sábado, 4 de maio de 2019

Moinho Novo de Cima ou de dentro - 9

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

9 - Moinho Novo de Cima ou de dentro 

Este Moinho Novo de Cima, ou de dentro, situava-se/situa-se a meio do curso do Rio Guadiana, por isso, também chamado de dentro, a jusante da ilha da cinza na alçada da herdade da Defesa de Bobadela de Cima em Capelins.
Com base em diversos documentos, entre eles a Escritura de compra/venda de metade do Moinho Novo de baixo ou de fora no dia 08 de Fevereiro de 1787, na dita Escritura está mencionado "Moinho Novo de fora", pelo que, prova a existência do Moinho Novo de dentro, já nessa mesma data, caso contrário não era necessário indicar que o Moinho era o de fora.
É um Moinho de rodízio, ou roda horizontal, com três aferidos, ou seja, casais de mós ou linhas de moagem. 
Como todos os Moinhos, era provido de um açude construído em pedra imbricada ou travada, em aparelho gravitacional que barrava e canalizava a água para as adufas (bocas dos canais) com comportas interiores que acionava a roda motriz.
As mós andadeiras, eram encimadas pelas Tremonhas, ou seja, um depósito de madeira em forma de pirâmide invertida onde o Moleiro depositava os cereais que, lentamente caiam nos olhos das mós andadeiras e, eram moídos por estas, contra os poisos ou mós fixas, sendo transformados em farinha. Quando as Tremonhas ficavam vazias, ou porque o Moleiro adormecia, uma vez que trabalhava 24 horas, ou andava fazendo outros trabalhos e descuidava-se, existia um alarme artesanal feito com uma armação de arame com um pequeno chocalho na extremidade superior e, quando faltava cereal entre as mós, começavam a trepidar fazendo tocar o dito chocalho que chamava o Moleiro. 
A construção deste Moinho, nas imediações do outro já existente, acabou por complicar o funcionamento de ambos, porque nos anos de seca do rio Guadiana, não existia água suficiente para os dois poderem trabalhar, por isso, na segunda metade de 1800, como os seus proprietários eram diferentes, entraram em demanda em Tribunal, sendo decidido pelo Juíz que, o Moinho Novo de dentro ou de Cima, como tinha três aferidos, podia trabalhar três dias por semana e, o Moinho Novo de fora ou de baixo como tinha dois aferidos, trabalhava só um dia por semana, durante a seca, (conf. Ti Venâncio).
O proprietário do Moinho Novo de dentro ou de Cima, era o mesmo, do Moinho do Roncão ou Roncanito na Ribeira de Lucefécit, para onde o Moleiro se mudava, quando o rio Guadiana submergia este Moinho que, chegava a ser, dois ou três meses. 
Este Moinho, encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva, desde o ano de 2002. 
Este Moinho trabalhou pela última vez no dia 20 de Maio de 1994, apenas para demonstração para visitas guiadas, durante a Semana do Alandroal.
(Algumas informações foram obtidas no livro, "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís, Silva", porém, sobre outras, tivemos conhecimento pela nossa presença em alguns destes Moinhos, com explicações dos Moleiros). 

Texto: Correia Manuel 

Moinho Novo de Cima ou de dentro - Rio Guadiana




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