terça-feira, 21 de março de 2023

Resenha histórica de vidas da Família "Códices" de Capelins

 Resenha histórica de vidas da Família "Códices" de Capelins

Aos vinte e quatro dias do mês de Setembro de mil oitocentos e quarenta e oito anos, nesta Paroquial Igreja de Santo António de Capelins, Termo de Terena, recebi como marido e mulher a José Francisco (Códices), filho de Henrique José Leal e de Luíza do Valle, naturais da Villa do Alandroal, com Maria Antónia (Nunes), nascida no dia dez de Janeiro de mil oitocentos e trinta e um, filha de José Nunes e de Francisca Maria, naturais da Freguesia de Santo António de Capelins e moradores em Montes Juntos.
Como podemos verificar, no Registo do casamento de José Francisco (Códices), não consta o apelido "Códices", porque não era, porém, nos Registos de nascimento dos seus filhos, em quase todos, já está registado José Francisco Códices, exceto em dois ou três, depois, no Registo de casamento de alguns dos seus filhos está "Codice", como, também, em alguns netos consta "Codisse" ou "Codisses", isto, porque cada Pároco escreveu como entendeu, levando as pessoas desta linhagem a pensar que pertencem a linhagens diferentes, mas é a mesma família.
* O pai de José Francisco (Códices), chamava-se: Henrique José Lopes, nasceu no dia 13 de Junho de 1773, na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição no Alandroal.
* Os avós paternos de José Francisco (Códices), chamavam-se: José Lopes e Catarina Josefa, casaram em 10 de Agosto de 1762, ambos naturais da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Alandroal.
* Os bisavós paternos de José Francisco Códices) chamavam-se: Inácio Lopes, natural de Ervastenrras, Bispado de Viseu, e Maria Gonçalves, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Alandroal.
* A família paterna de José Francisco (Códices), era natural e moradora no Alandroal ou arredores, como na Horta da Fonte das Freiras e na herdade da Gamela, exceto o bisavô Inácio Lopes que era natural do Lugar de Ervastenrras, Bispado de Viseu.
* A mãe de José Francisco (Códices), chamava-se Luíza Maria do Valle, nasceu no dia 14 de Outubro de 1780, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Alandroal.
* Os avós maternos de José Francisco Códices), chamavam-se: Francisco do Valle e Ana Micaela, casaram no dia 26 de Janeiro de 1780, eram ambos naturais da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Alandroal.
* Os bisavós maternos de José Francisco, chamavam-se José da Rosa e Josefa Maria, eram ambos naturais da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Alandroal.
* A família materna de José Francisco (Códices), era natural e moradores no Alandroal.
Ao analisarmos os nomes da família paterna e materna de José Francisco (Códices), desde o início de 1700, não encontramos o apelido "Codices" em nenhum dos seus ancestrais, nesse caso, por analogia com o que era normal dessa época, parece-nos que, o apelido "Códices" foi herdado do avô materno, ou seja, de Francisco do Valle, mas o apelido oficial deste, era: "Valle", nesse caso, como em muitas situações, o dito apelido seria popular, Francisco do Valle, era militar no regimento de cavalaria da guarnição da Praça de Olivença, onde morava, por isso, talvez este fosse o apelido de "guerra" que, depois o seu neto em memória do avô chamou-o a si, e fê-lo registar pelos padres, conforme consta nos Registos Paroquiais.
Assim, o apelido da família "Códices" teve início em José Francisco, em 1824, porque, como podemos verificar a família paterna era "Lopes" com origem no Lugar de Ervastenras, Bispado de Viseu, e a família materna era de apelido "Valle", de Alandroal.
José Francisco (Códices), com vinte e quatro anos de idade encontrou a Maria Antónia (Nunes), de dezassete anos, na Freguesia de Santo António de Capelins, em Montes Juntos, onde o pai dela, José Nunes, tinha o seu Monte, junto ao dos irmãos e da sua mãe, Inácia Vellada, já viúva talvez 4/5 Montes geminados, abaixo do Monte do Manantio e que, deram a toponímia à atual Aldeia de Montejuntos.
Maria Antónia (Nunes), era neta do lavrador mais rico da Freguesia de Santo António de Capelins, Anastácio Nunes, lavrador da herdade da Zorra e, dono do Moinho das Azenhas D' El-Rei de fora e de metade do Moinho Novo de Cima, mas o avô casou três vezes e, como teve muitos filhos, logo a herança foi muito dividida, mas foi essa herança que deu origem a Montes Juntos, uma vez que, permitiu a construção dos ditos Montes da família Nunes.
Após o casamento, José Francisco (Códices), com a profissão de sapateiro, instalou a sua oficina em Montes Juntos, começou a fazer botas de cabedal e, com a Maria Antónia, começaram a fazer filhos, verificando-se, sem ir ao pormenor, nos Registos Paroquiais de Santo António de Capelins que, tiveram pelo menos os seguintes, de nomes: Domingos, Dionísio, Francisca, Maria, Francisco, Manuel, Miguel, José, António, João, Joaquim, Mariana e outros, nascidos desde o casamento em 1848 até 14-07-1872, quando nasceu a última filha chamada Mariana Códices, foram 24 anos a povoar a Freguesia de Capelins.
A partir do ano de 1872, não encontramos o nascimento de mais filhos de José Francisco Códices que, nesta data, tinha 48 anos de idade e a esposa Maria Antónia (Nunes) tinha 41 anos, pelo que, seria normal a continuação do nascimento de mais filhos, mas depois de várias pesquisas fomos surpreendidos com o Registo do óbito de Maria Antónia (Nunes), onde o Pároco de Santo António, Manuel Maria Fernandes, escreveu: "No primeiro dia do mês de Dezembro do ano de mil oitocentos e setenta e seis às cinco horas da tarde nos Montes Juntos desta Freguesia de Santo António de Capelins, Concelho do Alandroal, Diocese de Évora, faleceu, tendo recebido os Sacramentos da Santa Madre Igreja um indivíduo do sexo feminino por nome Maria Antónia de idade de quarente e cinco anos, viúva de José Francisco Códices, natural e paroquiana desta Freguesia, filha legítima de José Nunes e de Maria (Clemente) ambos desta Freguesia a qual não fez testamento, e deixou filhos e foi sepultada no cemitério público e para constar lavrei em duplicado este assento que assino, Era ut supra.
O Pároco Collado, Manuel Maria Fernandes"
Conforme consta neste Registo de óbito, Maria Antónia faleceu no dia 01 de Dezembro de 1876, com 45 anos de idade e, no mesmo Registo, o Pároco escreveu que já era viúva de José Francisco Códices, pelo que, ele faleceu entre 1872 e 1876, não encontramos o respetivo Registo de óbito, porque, não deve ter falecido em Montes Juntos, também não se encontra registado na Vila de Terena nem do Alandroal, levando-nos a pensar que, deve ter falecido num Hospital, ou Estremoz, Évora ou Elvas e não foi sepultado no cemitério de Santo António de Capelins, mas, decerto faleceu com cerca de 50 anos, talvez com alguma moléstia eram muito comuns nessa época.
Quando Maria Antónia (Nunes) faleceu em 1876, tinha a filha mais nova, chamada Mariana Códices, 4 anos de idade, parece-nos que, ficou em casa de familiares moradores em Capelins de Cima, de onde saiu para casar aos 21 anos de idade, com Jacinto José natural de Elvas, sendo avó da família Varandas e Códices de Capelins de Cima.
A filha Francisca Maria Códices, casou em 15 de Março de 1879, com Manuel Rosado Correia, (meus trisavós), em Montes Juntos.
O filho Domingos António Códices, casou com Maria Antónia, em 14 de Outubro de 1880, de Montes Juntos.
O filho Dionísio Códices, casou com Francisca Maria, natural da Vila de Terena, em 26 de Outubro de 1881 na Igreja de Santo António de Capelins, talvez porque, sua mãe Catarina Maria era natural desta Freguesia.
Dionísio Códices, era militar de carreira.
O filho João José Códices, casou com Josefa Maria, de Montes Juntos em 23 de Fevereiro de 189.
O filho Joaquim José Códices, casou com Antónia Maria, em Santiago Maior, ficando a residir nas Lages.
Parece que, os filhos e filhas, ainda eram todos, ou quase todos solteiros, quando os pais faleceram.
Os outros filhos, casaram em diversas localidades, por isso, encontramos o apelido "Códices ou Códice", por toda a região.
Era assim, a história de vidas de muitas famílias de Capelins, nessa época.
Fim
Texto: Correia Manuel
Registo do nascimento de José Francisco Códices, em Alandroal 



domingo, 12 de março de 2023

Memórias do Monte do Pinheiro de Capelins

 Memórias do Monte do Pinheiro de Capelins

Um monte pode ser uma elevação do terreno, mais alto que uma colina e mais baixo do que uma montanha, mas nesta região, assim como, no Alentejo, também é denominado Monte, uma ou mais moradas de casas situados fora de uma povoação.
O Monte do Pinheiro de Capelins, é dos mais antigos da Freguesia de Capelins, talvez da mesma época dos Montes das herdades, ou seja, da centúria de 1300 ou 1400, mas parece-nos que, neste lugar já tinham habitado outros povos, talvez os Celtas, Romanos ou Mouros, não só pelo lugar estratégico de defesa e pelas oliveiras velhas, mas pelo misticismo aqui existente que proporciona paz na alma, sendo terapêutico, por isso, pensamos que, não foi escolhido ao acaso, uma vez que, os povos de antigamente não escolhiam qualquer lugar para um povoado, é certo que, teria de ser perto de cursos de água, de terras férteis e de defesa natural, mas além disso, mediam as forças ou energia da natureza, usando o alinhamento dos astros ou da primeira lua cheia da primavera, tal como não se abria um poço ou furo em qualquer lugar, por isso, existiam os vedores que sentiam vibrações sobre as veias de água ou nascentes, assim, parece-nos que, estamos perante uma situação semelhante, no lugar do Monte do Pinheiro.
A designação de Monte do Pinheiro, não seria a mais apropriada, mas sim, Montes do Pinheiro, mas era assim que chamavam, fosse apenas uma morada de casas, fossem dezenas, neste caso, chegaram a existir mais de uma dezena e meia de moradas de casas, com cabanas, cabanões, e outras construções de apoio, era uma Aldeia, onde moravam muitas dezenas de pessoas que, tinham diversas profissões, jornaleiros, ganadeiros, sapateiros, barbeiros, seareiros e outras, nessa época, tinha tantos moradores como tem, atualmente, a Aldeia de Ferreira, mas hoje está quase deserto.
A sua localização é privilegiada devido às vistas que proporciona, não só das lindas paisagens desta região, mas de imensas localidades, como Terena, Alandroal, Estremoz, Elvas, Évora Monte, Monsaraz, Mourão e outras, como também, algumas no Reino de Espanha, como Alconchel, Cheles, São Bento da Contenda e Olivença, no entanto, devido à sua localização altaneira, nunca teve acessos fáceis, existindo cinco veredas pedonais, todas perigosas na época das chuvas e, por dois caminhos, mas os seus moradores estavam habituados a subir e a descer a qualquer momento e nunca aconteceram quedas graves, sendo usada cada vereda conforme o lugar onde se dirigiam ou de onde vinham, se fossem das bandas do Monte Novo, usavam a respetiva vereda que dava ligação à Portela e à Igreja de Santo António, para o lado do Monte da Cruz, podiam usar o caminho que contornava a horta do Monte Novo, relativamente seguro, ou uma vereda que começava e findava junto ao poço largo, sendo esta das menos perigosas, se fossem ou viessem da escola podiam usar várias veredas, mas a mais próxima era a seguir ao poço do chorão para sul, à direira, muito íngreme que, não era para toda a gente, perigosa de subir e de descer, mas o principal acesso pedonal era a vereda complementar das 23 escadinhas que existem em frente da Rua principal da Aldeia de Capelins de Baixo, construídas cerca do ano de 1949, quando escavaram o terreno da estrada para Montejuntos, criando uma grande barreira do lado da chapada do Pinheiro, pelo que, foram obrigados a construir as ditas escadinhas, porque antes a colina ia morrer a alguns metros mais distante de onde partia a dita vereda, assim, era por esta vereda que os moradores do Monte do Pinheiro subiam e desciam a toda a hora, fosse na ida e vinda do trabalho, às compras nas mercearias da Aldeia e para quase tudo o que precisavam, não sendo fácil no inverno com a água a correr debaixo dos pés, alguns homens com grão na asa, subindo com as cargas de mantimentos pela vereda acima, mas era o caminho mais próximo e, poucas pessoas tinham disposição para contornar toda a colina e subir pelo caminho sul, de entre todos, o mais acessível, por aqui subiam e desciam as carroças dos moradores e as que transportavam lenhas e tudo o que fosse necessário, de mais peso para o Monte do Pinheiro.
O abastecimento de água era outro martírio, porque, sendo difícil carregar água para as casas a braço, mais difícil era no tempo da seca, quando tinham de carregar água de grandes distâncias, como do poço da bomba e, ao aproximarem-se de casa ainda tinham de subir a chapada com os cântaros cheios de água.
Ainda existia outra vereda na direção do Monte das Serranas, usada, no caso da deslocação ser para aquelas bandas ou para Montejuntos, porque, o objetivo era encurtar a distância para o lugar do trabalho ou onde tinham de se deslocar, por isso, os moradores do Monte do Pinheiro, pagavam bem, o privilégio de morar lá no alto com boas vistas.
A maioria das toponímias dos Montes na Freguesia de Santo António de Capelins que, não eram das respetivas herdades, derivaram dos nomes dos seus primeiros moradores, ou daqueles que os mandaram construir, como foi o caso de Faleiros, Serranas, Real, Calados e outros e, talvez o Monte do Pinheiro não seja excepção, mas na verdade, ao contrário dos outros, não encontramos lá moradores com este apelido, na época em que o encontramos pela primeira vez nos Registos Paroquiais de Santo António, em Agosto de 1633, apenas identificamos lá Simão Fernandes, e ninguém com o apelido "Pinheiro", mas isso não garante que não tenha sido um morador com apelido "Pinheiro" a dar-lhe o nome, porque, na centúria de 1700 já encontramos o apelido "Pinheiro" nesta Freguesia, tal como na Freguesia de Santiago Maior e, como sabemos, ao longo da história, eram frequentes as desavenças com os nossos vizinhos de além Guadiana, sendo sempre esta região muito fustigada, com incursões de rapinantes cá e lá e nessas situações os moradores debandavam para outras regiões mais seguras, como Santiago Maior, Terena, ou para maiores distâncias e depois quando havia paz, algumas famílias voltavam, mas outras já não voltavam, é fácil de verificar nos Registos Paroquiais, acabavam por vir outros povoadores, assim, pode ter acontecido essa situação com os moradores do Monte do Pinheiro e, é possível que a família "Pinheiro" encontrada aqui na Freguesia, mais tarde, fossem descendentes dos fundadores do dito Monte, porque aconteceu isso com outras famílias.
Assim, a toponímia, Monte do Pinheiro, nunca foi desvendada, ouvia-se que, talvez existisse aqui um pinheiro, árvore pouco vulgar nesta região, mas essa versão nunca foi confirmada, nem por moradores no dito Monte, cuja linhagem familiar ali residiram desde finais da centúria de 1600, oito gerações, sendo o conhecimento passado de geração em geração.
Uma bisavó nascida no dia 24 de Fevereiro de 1879 no Monte do Pinheiro, nas últimas casas, à direita, antes da descida para a horta do Monte Novo, pertencente às gerações antes referidas, quando estava à soalheira na Aldeia de Capelins de Baixo, na década de 1960, contava muitos contos aos seus bisnetos e, alguns que incluíam o seu passado no Monte do Pinheiro e contava que tinha nascido e sido criada no Monte do Pinheiro, onde os seus ancestrais moraram desde sempre, depois, quando casou, no dia 12 de Outubro de 1902 teve de descer para a Aldeia de Capelins de Baixo, onde, com o marido mandaram construir umas casas, mas gostava mais de morar lá em cima, sentia-se lá melhor, mas não havia lá terra para fazer mais casas e, como outras famílias que lá moraram durante a centúria de 1800, também tiveram de descer à Aldeia, levando-nos a pensar que, se existissem lotes de terreno para construção de mais casas, mesmo com os acessos difíceis, o Monte do Pinheiro tinha passado a Aldeia do Pinheiro.
Além dos contos e outras peripécias, a bisavô contava aos bisnetos que, noutros tempos, nas noites das feiticeiras aparecia lá um medo, atrás das lenhas que pertenciam a algumas casas e, estavam arrumadas ao cimo da chapada, de ambos os lados da vereda ao lado das estriqueiras, e andava toda a gente cheia de medo, então os homens do Monte do Pinheiro juntaram-se e uma noite em que sabiam que ele aparecia, cercaram-no, armados de forquilhas, machados, gadanhas e paus, mas quando estavam perto dele, quase a apanhá-lo, ele saltou por cima deles e correu chapada abaixo na direção da Aldeia, os homens correram atrás até às escadinhas, mas o medo desapareceu pela estrada abaixo e já não o viram, mas no dia seguinte ouviram dizer que um homem se tinha cruzado com ele no alto do malhão que ia numa correria louca, mas nem soube o que era aquilo, porque não lhe pareceu que fosse gente, então, os homens foram aos sítios onde o tinham visto e estavam lá patadas de bode e ficaram sem dúvidas que o medo, era obra do mafarrico, que por ali andava nas noites de feiticeiras, mas o medo apanhou tão grande medo dos homens, que nunca mais foi lá visto e o Monte do Pinheiro ficou livre de medos.
Esta simples narrativa, também tem o objetivo de prestar uma singela homenagem ao Monte do Pinheiro de Capelins e às suas Gentes, no entanto, temos a certeza que, muito fica por escrever.
Fim
Texto: Correia Manuel



terça-feira, 7 de março de 2023

Memórias do mercador e lavrador de Capelins

 Memórias do mercador e lavrador de Capelins

A Vila de Ferreira de 1314, era constituída por quase todo o espaço geográfico da atual Freguesia de Capelins, era Concelho comunitário, não era régio, mas tinha Câmara com Alcaide, Procurador, Juiz, Escrivão, Vereadores e Lavradores e tinham a missão de zelar pelo bem estar da comunidade. As Aldeias de Capelins de Cima e de Capelins de Baixo, existiam desde o inicio de 1700, junto das quais, existia uma porção de terra designada por Coutada e, era administrada pela Câmara que a cedia ao povo para apascentar os gados de trabalho, fazer as eiras, as almiaras de palha, depositar lenhas e estrumes e outros despejos, não sendo um Baldio. Parece que, o dito Concelho foi criado a partir de 21 de Abril de 1698, quando o Reino vendeu as herdades desta Freguesia a particulares, assim como, algumas courelas, junto ao Monte Novo e perto de Calados e fez a doação das herdades da Defesa de Ferreira e Defesa de Bobadela à Sereníssima Casa do Infantado e, ao mesmo tempo, doou a Coutada à Câmara da Vila de Ferreira no lugar antes referido, dentro da herdade da Defesa de Ferreira. Como a Casa do Infantado foi extinta no dia 18 de Março de 1834, os seus bens foram incluídos na Fazenda Nacional, entre eles, aquelas duas herdades, sendo decidido que, seriam vendidas, logo que fosse possível, porque estavam arrendadas e o processo da venda foi sendo adiado até 30 de Abril de 1919, embora, o contrato de arrendamento à Casa Camões, só terminasse em 31 de Dezembro desse ano. As herdades estavam à venda, mas a Casa Camões, como tinha muita convivência e amizades com o povo da Aldeia de Ferreira e, conhecia as suas intenções sobre a Coutada, recusou a sua compra e surgiram outros compradores que, iam sendo informados da situação e acabavam por desistir da compra das herdades, para não entrarem numa demanda com o povo da Aldeia de Ferreira. A dita Coutada da Vila de Ferreira foi doada à Câmara, a qual, com o Concelho foi extinta em 06 de Novembro de 1836, sendo, automaticamente, também extinta a respetiva doação da Coutada, voltando à Fazenda Nacional, ou seja, ao Reino, mas era nesta data que devia ter passado, oficialmente a ser património da Junta de Freguesia de Capelins, mas, parece que nada foi tratado. No ano de 1919, o Regime Republicano, tinha as finanças públicas em ruínas e o Governo mandou vender todos os imóveis e direitos que eram sua propriedade, incluindo as ditas herdades que, continuavam sem interessados devido aos motivos descritos, mas, pouco depois, começou a circular na Aldeia de Ferreira a informação que existia um comprador e que o processo da compra estava muito avançado, talvez, já com as Escrituras feitas e era verdade, as escrituras foram feitas em 30 de Abril de 1919. O povo da Aldeia de Ferreira ficou alarmado, fez uma reunião e foi nomeada uma Comissão para o representar em todas as situações sobre a Coutada, a qual, começou por procurar saber quem tinha sido o eventual comprador para o tentar demover da compra ou para saber das suas intenções sobre a Coutada, se a dispensava, ou não, para o povo. A Comissão começou logo a trabalhar e nos dias seguintes, conseguiu saber quem tinha sido o comprador das herdades e quando participou ao povo que tinha sido um almocreve ou mercador que andava de terra em terra, numa carroça, a comprar e a vender azeite, um homem de negócios, para os dois filhos, ninguém queria acreditar, mas a compra estava consumada e sabiam que, a Coutada estava integrada na herdade da Defesa de Ferreira, mas, talvez, ainda pudessem chegar a um entendimento. A Comissão tentou chegar à fala com o mercador e filhos, mas eles formaram uma sociedade e nomearam um advogado para os representar, o qual, tinha instruções para não ceder aquela porção de terra ao povo, e participou à Comissão que não existia nenhuma Coutada dentro da herdade da Defesa de Ferreira, pelo que, todo o espaço geográfico que constava na caderneta predial era propriedade do seu constituinte, pelo que, o povo ia ser notificado para limpar o terreno no prazo de trinta dias, uma vez que o estava a usar indevidamente. O povo ficou inquieto e contratou um advogado para analisar os seus direitos sobre o espaço geográfico da Coutada, assim como, para defesa, no caso de terem de ir para Tribunal , como aconteceu, e estava iniciada a demanda entre os novos donos da herdade da Defesa de Ferreira e o povo da Aldeia de Ferreira. Quando os filhos do mercador, lavrador, começaram a instalar a sua casa agrícola na herdade, começaram os confrontos com o povo que, não aceitava a sua entrada nas terras que achava pertencer à Coutada e impediram que essas terras fossem cultivadas, afugentavam os gados dos lavradores quando entravam nesse espaço geográfico, fazendo aumentar a tensão no dia a dia, até que, surgiu a intervenção da Guarda Republicana que, agredia o povo e defendia os lavradores. A contenda continuava no dia a dia e, quando os trabalhadores por conta dos lavradores tentavam lavrar as ditas terras, o povo não deixava, as pessoas metiam-se e deitavam-se em frente das juntas de bois e das parelhas de muares e não os deixavam avançar, depois, vinha a Guarda Republicana e agredia severamente esses homens e mulheres, obrigando-os a afastarem-se do espaço de terreno, designado por Coutada do povo. Um dia, os homens que pertenciam à Comissão, foram notificados para comparecer na Vila de Alandroal, sem indicação do assunto, mas não tinham dúvidas que seria sobre a Coutada e comentaram que, talvez fosse para lhe participarem que a situação estava resolvida a favor do povo, vestiram a sua melhor roupa, o traje domingueiro e, de boa fé, apresentaram-se às entidades que os esperavam, depois de identificados, foram separados e, apenas com a roupa que tinham vestida, foram desterrados para diversos lugares no Alentejo e no Ribatejo, como Coruche e outros, todos a grande distância da sua família, mulheres, filhos e da sua Aldeia de Ferreira, agora, "ocupada" pelos estranhos forasteiros, mercador e filhos, ficando proibidos, durante anos, de voltarem à sua terra, de onde tinham partido, pensando que, iam só ao Alandroal, sem deixarem nada preparado sobre a sua vida quotidiana e, ninguém informou as famílias do sucedido, só souberam mais tarde, as quais, ficaram em dificuldades e desamparadas, porém, inesperadamente, às Sextas Feiras, começaram a aparecer às suas portas, produtos alimentares, distribuídos durante a noite, sem ninguém imaginar quem o fazia, depois, souberam que era o Socorro Vermelho, uma organização internacional clandestina, de serviços sociais estabelecida pela Internacional Comunista, sendo esta organização fundada em 1922 para funcionar como uma "Cruz Vermelha política internacional", fornecendo ajuda material e moral aos prisioneiros políticos radicais da "guerra de classes" que, perante tamanha injustiça, estendeu o auxílio até àquelas famílias. A Coutada, oficialmente, não era do povo, mas, moralmente ninguém duvidava que era, uma vez que, esteve na sua posse mais de duzentos anos, por isso, o processo entrou no Tribunal do Redondo onde se desenvolveu durante algum tempo, sempre com a insistência do Tribunal para se entenderem a bem, porque, previa-se nunca mais haver paz naquele lugar, e diziam e ainda hoje dizem que, o mercador e os filhos, roubaram e ultrajaram o povo da Aldeia de Ferreira. Quando os filhos do mercador e seus representantes se convenceram que, tinha de haver entendimento com o povo, senão nunca mais havia paz entre eles, fizeram uma proposta de venda dessas terras em courelas a um preço razoável e, começaram a desenhar as ditas courelas, mas a maioria do povo não queria aceitar essa proposta, porque achava mal comprar o que considerava já ser seu, mas nem todos estavam de acordo e alguns moradores concluíram que era o melhor a fazer para apaziguar a contenda e começaram a comprar courelas e, embora com muita resignação e críticas aos que iniciaram essa compra, todos os que puderam, fizeram o mesmo e assim, de forma forçada, acabou por haver entendimento, pelo menos, em termos da ação em Tribunal, sendo o processo, posteriormente arquivado e os deportados puderam voltar para suas casas, para junto das mulheres e filhos, mas o povo disse sempre que foram enganados pelo seu próprio advogado, que negociou nas suas costas, a favor do mercador e filhos. O filho do mercador que acabou por ficar com as herdades, tornou-se grande lavrador, aumentou o Monte e mandou levantar muros em volta para o isolar, assim como, nos limites das suas terras junto às Aldeias e, começou a contratar muita gente da Freguesia e de fora da região, fazendo grandes investimentos, em gados, olivais e outro arvoredo, poços, lagar, cabanas, currais, malhadas, ovil e algum casario para alojar os trabalhadores, mas os nossos ancestrais contavam que, lhes tirou a pele, trabalhavam noite e dia, como era em todo o país nessa época e como andavam a de comer, davam-lhes comida muito má, pior do que a dos cães, os trabalhadores andavam cheios de fome, porque as açordas e gaspachos eram cegos, ou seja, sem azeite, este não fazia olhos, logo, pouco existia, os grãos eram servidos nas sopas quase crus, assim, sobravam, não os conseguiam comer, dando falsa ideia de fartura, as migas eram só pão e água, com pouco toucinho, e toda a comida era miserável, por isso, com essa exploração, aqui arranjou grande fortuna. Com o passar dos anos, as novas gerações, embora conhecedoras desse passado, foram aceitando a afronta feita aos seus antepassados e começou a existir mais harmonia entre o povo e essa casa agrícola. mas ainda hoje, existe o sentimento negativo e continuam por fazer as pazes, devido à humilhação feita pelo mercador ao povo da Aldeia de Ferreira. Foi escrito com base nas conversas com os nossos ancestrais que estiveram envolvidos neste caso. Espero consultar o respetivo processo judicial e, se for o caso, serão feitas eventuais correções.
Fim
Texto: Correia Manuel



sábado, 4 de março de 2023

Memórias do filme, o benfeitor de Capelins

 Memórias do filme, o benfeitor de Capelins

Nos dias de hoje, com um telemóvel, qualquer pessoa pode fazer um video caseiro com alguma qualidade, mas no início da década de 1970 não se falava em vídeos e, qualquer filmagem, era chamada de filme, feito com uma máquina de filmar.
Num sábado à tardinha, no início dessa década, estavam alguns rapazes a beber e a petiscar numa taberna na Aldeia de Ferreira, uns eram militares, outros trabalhavam em Lisboa ou outra região e estavam a passar o fim de semana, e outros eram aqui moradores permanentes, foram bebendo umas cervejas, falando das suas aventuras e desventuras e às tantas o João disse ao Manel para não abalar sem terem uma conversa, só entre os dois, o Manel respondeu que estava à ordem dele e era melhor falarem já, senão o mais certo era esquecer-se, o João concordou e levantaram-se dos bancos, deixando os outros rapazes muito curiosos e perguntaram onde iam, eles responderam que já voltavam, saíram e o João começou a conversa:
João: Olha lá Manel, ando com umas ideias na minha cabeça e lembrei-me de ti!
Manel: Ó João, diz lá o que precisas que eu só não te ajudo se não puder!
João: Isso sei eu, por isso é que me lembrei de ti! Mas não podes contar nada a ninguém sobre esta conversa!
Manel: Claro que não! E se é alguma coisa grave, fica descansado que eu não conto nada!
João: Não é grave, mas até pode ser, porque se esses invejosos sabem, acaba-se antes de começar, por isso, não contes nada a ninguém!
Manel: Ó João, já te disse que não conto nada, diz lá o que precisas!
João: Olha lá, tu que andas lá por Lisboa, vê lá se me arranjas lá uma máquina de filmar, boa e barata!
Manel: É João, uma máquina de filmar boa e barata? Onde é que isso se arranja? Não sei, não sei! O que vejo por lá à venda são todas muito caras! Então e já viste em Espanha?
João: Em Espanha não arranjo nada, já falei com uns espanhóis meus amigos e lá são muito caras, mas aqui em Ferreira disseram-me que lá para Lisboa se arranjam mais baratas na candonga!
Manel: Sim, eu sei que se arranjam mais baratas na candonga, mas há muitas que não funcionam, há muitos enganos, eu tenho muito medo disso, mas posso ver!
João: Então vá, vê lá isso e depois diz-me quanto custa para ver se eu consigo arranjar o dinheiro, senão, faço aí umas rifas de um borrego!
Manel: Mas já agora, queres a máquina para filmar o quê?
João: É para fazer um filme, para que havia de ser?
Manel: Um filme? Sobre o quê?
João: Eu conto-te tudo, mas não contes nada a ninguém, senão vai tudo por água baixo!
Manel: Já te disse que não conto nada, então o filme é sobre o quê?
João: Tu já viste os filmes do Zorro, do Robin dos Bosques e do Zé do Telhado?
Manel: Já vi, já, roubavam aos ricos para dar aos pobres e ajudavam as pessoas! Mas não sei se sabes, é proibido copiar filmes e livros, dá uma grande multa!
João: Mas quem te disse a ti que eu vou copiar alguma coisa, eu faço cá à minha maneira e é sobre pessoas que foram salvas e ajudadas aqui, durante a guerra civil de Espanha de 1936/39!
Manel: Então, e que pessoas foram salvas aqui em Capelins, se a guerra era lá em Espanha?
João: Sim, a guerra era lá em Espanha, mas aparecia aqui muita gente fugida da guerra e que andavam escondidas por esses matos e ribeiros e a pedir esmola, homens, mulheres e crianças que, por vezes, eram assaltadas e abusadas por meliantes, mas havia aí um filho de um lavrador de Capelins que andava no seu cavalo alasão encoberto pela vegetação nas margens das Ribeiras e do Rio Guadiana e, quando ouvia gritar por socorro, aparecia de cara tapada com um lenço, dava uma coça nos patifes e ajudava as pessoas com bom pão, queijos, chouriças e outras coisas, dava-lhe de comer e depois desaparecia, sem esperar agradecimentos, chamavam-lhe o D. João, porque desconfiavam que ele era João, mas não tinham a certeza, não se podiam ajudar os espanhóis e espanholas fugidos da guerra, senão, quem os ajudava podia ser preso pela Guarda Republicana, isto contam os homens mais antigos da nossa Freguesia, dizem que foi tudo verdade! Esse papel de D. João, vai ser feito por mim!
Manel: Esse papel é feito por ti? E onde vais arranjar o cavalo alasão?
João: Já tenho tudo debaixo de olho, preciso de arranjar esse cavalo e um churrião puxado por dois cavalos, o resto é toda a gente a pé, até os que fazem de patifes, era melhor em cavalos, mas onde é que os vou arranjar?
Manel: Então e para que queres o churrião puxado por dois cavalos?
João: O churrião é para uma cena em que veio uma senhora rica de Cheles com as suas duas filhas muito bonitas, passaram o rio Guadiana de barco para cá, e o churrião que era do lavrador do Monte da Talaveira, estava nas Azenhas D' El-Rei à espera delas para as transportar ao dito Monte, porque eram primas desse lavrador, mas quando iam a passar o Ribeiro do Carrão foram assaltadas por um grupo de ladrões que, as roubaram, porque traziam muitas jóias e tentaram abusar delas, mas elas gritaram por socorro e naquele momento, apareceu o D. João no seu cavalo que as salvou e depois acompanhou o churrião até perto do dito Monte, mas desapareceu sem elas terem tempo de lhe agradecer, mas esse rapaz era muito amigo dos lavradores da herdade da Talaveira e todos os dias passava lá pelo Monte a ver como estavam e se precisavam dele, ora, não demorou muito a apaixonar-se pela espanholita mais nova e ela por ele, namoraram uns meses e acabaram por casar na Igreja de Santo António, e no dia do seu casamento, sábado dia 01 de Abril de 1939, chegou a notícia que tinha acabado a guerra civil de Espanha e, ainda nesse dia, na festa do casamento lá no Monte da herdade do pai, ele contou aos amigos e à família que era ele o D. João, que as tinha ajudado, assim como, a muitos outros espanhóis e espanholas atacados por ladrões nas terras de Capelins, mas já todos sabiam e, além dos agradecimentos, foi só rir, devido à sua personagem de D. João!
Manel: É um filme muito interessante, até mete casamento em Santo António de Capelins, mas onde arranjas os atores, as atrizes e as roupas?
João: Não te preocupes, está tudo estudado, há aí muitos rapazes e raparigas em Ferreira e em Montejuntos que querem entrar no filme, é só ensaiar como fazem para os bailes da pinha, fazem-se as roupas e não é preciso muito tempo para entrarem em cena!
Manel: Então e se tu és o ator principal, o D. João, quem faz as filmagens?
João: Deixa lá isso, está tudo pensado, quem vai filmar é quem a gente ensinar, tu aprendes lá com quem te vender a máquina, como aquilo funciona, depois explicas aqui a um gajo que eu já sei quem é, e ele filma!
Manel: Estou a ver que tens tudo bem planeado, então e como se vai chamar o filme? E já escreveste o guião?
João: O fime chama-se: O benfeitor de Capelins, o D. João fazia bem a toda a gente, era um benfeitor, e o guião não é preciso escrever, está tudo na minha cabeça!
Manel: Ó João, está tudo na tua cabeça, mas não está na cabeça dos outros atores, como é que sabem o que têm de fazer para ser filmado?
João: Ora essa! Cada um sabe o que tem de fazer, não te disse já que vamos ensaiar antes!
Manel: Pronto, tu lá sabes, mas acho que é o prineiro filme sem guião!
João: É pá, arranja lá a máquina e deixa o resto comigo!
Manel: Ainda tens aí outro problema, que é a montagem do filme e a mistura da musica conforme as cenas e tens de pagar direitos de autor!
João: Lá estás tu, não é preciso montar nada, e a música já tenho aí um acordionista que toca tudo o que for preciso!
Manel: Toca tudo o que for preciso? Mas são musicas de outros, não as podes usar no filme, porque têm direitos de autor, têm dono!
João: Já te disse, arranja lá a máquina que eu cá me arranjo!
Manel: Ó João e depois queres o filme para quê? Para vender a quem?
João: Qual vender, é para ir de terra em terra, como esses que vêm aqui, vou aos mesmos sítios, casões, casas do povo, sociedades, em dias diferentes deles!
Manel: Tens aí outro problema, onde arranjas o projetor? É outra máquina muito cara, e onde tens o transporte para ires de terra em terra?
João: Lá estás tu só a ver se me acabas com o filme, já me informei e não preciso de comprar projetor, posso alugar um, só para esses dias, e o transporte, tenho aí a motorizada!
Manel: Sendo assim, tu lá sabes, eu vejo lá da máquina de filmar e depois falamos!
O Manel e o João entraram na taberna, deixando os outros rapazes muito desconfiados, porque a conversa foi longa e tentaram saber o que eles tinham falado, mas nada foi desvendado sobre o segredo do João.
O Manel procurou a máquina de filmar para o João por Lisboa inteira, mas havia poucas nas lojas e eram muito caras e quanto à candonga, todos os amigos lhe diziam para não se meter nisso, porque, o mais certo era ser enganado, mesmo por aqueles que, se diziam amigos, e foi sempre informando o João sobre o ponto da situação do negócio e disse-lhe que, se ele quisesse, podia trazer-lhe uma máquina de filmar da candonga, mas sem nenhuma garantia e o mais certo era não filmar nada e o João compreendeu que corria grande risco de ser enganado e acabou por adiar o projeto, pelo menos uns tempos, porque, falava-se que, estavam a chegar do Japão, máquinas modernas e mais baratas, mas levaram muito anos a chegar e o filme do João ficou na sua cabeça, onde, ainda hoje se deve conservar, porque não tinha guião, mas ainda pode ter e ser filmado.
Fim
Texto: Correia Manuel

Monte em Capelins



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