sábado, 11 de maio de 2019

Moinho das Piteiras - 20

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

20 - Moinho das Piteiras

O Moinho das Piteiras situa-se na margem esquerda da Ribeira do Azevel, junto à herdade do Roncanito, antigo Roncão do Conde, numa das curvas acentuadas, descritas por esta Ribeira, no seu curso, no limite desta herdade e, da Freguesia de Capelins.
Existem indícios que, este Moinho foi mandado construir pelo mesmo proprietário do Moinho do Calvinos, porque o Moinho das Piteiras era auxiliar deste Moinho, ou seja, quando o Moinho do Calvinos não podia trabalhar, por se encontrar submerso pelas grandes cheias do Rio Guadiana, era para este, que o Moleiro se mudava durante alguns meses. Assim, como pensamos que o Moinho do Calvinos foi mandado construir pela família nobre de Vila Viçosa, os Sousa Meneses, por constarem numa Escritura de compra/venda do aforamento desse Moinho, logo o Moinho das Piteiras teria sido construído pela dita família, no final da centúria de 1600.
Parece que, em algum tempo, senão no último século pertenceu à família "Piteira" de Monsaraz, daí a sua designação de Moinho das Piteiras.
A maioria dos Moinhos pertenciam a famílias nobres ou a Congregações Religiosas e, em 1834, alguns foram nacionalizados, passaram para a Fazenda Nacional e vendidos a quem mais deu por eles, geralmente aos Moleiros, como fizeram uma Escritura ficou registado o nome que já tinham, ou o que os novos proprietários lhe quiseram dar, ficando conhecidos pelos nomes ou alcunhas dos últimos proprietários.
Era um Moinho de rodízio, ou roda motriz horizontal de submersão, com um aferido, ou seja, um casal de mós ou linha de moagem. 
Como todos os Moinhos tinha um açude, construído em pedra imbrincada ou travada, em aparelho gravitacional, que cortava a Ribeira de margem a margem, e barrava e canalizava a água para o poço, onde trabalhava a roda motriz. 
O Moinho das Piteiras é o quinto em sentido descendente da Ribeira do Azevel na Freguesia de Capelins, por isso, trabalhava poucos meses durante o ano, uma vez que, a água nesta Ribeira era pouco abundante, para mover a roda motriz. 
Junto a este Moinho, foram encontradas manchas de ocupação humana e artefactos dos períodos do Neolítico, do Calcolítico e de outros, que nos leva a pensar que, como o terreno devia estar trabalhado em termos de acessos, facilitou a construção do Moinho neste lugar.
O Moinho das Piteiras foi desativado no decénio de 1960, quando da grande emigração da população desta região para a cintura industrial e Lisboa e devido ao surgimento das moagens motorizadas junto às localidades, deixando de compensar a deslocação aos Moinhos de água que ficavam mais distantes e a maioria dos caminhos para os alcançar, eram maus.
(Algumas informações, foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros, neste caso, tivemos a colaboração do amigo Isidro Pinto, natural do Ferragudo, Monsaraz). 

Texto: Correia Manuel

Do Memorial na Aldeia de Montejuntos - Capelins





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