terça-feira, 4 de outubro de 2022

A lenda do filho do pastor de Capelins

 A lenda do filho do pastor de Capelins 

No ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e setecentos, quando no mês de Março chegou o dia do regresso dos rebanhos de ovelhas da transumânsia, à Serra da Estrêla, o Miguel da Póvoa Nova que era "ajuda" de um dos pastores disse-lhe que não voltava, ficava por ali, porque sentia que estava na terra prometida, havia muita paz e abundância, tudo o que precisava para ser feliz!
O pastor, seu familiar, não se mostrou surpreendido, porque, era uma situação muito frequente, acontecia com muitos "ajudas", os rapazes da Serra da Estrêla que vinham com os rebanhos começavam a namoriscar raparigas nas terras de Capelins, já não partiam, acabavam por casar e constituir família que, ainda hoje por aqui andam!
O Miguel ficou por cá, andou de "escamel" em alguns Montes, mas o gosto dele era tratar de ovelhas, nasceu no meio delas e entendiam-se muito bem, então, ainda galhavano, começou a procurar um lugar de "ajuda" e, devido aos seus conhecimentos, depressa o encontrou, era um rapaz muito dedicado e, especializou-se a tratar as ovelhas doentes, ganhando, rapidamente fama, começando a ser conhecido pelo doutor das ovelhas e a ser chamado a todo o lado, sempre que os pastores achavam que os animais estavam perdidos, só o Miguel as podia salvar, aplicava umas mesinhas tão boas que, as ovelhas em poucos dias, estavam curadas e, nunca queria pagamento pelo seu trabalho, no fim de Março de cada ano, quem quisesse, dava-lhe uma borrega!
Devido ao bom trabalho e dedicação, não demorou a passar a pastor, e borrega a borrega, tornou-se dono de um povial de ovelhas suas que, não parava de crescer, sendo obrigado a tornar-se pastor por conta própria!
O seu nome era Miguel Gallego, mas toda a gente o conhecia por Miguel Pastor, era muito simpático e considerado rico, por ser dono de um rebanhito de ovelhas, então, era convidado para padrinho de batismos de muitas crianças, o rapaz era tão bondoso que, de vez em quando matava uma ovelha badana e dizia que tinha havido um desastre e partido uma perna e entregava a carne nas casas onde tinha afilhados e dos mais pobres e, também lhe dava alguns queijos do leite das duas cabras que tinha no rebanho!
O Miguel pastor estava em idade casadoira, tinha muitas pretendentes, porque era trabalhador e tinha uma boa vida, mas quando mangavam com ele e diziam que tinha de arranjar uma rapariga para se casar, ficava o caldo entornado, não gostava dessas conversas e dizia que não pensava em tal coisa, não tinha casa nem vida para governar uma mulher, porque, o Miguel Pastor, como todos os pastores, nesse tempo, vivia numa choupana no Baldio do Peral, assim, as pessoas foram sabendo que ele não gostava desse tipo de conversas e, poucos se atreviam a insistir que tinha de casar!
O Miguel Pastor era muito devoto de Santo António e muito amigo do padre que, por vezes passava lá pela choupana, dava-lhe a benção e sempre levava um queijo, mas logo que podia, corria à Igreja, durante o dia ou noite, a fazer as suas orações, até que, os moradores das casas junto à Igreja, começaram a notar a sua presença todas as noites a rezar à porta da Igreja de Santo António, até que o Sacristão, que era seu compadre, depois das suas orações o interrogou:
Sacristão: Boa noite compadre! Agora, andas muito devoto, todas as noites aqui estás a fazer as tuas orações, quer dizer que andas pagando alguma promessa?
Miguel: Oh compadre, não ando a pagar promessa nenhuma, são cá coisas minhas, é a minha fé no nosso Santo António, venho agradecer-lhe o bem que me tem feito!
Sacristão: Oh compadre, Deus me livre de me meter na tua vida, só falei porque de verdade, temos andado muito admirados por te ver aqui todas as noites e a minha Maria pensou que devias andar a fazer alguma novena, a pagar alguma promessa ou a pedir alguma coisa a Santo António, ou a Nossa Senhora, mas como disse, não temos nada com isso! Passa bem, uma boa noite!
Despediram-se e, o Miguel Pastor, voltou a correr para a sua choupana, para dormir algumas horas, porque, a vida de pastor era muito dura e tinha de se levantar muito cedo para ordenhar as ovelhas, antes de irem para a pastagem!
A sua presença a rezar à porta da Igreja de Santo António, cada vez intrigava mais os seus compadres, o Sacristão e a mulher, assim como, os outros moradores, não tinham dúvidas que havia ali um mistério, mas o Miguel não contava a ninguém o que andava pedindo a Santo António!
O Miguel Pastor quase todas as noites entrava na casa do compadre Sacristão, que era mesmo ao lado da Igreja, trazia sempre uma pinga de leite ou um queijo, para as crianças e, conversa puxa conversa, o cerco foi-se apertando até que o Miguel, uma noite contou ao compadre o que andava a pedir a Santo António que, não era nem mais nem menos do que um filho!
O compadre ficou surpreendido, sem saber o que responder sem que ele ficasse ofendido e disse-lhe:
Sacristão: Oh compadre Miguel, então, para isso, tens de casar primeiro, já tens a rapariga?
Miguel: Oh compadre, então se tivesse mulher, qual era a admiração de ter um filho? Para que andava eu, aqui a pedir a Santo António? Eu quero um filho, mas não quero casar, porque não tenho vida para governar uma mulher!
Sacristão: Eh lá compadre, não estou a ver como isso pode ser! A não ser que tenhas um filho sem casar, é filho ilegítimo, mas não deixa de ser teu filho, podes sempre falar aqui com o padre e pode ser que ele aceite isso! Mas não é nada fácil!
Miguel: Oh compadre, não é nada disso que eu quero! Eu quero um filho, mas não quero nenhuma mulher!
Sacristão: Olha compadre, assim não percebo! A não ser que te apareça algum gaiato lá à porta! Há por aí muito disso, mas lá na choupana, não sei, não sei se tens essa sorte!
O pastor despediu-se e seguiu para a sua choupana e o Sacristão foi contar à mulher que já tinha descoberto o mistério do compadre Miguel e contou-lhe:
Sacristão: Eh mulher, grande novidade eu tenho para te contar, sobre o mistério do nosso compadre Miguel pastor, já sei tudo, tudo, mas chiu, não contas a ninguém!
Ti Maria. Credo homem! Pela tua cara, não deve ser coisa boa! Conta lá, depressa que eu não conto a ninguém!!
Sacristão: Oh mulher, tu não acreditas, o nosso compadre Miguel anda a pedir a Santo António para ter um filho, sem ter nenhuma mulher!
Ti Maria: O quê? Então, só pode ser fosse um enjeitado! Mas a morar numa choupana, onde é que o apanha? E como é que o cria?
Sacristão: Isso não sei Maria, isso não sei! Mas pode acontecer, não te esqiueças que ele tem uma boa vida!
Ti Maria: Pois, pode ser! Mas só com a ajuda de Santo António é pouco, precisa de mais ajudas!
Sacristão: Maria, agora que já sabes, cuidado com a lingua, não contes a ninguém, senão, depressa se espalha por aí e depois podemos arranjar alguma zanga com o compadre Miguel e sabes a falta que nos faz o leite que ele nos dá!
Ti Maria: Eu? Olha, não contes tu! Fica lá descansado que a minha boca não se abre!
No dia seguinte antes do meio dia, já toda a gente que morava na Igreja, incluindo o padre, sabiam qual era o mistério do Miguel pastor que a ti Maria levantou-se bem cedo para contar às vizinhas e, cada um/a começou a inventar o que lhe vinha à cabeça sobre o pedido do pastor!
O Miguel pastor andava muito cansado e, algumas noites em meio das orações passava pelas brasas à porta da Igreja, uma noite começou a sonhar que Santo António lhe colocava a mão no ombro e dizia-lhe para ir descansar para a choupana que, brevemente teria o filho que tanto desejava! Naquele momento, o Miguel pastor acordou sobressaltado ao ouvir o compadre Sacristão que tinha a mão no seu ombro e dizia-lhe para ir descansar para a sua choupana que, Santo António, decerto, o ajudava!
O Miguel pastor ainda estava desorientado, mas percebeu que, o sonho com Santo António e as suas palavras, não passavam de um sonho, levantou-se, despediu-se do compadre e partiu para a sua choupana!
Nessa noite, o Miguel pastor estava muito cansado, assim que caiu na tarimba (cama) adormeceu profundamente e, passou a noite a sonhar que já tinha o filho prometido por Santo António no sonho, acordou cedo, levantou-se, abriu a porta da choupana e ficou pasmado ao ver na sua frente um quadro inacreditável, estava uma criança dentro de um cesto de verga com palha no fundo e coberto com parte de um cobertor, ladeado pelos seus cães, como uma guarda de honra! Os cães, um serra da estrela de pêlo curto e um rafeiro alentejano que, guardavam as ovelhas e não permitiam aproximações, fosse de lobos, pessoas ou outros cães, como foi possível, alguém os ter dominado e deixar a criança à porta da choupana do pastor? Tinha de haver ali mão divina, pensou ele!
O Miguel Pastor, esteve uma eternidade a olhar aquele quadro e a coçar a cabeça à procura de explicações, ainda deu umas palmadas no rosto para confirmar que estava acordado, até que, a criança começou a chorar e ele teve de dar um passo em frente, olhando para todos os lados, na esperança de ver alguém, até que, pegou no cesto com a criança e levou-o para o interior da choupana, para decidir o que fazer, entretanto, foi confirmar que era do sexo masculino, como ele queria!
Depois de muito pensar, meteu leite numa panela e foi pedir auxílio ao compadre Sacristão e à ti Maria, os quais, ficaram muito surpreendidos, ouviram o Miguel pastor e depois decidiram chamar o padre e entre todos contaram-lhe o sucedido!
O padre não se mostrou muito surpreendido, disse-lhe que, não havia ali nada a fazer, senão batizar a criança, imediatamente e de acordo com todos, foi escolhido o nome de Miguel de Santo António Galego, sendo o Sacristão e o padre os seus padrinhos e, ficou registado como sendo filho ilegítimo do Miguel pastor, sem nenhuma indicação de mãe incógnita, como o padre de início queria escrever no registo!
A comadre Maria tinha uma filha de poucos meses e muito leite, também outras mulheres moradoras nas casas junto à Igreja tinham crianças pequeninas e muito leite, então e comprometeram-se, entre todas, a dar de mamar ao Miguel de Santo António, uma vez que, o Miguel pastor prometeu que seriam bem recompensadas!
O Miguel de Santo António foi criado no lugar da Igreja, onde o pai ia todos os dias a vê-lo e pegá-lo ao colo, levava farinha, leite, pão, queijos, carne e outros bens, nunca passaram tão bem na Igreja, não faltava nada ao Miguel e às famílias de acolhimento e, à medida que crescia mais tempo passava com o pai na choupana ou atrás das ovelhas!
O Miguel Pastor vivia muito feliz com o seu filho tão desejado e tentava ensinar-lhe os segredos da sua profissão, mas o Miguel de Santo António, não mostrava nenhum interesse em tratar de ovelhas, ele queria aprender a ler, escrever e contar e começou a dizer ao pai que queria ser padre, como o padrinho!
O pai não queria acreditar e não levava a sério, pensava que, com o passar do tempo, essa ideia mudava e, decerto, surgia o gosto pelas ovelhas, como o pai, mas estava enganado, o rapaz cada vez tinha mais certeza que seria padre e, sempre que se podia escapar da choupana corria para a Igreja para junto do padrinho a aprender a ler, escrever e a rezar as missas!
O Miguel de Santo António não se entendia com o pai que, queria à força, que ele fosse pastor de ovelhas, mas ele queria ser pastor de almas e negava-se a aprender tudo o que tivesse a ver com as ovelhas!
Quando o Miguel Pastor se convenceu que não podia fazer mais nada para que o filho fosse pastor, foi falar com o padre que já o esperava e ambos concluíram que o melhor era deixar o rapaz seguir a sua vida e o padre comprometeu-se a tratar de tudo para o seu afilhado Miguel de Santo António entrar no Seminário!
O Miguel de Santo António, passava a maior parte do tempo na Igreja, junto do padrinho a preparar-se para a sua entrada no Seminário, mas ia dormir à choupana com o pai, até ao dia da despedida! Foi grande o desgosto do Miguel pastor, não era isso que ele queria, mas não podia fazer mais nada, o seu sonho desfazia-se, alguém lhe tinha dado o filho e agora ficava sem ele!
O Miguel de Santo António deu entrada no Seminário Menor de S. José em Vila Viçosa, era tudo novo para ele, mas a sua preparação antecipada com o padrinho facilitou-lhe a adaptação e permitiu-lhe destacar-se da maioria dos seus colegas, porque, além da literacia, incluindo latim, já sabia rezar uma missa de fio a pavio, deixando os padres mestres surpreendidos!
O Miguel de Santo António passou muitos anos entre aquele Seminário e o Seminário Maior de Évora, mas sempre que podia, visitava o pai, ficando instalado numa pequena casa que o pai, entretanto comprou na Aldeia, mas não deixava de ir à choupana do Baldio e, diariamente à Igreja de Santo António, a rezar e a agradecer às suas mães que o tinham criado com o seu leite!
Sempre que o Miguel de Santo António fazia as visitas ao pai, as pessoas diziam-lhe que o queriam padre em Santo António e ele respondia que era esse o seu maior desejo, mas dependia da vontade de Deus e do Senhor Arcebispo!
Nos finais de mil setecentos e trinta, o Miguel de Santo António foi ordenado padre e o Senhor Arcebispo da Diocese de Évora, devido à necessidade de padres na Vila de Monsaraz, conhecendo as suas características e por não existir lugar vago na Vila de Terena, onde ele mais desejava, falou com ele e disse-lhe que ficava na Vila de Monsaraz só até existir um lugar na Vila de Terena!
O padre Miguel de Santo António permaneceu alguns anos na Vila de Monsaraz até que, recebeu uma carta do Arcebispo com indicação para se apresentar na Vigararia da Vila de Terena, onde ficou mais de um ano, até vagar o lugar na Paróquia de Santo António!
O padre Miguel de Santo António, desde a sua saída de Évora, manteve correspondência com o Arcebispo, porque eram muito amigos e, por coincidência também chamado Miguel, nessas cartas, contava-lhe tudo o que se passava na sua vida eclesiástica e, quando lhe descreveu o estado em que encontrou a Paróquia de Santo António, o Arcebispo, na resposta, pediu-lhe que organizasse uma festa religiosa que incluísse a crisma de todos os paroquianos que ainda não o tivessem feito, sendo o próprio Arcebispo a fazer as crismas e, rapidamente fizeram a marcação para o dia 15 de Março de 1752, uma Quarta -Feira!
O padre Miguel de Santo António, nomeou uma comissão que organizou uma das maiores festas religiosas na Igreja de Santo António, convidaram todos os lavradores e lavradoras da região para participar e estarem presentes e para darem esse dia aos criados e criadas para poderem assistir à crisma dos filhos e à dita festa que envolveu mais de quinhentos paroquianos, paroquianas e vizinhos!
No dia marcado, ali estava o Arcebispo Frei Miguel de Távora, cumprindo a sua palavra, junto do seu amigo, padre Miguel de Santo António, fizeram grande cumprimento, deram as boas vindas, a seguir rezou uma missa, onde evidenciou as qualidades humanas do seu amigo padre Miguel de Santo António, depois fez 158 crismas e seguiu-se uma grande festa, inesquecível na Paróquia de Santo António!
A visita do Arcebispo à Paróquia de Santo António, assim como, as mudanças feitas pelo padre Miguel de Santo António, alteraram a vida religiosa dos paroquianos e paroquianas que, começaram a participar nos atos litúrgicos e festas religiosas com mais devoção e, diziam que, este padre era um anjo enviado do céu!
As missas do padre Miguel de Santo António, amigo do Senhor Arcebispo, começaram a ser tão faladas na região que, de todo o lado chegavam fiéis a pé de carroça de burra e lavradores com a família em carruagens e charretes, para assistir às missas e a celebrar casamentos, tornando-se a Igreja de Santo António o lugar mais pomposo da região!
O Miguel pastor, dedicou a sua vida às suas ovelhas, recuperou a alegria quando o filho voltou, concretizando o seu sonho de ter um filho sem casar, porque, achava que não tinha condições para governar uma mulher e, quando já não tinha condições para guardar as ovelhas, o filho, mesmo sem acordo entre ambos, contratou um pastor e, levou-o para junto dele na casa Paroquial, onde o tratou muito bem, com a ajuda da sua criada, até ao fim da sua vida, mas levava-o muitas vezes a ver as suas ovelhas e a dar instruções ao pastor, quando ele partiu o padre vendeu as ovelhas e com o dinheiro foi ajudando muitas obras de caridade na região!
A origem genética do padre Miguel de Santo António, foi sempre um grande mistério nas terras de Capelins, ainda mais, a maneira como apareceu à porta da choupana, uma vez que, os cães do Miguel pastor não deixavam aproximar ninguém sem autorização do dono, tinha de ser alguém bem conhecido e cada um inventava o que lhe parecia!
O padre Miguel de Santo António, também pensava muito sobre a sua origem, pressentia que por vezes, tinha a mãe nas sua frente, mas devia ser um segredo muito bem guardado, porque, nem em confissão, alguma vez ouviu uma palavra que a identificasse, até que, uma madrugada foi chamado para dar os Sacramentos a uma mulher em fim de vida que tinha morado sempre junto à Igreja e ao confessar-se ao padre, a filha estava perto e ouviu-a contar-lhe que era a sua mãe e, o pai era um padre que sempre o tinha protegido e ajudado e contou-lhe que o padre sabia que ficava bem entregue ao Miguel pastor que tinha posses e queria muito ter um filho e que os cães do pastor o conheciam muito bem, por isso, foi muito fácil o padre deixá-lo na choupana, a seguir faleceu! Não disse o nome do pai, mas ele percebeu, daí a sua vocação para padre, mas para ele, o pai continuou a ser sempre o Miguel pastor!
O padre Miguel de Santo António, foi Pároco na Paróquia de Santo António mais de trinta anos e, ali faleceu nos finais do decénio de 1780, ficando sepultado na Igreja de Santo António, na terceira cova, da segunda carreira a contar da mão esquerda de cima para baixo.
Fim
Texto: Correia Manuel
Fotografia: Correia Manuel 


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