Capelins", não podemos, mas a Câmara Municipal de Alandroal pode resolver a situação.

Assim esperamos!  

Marco geodésico do Terraço 












domingo, 10 de maio de 2015

Cruzeiros ou Alminhas, de Capelins

Cruzeiros ou Alminhas de Capelins

Nas imediações da Igreja de Santo António de Capelins, existem atualmente, quatro cruzeiros ou Alminhas que, além de outras funções religiosas se destinavam a marcar o itinerário das procissões promovidas pelas seis Irmandades que existiam nos anos de 1700: Santo António, Senhora do Rosário, Senhora das Neves, Almas Santas, S. Bento, Senhor Jesus. 
Estes monumentos religiosos estão envolvidos em mistérios e cada um tem a sua história.

"O aparecimento do Cruzeiro remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Procurou-se cristianizar todos os sítios e monumentos pagãos. A cruz era o símbolo usado para levar a cabo o processo de cristianização.
Os Cruzeiros surgem ligados à cruz dos cristãos. São símbolos da crença de um povo, marcos apontados à fé dos caminheiros e de todos aqueles que os veneram, marcando a fé dos que os erigiram como promessa.
São padrões “ por excelência da cristandade. Em terra cristã é símbolo de crença e elemento falante na paisagem humanizada. Vai do interior de povoações, por estradas amplas e caminhos rústicos. Reduzem-se à maior simplicidade de, ou a aprimoram feição artística, de granito rude, ao mármore fino, imagem de Cristo pintada ou esculpida, em alto relevo ou em pleno corpo; ou com figuras complementares”.
Com a Contra Reforma valorizou-se ainda mais a existência do purgatório, assim como o uso de indulgências para redimir a pena por pecados cometidos. Isto originou a que fossem edificados muitos Cruzeiros para obterem em vida alguns méritos para o momento da morte.
Os Cruzeiros têm aquela rara e única beleza que a alma lhes dá e os olhos não conseguem vislumbrar e que só a fé faz ver.
Estão colocados nas bermas dos caminhos, nas praças, no alto dos montes, perto das povoações ou isoladas. São mais ou menos monumentais, com primores de pendor artístico uns, outros lisos.
Os Cruzeiros representam o espírito popular da devoção religiosa. Contudo, nem sempre esta causa foi determinante para a sua construção, pois muitos serviram para marcar acontecimentos de pendores variados e para proteger contra influências maléficas e feitiçarias os caminhos, as encruzilhadas e os largos das aldeias.
Por trás de cada Cruzeiro existe uma história relacionada com uma situação triste ou dramática, assim como uma profunda devoção.
Os Cruzeiros têm sempre uma relação directa com os mortos.
“ Nas encruzilhadas das incertezas, por onde um parte e por onde outro vem, está o cruzeiro de pedra, como testemunho das mais íntimas ânsias”
No local onde se cometeu um pecado, onde se adorou um ídolo pagão, onde aconteceu uma tragédia, uma violação, um assalto, edifica-se um cruzeiro.
Marcam, pois, locais de acontecimentos individuais ou públicos, quer históricos, quer religiosos.
Os Cruzeiros que se encontram nos adros das igrejas tinham e têm como fim santificar esses espaços. Para esta santificação são determinantes as procissões que percorrem o perímetro da igreja e dão a volta ao redor do Cruzeiro. 
Os que se localizam nas encruzilhadas tinham como função cristianizar um local entendido como maléfico pelo povo, pois aí realizavam-se rituais pagãos que remontavam ao culto dos Lares Viais.
Os Cruzeiros sagram locais, dominam e protegem os campos. Recordam epidemias, assinalam momentos históricos, pedem orações e sufrágios e servem de padrões paroquiais nos adros das igrejas e capelas.
Constituem ótimos elementos para o estudo das crenças, dos costumes, qualidades e tendências artísticas do povo, nas várias épocas da sua história.
O Cruzeiro é uma forma de oração, um convite à reflexão, como um catecismo de pedra que nos introduz nos permanentes mistérios que movem filósofos, artistas e poetas: o enigma da origem da vida, a morte e o mundo.
Cada Cruzeiro tem uma história muito particular que, em muitos casos, deveria ser incluída nos conjuntos paroquiais. 
“ O cruzeiro é inseparável da paróquia dos vivos e da paróquia dos mortos”.
"consulta sites internet" 

Cruzeiro de Capelins







terça-feira, 5 de maio de 2015

Segredos da Vila de Ferreira - Terras de Capelins

Segredos da Vila de Ferreira - Terras de Capelins 

Sabemos que, até à presente data já existiram nesta região de Capelins três localidades com a toponímia Ferreira (a Vila Romana de Ferreira, a ex-Villa de Ferreira e a atual Aldeia de Ferreira). Decerto, existem segredos sobre a Vila Romana, difíceis de desvendar, não só, pela distância no tempo, mas também porque nunca foi devidamente estudada. Porém, a investigação que temos feito sobre os segredos de Capelins, conduzem-nos aos tempos da ex-Vila de Ferreira, aos séculos XV, XVI e XVII, ou seja, aos tempos da Inquisição. 
Não se encontram processos de denuncia ou acusação de heresia relativas a pessoas aqui residentes ou de foragidos, mas foram encontrados muitos esqueletos humanos em diversos locais, (Defesa de Ferreira, Herdade da Negra e outros), com indícios de terem sido assassinados e por ali sepultados, talvez pelos caçadores ao serviço da Inquisição. Parece que, é esta a base dos segredos de Capelins, quem, como, quantas pessoas aqui foram assassinadas sem qualquer hipótese de defesa.
Foi assim a Inquisição:

Foi pedida inicialmente por D. Manuel I de Portugal, para cumprir o acordo de casamento com Maria de Aragão. A 17 de dezembro de 1531 Clemente VII pela bulaCum ad nihil magis a instituiu em Portugal, mas um ano depois anulou a decisão. Em1533 concedeu a primeira bula de perdão aos cristãos-novos portugueses. D. João III, filho da mesma Dª Maria, renovou o pedido e encontrou ouvidos favoráveis no novo Papa, Paulo III que cedeu, em parte por pressão de Carlos V de Habsburgo.
Em 23 de maio de 1536, por outra bula em tudo semelhante à primeira, foi instituída a Inquisição em Portugal. Sua primeira sede foi Évora, onde se achava a corte. Tal como nos demais reinos ibéricos, tornou-se um tribunal ao serviço da Coroa.
A bula Cum ad nihil magis foi publicada em Évora, onde então residia a Corte, em 22 de outubro de 1536. Toda a população foi convidada a denunciar os casos de heresia de que tivesse conhecimento. No ano seguinte, o monarca voltou para Lisboa e com ele o novo Tribunal. O primeiro livro de denúncias tomadas na Inquisição, iniciado em Évora, foi continuado em Lisboa, a partir de Janeiro de 1537. Em 1539 o cardeal D. Henrique, irmão de D. João III de Portugal e depois ele próprio rei, tornou-se inquisidor geral do reino.
Até 1541, data em que foram criados os tribunais de CoimbraPortoLamego,Tomar e Évora, existia apenas a Inquisição portuguesa que funcionava junto à Corte em Lisboa. As Habilitações de Familiares para o Santo Ofício eram feitas para a Inquisição de Coimbra (Entre Douro e Minho, Trás os Montes e Alto Douro e Beiras), a Inquisição de Lisboa (Estremadura, Ribatejo, Ilhas e Ocidente), a Inquisição de Évora (Alentejo e Algarve) e, mais tarde, também para a Inquisição de Goa (Oriente). Em 1543-1545 a Inquisição de Évora efectuou diversas visitações à sua área jurisdicional. Mas em 1544, o Papa mandou suspender a execução de sentenças da Inquisição portuguesa e o autos-de-fésofreram uma interrupção.
Foram, então, redigidas as primeiras instruções para o seu funcionamento, assinadas pelo cardeal D. Henrique, e datadas de Évora, a 5 de Setembro. O primeiro regimento só seria dado em 1552. Em 1613, 1640 e 1774, seriam ordenados novos regimentos por D. Pedro de Castilho, D. Francisco de Castro e pelo Cardeal da Cunha, respectivamente.
Segundo o regimento de 1552 deviam ser logo registadas em livro as nomeações, as denúncias, as confissões, as reconciliações, a receita e despesa, as visitas e as provisões enviadas "para fora". A natureza dos documentos dos tribunais de distrito é idêntica, visto que a sua produção era determinada pelos regimentos e pelas ordens recebidas do inquisidor-geral ou do Conselho e obedecia a formulários.
Ao mesmo tempo, diz o livro «D. João III» de Paulo Drumond Braga, página 136, o pontífice emanou sucessivos perdões gerais aos cristãos novos em 1546 e 1547. Em 1547 Paulo III autorizou que o Tribunal português passasse a ter características idênticas aos tribunais de Castela: sigilo no processo e inquisidores gerais designados pelo Rei. No mesmo ano saiu o primeiro rol de livros proibidos e deixaram de funcionar os Tribunais de Coimbra (restaurado em 1565), Porto,Lamego e Tomar.
Em 1552 o Santo Ofício recebeu seu primeiro Regimento, que só seria substituído em 1613. Em 1545 Damião de Góis tinha sido denunciado como luterano. Em 1548 Fernão de Pina, guarda-mor da Torre do Tombo e cronista geral do reino, sofreu idêntica acusação.
No Arquivo da Torre do Tombo encontra-se abundante documentação: D. Diogo da Silva, primeiro inquisidor-mor, nomeou um conselho para o coadjuvar, composto por quatro membros. Este Conselho,do Santo Ofício de 1536 foi a pré-figuração do Conselho Geral do Santo Ofício criado pelo cardeal D. Henrique em 1569 e que teve regimento em 1570. Entre as suas competências, saliente-se: a visita aos tribunais dos distritos inquisitoriais para verificar a atuação dos inquisidores, promotores e funcionários subalternos, o cumprimento das ordens, a situação dos cárceres. Competia-lhe a apreciação e despacho às diligências dos habilitandos a ministros e familiares do Santo Ofício, julgar a apelação das sentenças proferidas pelos tribunais de distrito, a concessão de perdão e a comutação de penas, a censura literária para impedir que entrassem no país livros heréticos; a publicação de índices expurgatórios; as licenças para impressão.
A Inquisição foi extinta gradualmente ao longo do século XVIII, embora só em 1821 se dê a extinção formal em Portugal numa sessão das Cortes Gerais. Porém, para alguns estudiosos, a essência da Inquisição original, permaneceu na Igreja Católica através de uma nova congregação: A Congregação para a Doutrina da Fé.
Baseado Wikipédia  

1ª Villa de Ferreira - Romana 
Foto: DGPC




Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

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