terça-feira, 21 de maio de 2019

O jogo do Xito nas terras de Capelins

O jogo do Xito nas terras de Capelins
Este jogo, é conhecido nas terras de Capelins e, em todo o Concelho de Alandroal, desde há mais de dois séculos, mas não encontramos provas sobre a sua origem, no entanto, parece ter vindo da vizinha Espanha, uma vez que, é semelhante a um jogo com cartas, mas com algumas regras comuns, entre elas, o "envidar"!
Um dos elementos fundamentais, para se poder jogar ao xito, é um cartuxo metálico de um projétil, mas existem outros cartuxos como os das espingardas de caça, feito em cartão ou plástico com maiores dimensões do que o cartuxo metálico de projétil, o qual, em espanhol é "El cartuxito", pequeno cartuxo, por isso, é nossa convicção que, com o passar dos séculos, acabou por derivar de jogo do "cartuxito" para jogo do "xito"!
O jogo do xito, pode ser jogado de mão a mão, entre apenas dois jogadores, ou por equipas, sendo uma equipa formada por dois elementos, com objetivo comum, a qual, joga com outra, ou mais equipas, o máximo três, por causa da confusão!
Este jogo, joga-se usando uma laje de xisto retangular lisa, com cerca de vinte e cinco centímetros de largura e trinta de comprimento, ou até menor, ou seja, a que se puder arranjar!
Como antigamente, o piso de algumas casas era de xisto, então, podia jogar-se no próprio chão, sendo marcado na pedra de xisto, ou no chão, um sinal, geralmente uma cruz com uma covinha no cruzamento que, se designa "cama" do xito ou "ponto"!
Como antes referimos, o xito, é um cartuxo metálico de projétil, com cerca de seis centímetros de comprimento!
O vintém é, normalmente uma moeda de vinte réis com a esfinge de D. Carlos ou D. Luís, não deve ser leve, nem muito pesada!
A pontuação do jogo do xito é a seguinte:
1 - Derrubar o xito, chama-se "data" vale sempre 2 pontos!
2 - Derrubar o xito e tirar o ponto, que consiste em deixar o vintém mais próximo da "cama" do xito de entre todos os jogadores, ou seja, data + o ponto, vale 3 pontos!
3 - Envidado + uma data + o ponto, vale 6 pontos!
4 - Envidado + Revidado + uma data + o ponto, vale 9 pontos!
5 - O jogo termina, sendo ganho pelo jogador ou equipa que, primeiro fizer 24 pontos!
6 - É vencedor quem ganhar a "partida", ou seja, quem primeiro ganhar dois jogos!
Cada jogador, por sua vez, coloca-se a cerca de dois metros e meio de distância do xito, chama-se "calha" e, se o jogo for de mão a mão, são dois jogadores, em duas equipas, ou até três, sendo assim, quatro ou seis jogadores!
Duas Equipas:
1 - O primeiro jogador, cuja vez, é antes disputada entre, apenas um elemento de cada equipa que, apontam e atiram o vintém ao xito e, o vintém que ficar mais próximo da cama, será essa a equipa a sair com o primeiro jogador da primeira equipa que, atira o vintém ao xito, com intenção de o derrubar e, ao mesmo tempo, tentar que, o vintém fique sobre a cama do xito ou, o mais próximo possível, se o derrubar ganha, imediatamente dois pontos para a sua equipa, esses dois pontos já ficam cativos até ao fim da jogada que, é quando todos os pontos são somados e atribuídos às respetivas equipas que os ganharam!
2 - A seguir, joga o primeiro jogador da segunda equipa que, também tem como objetivo derrubar o xito e, ao mesmo tempo deixar o seu vintém o mais próximo possível da cama, se derrubar o xito ganha dois pontos para a sua equipa e, se deixar o seu vintém melhor posicionado, mais perto da "cama", do que o do jogador que jogou antes, pode "envidar" a jogada, convencido que o jogador seguinte, da equipa adversária, não consegue tirar-lhe o ponto!
3 - Depois, joga o último dos dois jogadores da primeira equipa, a jogada pode estar "envidada", por isso, ele vai fazer o melhor que puder para derrubar o xito e tirar o ponto, tentando picar o vintém do outro jogador e, deixar lá o seu! Se conseguir ganhar o ponto, também ganha o "envidado"! Assim, se este jogador, conseguiu derrubar o xito e tirar o ponto, então, na esperança de que o último jogador da segunda equipa não lhe consegue tirar o ponto, pode "revidar" a jogada! Mas o ponto mais alto, que pode anular os anteriores é o "retentino!
4 - Por fim, joga o último jogador da segunda equipa, a jogada pode estar "envidada" e "revidada", este jogador, vai tentar derrubar o xito e tirar o ponto, se o conseguir, a sua equipa ganha no total onze pontos, incluindo a "data" do seu colega de equipa, se não conseguir, esses pontos ficam para a equipa adversária!
5 - Todas as situações descritas, quase sempre envolvem grande ritual, algazarra e discussão, muitas vezes, têm de ser chamados outros jogadores respeitados, alheios ao jogo para servirem de árbitro e, dizer de quem é o ponto, são feitas medições com os mais estranhos instrumentos, sendo, antigamente, muito usada a mortalha de papel onde enrolavam o tabaco para cigarros que, pela sua sensibilidade não empurrava os vinténs do seu lugar, no momento das medições! No caso de, se concluir que, os vinténs estão ambos à mesma distância da "cama", os donos desses vinténs têm que ir, novamente, disputar o ponto, depois o que ficar mais próximo da "cama" do xito, ganha os pontos em causa nessa jogada, só não ganha os pontos das "datas" dos jogadores adversários!
A seguir, inicia-se outra jogada, começa a jogar o jogador que tirou o ponto na jogada anterior e, continua tudo igual até uma das equipas chegar primeiro a vinte e quatro pontos, ganhando o jogo, mas só vence quem ganhar a partida, que são dois jogos, portanto, continuam a jogar até uma das equipas ganhar dois jogos, como dissemos a partida!
Só no fim de cada jogada se levantam da pedra, todos os vinténs, se for por equipas, um de cada jogador!
Quando terminar a partida, a equipa que perder tem de pagar as bebidas!
De mão a mão:
Se o jogo do Xito, for de mão a mão, significa que, é apenas entre dois jogadores, em cada jogada, os jogadores jogam duas vezes, com dois vinténs cada um e, só no fim da jogada se levantam da pedra, os quatro vinténs! O jogo é completamente igual, como foi descrito entre equipas!
As bebidas, em meados do século XX, eram copos de três tostões, ou seja, trinta centavos de escudo!
O jogo do xito, pode durar uma hora, ou menos, mas também pode durar uma tarde e toda a noite!
Nas terras de Capelins e vizinhas, existiam torneios ou campeonatos do jogo do xito, sendo noutros tempos, um dos jogos mais populares que se jogava nas tabernas, sempre acompanhado com um copo de três.
Fim
Xito

domingo, 12 de maio de 2019

Moinho do Coronheiro de Baixo - 22

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins 

22 - Moinho do Coronheiro de Baixo 

O Moinho do Coronheiro de Baixo, situa-se na margem esquerda da Ribeira de Azevel, junto à herdade do Roncanito, quase na sua foz no rio Guadiana.
Desconhecemos quando e quem mandou construir este Moinho, mas temos indícios que talvez tivesse sido o lavrador da herdade do Gato, o mesmo que, pensamos ter construido o Moinho do Gato, por ser auxiliar deste Moinho, ou seja, quando o Rio Guadiana submergia o Moinho do Gato nas grandes cheias que podiam durar meses, o Moleiro mudava-se para este Moinho, assim, talvez a sua construção tivesse sido nos finais da centúria de 1600.
Era um Moinho de rodízio, ou roda motriz horizontal de submersão, com um aferido, ou seja, um casal de mós ou linha de moagem. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, construído em pedra imbrincada ou travada, em aparelho gravitacional, que cortava a Ribeira de margem a margem, e barrava e canalizava a água para o poço, onde trabalhava a roda motriz. 
O Moinho do Coronheiro de Baixo foi desativado no decénio de 1960, ou talvez antes, porque, quando em 2001 foi feito o levantamento arqueológico e patrimonial de Alqueva, consta no relatório que este Moinho se encontrava em ruínas, já não tinha cobertura, com indícios de não trabalhar há muitos anos. 
(Algumas informações, foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros, neste caso, tivemos a colaboração do amigo Isidro Pinto, natural do Ferragudo, Monsaraz). 

Texto: Correia Manuel

Do Memorial na Aldeia de Montejuntos - Capelins








Moinho do Catacuz - 21

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins
21 - Moinho do Catacuz
O Moinho do Catacuz, situa-se na margem esquerda da Ribeira do Azevel, junto à herdade do Roncanito, no fim de mais uma curva no curso desta Ribeira, já próximo da sua foz, no rio Guadiana, na Freguesia de Capelins.
Desconhecemos quem mandou construir este Moinho, não temos a certeza da data da sua construção, mas existem indícios que, foi mandado construir nos finais da centúria de 1600, depois da Guerra da Restauração, e reposta a ordem e a paz nestas terras da raia, quando construiram muitos Moinhos nesta região e, deve ter sido mandado construir por algum lavrador da região, ou uma alta patente militar ou Congregação Religiosa, talvez já donatários de algum Moinho no Rio Guadiana.
Era um Moinho de rodízio, ou roda motriz horizontal de submersão, com um aferido, ou seja, um casal de mós ou linha de moagem. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, construído em pedra imbrincada ou travada, em aparelho gravitacional, que cortava a Ribeira de margem a margem, e barrava e canalizava a água para o poço, onde trabalhava a roda motriz. 
Parece que, um dos últimos Moleiros do Moinho do Catacuz, senão o último e, talvez seu proprietário, uma vez que, o dito Moinho era conhecido pela alcunha do senhor João Catacu, natural da Freguesia de Monsaraz.
O Moinho do Catacuz foi desativado no decénio de 1960, quando todos os Moinhos da região começaram a diminuir a sua atividade, por falta de fregueses, não só pela grande emigração verificada nessa década, mas também, devido ao surgimento das moagens mecânicas, junto, ou dentro das localidades, não compensando a deslocações aos Moinhos que ficavam longe e, geralmente por maus caminhos.
(Algumas informações, foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros, neste caso, tivemos a colaboração do amigo Isidro Pinto, natural do Ferragudo, Monsaraz). 

Texto: Correia Manuel

Do Memorial na Aldeia de Montejuntos - Capelins








sábado, 11 de maio de 2019

Moinho das Piteiras - 20

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

20 - Moinho das Piteiras

O Moinho das Piteiras situa-se na margem esquerda da Ribeira do Azevel, junto à herdade do Roncanito, antigo Roncão do Conde, numa das curvas acentuadas, descritas por esta Ribeira, no seu curso, no limite desta herdade e, da Freguesia de Capelins.
Existem indícios que, este Moinho foi mandado construir pelo mesmo proprietário do Moinho do Calvinos, porque o Moinho das Piteiras era auxiliar deste Moinho, ou seja, quando o Moinho do Calvinos não podia trabalhar, por se encontrar submerso pelas grandes cheias do Rio Guadiana, era para este, que o Moleiro se mudava durante alguns meses. Assim, como pensamos que o Moinho do Calvinos foi mandado construir pela família nobre de Vila Viçosa, os Sousa Meneses, por constarem numa Escritura de compra/venda do aforamento desse Moinho, logo o Moinho das Piteiras teria sido construído pela dita família, no final da centúria de 1600.
Parece que, em algum tempo, senão no último século pertenceu à família "Piteira" de Monsaraz, daí a sua designação de Moinho das Piteiras.
A maioria dos Moinhos pertenciam a famílias nobres ou a Congregações Religiosas e, em 1834, alguns foram nacionalizados, passaram para a Fazenda Nacional e vendidos a quem mais deu por eles, geralmente aos Moleiros, como fizeram uma Escritura ficou registado o nome que já tinham, ou o que os novos proprietários lhe quiseram dar, ficando conhecidos pelos nomes ou alcunhas dos últimos proprietários.
Era um Moinho de rodízio, ou roda motriz horizontal de submersão, com um aferido, ou seja, um casal de mós ou linha de moagem. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, construído em pedra imbrincada ou travada, em aparelho gravitacional, que cortava a Ribeira de margem a margem, e barrava e canalizava a água para o poço, onde trabalhava a roda motriz. 
O Moinho das Piteiras é o quinto em sentido descendente da Ribeira do Azevel na Freguesia de Capelins, por isso, trabalhava poucos meses durante o ano, uma vez que, a água nesta Ribeira era pouco abundante, para mover a roda motriz. 
Junto a este Moinho, foram encontradas manchas de ocupação humana e artefactos dos períodos do Neolítico, do Calcolítico e de outros, que nos leva a pensar que, como o terreno devia estar trabalhado em termos de acessos, facilitou a construção do Moinho neste lugar.
O Moinho das Piteiras foi desativado no decénio de 1960, quando da grande emigração da população desta região para a cintura industrial e Lisboa e devido ao surgimento das moagens motorizadas junto às localidades, deixando de compensar a deslocação aos Moinhos de água que ficavam mais distantes e a maioria dos caminhos para os alcançar, eram maus.
(Algumas informações, foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros, neste caso, tivemos a colaboração do amigo Isidro Pinto, natural do Ferragudo, Monsaraz). 

Texto: Correia Manuel

Do Memorial na Aldeia de Montejuntos - Capelins





Moinho do Major - 19

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins
19 - Moinho do Major
O Moinho do Major situa-se na margem esquerda da Ribeira do Azevel, junto à herdade do Roncanito, antigo Roncão do Conde, numa das várias curvas descritas por esta Ribeira, no seu curso, no limite desta herdade e, da Freguesia de Capelins.
Existem indícios que este Moinho foi mandado construir pelos Condes de Vila Nova, Senhores destas terras, pelo menos nos decénios de 1600 a 1800, sendo este Moinho construído, talvez, nos finais de 1600, como auxiliar do Moinho da Volta, decerto do mesmo proprietário, no entanto, esta herdade ou Roncão do Conde, foi administrada, cerca do ano de 1800, pelo Sargento Mor das Ordenanças (guarda do Reino) de Monsaraz, Francisco Pedro Sobrinho de Sousa, o qual, faleceu no dia 05 de Julho de 1823, e também foi Sargento Mor das Ordenanças de Terena e que, ao reformar-se passou a Major, daí, deduzimos que se era detentor da dita herdade, também seria do Moinho, o qual, ganhou o nome da sua patente de Major.
Era um Moinho de rodízio, ou roda motriz horizontal de submersão, com um aferido, ou seja, um casal de mós ou linha de moagem. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, construído em pedra imbrincada ou travada, em aparelho gravitacional, que cortava a Ribeira de margem a margem, e barrava e canalizava a água para o poço, onde trabalhava a roda motriz. 
O Moinho do Major é o quarto mais alto no curso da Ribeira do Azevel na Freguesia de Capelins, por isso, trabalhava poucos meses durante o ano, uma vez que, a água nesta Ribeira era pouco abundante, para mover a roda motriz. 
Junto a este Moinho, foram encontradas manchas de ocupação humana e artefactos dos períodos do Neolítico, do Calcolítico e de outros, que nos leva a pensar que, como o terreno devia estar trabalhado em termos de acessos, facilitou a construção do Moinho neste lugar.
O Moinho do Major foi desativado no decénio de 1960, quando do exôdo da população desta região e do surgimento das moagens motorizadas junto às localidades e deixou de compensar a deslocação aos Moinhos de água que ficavam mais distantes e a maioria dos caminhos para os alcançar, eram maus.
(Algumas informações, foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros, neste caso, tivemos a colaboração do amigo Isidro Pinto, natural do Ferragudo, Monsaraz). 

Texto: Correia Manuel

Do Memorial na Aldeia de Montejuntos - Capelins




sexta-feira, 10 de maio de 2019

Moinho do Ramalho - 18

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

18 - Moinho do Ramalho
O Moinho do Ramalho, situa-se na margem esquerda da Ribeira do Azevel, junto à herdade do Roncanito, um pouco abaixo do Moinho do Melo, na Freguesia de Capelins.
Desconhecemos por quem, e quando foi construído este Moinho, mas existem indícios que possa ter sido, um lavrador, ou um grupo de lavradores desta região, ou talvez, uma Congregação Religiosa, ou uma alta patente militar, que o tenham mandado construir no início da centúria de 1700, e pelo menos, em algum tempo, pensamos que foi propriedade de uma família com apelido "Ramalho", ficando conhecido por esse nome.
Era um Moinho de rodízio, ou roda motriz horizontal de submersão, com um aferido, ou seja, um casal de mós ou linha de moagem. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, construído em pedra imbrincada ou travada, em aparelho gravitacional, que cortava a Ribeira de margem a margem, e barrava e canalizava a água para o poço, onde trabalhava a roda motriz. 
O Moinho do Ramalho é o terceiro mais alto no curso da Ribeira do Azevel na Freguesia de Capelins, por isso, trabalhava poucos meses durante o ano, uma vez que, a água era pouco abundante, porque, quanto mais acima se situavam os Moinhos, mais cedo tinham de parar, devido à escassez de água para mover a roda motriz. 
O Moinho do Ramalho foi desativado no início do decénio de 1960, quase em simultâneo, com a desativação da maioria dos Moinhos do Rio Guadiana. 
O último proprietário e Moleiro do Moinho do Ramalho foi o senhor Manuel Gonçalves, conhecido na região por senhor Manuel do Gato, cujo apelido, pensamos estar ligado ao Moinho do Gato, onde deve ter sido Moleiro.
Perto deste Moinho, como em todos os lugares onde foram construídos os Moinhos na Ribeira do Azevel, foram encontrados sítios arqueológicos de povoados e manchas de ocupação humana, datadas, desde a pré história.
(Algumas informações, foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros, neste caso, tivemos a colaboração do amigo Isidro Pinto, natural do Ferragudo, Monsaraz). 

Texto: Correia Manuel

Do Memorial na Aldeia de Montejuntos - Capelins







Moinho do Melo - 17

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins
17 - Moinho do Melo
O Moinho do Melo situa-se na margem esquerda da Ribeira do Azevel, onde era descrita uma curva por esta Ribeira, para o interior da Freguesia de Capelins, sendo o segundo em sentido descendente, junto à herdade do Roncanito na dita Freguesia.
Desconhecemos por quem, e quando foi construído este Moinho, mas existem indícios que possa ter sido, ou uma família nobre desta região com o apelido de Melo, porque existiram várias famílias com este apelido com ligação a Monsaraz e beneficiários da Comenda de São Pedro de Monsaraz, ou uma Congregação Religiosa, ou uma alta patente militar, que o tenham mandado construir no início da centúria de 1700, ou pelo menos, em algum tempo foi propriedade de uma influente, família Melo que lhe deu o seu nome.
Era um Moinho de rodízio, ou roda motriz horizontal de submersão, com um aferido, ou seja, um casal de mós ou linha de moagem. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, construído em pedra imbrincada ou travada em aparelho gravitacional, que cortava a Ribeira de margem a margem, que barrava e canalizava a água para o poço, onde trabalhava a roda motriz. 
Como foi referido, o Moinho do Melo é o segundo mais alto no curso da Ribeira do Azevel na Freguesia de Capelins, por isso, trabalhava poucos meses durante o ano, uma vez que, a água era pouco abundante,  porque quanto mais acima se situavam os Moinhos, mais cedo tinham de parar, devido à escassez de água para mover a roda motriz.
(Algumas informações, foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 

Texto: Correia Manuel

Do Memorial na Aldeia de Montejuntos - Capelins







quinta-feira, 9 de maio de 2019

Moinho do Azevel - 16

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins
16 - Moinho do Azevel
O Moinho do Azevel situa-se na margem esquerda da Ribeira do Azevel, a mesma que lhe deu o nome, a qual, limita a Freguesia de Capelins e a de Monsaraz, junto à herdade do Azinhal Redondo.
É o Moinho que fica situado no ponto mais alto da dita Ribeira, em termos geográficos, em relação à sua foz no rio Guadiana e, na Freguesia de Capeins.
Como este Moinho, pelo menos, em algum tempo, era auxiliar do Moinho do Calvinos, para onde o Moleiro se mudava quando aquele não podia trabalhar durante as grandes cheias do Rio Guadiana, parece-nos que, teria sido o proprietário do Moinho do Calvinos que o mandou construir, talvez na centúria de 1700.
Era um Moinho de rodízio, ou roda motriz horizontal de submersão, com um aferido, ou seja, um casal de mós ou linha de moagem. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, construído em pedra imbrincada ou travada em aparelho gravitacional, que cortava a Ribeira de margem a margem, que barrava e canalizava a água para o poço, onde estava a roda motriz. 
Quando o Moinho do Calvinos deixou de trabalhar, por consequência, também este Moinho, parou a sua atividade.
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 

Texto: Correia Manuel

Moinho do Azevel - Capelins





quarta-feira, 8 de maio de 2019

Moinho do Gato - 15

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins
15 - Moinho do Gato
O Moinho do Gato situava-se/situa-se na margem direita do rio Guadiana, junto à foz da Ribeira do Azevel, e da herdade do Roncanito de Capelins.
Desconhecemos, quando e quem mandou construir este Moinho, mas existem indícios que foi construído nos finais da centúria de 1600 pelo lavrador da herdade do Gato, situada além Azevel no antigo Concelho de Monsaraz, porque, sabemos que, chegou a moer só cereais da dita herdade. 
Conforme consta na Coreografia Portuguesa do Padre António Carvalho da Costa em 1708, na demarcação do Termo (Concelho) de Terena, aquele lugar, com ou sem Moinho, já se designava Gato.
Este Moinho é de rodízio ou roda motriz horizontal, com cinco aferidos, ou seja, cinco casais de mós, ou linhas de moagem, o maior desta região.
 Como todos os Moinhos tinha um açude, neste caso, com caneiro ou pesqueira, construído de pedra imbrincada ou travada em aparelho gravitacional, que barrava e canalizava a água para as adufas ou bocas dos canais, que fazia mover as rodas motrizes, e estas por sua vez, moviam as mós andadeiras sobre as mós fixas ou poisos, entrando os cereais em pequenas quantidades no olho das mós, sendo transformados em farinha.
O Moinho do Gato, tinha como auxiliar o Moinho do Corunheiro de Baixo na Ribeira do Azevel, para onde o Moleiro se mudava durante as grandes cheias do Rio Guadiana que impediam o seu funcionamento, prevendo-se que eram do mesmo proprietário. 
O Moinho do Gato deixou de trabalhar nos anos de 1960 ou 1970 e, encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva desde 2002. 
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 

Texto: Correia Manuel

Moinho do Gato - Capelins





Moinho do Calvinos - 14

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

14 - Moinho do Calvinos
O Moinho do Calvinos situava-se/situa-se na margem direita do rio Guadiana, junto à herdade do Roncanito de Capelins, a jusante do lugar onde o rio Guadiana desfazia a volta a um outeiro que lhe barrava a trajetória, já perto da foz da Ribeira do Azevel.
Este Moinho estava/está cheio de história, embora apareça na chancelaria do Rei D. Afonso IV com a designação de Cuncos de Terena, tal como outro Moinho que ficava na margem esquerda do Rio Guadiana chamado de Cuncos de Mourão, ambos foram aforados (arrendados) pelo dito Rei ao senhor João Perez Alfayate e à sua mulher Catalina (Catarina) Dominguez de Monsaraz, em 1326, porém, parece que, este Moinho foi reconstruido e ampliado logo após terminar a Guerra da Restauração em 1668, talvez, pela família nobre, os Sousa Meneses, de Vila Viçosa, que o aforaram (arrendaram) a interessados, podendo esse aforamento ser vendido a outrém, e foi o que aconteceu no dia 02 de Agosto de 1810, quando o dito aforamento foi vendido pela senhora Apelónia Callada, viúva de António Ramalho, lavrador da herdade da Regueira de Évora Monte, por 500 mil réis, a Henrique José Cordeiro, morador na Vila de Monsaraz.
Este Moinho era/é de rodízio ou roda motriz horizontal, talvez com três aferidos, ou seja, três casais de mós, ou linhas de moagem.
As mós andadeiras, eram encimadas pelas Tremonhas, ou seja, um depósito de madeira em forma de pirâmide invertida onde o Moleiro depositava os cereais que, caiam lentamente nos olhos das mós andadeiras e, eram moídos entre estas e os poisos ou mós fixas, sendo transformados em farinha. Quando as Tremonhas ficavam vazias, ou porque o Moleiro adormecia, uma vez que trabalhava 24 horas, ou andava fazendo outros trabalhos e descuidava-se, existia um alarme artesanal feito com uma armação de arame com um pequeno chocalho na extremidade superior e, quando faltava cereal entre as mós, começavam a trepidar fazendo tocar o dito chocalho que chamava o Moleiro. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, neste caso, sem caneiro ou pesqueira, construído de pedra imbrincada ou travada em aparelho gravitacional, que barrava e canalizava a água para as adufas ou bocas dos canais que movimentava as rodas motrizes. 
Em tempos, o Moinho do Calvinos, tinha como auxiliar o Moinho das Piteiras na Ribeira do Azevel, para onde o Moleiro se mudava enquanto duravam as grandes cheias do Rio Guadiana, que podiam durar alguns meses, submergindo o Moinho que não podia trabalhar.
Um dos últimos Moleiros e proprietário do Moinho do Calvinos foi o senhor Domingos Pinto, de Monsaraz, cujo pai, também foi Moleiro, vejamos a sua entrevista a Luís Silva em 1994 e 1995:
"Tínhamos os dois moinhos a laborar, tínhamos empregados. Lá em baixo, nos Clérigos, chegámos a trabalhar de dia e de noite por turnos e eu estava aqui, em Calvinos, com outros homens.
Esses homens eram [pagos] a dinheiro; outras vezes, a dinheiro e a de comer, conforme. Nesse tempo, ganhava-se pouco [de jorna]: 10 escudos a de comer e 20 escudos a seco.
Depois, passou a ser mais, 30, 40 escudos. Ao quarto também se metia pessoal, mas isso eram os mestres que trabalhavam de dia e de noite; era ao quarto e dávamos-lhes também a amassadura, conforme a gente combinava o ordenado; se tinha direito à amassadura, ganhava-a todas as semanas, 15 ou 20 quilos de farinha".
«Na parte do Verão, quando a ribeira não secava, claro, aquilo tinha muita clientela, iam lá muitos clientes; chegava a pontos em que o moinho [de Calvinos] e a rua do moinho estavam cheios de sacos. Chegámos a ser ali três e quatro homens sempre efetivos. Agora trabalhavam uns, à noite trabalhavam outros e assim ia». 
«De Inverno, quando o moinho [de Calvinos] estava parado, a gente não trabalhava por fora, mas tínhamos sempre coisas a fazer: semear a sesmaria do moinho, apanhar bolota e azeitona, cortar árvores e amanhar os caminhos; em havendo uma vaga, tinham que se ir amanhar os caminhos; era tudo chapadas e barreiras grandes, tinham que se amanhar».
O Moinho do Calvinos deixou de trabalhar na década de 1960 ou 1970 e encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva desde 2002. 
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 

Podemos verificar que este Moinho já existia no ano de 1326, no reinado de D. Afonso IV, com a designação de "Cuncos".

"Carta de foro d huas Açenhas que son em Termho de Terena.
Don Affonso pela graça de Deus Rey de Portugal e do Algarue. A quantos esta carta viren faço saber que eu dou e outorgo a foro pera senpre a Johan perez Alfayate de monssaraz. e a Catalina dominguez sua molher as minhas acenhas que ora estan despovoadas no logar de cuncos termho de terena e de mouran so tal preito e condiçon que me de delas o quinto a salua porque foron apregõadas como he de custume e non acharon quen. por elas mais desse salua os sobredictos.
E eles deven fazer en ellas quanta benfectoria poderen no logar d assessega hu estavan ou a par delas hu viren que paden mais proveitar que sejan nos meus herdamentos en esse logar. e daren dellas a mjn esse quinto en salua ao tenpo como o dan das outras azenhas que eu ei nos outros logares dessa terra en cada hûu Ano. a mjn e a todos meus suscessores. E eles non deuen a dar nen uender nen dõar nen apenhorar nen escanbhar. nen en outra maneira alhëar as dictas acenhas a caualeiro nen a dona nen a escudeiro nen a clerigo nen a Religioso nen a outro homen poderoso senon aa taaes pessõas que seian de uossa condiçon que ben e conpridamente den A mjn. e a todos meus suscessores esse quinto do pan. e das outras cousas que deus hi der a ssaluo come dicto e En testemuynho desto e) Ihi dei esta carta. Dante en lixbõa prostumeiro dia de Julho El Rey o mandou per Domingos paaez. ouvidor dos seus fectos e da portaria Airas femandiz a ffez. Era. M. C. C. C.. e sasseenta e. iiij a. Anos. Domingos paaez ,
"A data neste documento é 01 de Julho de 1364 na Era de César, a qual, corresponde a 1326 na Era de Cristo, esta só começou a ser usada no Reino de Portugal no reinado de D. João I, causando confusões a algumas pessoas." 
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 

Texto: Correia Manuel


Moinho do Calvinos - Capelins


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