domingo, 5 de maio de 2019

Moinho Novo de Baixo ou de Fora - 10

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

10 - Moinho Novo de Baixo ou de Fora

O Moinho Novo de Baixo ou de Fora, situava-se/situa-se na margem direita do Rio Guadiana, a jusante do Moinho de cima ou de dentro, junto à herdade da Defesa de Bobadela de Cima. 
A sua construção parece ter sido na centúria de 1600, uma vez que, já aparece num mapa desenhado pelo engenheiro de guerra, o francês Langres, em 1656, mas desconhecemos quem o mandou construir, mas parece que não foi a Coroa, uma vez que, não o encontramos nas chancelarias régias, ao contrário da Azenha del Rei.
Este Moinho, é de rodízio ou roda horizontal, com dois aferidos, ou seja, casais de mós ou linhas de moagem.
As mós andadeiras, eram encimadas pelas Tremonhas, ou seja, um depósito de madeira em forma de pirâmide invertida onde o Moleiro depositava os cereais que, lentamente caiam nos olhos das mós andadeiras e, eram moídos por estas, contra os poisos ou mós fixas, sendo transformados em farinha. Quando as Tremonhas ficavam vazias, ou porque o Moleiro adormecia, uma vez que trabalhava 24 horas, ou andava fazendo outros trabalhos e descuidava-se, existia um alarme artesanal feito com uma armação de arame com um pequeno chocalho na extremidade superior e, quando faltava cereal entre as mós, começavam a trepidar fazendo tocar o dito chocalho que chamava o Moleiro. 
Como todos os Moinhos, era provido de um açude sem caneiro, ou pesqueira, construído em pedra imbricada ou travada (em Capelins chamavam enrroncada) em aparelho gravitacional que barrava a água e canalizava para as suas adufas, ou bocas de canais com comportas interiores, que fazia mover a roda mortriz. 
Os Moinhos Novos, de Baixo e de Cima eram os Moinho de água mais próximos da Aldeia de Montejuntos, por isso, tal como o da Cinza, eram os de maior ligação a esta Aldeia e às suas gentes.
Através das escrituras feitas no Cartório de Terena, metade deste Moinho foi vendido no dia 08 de Fevereiro de 1787 por Joaquim José Paes e sua mulher Ignês Maria, lavradores da herdade da cabeça de Mourão em Terena a José Martins Inxado, da Vila de Terena por 80 mil réis, porém, passados cinco anos no dia 26 de Fevereiro de 1791, essa mesma metade foi novamente vendida por José Martins Inxado e sua mulher Francisca Jacinta a Anastácio Nunes lavrador do Monte da Zorra em Capelins, pelos mesmos, 80 mil réis. verifica-se que, geralmente os Moinhos eram um negócio dos lavradores.
Nos anos de seca do rio Guadiana, na centúria de 1800, a água não chegava para fazer funcionar os dois Moinhos aqui existentes, em simultâneo, dando origem a uma demanda em Tribunal e a ser decretado que, o Moinho de cima ou de dentro, como tinha três aferidos trabalhava três dias e Este de baixo ou de fora tinha só dois, trabalhava só um dia, ou seja, três por um. 
Também, o Moinho Novo de Baixo, deixou de fazer farinha na década de 1960 e, encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva desde 2002. 
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram de diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 

Texto: Correia Manuel 

Moinho Novo de Baixo ou de Fora - Capelins 



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