sábado, 10 de dezembro de 2016

Villa de Terena - Concelho entre 1262 e 1836

Villa de Terena - Concelho entre 1262 e 1836 


A Villa de Terena passou a Concelho quando recebeu o 1º Foral em Fevereiro de 1262

"No Arcebispado de Evora, sete legoas ao Nascente desta Cidade, & duas ao Poente da Villa de Redondo, em lugar alto està fundada a Villa de Terena, cujo primeiro sitio foy entre o ribeiro do Alcayde, & a ribeira Licefeci, a qual tem seu nascimento em a serra d’Ossa, & correndo junto desta Villa pela parte do Norte por huma fecunda varzea, se chama a ribeira de Terena, cujas aguas entrão no rio Guadiana, que divide o termo da Villa do Landroal dos de Alconchel, & Cheles no Reyno de Castella.
Mandou povoar a esta Villa, & lhe deo foral pelos annos de 1262. D. Gil Martins, pay do conde D. Martim Gil, & de sua mulher D. Maria João, que devião povoar a Villa de Viana, & por isso forão do seu senhorio, & as teve o Conde seu filho, atè que por morte delle vagàrão para a Coroa. ElRey D. Manoel lhe deo foral em Lisboa aos 10. de Outubro de 1514. He cercada de muros com seu Castello, de que he Alcayde mór o Conde da Ponte: tem 250. visinhos com huma Igreja Parroquial da invocação de S. Pedro com hum Prior, & dous Beneficiados, que apresenta a Cora Real, & hum Vigario da Vara.
Tem mais a Igreja da Misericordia com seu Hospital, huma Ermida de S. Antonio no Rocio, & outra de S. Sebastião, & na decida da Villa em sitio baixo huma Igreja de N. Senhora da Boa Nova, que fundou a Rainha D. Maria, mulher delRey D. Affonso o Segundo de Castella, filha delRey D. Affonso o Quarto de Portugal. He esta Igreja muito forte, & em fórma de Castello, toda cercada de ameyas de pedraria, & pela parte de dentro representa huma perfeita Cruz: tem seu Capellão da Ordem de Aviz com obrigaçam [536] do meyo annal de Missas na Igreja Matriz, & conserva ainda a pia de bautizar, por ser antigamente a primeira Freguezia desta Villa, a qual se foy despovoando, por estar em lugar baixo, & pouco sadio, & se mudou para o sitio, em que hoje está.
He esta Villa abundante de pão, gado, & caça: o seu termo tem seis legoas de Norte a Sul, & duas de largo de Nascente ao Poente, com duas Freguesias, Curados; a primeira he da invocação de Santo Antonio, tem 60. visinhos, & duas Ermidas, huma de N. Senhora das Neves na Villa de Ferreira, que dista de Terena huma legoa para a parte do Sul, & outra de S. Clara. A segunda Freguesia he dedicada a Santiago, tem 100. visinhos, & duas Ermidas, S. Amaro, & S. Francisco na Rindeira.
Tem esta Villa treze defezas, que se repartem por sortes aos moradores, de que paga cada hum meyo tostão ao Concelho, assistindo à data das sortes o Corregedor da Comarca; & as defezas da boleta, que ha nestas nomeadas, se dão em malhadas aos moradores da Villa, & seu termo para as suas porcadas, de que paga cada hum de cada malhada o que he necessario para os gastos do Concelho.
Termina-se o termo desta Villa com a carreira de Machos, & a ribeira de Lucefeci abaixo atè se meter no rio Guadiana, & dahi parte com o Guadiana abaixo atè o moinho do Gato, & dahi sahe o Azebel acima atè a Atalaya do Ramo alto a dar no Curral de Saro, & dahi parte com a defeza de Pedro Alçada, que he do termo de Monçarás, & vem dar a Santo Aleixo, aguas vertentes para o Norte, atè chegar ao pè da Serra d’Ossa, que he do termo da Villa do Redondo.
Tem dous Juizes ordinarios, tres Vereadores, hum Procurador do Concelho, Escrivão da Camera, Juiz dos Orfãos com seu Escrivão, hum Tabelião do Judicial, & Notas, hum Alcayde, & huma Companhia da Ordenança, & outra no termo".


Terena
Foto net



sábado, 5 de novembro de 2016

As escadinhas do Pinheiro - Capelins

As Escadinhas do Pinheiro

Como sabemos, o acesso ao Monte do Pinheiro, a partir da ex-aldeia de Capelins de Baixo, por caminho mais direto era/é feito através de um lance de escadas em pedra (laje) conhecidas por escadinhas do Pinheiro, que são um símbolo que causam saudades a todas as pessoas que muitas vezes as subiram e desceram e até aqueles que poucas vezes o fizeram.
Estas escadinhas vieram aliviar o problema do acesso ao Monte do Pinheiro cerca do ano de 1946. Antes, os moradores e as pessoas que precisavam de se deslocar ao Monte do Pinheiro e não eram poucas, eram obrigadas a subir uma barreira íngreme e perigosa, ainda mais no inverno. A estrada para Montejuntos passava junto às paredes em frente das escadinhas, sendo mudada para o local que agora conhecemos e apenas mal empedrada há cerca de 70 anos e foi quando foram feitas as nossas escadinhas do Pinheiro, ou seja, como antes referimos cerca de 1946.  

Escadinhas do Pinheiro 



Saudosos Rio Guadiana 

Respostas a um inquérito enviado ao Marquês de Pombal em 8 de Abril de 1758 
Escrito pelo então Pároco de Juromenha Fr. Gaspar Mendes Fragoso
Rio Guadiana em 1758

Juromenha

1. O rio que se acha nas vezinhancas desta Vila, e munto proximo a ela, he o selebrado Guadiana. Dizem os que milhores noticias delle tem, que este rio tem seu nascimento na Espanha, emtre duas serras de Aragam, e que nasce de duas fontes e que
juntas, formam este caudalozo rio, e que no mesmo reyno, entra por bacho da terra sete legoas, dizem outros, que sinco, o certo he, que no noco Reyno, de Portugal se ve corrente a superficie.
2. Nam ha duvida que caudaloso parece o seu nascimento, po[r]que impetuosa he a sua corrente, principalmente de Inverno, no que se vem as numeraveis, e grandes cheas,
que servem de admiracao aos que o vem; todo o anno, nam decha de correr; mas de Veram, com pouca abundancia, que socede pasarem-no a pe descalco; dizem alguns que
lhe socede que lhe sucede assim por cauza de lhe tomarem as agoas, ou as divertirem para regarem, naquelles campos, la na Castella, o que he preciso regarce; outros, que a multidao de
gados, que bachao de terras assima lhe deminuem as agoas. O certo he que de Verao se ve o rio, das agoas mui empobrecido; sendo de Inverno tam emrriquecido dellas.
3. Neste rio, em distancia, de tiro de espingarda, se mete a ribeira de Mures, e em istancia quazi, de mea legoa, a Ribeira da Asseca; isto he, junto a esta Vila, que em distancias maiores, se metem outras ribeiras, e ribeiros: neste termo, so a Ribeira de
Pardais, na distancia de legoa, e tres ribeiros, de menos qualidade, em distancia de mea legoa, e menos, como sam o de Patalao desta parte do rio, e a da outra, o de Villa Real, e do Freyxial.
4. He navegavel este rio Guadiana, e as suas embarcacoes, nao excedem a barca, e seus barquinhos e nam me parece pode admetir outras, e sam as que sempre nelle vi, e nao ouvi o contrario.
5. Paresseme, que o seu cursso todo, he o mesmo em todo o rio, arrebatado mais no Jnverno pellas impetuosas \agoas/, que mais o faz emfuresser, e de Veram, mui pacifico, e quieto, pella deminuhicao dellas e bom socego, e isto me parece, lhe sucede em toda a sua corrente, porque, o contrario, nam me consta.
6. Este selebrado rio, tem sua corrente do nascente do nascente, ao poente.
7. Cria este rio, muntos pexes, e de varios nomes, e diverssas espessies hũns sam barbos, outros cumbos, outros beissudos, outros verceiros, estes sam os de maior qualidade, que ha barbo, que chega a ter o peso, de doito [sic[, vinte, e trinta arrates;
ha tambem outra qualidade, de pexes de menos grandeza, a que chamam escarpios, e pemcas, os maiores, pezao quatro, sinco, seis arrates; fora desta qualidade, ha eyrozes, que sam como as jnguias no mar; ha entam pexe mihudo, bogas, bordalos, saralosas, pardelhas, e etc. Neste rio, ou este rio, entra hũ selebrado, chamado Pego d Lima, que pellos especiaes escarpios e pencas, de que o enriquecia, nelle se fariao grandes e
selebres pescarias, de Verao, pella abundancia de agua que lhe ficava, hoie se acha sem pequia, e so consserva a agua, no tempo do Inverno, e ja estas pescarias tem sessado,
por esta causa. A foz de Mures, e da Asseca, que no dito rio entrao, como ja dice, em qualquer dellas, se fazem pescarias, de toda a qualidade de pexes, e os principais, e em mais abundancia, bogas e bordalos.
8. As pescarias, que ha neste rio, e mais pingues e vistozas se fazem de Veram, com redes, e moscoes, com que se pescao os mais, e mais nobres pexes.
9. Nam consta, que as pescarias deste rio seiam captivas, nem de pessoa particular, mas livres, para toda a pessoa, e nao e nam sei se pratique o contrario.
10. No noco Reyno, nam tenho noticia de serem cultivadas as suas marges, mas antes infrutifero, por nam lanssar suas agoas fora.
11. As agoas deste rio, lhe nam conheco vertude particular; so ousso dizer, que he bom o beber agoa por pao da tarrafeira que no dito rio ha munta, e que esta agoa pellos copos da tal tarrafeira, he boa para desfaser a obstrucao. Eu nao o esprimentei.
12. O dito rio Guadiana, nam sei que tenha outro \nome/ neste Reino, ou fora delle, mas antes nas historias honde se fala neste rio, sempre com o mesmo nome.
13. Este rio morre, e finda no mar, junto a Vila de Serpa, honde chamam o Salto do Lobo. Digo de Mertola.
14. He certo que este rio por todo elle tem muntos asudes e mohinhos, e por isso nao. se pode em toda a parte navegar, mais que tam somente nas partes desempedidas.
15. Nam tenho noticia, que este rio, no noco Portugal tenha mais de hũa ponte, em distancia desta Villa hũa legoa, na freguesia da Senhora da Ajuda, termo de Elvas, que se acha demolida a principal parte dela, e se nao passa; e he de cantaria.
16. So mohinhos tem este rio, e nao sei tenha outro algũ emgenho, no noco Reyno.
17. Nam temos que dizer.
18. Nam sei tenham algũ empedimento as agoas deste rio,
para a cultura dos campos, e para tudo o mais pressiso, porque veio, dellas se uza livremente.
19. Nam sei das legoas, que o rio tem, nem das povoacoes por onde paca, so algũas do noco Reyno, poderei, inconfuso, dar algũa noticia. De Badajos para este Reyno, passa pelo termo de Elvas, e termo de Olivenca, por esta de Juromenha, vezinhancas de Monssaraz, Mouram, Moura, nam sei se por, Serpa, ou Beja.
20. Nam sei mais de couza notavel deste rio, e de tudo o mais, que se pertende saber, e do que alcanssei ou tive noticia, vai expendido por mim, nesta naracam, qui faco, segundo os interrogatorios que se me apresenterao. Nam faltara, quem com mais individuacao fassa esta deligencia, e que milhor noticia tenha. O que confirmo, e faco esta na verdade.
Juromenha 8 de Abril de 1758
O Prior Fr. Gaspar Mendes Fragoso 



Resenha histórica da Aldeia do ROSÁRIO - Alandroal

Resenha histórica da Aldeia do ROSÁRIO - Alandroal
Foi sede de uma freguesia extinta do concelho do Alandroal.
Embora se desconheça a data exacta da sua fundação, sabe-se documentalmente que já existia no ano de 1588. A freguesia esteve desde sempre integrada no município do Alandroal e confrontava a ESTE, com o antigo concelho de Juromenha e Oeste e Sul com o antigo concelho de Terena.
Foi extinta nos primeiros anos do século XX, tendo sido integrada na freguesia de Nossa Senhora da Conceição (Alandroal). Conserva-se a igreja paroquial de Nossa Senhora do Rosário, cuja construção foi iniciada no século XVI. 

Antiga Freguesia de Nossa Senhora do Rosario, curado da ordem de Aviz do Termo da Villa do Alandroal.
Pertence 20 ex.™ sr . Carlos Eugénio de Almeida, par da reino.
Está situada a Igreja parochial de Nossa Senhora do Rosário uma légua a O. da ín. d. do Guadiana, na estrada de Elvas para Monsaraz. Dista do Alandroal 2 '/* ' para S. E. 
Compreende esta Freguesia as herdades de Parreiras, Alcalate, de El-Rei (que pertence à sereníssima casa de Bragança), D. Pedro, Castanhos, Tijoso, Serrinha, Pigeiro, Pereiros, Monte Velho, Ronca, Zambujeira, Curralinhos, Aguas Frias de Cima, Aguas Frias do Meio, Aguas Frias de Baixo, Pego do Bufo, Aguilhão, Ordem, Milreu, Stª Luzia, Bello, Monte da Fonte, Apóstolos, Misericórdia de Cima, Misericórdia de Baixo, Galhanos, Xurreira, Figueiras, Bolhas, Outeiro, Soveral ou Sobral, Bentinha, Ruivana, S. Ildefonso, Casco, Cabeça de Carneiro, Gandra, Cabeça Gorda, Proviços, Casaes, Casa do Sacristão, Taipa, Moinho do Botas, Moinho dos Mocissos, Monte do Alegre, Fonte da Silva, Malhada Quente, Val de Pereiro, Tapada, Monte Novo, Colmeal, Colmeal de Milreu; e Casco Courellas de Pereiros, Terça, Rogado. 
Em 1708 pertencia a esta Freguesia a ermida de S. Miguel, no monte do mesmo nome, edificada sobre as ruínas do templo do Deus Endovelico, de que já falámos na descripção do Alandroal. 

Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Alandroal 





Resenha histórica da Villa do Alandroal

Resenha histórica da Villa do Alandroal
Alandroal, o nosso Concelho desde 6 de Novembro de 1836
O Alandroal é uma vila raiana portuguesa pertencente ao Distrito de Évora, região do Alentejo e sub-região do Alentejo Central, com 1 873 habitantes (2011). Ergue-se a 341 m de altitude.

O Alandroal foi elevado à categoria de vila em 1486, por uma Carta de Foral atribuída por D. João II.
É sede de um município com 542,68 km² de área e 5 843 habitantes (2011), subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Vila Viçosa, a nordeste pelo município de Elvas, a leste por Espanha, a sul por Mourão e por Reguengos de Monsaraz e a oeste pelo Redondo.
Ao Alandroal foram anexados, no século XIX, os territórios dos antigos municípios de Terena e Juromenha, as outras duas vilas deste município.
A povoação de Villarreal (em português, Vila Real), situada actualmente no município de Olivença (Espanha), era uma povoação do antigo concelho de Juromenha.
Parte I

CONCELHO DO ALANDROAL
BISPADO DE ELVAS
COMARCA DO REDONDO
ALANDROAL
Antiga Villa do Alandroal na ant.* com. de Am. Don.° à ordem de Aviz.
Hoje é cab. 1 do actual cone. do Alandroal.
Está situada em eminente mas não molesta colina, 7 k a E. da ribeira Lucefece, 4" a O. da ribeira dos Pardaes. Tem estrada para Elvas, para Estremoz, para o Redondo, para Reguengos, para Terena, e para Monsarás. Dista de Évora «M/i 1 para e. N. E. Costeava o ant." T. d'esta Villa, segundo diz o D. G. M., pela parte do oriente o rio Guadiana, que leva peixe meudo, tenças, barbos, eirós, carpas, bogas, picões e sarrelhos. 
A ribeira de Lucefece (continua o mesmo D. G. M.), nasce em uma lagoa na Freguesia de Rio de Moinhos, no Termo de Estremoz, e vae desaguar no Guadiana, do sitio do Aguilhão: leva egualmente peixe meudo. 
Este rio Lucefece, segundo diz Carv. , deve o nome á seguinte occorrencia: um capitão romano, recolhendo com o seu exercito de uma grande batalha, dada nas proximidades da serra d'Ossa (que da mesma batalha derivou o nome pelos muitos ossos dos que ali morrerem) ao chegar ás margens do rio e vendo alvorecer o dia, exclamou Lucem feát. 
O illustrado parocho do Alandroal, no seu relatório do D. G. M„ diz ser isto vulgar tradição sem fundamento solido. 
A ribeira dos Pardaes (prosegue ainda o dito D. G. M.) nasce na lagoa do mesmo nome, no Termo de Villa Viçosa, e vae entrar no Guadiana no sitio do Azinhalinho. Também correm pelas visinhanças da Villa a ribeira dos Machos e outros ribeiros menores. As ribeiras que não secam de verão são, além do rio Guadiana, as de Lucefece e Pardaes. 
"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M"

Parte II
"Tem a Villa uma só Paróquia que era antigamente da ínvocação de Nossa Senhora do Castello e hoje de Nossa Senhora da Conceição, prior que era da ordem de Aviz. 
Compreende esta Freguesia, além da Villa, os casaes de Penedraes, Roca ou Ronca, Carrapatosa (2), Chiado, Botelhos, Ameixieira, Junceira, Cabril, Mendes, Monte das Almas, Funchal, Cebolla, Barranca (2), Pego Longo, Paroleira, Micbão, Cruz Branca, Vai do Pio (2), Fonte Santa, Pomarinho, Monte da Quinta, Gamella, Pego da Moura, Congeito, Pericoto, Touril, Barrancos, Motta, S. Miguel, Tojalinho, Colmeal de D. Maria, Atalaia, Magarreiro, Pipa; as q. u * das Fretas ou das Freiras, do Belio; as hortas de Fonte dás Freiras, Azenha, Das Freiras, Retorta, Colmeias, Gordesas, Fartella, Rego d'Agua, Bernarda Franca, Do Rosa, Lagar, Eiras do Rabasco, Do Neto, Do Silva, Dos Frades, Do Agostinho, Sovereiros, Hortinba, (3) do Migarreiro, Do Colmeal, Da Pipeira, Perramedo (2), Fazenda do Moedas, Vai do Cortiço, Telheiro, 5 na Bica da Horta, Do Mestre, Dos Arcos, Horta Pequena, Das Cravas, Das Amoreiras, Da Nora, Tapada de Thomé das Fontes; e as ermidas de Nossa Senhora das Neves, Nossa Senhora da Consolação, S. Bento, S. António, S. Pedro. 
Vem mencionadas em Carv. as ermidas de Nossa Senhora das Neves de muitas romarias. Nossa Senhora da Consolação fundada por Diogo Lopes de Sequeira, S. Pedro, S. Bento fundada por um devoto que em tempo que havia peste no reino ia todos os dias áquelie sitio fazer oração a 8. Bento da Contenda, do Termo de Olivença, que d'ali se avista : sendo certo que nem n'esse contagio nem em outro qualquer que depois tenha affligido o paíz, padeceu a Villa coisa alguma. Também menciona mais duas ermidas Santa Luzia e S. Sebastião, que provavelmente já não existem visto que d'ellas se não fala na E. P.

Tem casa de misericórdia e bom hospital. 
Está a Villa do Alandroal dividida em duas partes, e no meio o castelo com 7 torres, a parte superior fica entre vinhas e olivaes, e a inferior entre hortas, ferregiaes e arvores frutíferas, e a esta chamam o Arrabalde.

Da parte mais alta da Villa se avista o Redondo, Monsarás e Mourão; do adro da ermida de S.tº Antonio se avista em dias claros Évora; da ermida de S. Bento, Olivença ; do sitio da Pipeira, se avista Mourão, Terena, Juromenha e Badajoz.
É abundante de trigo e mais cereaes, de hortaliças, legumes, frutas, especialmente de espinho, e delicadas cidras que são muito estimadas em toda a província; recolhe muito 
azeite, vinho o sufficiente mas bom.

Tem abundância de gados em suas excellentes pastagens ; também tem abundância de caça miúda e alguma grossa, e bastantes lobos. 
Tem na praça uma fonte de crystalina e preciosa agua, que de inverno corre quasi tépida e de verão fresca, e sempre muito diurética, d'onde procede talvez não haver n'esta Villa. 1 mal de pedra. 
Sae a agua pela boca de 6 leões e cae em um bello tauque, (Deste sae para outro mais inferior e finalmente para regar muitas hortas e pomares. 
É esta fonte talvez a mais notável do reino em abundância d'aguas, pois ainda na maior força do verão, e em annos de maior secura, não se nota differença alguma na força da sua corrente. 
Tem mais nas visinhauças a fonte chamada das Freiras e a de S. Bento, que dizem, e é notório, ser medicinal contra as sezões; e também tem outra no sitio da Pipeira. 
Emflm pôde afontamente dízer-se que o Alandroal tem abundância de excellentes aguas.

Nas cercanias da Villa ha dois algares que da superfície do terreno atè á da agua tem 100 palmos craveiros (22") e a agua de profundidade 150 (33°); um chama-se algar de S.'° António, o outro algar das Morenas: foram mandados tapar em 1 723 pelo juiz de fora, a fim de evitar desgraças e malefícios, como se lê em padrões erigidos nos dois sítios. 
Tem feira annual de 3 dias (franca) começando no 3.° domingo de setembro. 
Tem este concelho: 
Superfície, em hectares K0589

População, habitantes 8848
Freguesias, segundo a E. C 7
Prédios, inscriptos na matriz. 3317
Houve em tempos remotos no sitio de Villares povoação talvez romana, pois se tem ali encontrado moedas de differentes imperadores e outras antigualhas.

Parte III
Da actual Villa não se sabe o tempo certo da fundação.
É tradição que tomou o nome dos alandros que são umas plantas que tem as folhas como de loureiro e a flor como as rosas, os quaes havia na sua fonte, o da fonte para baixo, em uma horta que chamam do Mestre, por ter sido dos mestres de Aviz.
O castello é obra do mestre de Aviz D. Lourenço Affonso, como se vè de um letreiro sobre a porta do mesmo castelo que tem a era de 1332. Também sobre esta porta que era a principal e fica entre duas torres, se lé a seguinte legenda.
DEUS É E DEUS SERÁ; POR QUEM FOR ESSE VENCERÁ.
Sobre outra porta chamada da traição, está a cruz da ordem de Aviz com duas águias, dos braços da cruz para baixo, e dos braços para cima dois grilhões ao modo da corrente de Calatrava, e umas lettras que dizem mouro me fez. 
Na torre grande do castello está outra pedra com a cruz de Aviz e a seguinte inscripção.

Era de 1336, a 25 dias andados de fevereiro, fez este castello D. Lourenço Affonso, mestre de Aviz, á honra e serviço de Deus e de Santa Maria sua madre e das ordens do muito nobre senhor D. Diniz, rei de Portugal e do Algarve, remonte em aquelle tempo e em defendimento dos seus reinos. 
SALVATOn MUNDI SÀLVAME.

No canto d'esta mesma torre grande está uma pedra com a inscripção seguinte. 
Quando quizeres fazer alguma cousa, cata o que te i necessário e depois verás. Quem de ti se fiar não o enganes. 
Lealdade em todas as coisas.

As eras d'estes letreiros são de Cesar e para as reduzir á vulgar só temos a subtrair 38 annos em cada uma. 
Tinha o castello, d'antes, boas casas, e tão nobres que ali habitaram os duques da Bragança desde 1600 até 1605, e em 1604 casou D. Izabel, filha do duque D. Theodosio com D. Miguel de Noronha, M. de V.' Real, como consta do livro dos assentos da Freguesia A parochia estava dentro do castello. 
No monte onde hoje se vê a ermida de S. Migue) houve em tempo dos romanos um templo ao Deus Endovelico, do qual falaremos na descripção da Villa de Terena, pois não 
sabemos com certeza se este monte, que pertencia ao antigo Termo da Villa do Alandroal, faz hoje parte da Freguesia da mesma Villa, da Freguesia de S. Braz dos Mattos, ou da Freguesia da Villa de Terena. 
Nasceu n'esta Villa o padre António Alvares da Companhia de Jesus, filho de Gregório Alvares, e de sua mulher Maria Vaz. 
Pela acclamação de D. João iv assentou praça e chegou ao posto de sargento mór com grande honra; mas desenganado das coisas do mundo tomou o habito da Companhia aos 40 annos de edade, em 1659. 
Foi depois estudar philosophia para o collegio de Braga, e sendo já professo chegou ordem d'el-rei ao reitor que lhe mandasse o padre Alvares, pois tendo entrado no reino os inimigos com grandes forças não podia dispensar a sua reconhecida intelligencia nas fortificações e coisas militares, 
Chegado ao campo tomou o commando geral de artilheria e fez logo taes disposições que o general inimigo disse aos seus que alguem de grande intelligencia tinha chegado aos portuguezes. 
Apenas concluída esta campanha recolheu-se novamente o padre Alvares ao seu collegio de Braga, onde fatleceu em 1662, com signaes de muita piedade, deixando na ordem e na Villa exemplar e saudosa memoria. 
Também foi natural d'esta povoação Diogo Lopes de Sequeira 4." governador da índia. 
Finalmente dá gloria a esta Villa o ser pátria de Pêro Rodrigues, de quem falia Camões na oitava 33 do canto 8." 
«Na mesma guerra vS que pregas ganha 
iEst'outro capitão de pouca gente; 
•Commendadores vence e o gado apanha 
«Que levavam roubado ousadamente : 
•Outra vez vé que a lança em sangue banha 
•D' estes, só por livrar com amor ardente 
«O preso amigo; preso por leal; 
•Pedro Rodrigues é do Landroal.

Deu foral a esta Villa D. João II em 1486 e novo foral el- rei D. Manuel em 1544.


"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M" 






Resenha histórica do Concelho de Terena 1262 e 1836

Resenha histórica do Concelho de Terena 1262 e 1836

TERENA 
(arcebispado de evora) 

Ant.' Villa de Terena na ant.* comarca d'Elvas. 

Está situada a Villa k a °- da m - d- do rio Lucefece, mas em logar alto (226"), 2* ao N. da m. e. da ribeira do Alcaide, duas léguas a O. da m d. do Guadiana. Tem estrada para Monsaraz, para Elvas, para Reguengos, e para o Alandroal. 

Dista do Alandroal doas léguas para o S. 
Tem uma só Freguesia da invocação de S. Pedro, prior. que era do padroado real.

Compreende esta Freguesia, além da Villa, o Lugar das Hortinhas e os montes (casaes), q. w e hortas seguintes: Casas de D. João, Boa Nova, Boieira, Monte Novo de Bacellos, Bacellos, Santa Clara, Monte dos Canhões, Cabeça de Mourão, Alcaidinho, Garcõa, Monte Novo da Garcôa, Monte do Inverno, Victntós. Val de Clara, Monte do Outeiro de Cima, Monte do Outeiro de Baixo, Horta do Rozado, Val do Farrusco, Horta do Rodízio, Monte Novo das Hortinhas, Monte de Lucas, Arrife de Baixo, Monte da Cumeada, Silveirinha, Defezinha, Monvizo, Monte Novo, Monte da Machada Alta, Monte das Courellas, Malhada Alta, Monte das Janellas. 
A maior parte são herdades: a de Boieira pertence à sereníssima casa de Bragança.

"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M"

Em 1708 havia na egreja parochial alem do prior, um vigário da vara e dois beneficiados
Tinha em 1708 e ainda existem as ermidas de Santo António no Rocio e a de S. Sebastião que está em ruinas; e na descida da Villa, em sitio baixo na distancia de 1 '/**, uma egreja de Nossa Senhora da Boa Nova, fundada segundo diz Carv." pela rainha D. Maria, mulher de D. Affonso de Castella e filha de D. Affonso iv de Portugal, a qual egreja tinha um capellão da ordem de Aviz. 
Foi esta egreja a primeira parochia da antiga povoação, a qual em razão de ser o sitio baixo e menos sadio, se foi pouco a pouco despovoando, passando os habitantes para o alto, formando a nova povoação de Terena. Ainda se conserva a antiga pia baptismal.

Ficava esta primitiva povoação, e fica ainda a dita egreja, entre a ribeira do Alcaide e o Lucefece (ou ribeira de Terena).
«Não pode deixar de notar-se (diz Almeida no D. C.) uma espécie de contradicção a respeito da fundação d'esta egreja, segundo Carv. , pois sendo a primeira da povoação, e esta 
fundação do anno 1262, como em seguida diremos, mal se pode considerar fundadora do templo a filha de D. Affonso iv. É crivei pois que a sua origem seja anterior.»

Esta é a opinião de Almeida ; mas quem nos assegura que o templo edificado pela rainha D. Maria fosse a mesma primitiva egreja parochial e não uma nova construcção sobre as suas ruínas? Difficil coisa é discutir opiniões sobre estas obscuridades históricas.
Assemelha-se a egreja de Nossa Senhora da Boa Nova a 'um castello; e toda de cantaria e guarnecida de ameias. O interior è em fórma de cruz. Tem 3 portas, uma na frente e duas lateraes. Nas paredes ha ricas pinturas. 
Tem esta Villa, casa de misericórdia e hospital. 
Teve muralhas que estão hoje em ruínas, mas ainda tem castello. 
É abundante de trigo, centeio, azeite, gado, excellentes montados, e caça miúda.

Não tem fontes e os habitantes bebem agua de 3 poços que chamam da Coutada, dos Coutos e de Beja. 
Tem esta Villa um celleiro commum -para supprimento dos lavradores que recebem o que necessitam para suas sementeiras em annos de escassez, e pagam depois também em 
género com um juro módico. Ha poucos annos tinha já este celleiro acima de 20 mil moios.

Também ha uma coutada commum que costumam sortear e dividir pelos habitantes em coureilas, para as semearem por sua conta e sem juro algum.
Tem feiras annuaes no domingo de paschoela e no 1º domingo de setembro.
Segundo Carv. c Terena fundação de D. Gil Martins pelos annos de 1262, o qual lhe deu foral, e ficando em seu domínio passou depois a seu filho o conde D. Martim Gil, por morte d'este reverteu para a coroa. 
Deu-lhe foral el-rei D. Manuel em 1514. 
Era alcaide mor do seu castello, em 1708, o conde da Ponte.

«Entre Évora e Villa Viçosa (diz o dr. Húboer) nas visinhanças de Terena e de Nossa Senhora da Boa Nova devia ter havido algum sanctuario e alguma antiga cidade, pois que ali se tem encontrado muitas dedicações ao deus Endovelico. 
«Scaligero recebeu communicações de 12 inscripções encontradas n'este sitio: Rezende menciona 13, e D. António Caetano de Sousa na sua Historia Genealógica, da Casa Real 
Portuguesa transcreve 8, das que o Duque de Bragança D. Theodosio mandou collocar na parede do convento de Santo Agostinho de Villa Viçosa. i D. C. faz menção n'esta Villa do dito templo do Deus Endavelico, edificado sobre o monte de S. Miguel da Motta, onde hoje se vè a ermida de S. Miguel; e diz, seguindo Carv. e outros auctores, que foi mandado construir por Maharbal capitão carthaginez, em cumprimento de um voto que fez achando-se gravemente enfermo em Elvas ou em suas proximidades: como consta de varias inscripções em que o nome do mesmo deus Endovelico (que os lusitanos chamavam Cupido) se acha gravado, inscripções que mandou transportar para Villa Viçosa e collocar na parede do convento de S.t° Agostinho o duque de Bragança D. Theodosio.

Era uma d'ellas a seguinte que apresentamos tal qual vem no D. G. M., no relatório do prior do Alandroal. 
C. Juno Novato cumprhio o voto feito ao deus Endovelico PELA SAUDE DA SUA VlVENIA VENUSTA MANtLIA.

O D. C. traz Viviana em logar de Vivenia (na inscripçao latina é Vivmiae) e acrescenta a palavra dama, que não vem na latina.
Afíiaiiça-nos o sr. Francisco de Borja de Sousa e Silva, digníssimo empregado da casa do es." par do reino o sr. Carlos Eugénio de Almeida, que por muito tempo residiu na Villa de Terena, que ainda ali viu uma lapida em que se liam as palavras Endovelico sacro. 




Resenha histórica de Terena - Concelho entre 1262 e 1836

Resenha histórica de Terena - Concelho entre 1262 e 1836

Como sabemos, a então herdade de Terena foi doada cerca de 1252 por D. Afonso III a D. Gil Martins Riba de Vizela, o qual, com sua esposa Dª Maria João concedeu o primeiro Foral a Terena em 1262 e assim, nasceu o Concelho de Terena. 

A seguir podemos ler e ter uma ideia o que realmente era um foral:



CARTA DE FORAL
Uma Carta de Foral, ou simplesmente Foral, foi um documento real utilizado em Portugal, que visava estabelecer um Concelho e regular a sua administração, deveres e privilégios. A palavra "foral" deriva da palavra portuguesa "foro", que por sua vez provém do latina "fórum".

Os Forais foram concedidos entre o século XII e o século XVI. Eram a base do estabelecimento do município e, desse modo, o evento mais importante da história da vila ou da cidade. Era determinante para assegurar as condições de fixação e prosperidade da comunidade, assim como no aumento da sua área cultivada, pela concessão de maiores liberdades e privilégios aos seus habitantes.
O Foral tornava um concelho livre do controlo feudal, transferindo o poder para um concelho de vizinhos (concelho), com a sua própria autonomia municipal. Por conseguinte, a população ficava direta e exclusivamente sob o domínio e jurisdição da Coroa, excluindo o senhor feudal da hierarquia do poder.
O Foral garantia terras públicas para o uso coletivo da comunidade, regulava impostos, pedágios e multas e estabelecia direitos de proteção e deveres militares dentro do serviço real.
Um pelourinho estava diretamente associada à existência de um Foral. Era erguido na praça principal da vila ou cidade quando o Foral era concedido e simboliza o poder e autoridade municipais, uma vez que era junto ao pelourinho que se executavam sentenças judiciais de crimes públicos que consistissem em castigos físicos.
Os forais entraram em decadência no século XV, tendo sido exigida pelos procuradores dos concelhos a sua reforma, o que viria a acontecer no reinado de D.Manuel I de Portugal. Foram extintos por Mouzinho da Silveira em 1832.
HISTÓRIA ADMINISTRATIVA/BIOGRÁFICA/FAMILIAR
A Freguesia de São Pedro também aparece denominada por São Pedro de Terena.
Actualmente é conhecida por Terena. Fica localizada no centro do Concelho do Alandroal.
As origens da Vila de Terena são muito antigas, supondo-se que ascendam à época romana ou cartaginesa.
O seu primeiro Foral foi concedido no século XIII (Fevereiro de 1262) pelo Cavaleiro D. Gil Martins e sua mulher D. Maria João, que se empenharam em povoá-la.
No século XVI, em 10 de Outubro de 1514, o Rei D. Manuel I concedeu-lhe Foral da Leitura Nova.
A Freguesia inclui as localidades de Terena e de Hortinhas.
O orago é São Pedro. 



domingo, 21 de agosto de 2016

Resenha histórica de Capelins 04-06-1793

Resenha histórica de Capelins 04-06-1793

Data do surgimento de Capelins associado à Freguesia nos livros Paroquiais

O primeiro documento Paroquial que encontramos e onde está registada "Igreja de Santo António de Capelins" é o assento de um óbito no dia 04 de Junho de 1793. 
O livro de assentos de óbitos onde se verifica o referido registo foi aberto pelo Padre Marcellino José Pereira, Reitor do Collégio dos Santos Innocentes e Escrivão das Rubricas em 23 de Novembro de 1791, pelo que com base nesse documento podemos confirmar que em Novembro de 1791, a Paróquia ainda não se designava de Santo António de Capelins, mas de Santo António, termo da Villa de Terena.
Abertura do livro de assentos de óbitos:
"Aos vinte e tres dias do mes de Novembro de mil sete centos e noventa hum, pelo Rdº Parocho (Pároco) da Freguesia de Santo António, termo da Villa de Terena me foi apresentado para rubricar este livro que háde servir para os assentos dos óbitos da dita Freguesia, o qual numerei e rubriquei na forma que se segue como Escrivão das Rubricas pella Provisão do Exmo Rmo exmo Snr Arcebispo da Metropole, de que fis este termo e eu o Pº. Marcellino José Pereira, Reitor do Collegio dos Santos Innocentes, o Escrivão das Rubricas o escrevi.
Assim, na abertura deste livro em Novembro de 1791, a Freguesia ainda não se denominava "Capelins".

Óbito de 04-06-1873 






Ermida de S. Francico de Assis - Rendeira - Santiago Maior

A Ermida de São Francisco de Assis na herdade da Rendeira, às portas da Freguesia de Capelins

Conforme referimos anteriormente existiu uma Ermida quinhentista semelhante às Ermidas de Santa Clara e de Santo António de Capelins, na Herdade da Rendeira, cujo orago era São Francisco de Assis.
Vejamos o que diz Túlio Espanca no Inventário Artístico de Portugal de 1978:
"Perdidas estão as três restantes Ermidas (...) S. Francisco da Rendeira. Da de S. Francisco de Assis (Rendeira), hoje desaparecida, erecta na Herdade da Rendeira, que se alcança pela estrada do Seixo-Cabeça de Carneiro, (...) temos conhecimento através da Corografia Portuguesa, do Padre Carvalho da Costa, volume II, 1708. 


Ermida de Santa Clara



A presença dos romanos nas terras de Capelins

A presença dos romanos nas terras de Capelins

Temos provas documentais e arqueológicas que todos podemos presenciar no terreno de que os Romanos habitaram em vários lugares da Freguesia de Capelins. Além de fundarem a Villa de Ferreira Romana (Outeiro dos Castelinhos), (Como sabem esta toponímia deve-se à Ferraria Romana que aqui existiu, ou seja a forja onde o ferro extraído da mina de Ferreira era transformado, de Ferraria passou a Ferreira), também habitaram no Monte do Escrivão, herdade da Negra (onde tinham uma mina), no Roncão, Azenhas del Rei, Amadoreira (mais uma mina), e outros lugares no Vale do rio Guadiana, até ao Gato, fim da Freguesia de Capelins. Além dos testemunhos arqueológicos, também existem estradas (caminhos de terra batida e sobre rochas desgastadas desses tempos). Esta estrada da fotografia era a mais importante desta região, já vinha de Oeste (dos lados da atual Ferreira) e conduzia ao Porto das Águas Frias de Baixo, fazendo a respetiva ligação a Mérida (Capital da Lusitânia), para onde escoavam cereais, minério e outros produtos e de onde recebiam outros que aqui não existiam! 


Villa de Ferreira Romana 

Foto: DGPC



De Santa Maria a Nossa Senhora das Neves

De Santa Maria a Nossa Senhora das Neves 

No livro "Inventário Artístico de Portugal" 1978 de Túlio Espanca" podemos ler: " Primitiva Matriz da Vila de Ferreira, com o título original de Santa Maria e já existente no ano de 1320 como vinculo do padroado real (...). Da traça primitiva da fundação medieval, nada existe atualmente, (...)." Seguidamente é descrita a nova Ermida de Nossa Senhora das Neves, construída nos finais de 1600!
Com
esta descrição de Túlio Espanca, que esteve presente na dita Ermida  e devido à fonte onde recolheu algumas das suas informações, concluímos que, a Paróquia de Ferreira deve existir desde cerca de 1510 e porquê? Porque verifica-se que, em 1510 já estão registadas Visitações de clérigos a algumas Paróquias.
No que se refere à da Villa de Ferreira, sabemos que foi feita uma Visitação por um clérigo no verão de 1534 (dizemos no verão, em comparação com as datas que conhecemos no então Concelho de Monsaraz). 
No ano de 1572/3 já se encontram Registos Paroquiais na Paróquia de São Pedro de Terena onde constam as Freguesias de Santiago e de Santo António.
Esta Visitação de um clérigo a todas as Paróquias do Bispado de Évora, (ainda não era Arcebispado), mandada fazer pelo Bispo Infante D. Afonso (Filho do rei D. Manuel I), (ora se foi a todas as Paróquias e o clérigo esteve na Vila de Ferreira em 1534 (isso está registado no Livro da Visitação da Diocese de Évora de 1534, codigo CXXIII-1-1. Biblioteca Publica de Évora, então isso significa que a Vila de Ferreira em 1534 já seria Paróquia. (Esperamos consultar esse famoso livro).
Já tivemos a oportunidade de ler os resultados de algumas Visitações a Paróquias vizinhas da atual freguesia de Capelins e podemos informar que os clérigos tinham como missão averiguar duas situações: A espiritual e a temporal. A espiritual, baseava-se no número de fregueses existentes e os que iam às missas e a sua colaboração em todos os atos religiosos. A temporal tinha a ver com os materiais, o seu estado e a sua existência ou não, ou seja como se encontrava a estrutura das Igrejas, as taças, os bancos, as cruzes, as imagens as pias e outros. Eram depois assinaladas as deficiências e dado um prazo curto para que tudo fosse corrigido.
Os Registos Paroquiais de Santo António, tiveram início em 1633 pelo Padre Luís de Campos, mas como foi referido, tiveram início cerca de 1572 na Paróquia de São Pedro de Terena, que se encontram ao dispor via on-line.


Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins




De Santa Maria de Ferreira a Nossa Senhora das Neves

De Santa Maria de Ferreira a Nossa Senhora das Neves

Conheça como a padroeira da Villa Defesa de Ferreira, da Igreja Matriz desta Villa passou a designar-se Nossa Senhora das Neves no ultimo decénio de 1600, quando foi construída a nova Igreja, substituindo a Igreja Matriz de 1314. (Santa Maria e Nossa Senhora das Neves são a mesma divindade)
Nossa Senhora das Neves

Santa Maria Maior
05 de Agosto
Um facto curioso que a tradição da igreja nos lembra é o da neve de um verão do século IV.
Narra a tradição que um casal de certa idade, porém de muitas posses e sem ter herdeiros, vivia em oração, pedindo a Nossa Senhora uma orientação quanto ao destino de seus bens.
Era noite de 4 para 5 de agosto, quando o senhor João teve um sonho revelador em que Nossa Senhora lhe aparecia e indicava o topo de um monte que no dia seguinte estaria coberto de neve: seria o local da construção de uma igreja a Ela dedicada.
Na manhã de 5 de Agosto, a notícia de um estranho fenómeno abala toda a cidade de Roma: o Monte Esquilino estava coberto de neve.
Vendo no fenómeno a confirmação do seu sonho, o casal decide visitar o Papa Libério, que com todo o clero de Roma vai ao local.
O feliz casal iniciou a construção e a basílica passou a ser chamada “Santa Maria Maior” por ser a mais importante basílica Mariana.
A basílica de Santa Maria Maior é uma das basílicas papais, que possuem trono e altar papais, além de uma porta santa para o jubileu romano. Como curiosidade no interior da basílica, em uma das capelas laterais, está, segundo a tradição, o berço do Menino Jesus.
A cada 5 de agosto uma celebração solene lembra o milagre das neves, com uma chuva de pétalas de rosas brancas.
Ao iniciar o seu pontificado, o Papa João Paulo II pediu que deixassem para todo o sempre, uma lamparina de óleo acesa diante do ícone da Santa Maria Maior.
Que a lâmpada da devoção não se apague com o vento da indiferença e muito menos, com a frieza dos corações. 


Nossa Senhora das Neves - Basílica




As cozeduras de pão nas Terras de Capelins 

Os amigos/as conhecem a mitologia que envolvia uma cozedura de pão nas Terras de Capelins? Além de todo o processo frenético na preparação que se iniciava no dia anterior, tinham que ver as fases da lua, qual era a propícia que não viesse estragar a cozedura, no dia da cozedura eram rezas e mais rezas (para levedar bem, para cozer bem, para levantar bem e outras) e cruzes feitas na massa, com farinha sobre a boca do forno, porque tinham que afastar as feiticeiras, não viessem estragar o pão. Com todo o respeito por estas tradições, em breve contamos tudo! 


Pão



domingo, 31 de julho de 2016

A rota do contrabando de Ferreira de Capelins - Bispas - Amadoreira - Defesa da Bobadela - Moinhos Novos - Além Guadiana

A rota do contrabando de Ferreira de Capelins - Bispas - 

Amadoreira - Defesa da Bobadela - Moinhos Novos - Além

 Guadiana 

Parte de mais uma das conversas com alguns antigos contrabandistas que, carregavam às costas, café e outros produtos, entre Ferreira de Capelins e, várias localidades localizadas na vizinha Espanha, desde Olivença a Barcarrota.
Era uma vida muito dura e, se a viagem corria mal, no caso de serem roubados ou intercetados pela guarda civil,  podiam ficar sem nada, até mesmo sem a vida!
A rota mais comum dos homens de Ferreira de Capelins, embora existissem muitas outras, era pela Silveirinha, Bispas, Amadoreira, Defesa de Bobadela, até aos Moinhos Novos, onde passavam o rio Guadiana em barcos a remos durante a noite, quanto mais escuro e, até chuva, mais segurança tinham! Os contrabandistas, conheciam tão bem os caminhos que, não precisavam de luz, muitas vezes iam por veredas pedregosas e, pelo meio de matos, até  aos locais que, antecipadamente, os barqueiros lhes indicavam, pensando sempre na sua segurança e, nos lugares para onde se dirigiam em Espanha, podendo ser desde a guarita de Santa Luzia, acima da herdade do Aguilhão, até aos Moinhos Novos. A carga pesava cerca de 30 Kg, saíam de Ferreira de Capelins pelas 22/23 horas e, faziam rapidamente o caminho, em cerca de 1:15 horas, a pé, até ao rio Guadiana! Já em Espanha, o perigo era dobrado, mas tinham de continuar, porque era esta a atividade escolhida e, que podiam ganhar um pouco mais, com risco da própria vida, para governar a sua Família!

Contrabandistas 

Foto net




A Genuína Rota do Contrabando de Ferreira de Capelins

A Genuína Rota do Contrabando de Ferreira de Capelins 

Episódio do contrabando junto ao Poço das Cobras em Capelins 
 



Numa noite escura pelas 22:00 horas, saíram de Ferreira de Capelins, do depósito de café, em Capelins de Baixo, dois contrabandistas o ti Manuel e o ti António, com 30 Kg de café às costas, a caminho das habituais localidades de Espanha, entre as quais, São Bento da Contenda, quando já tinham passado as últimas casas de Calados, diz o ti Manel para o ti António:

Ti Manuel: Eh António, esqueceu-me de uma encomenda muito importante lá em casa e tenho que a levar para Espanha, comprometi-me que a levava hoje, esperas aqui com as cargas que eu depressa lá vou! (O ti Manuel morava ali ao lado).

Ti António: Eh pá! Não esperava uma destas! Só tu! Assim, vamos atrasar a viagem! 
Ti Manuel: Deixa lá! Eu não demoro! Depois vamos mais depressa e recuperamos o tempo! Vá espera aqui! 
O ti Manuel arreou a carga e abalou a correr, ficando ali o ti António amagado e a escutar se ouvia alguns barulhos suspeitos! O ti Manuel, não se demorou nada, mas foi o suficiente para ser bispado pela Guarda Fiscal, que vieram no seu encalço sem se mostrarem. Chegou ao lugar onde tinham as cargas e, foram descendo o caminho para o poço das cobras, logo um pouco abaixo o ti António começou a ouvir passos de corrida, ficou alerta e disse ao ti Manuel:
Ti António: Tu não ouves uns passos de corrida? É mais de uma pessoa, de certeza que é a Guarda Fiscal, que te viram e vêm atrás de nós. 
Ti Manuel: Eu não ouço nada, não pode ser a Guarda Fiscal, tenho a certeza que ninguém me viu.
Os contrabandistas foram seguindo o seu caminho e, os passos cada vez se ouviam melhor, sinal de que estavam cada vez mais perto deles! O ti António, tornou a dizer ao ti Manuel que, era a Guarda Fiscal, mas já não dava para fugir, porque estavam mesmo muito perto! Estavam a chegar ao Ribeiro das Cobras e ouvem um grito: Alto aí, que é a Guarda! Caramba, já não nos safamos diz o ti António e, pararam logo, ainda carregados com o café. 
Guarda: Ah são vocês! Então o café é do amigo Tonico! 
Ti António: Sim, é dele!
 Guarda:  Pois é! Como é que agora fazemos isto? Não os podemos deixar abalar, é a nossa obrigação que está em causa! Por isso, vocês põem o café no chão e vão-se embora, nós levamos o café para o Posto (em Montes Juntos) e dizemos que deitaram a carga fora e fugiram e, fica tudo resolvido!
Ti António: Está bem, também andamos pouco! Vamos para casa deitar!
Descarregaram o café, voltaram para trás e ficou o assunto resolvido!
Contrabandistas: Boa noite, até amanhã!
Guardas: Até amanhã!
Os dois Guardas Fiscais carregaram com os 60 Kg de café até ao Posto de Montes Juntos com uma quase insignificante apreensão de café feita aos amigos contrabandistas de Ferreira de Capelins! No dia seguinte e todos os outros, passaram 3 camionetas Hanomag, carregadas de café até ao rio Guadiana pelo centro de Montes Juntos, nas barbas do plantão à porta do Posto! Parece ironia!...Mas é verdade, as camionetas levavam guia de transporte, os "burros" não! 

Poço das Cobras - Capelins 




Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...