quarta-feira, 7 de setembro de 2022

A lenda da linda pastora de Capelins

 A lenda da linda pastora de Capelins

Nos distantes anos de 1400, o filho do Alcaide Mor do Alandroal, chamado Álvaro Rodrigues, neto do destemido Pêro Rodrigues, grande amante da caça, foi caçar, acompanhado por falcoeiros para as terras de Capelins, as quais eram muito afamadas pela abundância de perdizes. Quando desciam o vale da Ribeira do Lucefécit em direção ao rio Guadiana, perto do Lugar de Ferreira, (onde hoje se designa por Neves), encontraram uma linda pastora, chamada Maria Mize, a guardar um pequeno rebanho de ovelhas. A pastora era tão linda que logo despertou a atenção do fidalgo, o qual se achava irresistível ao sexo feminino, assim, logo pensou que seria muito fácil arrebatar o amor de Maria, mas estava muito enganado! Dirigiu-se à pastora com muita delicadeza, cumprimentou-a, disse-lhe quem era, o que fazia, onde morava, perguntou-lhe como se chamava, se as ovelhas eram dela, quantas tinha e se não gostaria de morar no Castelo do Alandroal, que poderia ir com ele e até podia ser sua esposa. A pastora disse~lhe que já tinha namorado, que também era pastor e que não era mulher para casar com um fidalgo e mesmo que assim não fosse, nada a fazia deixar as suas ovelhas e a sua Ferreira. O fidalgo, insistiu, insistiu, mas não conseguiu demover a pastora de Capelins e devido a essa resistência e à rejeição, o fidalgo acabou por se apaixonar e passava longos períodos temporais nas terras de Capelins. Quando perdeu a esperança em convencer a pastora através dos seus dotes, pensou em o fazer à força e levá-la para o Castelo do Alandroal, assim, pediu aos seus companheiros para testemunharem a seu favor e acusar a pastora de o ter ofendido em público o que, tratando-se de um fidalgo era um crime punível com prisão. Chamaram os ordenanças (guardas do reino) formalizaram a acusação e levaram a pastora sob prisão para o Castelo do Alandroal. A pastora foi instalada num bom compartimento e muito bem tratada. O fidalgo pensava que assim a conquistava e todos os dias a visitava e dizia-lhe que se ela lhe pedisse perdão e quisesse casar com ele, retirava imediatamente a queixa e ela seria sua esposa para sempre! A pastora continuava resistente e sentia a falta das suas ovelhas, da sua família, do namorado e da sua Ferreira e, quase não comia, ficando cada vez mais triste e fraca, até que um dia adoeceu apossada por moléstia não identificada e, em poucos meses morreu! O fidalgo Álvaro Rodrigues teve tão grande desgosto que foi para um Convento, onde esteve alguns anos. Mais tarde, tornou-se eremita e foi viver para uma gruta nas margens do rio Guadiana, perto do lugar amado pela linda pastora, onde foi encontrado afogado na manhã de um Domingo de Ramos! 


Fim

Texto: Correia Manuel 




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