domingo, 10 de maio de 2015

Cruzeiros ou Alminhas, de Capelins

Cruzeiros ou Alminhas de Capelins

Nas imediações da Igreja de Santo António de Capelins, existem atualmente, quatro cruzeiros ou Alminhas que, além de outras funções religiosas se destinavam a marcar o itinerário das procissões promovidas pelas seis Irmandades que existiam nos anos de 1700: Santo António, Senhora do Rosário, Senhora das Neves, Almas Santas, S. Bento, Senhor Jesus. 
Estes monumentos religiosos estão envolvidos em mistérios e cada um tem a sua história.

"O aparecimento do Cruzeiro remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Procurou-se cristianizar todos os sítios e monumentos pagãos. A cruz era o símbolo usado para levar a cabo o processo de cristianização.
Os Cruzeiros surgem ligados à cruz dos cristãos. São símbolos da crença de um povo, marcos apontados à fé dos caminheiros e de todos aqueles que os veneram, marcando a fé dos que os erigiram como promessa.
São padrões “ por excelência da cristandade. Em terra cristã é símbolo de crença e elemento falante na paisagem humanizada. Vai do interior de povoações, por estradas amplas e caminhos rústicos. Reduzem-se à maior simplicidade de, ou a aprimoram feição artística, de granito rude, ao mármore fino, imagem de Cristo pintada ou esculpida, em alto relevo ou em pleno corpo; ou com figuras complementares”.
Com a Contra Reforma valorizou-se ainda mais a existência do purgatório, assim como o uso de indulgências para redimir a pena por pecados cometidos. Isto originou a que fossem edificados muitos Cruzeiros para obterem em vida alguns méritos para o momento da morte.
Os Cruzeiros têm aquela rara e única beleza que a alma lhes dá e os olhos não conseguem vislumbrar e que só a fé faz ver.
Estão colocados nas bermas dos caminhos, nas praças, no alto dos montes, perto das povoações ou isoladas. São mais ou menos monumentais, com primores de pendor artístico uns, outros lisos.
Os Cruzeiros representam o espírito popular da devoção religiosa. Contudo, nem sempre esta causa foi determinante para a sua construção, pois muitos serviram para marcar acontecimentos de pendores variados e para proteger contra influências maléficas e feitiçarias os caminhos, as encruzilhadas e os largos das aldeias.
Por trás de cada Cruzeiro existe uma história relacionada com uma situação triste ou dramática, assim como uma profunda devoção.
Os Cruzeiros têm sempre uma relação directa com os mortos.
“ Nas encruzilhadas das incertezas, por onde um parte e por onde outro vem, está o cruzeiro de pedra, como testemunho das mais íntimas ânsias”
No local onde se cometeu um pecado, onde se adorou um ídolo pagão, onde aconteceu uma tragédia, uma violação, um assalto, edifica-se um cruzeiro.
Marcam, pois, locais de acontecimentos individuais ou públicos, quer históricos, quer religiosos.
Os Cruzeiros que se encontram nos adros das igrejas tinham e têm como fim santificar esses espaços. Para esta santificação são determinantes as procissões que percorrem o perímetro da igreja e dão a volta ao redor do Cruzeiro. 
Os que se localizam nas encruzilhadas tinham como função cristianizar um local entendido como maléfico pelo povo, pois aí realizavam-se rituais pagãos que remontavam ao culto dos Lares Viais.
Os Cruzeiros sagram locais, dominam e protegem os campos. Recordam epidemias, assinalam momentos históricos, pedem orações e sufrágios e servem de padrões paroquiais nos adros das igrejas e capelas.
Constituem ótimos elementos para o estudo das crenças, dos costumes, qualidades e tendências artísticas do povo, nas várias épocas da sua história.
O Cruzeiro é uma forma de oração, um convite à reflexão, como um catecismo de pedra que nos introduz nos permanentes mistérios que movem filósofos, artistas e poetas: o enigma da origem da vida, a morte e o mundo.
Cada Cruzeiro tem uma história muito particular que, em muitos casos, deveria ser incluída nos conjuntos paroquiais. 
“ O cruzeiro é inseparável da paróquia dos vivos e da paróquia dos mortos”.
"consulta sites internet" 

Cruzeiro de Capelins







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