sábado, 16 de dezembro de 2017

Resenha histórica de Capelins Os tempos da Reforma Agrária 1975

Resenha histórica de Capelins 

Os tempos da Reforma Agrária 1975 

Portaria 579/75

de 24 de Setembro
Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro da Agricultura e Pescas, sob proposta do Conselho Regional de Reforma Agrária do Distrito de Évora e nos termos dos artigos 1.º e 8.º do Decreto-Lei 406-A/75, de 29 de Julho, expropriar os prédios rústicos abaixo discriminados:
13) Herdade da Defesa da Bobadela de Cima:
Matriz cadastral: artigo 2, secção B, do concelho de Alandroal, freguesia de Capelins (Santo António), com 667 ha, propriedade de Luís Dias Coutinho.
14) Herdade da Defesa de Ferreira:
Matriz cadastral: artigo 1, secção F, do concelho de Alandroal, freguesia de Capelins, com 514,7250 ha, propriedade de Luís Dias Coutinho.
20) Herdade dos Caldeirões:
Matriz cadastral: artigo 1, secção A1-A2, do concelho de Alandroal, freguesia de Capelins, com 2074,6250 ha, propriedade de Sociedade Agrícola do Roncanito, S. A.
R. L.
21) Courela Colmeal do Marocos:
Matriz cadastral: artigo 10, secção A, do concelho de Alandroal, freguesia de Capelins, com 0,05 ha, propriedade de Sociedade Agrícola do Roncanito, S. A. R. L.
22) Courela do Colmeal dos Caldeirões:
Matriz cadastral: artigo 8, secção A, do concelho de Alandroal, freguesia de Capelins, com 0,0750 ha, propriedade de Sociedade Agrícola do Roncanito, S. A. R. L.
23) Herdade do Azinhal Redondo:
Matriz cadastral: artigo 41, secção C, do concelho de Alandroal, freguesia de Capelins (Santo António), com 179,4250 ha, propriedade de Sociedade Agrícola do Roncanito, S. A. R. L.
24) Herdade do Monte Novo:
Matriz cadastral: artigo 40, secção C, do concelho de Alandroal, freguesia de Capelins, (Santo António), com 269,80 ha, propriedade de Sociedade Agrícola do Roncanito, S.
A. R. L.
25) Herdade da Defesa da Bobadela:
Matriz cadastral: artigo 1, secção B-B1, do concelho de Alandroal, freguesia de Capelins (Santo António), com 854,70 ha, propriedade de Carvalho J. Martins, Lda.
Ministério da Agricultura e Pescas, 5 de Setembro de 1975. - O Ministro da Agricultura e Pescas, Fernando Oliveira Baptista.

Nos termos dos artigos 1.º e 8.º do Decreto-Lei 406-A/75, de 29 de Julho, expropriar os prédios rústicos abaixo discriminados, propriedades de:


87 - Defesa da Pedra Alçada. - Situado na freguesia de Santo António de Capelins, concelho de Alandroal, matriz cadastral 3-EE1, com a área de 680,4900 ha (115613,6 pontos).
88 - Defesinha. - Situado na freguesia de Santo António de Capelins, concelho de Alandroal, matriz cadastral 1-F, com a área de 466,0250 ha (31166,2 pontos).
De acordo com o n.º 1 do artigo 15.º do referido diploma, são declarados ineficazes todos os actos praticados desde 25 de Abril de 1974 que, por qualquer forma, tenham implicado diminuição da área do conjunto de prédios rústicos de cada proprietário.
Ministério da Agricultura e Pescas, 1 de Junho de 1976. - O Ministro da Agricultura e Pescas, António Poppe Lopes Cardoso.


Ex.mo Sr. Chefe do Gabinete do Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro:
Em resposta ao ofício n.° 3421, de 13 de Dezembro de 1978, do ex-Gabinete do Ministro sem Pasta, remeto a V. Ex.ª os elementos pedidos pelo Deputado José Carvalho Cardoso.
Com os melhores cumprimentos.
15 de Abril de 1978.— Pelo Chefe do Gabinete, (Assinatura ilegível).
ANEXO 1
Lista de unidades colectivas de produção Distrito de Évora:
I — Concelho de Alandroal:
1 — Cooperativa Agrícola Defesa da Bobadela:
Área: 1552,30 ha.
Herdade Defesa da Bobadela.
2 — Cooperativa Agrícola das Defesas:
Área: 1998,90 ha.
Herdade da Defesa da Pedra Alçada
3 — Cooperativa Agrícola do Infantado:
Área: 758,05 ha.
Herdade da Defesa de Cima.
4 — Unidade Colectiva de Produção de Santa Clara:
Área: 1211,30 ha. Herdade da Chamorreira.
5 — Cooperativa Agrícola de Santa Luzia:
Área: 1236,40 ha. Herdade de Santa Luzia.
6 — Unidade Colectiva de Produção de Santo Amaro:
Área: 1105,70 ha. Monte de Santo Amaro.
7 — Unidade Colectiva de Produção Cooperativa
Agrícola de Santo Isidro:
Área: 1117,60 ha.
Herdade de Defesa de Ferreira.
8 — Cooperativa Agrícola 11 de Março:
Área: 2098,20 ha. Herdade da Misericórdia.
9 — Unidade Colectiva de Produção Vasco Gonçalves:
Área: 1865 ha.
10—Comissão de Trabalhadores Herdade do Roncanito — Capelins. 




quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O Concelho de Ferreira (Capelins)

O Concelho de Ferreira (Capelins) 
Continuamos a descrever a história do Concelho de Ferreira (Capelins), neste caso, o seu fim para sempre: 
"Foi pouco duradoura esta organização; porquanto em 1836 pôla completamente de parte a comissão nomeada em portaria de 29 Setembro para redação d'um novo projecto de divisão administrativa, a qual, tomando por base os trabalhos enviados pelas juntas geraes dos districtos, apresentou o seu relatório e projecto a 3 de Novembro, e em consequência, saiu o decreto de 6 de Novembro, mandando pôr em execução, ainda a título de ensaio, a nova circunscripção administrativa.
Por esta circunscripção estabeleceram-se no Alentejo três districtos administrativos, com as sedes nas mesmas terras em que se tinham collocado outrora as divisões eleitoraes, e por elles se distribuiram todos os Concelhos das 8 antigas comarcas, (...).
Vejamos agora como ficaram constituídos os três districtos administrativos do Alentejo:
(...)
Da comarca d' Elvas: Mourão, conservado; FERREIRA DE CAPELLINS e Terena, extinctos! 
E, assim, pelo decreto de 6 de Novembro de 1836, chegou ao fim o Concelho de Ferreira (Capelins) que pertencia à comarca de Elvas". 










quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O Concelho de Ferreira (Capelins)

O Concelho de Ferreira (Capelins) 
Continuamos a descrever a história do Concelho de Ferreira (Capelins), assim: 
"Como dissemos, o mapa de 1822, teve unicamente applicação aos actos eleitoraes, continuando a subsistir no paíz a mesma circunscripção administrativa para os efeitos civis e judiciais. 
Com a mudança porém do systema politico em 1834, tornou-se extensiva a todo o Reino a nova circunscripção, pelo systema francez das prefeituras, decretadas nos Açores a 16 de Maio de 1832 e completadas mais tarde no Porto pelo decreto de 28 de Junho de 1833.
Por este último decreto estabelecia-se a capital da Provincia em Évora, sede portanto da prefeitura do Alentejo, à qual ficavam pertencendo 5 comarcas, a saber: Évora (prefeitura), Estremoz, Elvas, Portalegre e Setúbal (sub-prefeituras), (...).
Vejamos quais os Concelhos que entravam na demarcação de cada uma d'estas comarcas:
(...)
Comarca d' Elvas - 11 Concelhos: Alandroal, Borba, Elvas, FERREIRA DE CAPELLINS, Jerumenha, Monsaraz, Mourão, Terena, Villa-boim, Villa Fernando e Villa Viçosa.
Assim, mais uma vez podemos verificar que, após a alteração do número de Concelhos constituintes de algumas comarcas, nos termos do decreto de 28 de Junho de 1833, o Concelho de FERREIRA (CAPELINS) continuou integrado na comarca de Elvas".

Continua... 







terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Concelho de Ferreira (Capelins) 
Encontramos diversos documentos que atestam ter sido Ferreira (Capelins) um Concelho da Comarca de Elvas, entre os quais o que em parte passamos a transcrever:
"Votada a Constituição de 1821, prepararam-se as cousas para se proceder à eleição de deputados em 1822, repartindo-se então para esse effeito o Continente do Reino e Ilhas em 26 divisões eleitorares.
Junto ao decreto de 11 de Julho de 1822 saiu um mapa geral d' esta repartição que devia servir provisoriamente para os actos eleitoraes, e d' elle se vê que a Provincia do Alentejo era repartida em 3 divisões, centralizando-se as últimas operações do escrutínio em Évora, Beja e Portalegre.
Este mappa satisfaz a diversos quesitos, respetivamente a todos os concelhos do Reino, fazendo a distribuição d' estes pelas 3 divisões eleitoraes, e dando-nos o ensejo de conhecer os fogos e habitantes que em cada um d' elles havia no anno de 1821.
Vamos aproveitar estes elementos para constituir a estatística da população das Comarcas n' este tempo, em que se manifestam já os prenuncios da sua remodelação nos actuais districtos administrativos.
(...) Comarca d' Elvas - 7 Concelhos: Elvas, Campo-maior, Mourão, Terena, Barbacena, FERREIRA DE CAPELLINS e Ouguela com 7.040 fogos e 26.761 habitantes.
(...) Confrontando este agrupamento de Concelhos com a constituição das Comarcas de 1739, encontramos augmentada a comarca d' Évora... (...) Da d' Elvas desappareceu Olivença, entrando na lista dos Concelhos o de FERREIRA DE CAPELLINS, creado de nôvo."
Assim, parece-nos que, em 1739, o Concelho de Ferreira (Capelins) teria sido extinto, ou pelo menos nessa data não constava como Concelho, voltando a ser Concelho da Comarca de Elvas em 11 de Julho de 1822.

Continua... 




















segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A Freguesia de Capelins a caminho do Concelho de Monsaraz - 1840

A mudança do Concelho de Monsaraz para Reguengos, envolveu a Freguesia de Santo António de Capelins em 1840
À Comissão de Administração foi presente o requerimento dos habitantes da Villa de Monsarás, os quaes se queixam, de que a Sede daquelle Municipio, fosse mudada para aldêa de Reguengos, hoje Villa Nova do mesmo nome: os Peticionarios depois de alegarem a injustiça, que se lhes fizera com aquella mudança, não sendo para ella ouvidos, e a incommodo que lhe resulta, pedem, que o antigo Concelho de Monsarás, e hoje de Reguengos, seja dividido pela Ribeira do Álamo, que na estação invernosa, véda em muitas occasiões a communicação entre os dous pontos, e que á parte que ficar pertencendo a Monsarás, se junte a Freguezia de Santo Antonio de Capellins, em outro tempo pertencente ao Concelho de Terena, e hoje ao Alandroal pela extincção daquelle, o que seria de muita commodidade para os habitantes da dita Freguezia, por distarem tres legoas do Alandroal, e uma de Monsarás; pedem, que igualmente as antigas rendas do Municipio sejam divididas entre os dous Concelhos, e allegam o injusto vexame que sem isso terão de soffrer pelas inmoderadas despezas, que forçosamente se hão de fazer, e se estão fazendo em Reguengos para a edificação necessaria, aonde não ha um só estabelecimento para as funcções Municipaes, em quanto que os edificios publicos de Monsarás se estão demolindo, recaindo mesmo as fintas e impostos Municipaes em consequencia desta, e outras despezas, em virtude das quaes aquelle rico Concelho se acha hoje empenhado. Os Peticionarios além de outras muitas razões, que allegam em favor da sua pertenção, offerecem á consideração desta Camara a commodidade dos povos, pois que a maior e mais rica povoação, se acha mais proxima á antiga Villa de Monsarás do que a Reguengos e situada além da Ribeira do Álamo por onde pertendem a divisão; depois a utilidade politica da conservação da Villa de Monsarás com suas Authoridades, pois que sendo aquella Villa fronteira ao Reino de Hespanha, e collocada a menos de meia legoa delle, as conveniencias politicas exigem que alli se conserve sempre uma boa povoação, que em qualquer tempo coadjuve aquelle ponto de defeza, que entrou sempre no systema das Praças fronteiras daquelle Reino; e que além disso a remoção das authoridades para a Villa de Reguengos, deixa o Paiz aberto aos contrabandos, com grave prejuizo da Agricultura, e Industria Nacional; pedem igualmente, que lhes sejam restituidas a Santa Efígie de Nossa Senhora da Conceição, e de Sua Magestade a Rainha D. Maria II, e Duque de Bragança, e bem assim o Estandarte da Camara, e o sino da mesma, o que tudo lhes fôra tirado. A Commissão ponderando as graves razões allegadas por aquelles povos, não sendo de menos peso as grandes dissenções, e acalorada animosidade que se tem estabelecido entre as duas povoações, com grave detrimento da ordem publica, encontra motivos bem fortes para deferir favoravelmente á sua pertenção, e principalmente porque entende, que na divisão territorial se deve inteiramente attender á commodidade dos povos, mas para não preterir alguma diligencia que a possa esclarecer, e de parecer, que se remetta ao Governo a Petição para este mandar ouvir pelo Administrador Geral d'Evora, a Junta de Parochia das Freguezias da. Villa de Monsarás, e aquellas que ficam além da Ribeira do Álamo, por onde se pertende a divisão, e a de Santo Antonio de Capellins, que se pertende annexar, sendo suas respostas remettidas com urgencia a esta Camara, com a do Administrador Geral, sobre cada um dos factos allegados pelos Peticionarios, a fim de que a Commissão possa dar o seu parecer definitivamente. Sala da Commissão, em 2 de Julho de 1840. = Conde de Linhares, Presidente = Barão de Renduffe = Fernando Pinto do Rego Cêa Trigueiros = Francisco Tavares de Almeida Proença = Manoel Gonçalves de Miranda = José Teixeira d'Aguilar, Secretario = Felix Pereira de Magalhães.
Concluida a leitura, disse
O Sr. Vellez Caldeira; — A mente da Commissão é certamente esclarecer-se com estas inibi mações, mas esclarecimentos a respeito dos Supplicantes tem ella nesse pedido; eu não me opponho a que se requisitem, mas é de justiça ouvir tambem os Supplicados, porque esses não se devem privar da audiencia: em consequencia peço, que seja tambem ouvida a Camara Municipal do Reguengo, e as Authoridades Administrativas desse Concelho.
O Sr. Barão de Renduffe: —...
O Sr. Barão da Ribeira de Sabrosa: — Eu tenho pedido a palavra para fazer um requerimento como acaba de fazer o Sr. Vellez Caldeira; e peço licença para unir os meus votos aos seus. Monsaraz é um rochedo descarnado; está fundada a sua população na Lua; é mui pequeno, e decresce continuamente; não é um ponto de defensa no systema de guerra; suas communicações são poucas em consequencia de sua posição. Por tanto desejo que se Ouça a Camara da Villa do Reguengo a par da de Monsaraz; pois é isto o que a justiça pede.
O Sr. Barão de Renduffe: ----.
O Sr. Lopes Rocha: — Queria dizer que se devia observar a Lei. O Codigo Administrativo no Artigo 253 manda que as Juntas Geraes de Districto informem sobre o melhoramento das divisões dos mesmos Districtos; por tanto pedindo-se estas informações é muito regular que se exijam das authoridades a quem a Lei incumbiu taes diligencias, e a Junta Geral do Districto, se lhe parecer conveniente, que mande ouvir os Supplicantes, os Supplicados, os Administradores dos Concelhos. 




Segredos de Capelins - Judaísmo

Segredos de Capelins - práticas de judaísmo
Parece que, a maioria dos segredos de Capelins estão relacionados com o Marranismo (práticas de judaísmo pelos judeus falsos cristãos), que tudo faziam para enganar os vizinhos! Sabiam todas as orações cristãs e comportavam-se como verdadeiros cristãos, mas na realidade continuavam fiéis ao judaísmo que praticavam em lugares afastados da vizinhança, porque não podia ser na intimidade de suas casas com receio de serem ouvidos e denunciados à Santa Inquisição! 

No concelho de Terena foram presos, torturados e, pior do que isso, queimados vivos, alguns cristãos novos acusados de marranos, como o caso seguinte:
No Auto de Fé de 2 de Agosto de 1551 foi queimado vivo pela Inquisição de Évora, Lourenço Luís, trabalhador, viúvo de Apolónia Maria, natural de Felgueiras e morador na freguesia de S. Tiago, termo da vila de Terena (distrito de Évora), acusado de ser culpado por reincidências de curas e bênçãos supersticiosas. 
(Foi acusado de bruxo, mas parece que era judeu)!

Através deste registo, podemos constatar que, Santiago Maior, então do Concelho de Terena, já existia no ano de 1551. 




quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Benzeduras de Capelins

As benzeduras para todos os males em Capelins

Antigamente, devido à falta de conhecimentos que justificassem alguns factos ou doenças, o povo das terras de Capelins atribuía as suas causas a fenómenos sobrenaturais, aos quais estavam sempre associadas  as superstições! Qualquer doença física ou psicológica era vista como um mal de inveja, que tinha de ser “benzido” com a respetiva reza!
Existiam benzeduras para todos os males, desde a cabeça até aos pés!
Hoje em dia, as superstições e as orações que lhes estão associadas já não têm a força de outros tempos, mas também não estão esquecidas, sendo ainda possível ouvir das pessoas mais antigas, orações para muitas maleitas, como a que a seguir descrevemos e que se destinava a curar a espinha/coluna descaída ou desmanchada:
No caso da espinha descaída/desmanchada, o doente sentava-se no chão térreo, com as pernas bem estendidas e unidas, os dedos polegares dos pés bem juntos e os braços pendentes e descontraídos! A/o benzedeira/o ficava de pé, por trás do doente e, com as suas mãos pegava nos dedos polegares do doente, dava umas sacudidelas e via se existia dormência! Em seguida, puxava verticalmente e para cima os dois braços, até que ficassem ao alto, aproximava os dois polegares e verificava se um dos dedos ficava mais acima e o outro mais abaixo! Se os dois polegares não estavam ao mesmo nível, era sinal que o doente estava desmanchado e, quanto maior fosse a diferença na altura entre os dois dedos, mais desmanchado estava o doente! 
Nesse caso, começava a benzedura ou reza, que consistia em dizer cinco vezes o credo, sem se enganar em nenhuma palavra, fazendo cruzes nas costas do doente! Depois untava os nervos (tendões) dos dedos dos pés, das mãos e dos pulsos com azeite e, ao mesmo tempo, ia dizendo: “(nome do doente), tens tu a espinha caída, o teu ventre, o teu baço ou tombado, ou arejado, ou desmantido, ou desmanchado!
A Senhora da Encarnação ponha tudo no seu lugar e no seu são!
Pelo poder de Deus e da Virgem Maria, Padre Nosso e Avé Maria.”
A/o benzedeira/o dizia esta reza até que todos os dedos e nervos estivessem untados de azeite (a cada frase corresponde uma untadela)!
No final, a/o rezadeira/o voltava a puxar os dedos polegares do doente, levantando-lhe os braços no ar e verificava se os dois polegares já estavam ao mesmo nível!

Quando o doente já estava curado, ainda tinha de cumprir à risca as instruções da/o benzedeira/o, durante três dias não podia pegar em carregos, nem abrir caixa, nem pegar em meninos/as! Tinha de comer bem logo de manhã, carne de porco frita, as presas sempre em número impar e ingerir o molho acompanhado de copo de vinho!  
Ao fim dos três dias, estava apto/a a voltar ao trabalho! 

Ferreira de Capelins






quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A benzedura do  quebranto ou mau olhado 

Antigamente, diziam que existiam muitas feiticeiras nas terras de Capelins! O povo dizia que eram elas, movidas pelo ciúme e pela inveja que lançavam o “mau olhado”. Segundo a tradição, as vítimas deste mal tinham alterações de comportamento, ficando cismadas, tristes, sem alegria de viver e muitas vezes com ideias suicidas. Para combater este problema, os doentes tinham que recorrer a uma pessoa com poderes para benzer o quebranto. Para isso, essa pessoa fazia o seguinte: Durante sete dias, fazia uma grande fogueira, tirava as brasas maiores e colocava-as dentro de uma bacia com água, uma a uma, para, logo que apagadas, se afundassem! O mau olhado estava dominado quando as brasas ficassem a flutuar na água. Mas, só com a reza do quebranto ou mau olhado era restituída a saúde. Por isso, a mulher que benzia, enquanto ouvia a queixa do/a doente, tirava o chapéu, concentrava-se e dizia em voz alta:

De Santa Ana nasceu Maria,
De Maria nasceu Jesus, de Santa Isabel, São João,
Quebrantos e maus olhados
Para o mar coalhados vão.

As pessoas da Santíssima Trindade são três,
E assim como Elas querem e podem,
De onde este mal veio para lá torne.
Pelo poder da Virgem Maria,
Padre Nosso e Avé Maria!


Outra versão:


Jesus e Jesus, Altíssimo Nome de Jesus
A dizer palavras do quebranto
Se tu na tua cabeça
Tens quebranto ou olhado
De mau homem ou má mulher
Ou de rapaz ou de rapariga
Ou de olho de má gente,
Ou de cobra ou cobrelo ou de sapo ou sapelo
Que dois te deram e três te tiram
O Senhor e a Senhora e toda a
Pessoa da Santíssima Trindade
Donde este mal de lá veio
Assim há-de para lá tornar
Padre Nosso... Avé Maria! 

Existem outras versões!

Ferreira de Capelins


sábado, 25 de novembro de 2017

Orações e Mesinhas de Capelins

As Orações e Mesinhas Para Todos os Males - Capelins
Antigamente, nas terras de Capelins, era muito comum recorrer a rezas e benzeduras para se protegerem a si e aos seus familiares! Entre as rezas contra todos os males, doenças, maus olhados ou quebrantos, pés torcidos, colunas descaídas e outros, mas, também existia/existe uma oração para encontrar objetos perdidos ou roubados que, eram os responsos, entre os quais, o de Santo António, do qual conhecemos pelo menos 4 versões, mas o que importa é a fé, todas as versões têm o mesmo fim!
A palavra "responso" provém do latim e, significa "resposta" ou "procura de resposta"! 

A seguir, relatamos um caso passado nas terras de Capelins, onde um rapaz perdeu um utensílio, nesse tempo muito importante para ele, recorreu a um homem com poderes para responsar, o qual, alguns dias depois, lhe garantiu que o utensílio aparecia, dentro de pouco tempo, quando ele menos esperava e apareceu! 

A Fé do José Luís, de Capelins, pelo Responso de Santo António

O pai do José Luís, como habitualmente, fez um meloal na parte mais baixa da courela do Cebolal, onde semeava umas casas de melão, de melancia e alguns regos de feijão careto (feijão frade). Nesse ano, as plantas estavam muito bonitas, mas precisavam de ser cuidadas, principalmente, muito bem cavadas e, a terra bem desfeita para assentar as ramas e futuros melões e melancias e para manter a fresquidão durante o verão que se aproximava, cujo trabalho, entre outros, como tratar das ovelhas e outros animais da da casa, estava a cargo do José Luís que, já tinha quase 10 anos e, bom corpinho para trabalhar, incluindo cavar o meloal! Assim, numa tarde no início do mês de Junho de 1925, o José Luís nessa tarefa na parte do feijão careto e começou a ouvir trovões, coisa que acontecia quase diariamente nos meses de Maio e início de Junho nesses tempos, continuou o seu trabalho e, a trovoada que vinha do sul, dos lados de Espanha, estava cada vez mais próxima, mas ele não podia ir-se embora e aparecer a casa, a Capelins de Cima, sem uma boa justificação, estava com medo porque a trovada era forte, mas foi ficando até começar a chover, aqui decidiu que estava na hora de fugir para casa, onde já chegaria todo molhado, mas não se importava com isso, depois com o calor do próprio corpo, a pouca roupa, logo enxugava, mas ao mesmo tempo que estava a a fuga, o chão  tremeu debaixo dos seus pés devido a um forte trovão e ele parou imediatamente, apanhou grande susto, depois lembrou-se que os mais velhos lhe diziam-lhe que nunca tivesse contacto com um objeto de metal debaixo se uma trovoada, porque os raios atraiam ao metal e, podia morrer, como tinha o sacho (sachola) com o qual andava a cavar o meloal às costas, arrepiou-se todo, podia ter morrido ali, então já não o foi esconder no lugar habitual, abriu rapidamente um rego no limite da terra que já tinha cavado, como sinal onde o mesm ficava enterrado, depois no dia seguinte ia direitinho a esse lugar e, continuava o trabalho no mesmo lugar onde tinha ficado! A seguir começou a correr sem parar até ao portão do lagar do Monte Grande, onde chegou a escorrer água da cabeça aos pés, abrigou-se ali, durante algum tempo, até a trovoada passar mais e permitr-lhe chegar a casa, devido à grande chuvada já não voltou ao meloal! Nos dias seguintes, todas as tardes, a partir das quatro/cinco horas, continuaram as trovoadas e, o trabalho de cavar o meloal ficou parado mais de oito dias! No dia em que teve de voltar a esse trabalho, chegou ao meloal e reparou que a terra estava toda com o mesmo aspeto, devido às grandes chuvadas não existia qualquer diferença e,  lembrou-se de começar novamente a cavar as casas de melão e melancia, o feijão careto, que ele nem gostava, podia esperar, dirigiu-se ao lugar onde habitualmente escondia o sacho, atrás do poço no meio de uma moita de funcho, mas não havia sinais dele e, pensou logo, foi roubado! Depois de procurar em todos os lugares, em redor não o encontrou, ficou preocupado, porque um dia tinha de prestar contas sobre o seu desaparecimento, podia sempre dizer que tinha ficado no sítio habitual e foi roubado, mas não se livrava do peso na consciência!  sem sacho, teve de voltar a Capelins de Cima   buscar outro, mas não deixava de pensar o que teria acontecido e não lhe veio à ideia o episódio do dia da trovoada! 
Depois de muito pensar, lembrou-se de o mandar responsar, porque ouvia dizer que o ti Manoel da Roza sabia uma oração e se a rezasse antes de se deitar de noite sonhava com o que tinha acontecido ao objeto perdido ou roubado! Como isso não lhe saía da cabeça, dois/três dias depois, espreitou o Ti Manoel da Roza, que era seu tio avô e fez por se encontrar com ele, meteu conversa sem nexo, até lhe perguntar se era verdade que ele sonhava com as coisas que desapareciam? O ti Manoel disse-lhe que sim, era verdade! Então porquê? Perdeste alguma coisa? Perguntou o ti Manoel! O José Luís disse-lhe que sim e contou-lhe sobre o que tinha desaparecido! O ti Manoel disse-lhe que, dentro de dois ou três dias dava-lhe a resposta, onde estava o sacho e se aparecia, ou não! O José Luís todos os dias aparecia à frente do ti Manoel na esperança de já ter a resposta, mas só no fim do tempo prometido ele lhe garantiu que o sacho aparecia e, não demorava muito tempo! O  José Luis ficou muito contente, esperando encontrar o sacho a todo o momento, mas o tempo foi passando, acabando por se esquecer! Um dia, andava a cavar o feijão careto e sentiu o sacho a prender e ao puxar com mais força, ficou com o sacho perdido junto dos seus pés!
A partir daquele dia, ficou com muita fé no responso de Santo António  e, convencido que tudo o que se perdesse ou fosse roubado, ao ser responsado a santo António, decerto aparecia! 



Uma das versões do responso de Santo António 
(Não é a das terras de Capelins)

- Ó Beato Santo António que em Lisboa foste nado,
Em França visitado e em Roma coroado,

Pelo cordãozinho que cingiste, pelo livrinho que rezaste.

Na casa de Santa Paula tuas mãozinhas lavaste.

Peixinhos da água se levantaram
Para ouvirem a tua santa pregação.
- Santo António, p' ra onde vais?
- Eu, Senhor, convosco vou!
- Tu Comigo não irás, tu na Terra ficarás,
Todo vivo guardarás,
Todas as coisas esquecidas “alembrarás”,
Todas as coisas perdidas acharás...
- Em busca, em busca São Silvestre,
Tamanha boca, tamanho sestro:
Se a tiveres fechada não a abrirás,
Se a tiveres aberta não a fecharás.
Tem-te, tem-te Madalena, que mas queiras “alembrar”,
Estas são as Cinco Chagas que por nós têm de passar,
Pequenino pelo grande, para a todos Deus nos Salvar.
- Assim como Santo António livrou seu pai de sete sentenças falsas,
Assim nos livre da má fama, da má companhia,
E nos guarde os nossos animaizinhos e as nossas coisinhas
De noite e de dia.
Padre Nosso... Avé Maria... 




domingo, 19 de novembro de 2017

Gastronomia de Capelins - O assado de borrego

Gastronomia de Capelins 
O assado de borrego

O assado de borrego era/é um prato que fazia/faz parte da gastronomia das terras de Capelins, era/é preparado nos dias de festa, nos fornos aquecidos a lenha (atualmente já raramente)! Após a cozedura do pão, o forno ainda ficava quente e, o borralho (brasas envolvidas em cinza quente) que ficava encostado a um dos lados do forno era remexido aumentando o calor que ainda dava para assar peixe em tabuleiros de lata, assim como, borrego ou cabrito em assadeiras de barro.

Borrego ou cabrito assado no forno de lenha: 


Ingredientes:
  • 1 kg de carne de borrego ou cabrito
  • Batatas q.b.
  • 1 cebola grande
  • 4 dentes de alho
  • banha de porco q.b.
  • 2 folhas de louro
  • 1 dl de vinho branco
  • Sal (já está no tempero da carne)

    Preparação:
    1. Arranje a carne com o cuidado de lhe retirar os sebos e o bedum!
    2. Tempere a carne com sal, com os alhos picados,e regue com o vinho branco, adicione o louro e deixe a marinar de um dia para o outro!
    3. Coloque a carne numa assadeira de barro de ir ao forno de lenha e adicione 2/3 colheres de banha de porco e a cebola cortada em gomos! 
    4. Leve ao forno de lenha para assar lentamente!
    5. A meio da cozedura junte batatinhas!
    6. Vá vigiando e regando o assado com o molho do mesmo! 
    7. Conforme o aquecimento do forno, assim será o tempo de o retirar, mas, um pouco antes de duas horas!


    sábado, 18 de novembro de 2017

    História de vidas de Gentes de Capelins 1700

    História de vidas de Gentes de Capelins 1700

    A Casa do Infantado instalou-se na Vila de Ferreira (atual Freguesia de Capelins) no ano de 1698 e, por consequência, logo a seguir verificou-se grande movimento de povoadores para estas terras que, decerto começaram a ser exploradas mais intensivamente, necessitando de muita mão de obra e, também devido aos privilégios concedidos! Assim, podemos verificar nos Assentos Paroquiais da Paróquia de Santo António (Capelins), que no ano de 1717, há exatamente 300 anos, foram realizados pelo Pároco Miguel Gonçalves Gallego, 4 matrimónios na Igreja de Santo António, nas seguintes datas e nubentes:

    Dia 15 de Maio de 1717
    Domingos Gliz, solteiro, com 
    Izabel Roíz, (viúva de Manoel Nunes)
    Ele - natural da Freguesia de São João - Sabugal - Guarda
    Ela - natural da Freguesia de Santo António

    Dia 01 de Agosto de 1717
    João Dias, solteiro, com 
    Joanna de Campos, solteira 
    Ambos naturais da Freguesia de Santo António 

    Dia 17 de Julho de 1717 
    António Clemente, solteiro, com 
    Izabel Gomes, solteira
    Ele - natural de Celorico da Beira - Guarda
    Ela - natural da Freguesia de Santo António 

    Dia 04 de Outubro de 1717 
    Pedro Afonço, solteiro 
    Maria da Cruz, solteira
    Ele - natural da Freguesia de São Tiago, Monsaraz 
    Ela - natural da Freguesia de Santo António. 

    Na constituição dos quatro casais, podemos verificar que três elementos do sexo masculino eram migrantes, vindo alguns de localidades muito distantes destas terras, que por aqui ficaram e, muito contribuíram para a identidade do povo capelinense. 

    Casamentos de 1717 - 300 anos 


      



    quinta-feira, 16 de novembro de 2017

    Casamentos realizados na Igreja Paroquial de Santo António de Capelins em 1835

    Casamentos realizados na Igreja Paroquial de Santo António de Capelins em 1835 
    Após terminar a guerra civil portuguesa, de 1828 a 1834, a Casa do Infantado foi extinta e,  a Vila de Ferreira (atual Freguesia de Capelins) voltou à Coroa, foi dividida em pequenas herdades e propriedades e vendidas aos rendeiros e, a outros interessados, muitos vieram de outras localidades vizinhas, de Cheles e de outras distantes, verificando-se uma grande mudança em termos económicos e sociais na Freguesia de Capelins a partir desse ano, ainda pouco percetível no ano de 1835, talvez por isso, nesse mesmo ano foram registados apenas três casamentos, realizados na Igreja Paroquial de Santo António de Capelins, os quais passamos a descrever, datas, nubentes e Párocos: 

    Dia 22 de Julho de 1835 
    João José, solteiro, casou com 
    Antónia Maria, (viúva de Luis António)         
    Ambos naturais da Freguesia de Santo António de Capelins 
    Pároco: Frei Bernardino

    Dia  11 de Outubro de 1835 
    Salvador Gonçalves, (viúvo de Maria da Conceição), casou com 
    Justina Maria, (viúva de José Diogo que faleceu no ataque militar no Porto, na guerra civil de 1828/1834)
    Ambos naturais da Freguesia de Santo António de Capelins  
    Pároco: António Laurentino Sopa Godinho 

    Dia 25 de Outubro de 1835 
    José Joaquim Rasteiro, (viúvo de Maria Antónia), casou com 
    Francisca Ignácia, solteira 
    Parentes em 2º grau 
    Ambos naturais da Freguesia de Santo António de Capelins 
    Pároco; António Laurentino Sopa Godinho 

    Como não existe história sem a intervenção de pessoas, neste caso, apresentamos e homenageamos os capelinenses que fazem parte da história das terras de Capelins e, casaram na Igreja de Santo António de Capelins no ano de 1835, há 182 anos.

    Casamentos em 1835



    quarta-feira, 15 de novembro de 2017

    Matrimónios realizados na Igreja Paroquial de Santo António de Capelins no ano de 1817

    Matrimónios realizados na Igreja Paroquial de Santo António de Capelins no ano de 1817 
    Ao consultarmos os registos Paroquiais da Paróquia de Santo António de Capelins, podemos constatar que no ano de 1817 (há 200 anos), foram realizados na Igreja Paroquial de Santo António de Capelins seis casamentos, pelo Pároco Marcos Gomes Pouzão, cujas datas e nubentes foram os seguintes:

    Em 12 de Fevereiro de 1817:
    João Ramalho - Lavrador da herdade do Seixo, com,
    Dª Maria da Conceição (viúva do capitão Manoel Jorge) 
    Ele - natural da Freguesia de Nossa Senhora das Neves das Vidigueiras - Monsaraz 
    Ela - natural da Freguesia de Santo António de Capelins

    Em 16 de Fevereiro de 1817
    Manoel Rosado, com
    Clemencia de Jesus (Viúva de António Martins Godinho) 

    Em 4 de Maio de 1817 
    Francisco Marques, com
    Micaella Maria 
    Ele - natural da Freguesia de Santo António de Capelins 
    Ela - natural da Freguesia de São Marcos do Campo 

    Em 17 de Agosto de 1817 
    Manoel Martins, com 
    Roza Maria 
    Ambos naturais da Freguesia de Santo António de Capelins 

    Em 28 de Setembro de 1817 
    António Joaquim, com 
    Maria Baptista 
    Ele - natural da Villa de Cheles 
    Ela - natural de Santo António de Capelins 

    Em 12 de Novembro de 1817 
    José Marques, com 
    Maria Francisca 
    Ele - natural da Freguesia de Santiago de Terena 
    Ela - natural da Freguesia de Santo António de Capelins 

    Foram estas pessoas, nossos antepassados, que casaram em Santo António de Capelins no ano de 1817, há dois séculos, que contribuíram para a história das terras de Capelins! 

    Casamentos em 1817




    domingo, 12 de novembro de 2017

    A identidade da Comunidade Capelinense

    A Identidade da Comunidade Capelinense

    Após vários anos de pesquisas sobre o passado das gentes e das terras de Capelins, concluímos que, a Vila Defesa de Ferreira existiu entre 1314 e 1836, podemos confirmar em vários documentos e, também nas Memórias Paroquias de 1758, escritas pelo Pároco Manoel Ramalho Madeira, o qual, escreveu que, nessa data, ainda existia a Vila de Ferreira, a qual, era uma Defesa, logo Vila Defesa de Ferreira, cujo dono era o senhor Infante (Casa ou Estado do Infantado). Assim, a Vila Defesa de Ferreira era, quase todo o espaço geográfico da atual Freguesia de Capelins, exceto Faleiros e as herdades de Nabais e Sina e, a Vila ou Lugar de Ferreira, como é designada em vários documentos de diversas Chancelarias reais, ficava junto à Ermida de Nossa Senhora das Neves e, no alto em frente à dita Ermida, até ao Monte de Ferreira. Nesse alto, podemos ver os silos comunitários, ou cisternas, um deles, atualmente tapado com lenha, é semelhante a um pote de grandes dimensões, onde talvez guardassem cereais de reserva e esconderijo, para abastecimento da comunidade da dita Vila.

    Em 1799/1800 ainda existiam 32 casas de habitação junto à Ermida de Nossa Senhora das Neves! 
    Para reconstrução da identidade desta comunidade com mais de 700 anos de história, temos de conhecer quem foram, como viviam em termos económicos e sociais, os lugares onde viviam, ou seja, a sua história, lendas, costumes e tradições. Pelo que, será esse conjunto de sementes que constitui a identidade da comunidade capelinense. 
    Entre 1262 e 1314, estas terras faziam parte da herdade de Terena, mas já muito antes do domínio cristão, desde o período do Paleolítico, existiram vários povoados em todo o vale do rio Guadiana, com maior incidência entre o sítio do Bolas e Cinza e, entre o lugar da Moinhola e do Gato e, da Ribeira do Lucefécit, no outeiro dos Castelinhos, Roncão e Azenhas Del-Rei, assim como, noutros lugares desta Freguesia!
    A Freguesia de Capelins ou Paróquia, em analogia com outras nesta região, parece-nos existir desde meados da centúria de 1500, porque a visitação do clérigo do Arcebispado de Évora em 1534, ainda foi à então Igreja Matriz de Santa Maria, nas (Neves) na Vila de Ferreira e parece que não foi a Santo António. 
    Até 1793, esta Freguesia, designava-se de, Santo António Termo da Vila de Terena. Em 04 de Junho de 1793, num Registo de óbito escrito pelo Vigário António Pina Cabral surge Igreja de Santo António de Capelins, assim, Capelins é associada à Paróquia ou Freguesia. 
    O referido Registo de Óbito, como outros que se seguiram, além da assinatura do Vigário, também têm as assinaturas dos seguintes moradores, que desconhecemos quais as suas funções, mas pensamos serem o Alcaide e Vereador da Câmara da Vila de  Ferreira: 
    Gaspar Rodrigues Margalho (casou em Santo António em 06-06-1788)
    Caetano José de Amaral (casou em Santo António em 14-10-1781). 

    Correia Manuel

    Lugar de Ferreira Medieval, hoje Neves, em Capelins


    domingo, 5 de novembro de 2017

    Vale Sagrado do Lucefécit

    Vale Sagrado do Lucefécit 

    Conforme podemos verificar na presente informação da Direção Geral do Património Cultural - DGPC, o Vale da Ribeira de Lucefécit, está em vias de classificação com a designação de Vale Sagrado do Lucefécit, esperamos, assim, que no mesmo seja englobada a Ermida de Nossa Senhora das Neves, do século XVII. 
    "O território onde se integra o vale da ribeira de Lucefecit que se propõe classificar com a designação geral de Vale Sagrado do Lucefecit, corresponde ao último troço desta linha de água que, nascendo na Serra de Ossa, atravessa o concelho do Alandroal desaguando no Guadiana, entre o sítio da Rocha da Mina e a foz deste rio, incluindo, também, vários afluentes onde se situam distintos vestígios de antigas ocupações humanas.
    Os valores que se pretendem preservar integram-se numa unidade de paisagem com caraterísticas únicas quer em termos naturais, como culturais, englobando aspetos geológicos, ecológicos, arquitetónicos e arqueológicos.
    Desde longa data aproveitada para pastorícia, atividades agrícolas e mineiras, esta região foi igualmente muito marcada, ao longo de séculos, por diversas práticas religiosas centradas em locais muito próximos da ribeira de Lucefecit.
    De facto, verifica-se que em termos patrimoniais o território deste vale encerra grande quantidade de sítios arqueológicos, sendo desde logo de destacar o sítio de São Miguel da Mota, classificado como Imóvel de Interesse Público, onde se sobrepõem estruturas de várias épocas, nomeadamente um povoado fortificado da II Idade do Ferro, um Santuário, posteriormente romanizado dedicado a Endovellicus, a divindade mais conhecida da Lusitânia e, finalmente, a Ermida de São Miguel da Mota, um templo já cristão. Neste local, além de terem sido encontradas inúmeras inscrições dedicadas a Endovélico, foram identificadas diversas peças escultóricas, nomeadamente em 2002, altura em que foram descobertas seis estátuas em mármore branco de grandes dimensões. Os materiais romanos resultantes das intervenções mais recentes apontam também para um período de ocupação situado entre os séculos I e II. Na encosta Este do Cabeço da Mota, foram igualmente realizadas algumas sondagens arqueológicas que parecem demonstrar que seria aí que se localizava este importante Santuário.
    Na margem direita de Lucefecit, num esporão rochoso com vertentes abruptas, localiza-se igualmente o sítio arqueológico da Rocha da Mina cujos trabalhos arqueológicos realizados entre 2011 e 2012, apontam para a presença de um outro santuário pré-romano. É de destacar a existência neste sítio de um conjunto de degraus associados a um pavimento talhado no afloramento rochoso, elementos que, habitualmente, são descritos como "altares de sacrifício", bem como a presença, no mesmo local, de um poço quadrangular com pouca profundidade. Ao longo deste território, distribuídos por diversos cabeços sobranceiros à ribeira, pontuam vestígios de outros povoados fortificados como no sítio do Castelo Velho classificado como Monumento Nacional, do Outeiro dos Castelinhos ou de Águas Frias, este último, parcialmente submerso pelas águas da albufeira do Alqueva. Igualmente são conhecidas neste território diversas estruturas megalíticas como a necrópole do Lucas, perto da Aldeia das Hortinhas, composta por quinze pequenas antas localizadas a Sul da ribeira de Lucefecit, bem como antigas minas do período romano.
    É igualmente de destacar o importante conjunto de testemunhos de património imaterial como diversos cultos, festas, procissões ou peregrinações religiosas de períodos mais recentes". 

    DGCP

    Ermida de Nossa Senhora das Neves - Capelins 



    sábado, 4 de novembro de 2017

    A ampliação da Igreja de Santo António de Capelins em 1891

    A ampliação da Igreja de Santo António de Capelins em 1891 
    Conforme Túlio Espanca, (Inventário Artistico de Portugal, 1978): 
    "Do primitivo edifício, com traça dos fins do século XVI (...) apenas subsiste o presbitério cupular, algumas empenas laterais de cornijas polilobadas, em grossa alvenaria rebocada, e, o portal granítico, adintelado, de verga losângica e cruz relevada.
    A fachada, de frontão arredondado, sofreu uma profunda modificação na centúria oitocentista que alterou as proporções da nave e lhe fez perder o alpendre (...)! 
    O interior de planta retangular, compõe-se de nave muito alongada, hoje de abóboda redonda mas que era de tabuado, (...)! 
    Conforme o Pároco Manoel Ramalho Madeira, (Memórias Paroquiais de 1758):
    A Igreja: "O seo Orago he Santo António (...) não tem naves, he forrada de madeyra)"! 
    Nestes dois testemunhos, podemos aferir que existiram grandes alterações estruturais na Igreja de Santo António entre 1758 e 1978, em 220 anos! 
    Até aqui, existia mais um segredo das terras de Capelins: Em que ano se deu a grande modificação na estrutura desta Igreja? É verdade que, Túlio Espanca escreve que foi no centauro de 1800, sem indicar o respetivo ano! Pensamos que, para umas obras tão grandes, tinha de existir algum tempo de suspensão da atividade religiosa nesta Igreja, assim, fomos percorrer os assentos de nascimentos e casamentos dos anos de 1800, até chegarmos ao ano de 1891, no qual, pelo menos entre o mês de Agosto e o mês de Novembro desse ano, quatro meses, a Igreja Paroquial foi a Igreja de Nossa Senhora das Neves, onde se realizaram 10 matrimonios, dos 17 desse mesmo ano! 
    Neste contexto, sem prova em contrário, foi no ano de 1891 que se deu a grande alteração estrutural da Igreja de Santo António de Capelins! 
    Os matrimónios realizados na Igreja de Nossa Senhora das Neves, e datas, foram os seguintes:
    1 - Dia 2 de Agosto de 1891
    Joaquim Ramalho
    Mariana de Jesus
    2 - Dia 9 de Setembro de 1891
    Gaspar Ramalho
    Domingas Isabel
    3 - Dia 13 de Setembro de 1891
    Balthasar Rosado
    Maria Narcisa
    4 - Dia 27 de Setembro de 1891
    Joaquim Balthasar 
    Maria Catharina 
    5 - Dia 28 de Setembro de 1891 
    António José Laurentino
    Maria Clemente Moreira
    6 - Dia 25 de Setembro de 1891 
    Manuel da Rosa 
    Maria Joaquina 
    7- Dia 31 de Outubro de 1891
    José Laurentino 
    Gertrudes Francisca 
    8- Dia 10 de Novembro de 1891 
    Domingos António 
    Albertina Maria
    9-  Dia 11 de Novembro de 1891 
    Manuel Francisco Pacheco 
    Joaquina Maria 
    10 Dia 9 de Novembro de 1891 
    Joaquim Baptista 
    Maria Rosária 

    A partir do dia 15 de Novembro de 1891 a Paróquia voltou à Igreja de Santo António! 

    Segundo Túlio Espanca, após as grandes alterações da estrutura da Igreja de Santo António (1891), apenas ficou o presbitério da cúpula, que é o espaço onde fica o altar mor do orago Santo António, algumas empenas dos lados e, o portal granítico (ombreiras da porta grande a ocidente, sendo o espaço da Igreja aumentado para o dobro e sacrificado o alpendre), essas partes são primitivas, antes de 1518 (500 anos), tudo o resto, foi novo. 

    Matrimónio na Igreja de Nossa Senhora das Neves 1891




    Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

      Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...