sábado, 25 de janeiro de 2020

Resenha histórica da Villa de Juromenha e de suas Gentes de outrora

Resenha histórica da Villa de Juromenha e de suas Gentes de outrora
A História da Villa de Juromenha perde-se nos tempos!
A sua toponímia, segundo uma lenda, deriva de um acontecimento que envolveu um Rei Visigodo e sua irmã que era muito linda!
O rei, cheio de desejos pela irmã, começou a investir no sentido de ter relações com ela! Como ela negava sempre, então, ele zangado por ser rejeitado, mandou que a metessem na cadeia do castelo para tentar que ela cedesse aos seus intentos! O nome dessa donzela era Menha, pelo que, quando o rei mandava os seus criados ter com ela, para saber se tinha mudado de ideia, ela respondia firmemente: "Jura Menha que não"! E, foi assim que ficou a toponímia de Juromenha!
É uma lenda, mas sabe-se que, na realidade, Juromenha era chamada de Julumaniya pelos muçulmanos que a habitaram, após outros povos que os antecederam e, provavelmente, já continha essa designação!
Juromenha, foi conquistada aos mouros, pelas tropas de D. Afonso Henriques, com a ajuda de Giraldo Sempavor, tal como a vizinha Elvas em 1167!
A Vila de Juromenha perdeu-se de novo em 1191 e, só foi recuperada em 1241, quando D. Paio Peres Correia a reconquistou no reinado de D. Sancho II! Após a reconquista, o Castelo de Juromenha foi doado à Ordem de Avis, conforme documento que já conhecemos, ou seja, foi trocado pela Vila de Mafra e seu Termo!
O rei D. Dinis deu-lhe foral em 1312 e alargou as suas fortificações, assentes nos atuais terrenos, rodeada de dezasseis torres retangulares!
Foram celebrados dois casamentos reais no interior desta Fortaleza, o do rei português D. Afonso IV " O Bravo" com Dª Beatriz de Castela e o do rei D. Afonso XI de Castela com Dª Maria de Portugal.
Esta Fortaleza, voltaria a ter muita importância histórica na época da Restauração, quando foi reconstruída e reforçada para evitar ataques dos espanhóis, pelo engenheiro militar Francês Nicolau de Langres a partir de 1646, cujo projeto foi substituído pelo do seu antecessor coronel Cosmander que, se vendeu ao inimigo, tal como, depois aconteceu com Langres!
Após uma explosão no paiol da pólvora em 1659, como referimos, Langres traiu Portugal e, ficou ao serviço de Castela, ajudando as tropas castelhanas à tomada da fortaleza que tinha construído em 1662 e, sabia as suas fraquezas, permanecendo na posse dos castelhanos até 1668, sendo devolvida com a assinatura do Tratado de Lisboa que reconhecia a independência de Portugal!
Uma nova ocupação espanhola decorreu entre 1801 e 1808, devido à Guerra das Laranjas!
O Tratado de Badajoz de 1801 que, já conhecemos, previa a devolução da Vila de Juromenha, em troca de Portugal fechar os Portos aos navios ingleses, o que,acabou por acontecer, mas todas as terras de além Guadiana, ficaram sobre a administração de Castela!
A partir daqui, a Vila de Juromenha entrou num declínio acentuado, acabando por perder o Concelho, por Decreto de Mouzinho da Silveira de 06 de Novembro de 1836 sendo integrada no Concelho de Alandroal.
A população abandonou a fortaleza e, começou a instalar-se fora dos muros ao redor da Ermida de Santo António, hoje, centro da Vila e, a fortaleza continuou em acelerada degradação, esperando-se para breve a sua recuperação.
Assim, com este resumo da sua história, os "Amigos de Capelins" prestam singela homenagem à histórica Vila de Juromenha que, tanto merece! Não a esquecemos!

Fortaleza de Juromenha


domingo, 19 de janeiro de 2020

A Fauna de Capelins - A Cegonha Preta

A Fauna de Capelins -  A Cegonha – Preta 

A cegonha preta é uma ave em vias de extinção, porém, ainda podem ser vistas, poucos exemplares, nas terras de Capelins, no vale da Ribeira de Lucefécit, até ao Grande Lago de Alqueva, geralmente entre o Bufo e a herdade do Roncão!
O seu nome científico é Ciconia nigra
A cegonha negra tem uma plumagem branca no ventre e negra com reflexos metálicos no dorso, cauda, cabeça e pescoço!
O bico da cegonha preta e as patas são de cor vermelha viva nos adultos, mas nos jovens são esverdeados e bastante mais claros!
A sua plumagem escura e metálica pode, por vezes, refletir a luz do Sol, fazendo-a parecer bastante clara quando vista de longe!
A cegonha preta habita em lugares com muito arvoredo, perto de lagos e rios, de pouca perturbação humana, onde existem bons locais de nidificação.
A sua alimentação é constituída por crustáceos, anfíbios, e pequenos peixes.

Cegonha Preta




sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

“BATALHA DE MONTES CLAROS“ – GUERRA DA RESTAURAÇÃO

17 de Julho 1665
Para comandar o exército invasor, Filipe IV mandou vir da Flandres o experiente e afamado Marquês de Caracena.

Devido à disponibilidade de meios espanhóis nas diversas áreas anteriormente referidas, foram reunidas tropas que a Espanha mantinha na Europa continental, e que eram experimentadas nos vários cenários de guerra, como era o caso da Flandres, dos Estados Italianos, da Alemanha, da Suiça, e de tropas que haviam combatido as forças franceses.
Era a elite e a fina-flor dos experientes e afamados tércios espanhóis. No total o exército espanhol atingia cerca de 22,000 homens, dos quais 15,000 infantes e 7,000 cavaleiros, a grande maioria dos quais com grande experiência de combate. Este exército dispunha ainda de catorze peças de artilharia.

A 1 de Junho de 1665, o Marquês de Caracena, à frente de um poderoso exército, partiu de Badajoz, passando o Caia no dia 7. No dia 9 de Junho, Borba caía em seu poder. Investiu de seguida sobre Vila Viçosa, que cercou e tentou, sem sucesso, tomar de assalto.

O exército português reunido em Estremoz, com 20,500 soldados de infantaria e de cavalaria, pôr-se em marcha no dia 17 de Junho. Tinha como objectivo socorrer a heróica guarnição da praça sitiada, antes que esta soçobrasse ao peso dos números do inimigo, mas também de provocar uma batalha contra o exército espanhol.
No dia 17 de Junho, os espanhóis ao saberem da aproximação do exército português deixaram uma pequena força a cercar Vila Viçosa, e partiram ao encontro dos portugueses. Os dois exércitos encontraram-se então na planície situada entre as serras da Vigária e da Ossa., a partir das nove horas da manhã.
Caracena pretendeu atacar o exército português ainda em marcha, com o objectivo de criar uma confusão. O Marquês de Marialva percebeu este intento, e ordenou que o seu exército parasse em Montes Claros e dispondo-o em ordem de batalha. Schomberg executou esta missão com rapidez e com a sua hábil ciência militar.

O exército do Marquês de Caracena iniciou a marcha em massa contra as forças portuguesas, através de dois corpos, um de cavalaria e outro de infantaria, tendo-se os primeiros combates verificado junto ao Convento de Nossa Senhora da Luz.

Caracena, que colocou o seu posto de comando na Serra da Vigária, pretendia surpreender a cavalaria portuguesa que estava dividida em duas alas, carregando a cavalaria espanhola sobre o centro e a ala direita portuguesa, procurando isolá-las da ala esquerda.
O Conde de Schomberg prevendo essa intenção espanhola, fez deslocar a cavalaria portuguesa do flanco esquerdo (vinhas) para o flanco direito (contrafortes da Serra de Ossa), o que se revelou uma medida extremamente acertada.
Iniciado o ataque da cavalaria espanhola no flanco direito português, os terços e a cavalaria portuguesa da primeira linha sofreram uma forte pressão, salvando-se apenas dessa situação crítica pelo referido reforço da cavalaria portuguesa e pela intervenção decidida da artilharia chefiada por D. Luís de Meneses, que abriu fogo à queima-roupa contra as linhas inimigas. 

Ao mesmo tempo a infantaria espanhola avançou, apesar das dificuldades do terreno composto por vinhas, sobre a infantaria portuguesa situada na ala esquerda.

Perante esse avanço espanhol, um regimento inglês efectuou uma retirada precipitada, dois regimentos franceses foram rechaçados e um terço de auxiliares de Évora que ia em seu auxílio sofreu um revês.
O Conde de Schomberg que com grande diligência acudia aos mais difíceis confrontos, chamou três terços portugueses e introduziu-os nesse local a combater. Esta iniciativa obrigou os castelhanos a perder o terreno que haviam ganho.

Mais tarde e depois de recomposta, a cavalaria espanhola procurou romper a segunda linha da ala direita portuguesa. Perante a situação crítica que se criou, destacou-se o Marquês de Marialva ao organizar uma forte resistência com piques e artilharia, bem como o Conde da Ericeira, D. Luís de Meneses que comandava a artilharia portuguesa, conseguindo-se dessa forma evitar o recuo do exército português.

Deram-se em seguida choques muito duros e violentíssimos entre os esquadrões dos dois exércitos, com avanços e recuos entre as duas cavalarias. Nesse momento o Marquês de Marialva temendo que a infantaria espanhola acabasse por romper o flanco esquerdo português, situado como se referiu num terreno com vinhas, o que comprometeria a defesa brilhante que a segunda linha portuguesa do centro e da direita estava a efectuar, desguarneceu a ala direita portuguesa, e deslocou alguns terços para a ala esquerda. Este movimento, efectuado com rapidez, permitiu restabelecer o equilíbrio do combate a favor das forças portuguesas, evitando-se assim o rompimento das linhas portuguesas.
A Batalha foi de uma dureza extrema, estando durante muito tempo indecisa, ou parecendo mesmo pender para o lado espanhol. Ás três da tarde, depois de sete horas de duros combates, foi possível suster a agressividade dos ataques do exército espanhol, em face da tenaz e bem organizada resistência portuguesa.

As forças portuguesas, depois de recompostas das primeiras brechas e sob a protecção da sua artilharia que colocada nos contrafortes da Serra d´Ossa sempre se revelou extremamente eficaz, conseguiram fazer recuar o inimigo.

Verificando não conseguir romper as forças portuguesas, a cavalaria castelhana parou as suas cargas e a artilharia suspendeu os disparos.
O exército espanhol pretendeu então retirar disfarçadamente, tendo D. Diniz de Melo, general de cavalaria, sido avisado dessa intenção, decidindo então carregar decididamente sobre os castelhanos. A investida foi tão enérgica que transformou a retirada em debandada desordenada.
O Marquês de Marialva ao ver a cavalaria espanhola em fuga em direcção a Borba, tirou o máximo partido da situação cortando-lhe a retirada.
Este facto agravou ainda mais a desordem da retirada, deixando então o exército espanhol na posse dos portugueses milhares de prisioneiros. Escaparam apenas quatro terços que se tinham concentrado na Serra da Vigária, junto ao Marquês de Caracena.
Nesse momento, a guarnição de Vila Viçosa ao verificar a evolução da batalha, investiu corajosamente, rompendo o cerco que 1,800 espanhóis lhe faziam. Foi apresada a artilharia espanhola que se encontrava em volta de Vila Viçosa, sendo também feitos muitos prisioneiros. Os restantes sitiantes espanhóis debandaram.

A Batalha de Montes Claros terminou assim com uma pesada derrota espanhola, depois de nove horas de combates.

O exército português sofreu cerca de 700 mortos. O exército espanhol sofreu contudo 4,000 mortos e 6,000 prisioneiros, tendo ainda perdido 3,500 cavalos, que foram posteriormente distribuídos pelas várias companhias do Reino. Foram também capturadas ao exército castelhano 14 peças de artilharia, inúmeras balas, todo o tipo de armas de infantaria, oitenta bandeiras de infantaria e dezoito de cavalaria.
Mais um grande general espanhol era imolado na fogueira da guerra da restauração. Mais um perigoso plano de invasão fora batido e a independência do reino consolidada.


Fim 


quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Moinhos das Azenhas D' El-Rei em Capelins

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins 
Moinhos das Azenhas D' El-Rei
A maioria dos/as capelinenses conheceram os históricos Moinhos das Azenhas D' El-Rei, situados a cerca de cem metros a jusante da foz da Ribeira de Lucefécit, como todos os  Moinhos do Rio Guadiana, também estes, têm a sua história, parte da qual, já conhecida, noutras publicações.
Não temos a certeza de quem os mandou construir, mas achamos que foram construídos em épocas diferentes, sendo o Moinho de dentro mais antigo, já existia em 1426 no reinado de D. João I, sendo este rei a fazer um aforamento do mesmo, a Dª Catarina de Sousa e seus descendentes, o qual foi confirmada pelo Rei D. Duarte em 1438, parece-nos que este Moinho foi mandado construir pela Casa das Rainhas, neste caso da Rainha Dª Beatriz, esposa do Rei D. Afonso IV por ser a donatária da Vila de Ferreira onde o mesmo se situava, entre 1314 e 1359.
Na escritura de compra/venda do Moinho das Azenhas D' El-Rei de fora, verificamos que, o mesmo, no dia 15 de Junho de 1796 foi comprado por Anastácio Nunes, lavrador da herdade da Zorra a Francisco Coelho Vidigal e sua mulher Florência Maria, moradores na Vila de Terena, por 240.000 réis. Nesta data o Moinho das Azenhas D' El-Rei do lado de Castela era do Conde de Cheles e o de dentro, do lado do Reino de Portugal, nesta data, pertencia ao fidalgo Francisco de Melo Cogominho, filho de D. Diogo Xavier de Mello Cogominho e de Dª Maria Vitória de Morais Moniz de Mello Barreto, cadete ou Tenente de cavalaria do Regimento de Évora, uma vez que, estava incluído na Comenda de Terena, constituída pelos frutos do Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, cuja mercê lhe foi concedida pela rainha D. Maria I "A Piedosa", com base nos bons serviços prestados pelo seu pai ao Reino.
Azenhas D' El-Rei por cima dos Moinhos














Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...