sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Memórias da visão do clarão no Céu de Capelins

 Memórias da visão do clarão no Céu de Capelins 

No dia 03 de Junho de 1915, foi dia de Corpo de Deus,  já andava um rancho de homens e mulheres a ceifar nas courelas do Carrão, começaram a ceifar ao romper da aurora e nasceu um dia maravilhoso, sem nuvens e o sol a brilhar, anunciando um dia de calor, mas antes do meio dia começaram a surgir nuvens negras que cobriram o sol e o dia passou a ser noite.  
Os trabalhadores não diziam nada, e quase sem ver nada, ceifavam, ceifavam, mas alguns começaram a ficar assustados, porque adivinhava-se uma grande trovoada, o céu estava medonho, e pouco depois as nuvens negras passaram a vermelho, deixando os ceifeiros ainda mais assustados, logo a seguir fez um clarão da cor do fogo que envolveu toda a região do Carrão.
Os ceifeiros com o susto deixaram cair as foices das mãos como se tivessem levado um choque elétrico e ficaram paralisados a olhar uns para os outros, à procura de explicação para o sucedido. 
Não demorou em ouvir-se a voz do patrão: - Vamos embora daqui, nem mexam nas foices, isto foi um aviso, hoje é dia de Corpo de Deus, não se pode mexer em nada! Vamos embora!
Os ceifeiros fizeram o que o patrão lhes disse e foram todos para o Monte, quando chegaram, o céu ficou limpo e o sol voltou a brilhar, naquele dia não falaram sobre o que tinham acontecido, só passados alguns dias tiveram coragem para falar do caso e todos confessaram que tinham apanhado o maior susto das suas vidas.
Este acontecimento foi contado por toda a Freguesia de Capelins e nunca mais ninguém trabalhou no dia de Corpo de Deus e se alguém era visto a fazer alguma coisa, os capelinenses lembravam logo: - Olha o clarão!


Fim 

Texto: Correia Manuel 

Capelins 




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