sábado, 5 de novembro de 2016

Resenha histórica do Concelho de Terena 1262 e 1836

Resenha histórica do Concelho de Terena 1262 e 1836

TERENA 
(arcebispado de evora) 

Ant.' Villa de Terena na ant.* comarca d'Elvas. 

Está situada a Villa k a °- da m - d- do rio Lucefece, mas em logar alto (226"), 2* ao N. da m. e. da ribeira do Alcaide, duas léguas a O. da m d. do Guadiana. Tem estrada para Monsaraz, para Elvas, para Reguengos, e para o Alandroal. 

Dista do Alandroal doas léguas para o S. 
Tem uma só Freguesia da invocação de S. Pedro, prior. que era do padroado real.

Compreende esta Freguesia, além da Villa, o Lugar das Hortinhas e os montes (casaes), q. w e hortas seguintes: Casas de D. João, Boa Nova, Boieira, Monte Novo de Bacellos, Bacellos, Santa Clara, Monte dos Canhões, Cabeça de Mourão, Alcaidinho, Garcõa, Monte Novo da Garcôa, Monte do Inverno, Victntós. Val de Clara, Monte do Outeiro de Cima, Monte do Outeiro de Baixo, Horta do Rozado, Val do Farrusco, Horta do Rodízio, Monte Novo das Hortinhas, Monte de Lucas, Arrife de Baixo, Monte da Cumeada, Silveirinha, Defezinha, Monvizo, Monte Novo, Monte da Machada Alta, Monte das Courellas, Malhada Alta, Monte das Janellas. 
A maior parte são herdades: a de Boieira pertence à sereníssima casa de Bragança.

"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M"

Em 1708 havia na egreja parochial alem do prior, um vigário da vara e dois beneficiados
Tinha em 1708 e ainda existem as ermidas de Santo António no Rocio e a de S. Sebastião que está em ruinas; e na descida da Villa, em sitio baixo na distancia de 1 '/**, uma egreja de Nossa Senhora da Boa Nova, fundada segundo diz Carv." pela rainha D. Maria, mulher de D. Affonso de Castella e filha de D. Affonso iv de Portugal, a qual egreja tinha um capellão da ordem de Aviz. 
Foi esta egreja a primeira parochia da antiga povoação, a qual em razão de ser o sitio baixo e menos sadio, se foi pouco a pouco despovoando, passando os habitantes para o alto, formando a nova povoação de Terena. Ainda se conserva a antiga pia baptismal.

Ficava esta primitiva povoação, e fica ainda a dita egreja, entre a ribeira do Alcaide e o Lucefece (ou ribeira de Terena).
«Não pode deixar de notar-se (diz Almeida no D. C.) uma espécie de contradicção a respeito da fundação d'esta egreja, segundo Carv. , pois sendo a primeira da povoação, e esta 
fundação do anno 1262, como em seguida diremos, mal se pode considerar fundadora do templo a filha de D. Affonso iv. É crivei pois que a sua origem seja anterior.»

Esta é a opinião de Almeida ; mas quem nos assegura que o templo edificado pela rainha D. Maria fosse a mesma primitiva egreja parochial e não uma nova construcção sobre as suas ruínas? Difficil coisa é discutir opiniões sobre estas obscuridades históricas.
Assemelha-se a egreja de Nossa Senhora da Boa Nova a 'um castello; e toda de cantaria e guarnecida de ameias. O interior è em fórma de cruz. Tem 3 portas, uma na frente e duas lateraes. Nas paredes ha ricas pinturas. 
Tem esta Villa, casa de misericórdia e hospital. 
Teve muralhas que estão hoje em ruínas, mas ainda tem castello. 
É abundante de trigo, centeio, azeite, gado, excellentes montados, e caça miúda.

Não tem fontes e os habitantes bebem agua de 3 poços que chamam da Coutada, dos Coutos e de Beja. 
Tem esta Villa um celleiro commum -para supprimento dos lavradores que recebem o que necessitam para suas sementeiras em annos de escassez, e pagam depois também em 
género com um juro módico. Ha poucos annos tinha já este celleiro acima de 20 mil moios.

Também ha uma coutada commum que costumam sortear e dividir pelos habitantes em coureilas, para as semearem por sua conta e sem juro algum.
Tem feiras annuaes no domingo de paschoela e no 1º domingo de setembro.
Segundo Carv. c Terena fundação de D. Gil Martins pelos annos de 1262, o qual lhe deu foral, e ficando em seu domínio passou depois a seu filho o conde D. Martim Gil, por morte d'este reverteu para a coroa. 
Deu-lhe foral el-rei D. Manuel em 1514. 
Era alcaide mor do seu castello, em 1708, o conde da Ponte.

«Entre Évora e Villa Viçosa (diz o dr. Húboer) nas visinhanças de Terena e de Nossa Senhora da Boa Nova devia ter havido algum sanctuario e alguma antiga cidade, pois que ali se tem encontrado muitas dedicações ao deus Endovelico. 
«Scaligero recebeu communicações de 12 inscripções encontradas n'este sitio: Rezende menciona 13, e D. António Caetano de Sousa na sua Historia Genealógica, da Casa Real 
Portuguesa transcreve 8, das que o Duque de Bragança D. Theodosio mandou collocar na parede do convento de Santo Agostinho de Villa Viçosa. i D. C. faz menção n'esta Villa do dito templo do Deus Endavelico, edificado sobre o monte de S. Miguel da Motta, onde hoje se vè a ermida de S. Miguel; e diz, seguindo Carv. e outros auctores, que foi mandado construir por Maharbal capitão carthaginez, em cumprimento de um voto que fez achando-se gravemente enfermo em Elvas ou em suas proximidades: como consta de varias inscripções em que o nome do mesmo deus Endovelico (que os lusitanos chamavam Cupido) se acha gravado, inscripções que mandou transportar para Villa Viçosa e collocar na parede do convento de S.t° Agostinho o duque de Bragança D. Theodosio.

Era uma d'ellas a seguinte que apresentamos tal qual vem no D. G. M., no relatório do prior do Alandroal. 
C. Juno Novato cumprhio o voto feito ao deus Endovelico PELA SAUDE DA SUA VlVENIA VENUSTA MANtLIA.

O D. C. traz Viviana em logar de Vivenia (na inscripçao latina é Vivmiae) e acrescenta a palavra dama, que não vem na latina.
Afíiaiiça-nos o sr. Francisco de Borja de Sousa e Silva, digníssimo empregado da casa do es." par do reino o sr. Carlos Eugénio de Almeida, que por muito tempo residiu na Villa de Terena, que ainda ali viu uma lapida em que se liam as palavras Endovelico sacro. 




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