A lenda do lírio de Capelins

 A lenda do lírio de Capelins

Conta a lenda que, vivia um lírio florido, nas margens do rio Guadiana, alguns metros abaixo do Moinho da Cinza, nas terras de Capelins, como não tinha nada para fazer, passava o tempo a observar o que se passava em seu redor, quem ia ao Moinho, quem vinha do Moinho e a ver e ouvir o que faziam e diziam os seus vizinhos.

Um dia, quando menos esperava foi visitado por cupido e, perdeu-se de amores por um lindo rouxinol que pousava todos os dias, logo de manhãzinha, no ramo de uma nogueira que existia ao lado do dito Moinho e cantava, cantava e, alegrava todos os seres vivos das redondesas, flores, árvores, animais, o moleiro e a família, fregueses, ganadeiros, pescadores, contrabandistas e, quem por ali passava, com o seu canto maravilhoso.

A flor do lírio de Capelins estava apaixonada pelo rouxinol, mas era muito tímida, então, escondia-se no meio das ervas para o ver e ouvir e não ser vista, depois, passava o resto do dia a fantasiar e as noites a sonhar com ele, sempre a ouvir as suas lindas melodias, vivendo numa grande felicidade. 

O lírio florido de Capelins acordava muito cedo e preparava-se para ver e ouvir o seu rouxinol, mas um dia ele deixou de aparecer, então, o lírio esperou, esperou, esperou, mas passou o dia e o rouxinol não apareceu, assim como, nos dias seguintes, deixando o lírio cada vez mais triste, até que, com a tristeza, deixou de florir.

O tempo foi passando, vieram as grandes cheias do rio Guadiana e, as águas seguiram para o mar, voltando, mais tarde, tudo ao normal, o lírio, todos as manhãs esperava o seu rouxinol, mas já era Maio e, já não esperava de o voltar a ver, pelo que, também não floria, mas quando já tinha as esperanças perdidas, eis que, ele apareceu, deixando o lírio muito feliz, voltando, imediatamente a florir.

Como as outras flores, assistiram ao acontecimento, elegeram-na, por unanimidade, a flor da felicidade.

Quando os capelinenses tiveram conhecimento desta lenda, em sua homenagem, deram-lhe o lugar de honra no Brasão da sua Freguesia de Capelins (Santo António), onde ocupa um lugar de destaque, com um ramo de lírios de ouro, florido de três flores de prata, com estames e ouro.

Fim 

Texto: Correia Manuel