quarta-feira, 1 de maio de 2019

Moinho do Roncão ou Roncanito - 4

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins 

4 - Moinho do Roncão ou Roncanito 

O Moinho do Roncão, também designado do Roncanito, situava-se na margem direita da Ribeira de Lucefécit, entre a foz do Ribeiro do Carrão e o Porto do Aguilhão, junto à herdade do Roncão de Capelins que lhe deu a sua designação.
Prevê-se que, a sua construção tenha sido, o mais tardar, nas primeiras décadas da centúria de 1700, uma vez que, já é mencionado nos Registos Paroquiais da Freguesia de Santo António (Capelins) na década de 1740, assim, no dia 31 de Agosto de 1742, faleceu um filho do Moleiro João Rodrigues Goes, natural de Santiago Maior, e no dia  07 de Setembro deste mesmo ano, faleceu a sua esposa Esperança Maria e,  no dia 31 de Outubro de 1748, ali faleceu a sua filha e da sua segunda mulher Rita da Encarnação, chamada Antónia.
Era um Moinho de rodízio, ou roda horizontal de submersão, com um aferido, um casal de mós ou linha de moagem, e com um açude construído em pedra de xisto que atravessava a Ribeira e, ligava as duas margens entre as herdades do Roncão e a herdade do Aguilhão, o qual, estancava e canalizava a água até à sua engrenagem, antes tinha uma comporta que o Moleiro levantava para libertar a água, que sobre pressão caía num pequeno poço do qual saía por uma pequena porteira no fundo fazendo acionar a roda que estava ligada à mó andante por um eixo de madeira e a fazia rodar sobre a mó fixa ou apoio transformando os cereais em farinha. 
Quando acabava o cereal no depósito de onde caía no orifício ao centro da mó, o espaço entre as duas mós ficava vazio e elas começavam a roçar uma na outra causando grande trepidação que fazia tocar um pequeno chocalho pendurado de um braço feito de arame que avisava o Moleiro do que estava a acontecer e ele ia a correr abastecer o depósito com mais cereal.
O Moinho do Roncão, era auxiliar do Moinho Novo de Cima e mais tarde, foi  auxiliar do Moinho das Bolas, ou seja, quando estes não podiam trabalhar devido às grandes cheias do Rio Guadiana o Moleiro mudava-se para o Moinho do Roncão, onde trabalhava enquanto tivesse água suficiente, ou quando as cheias do Rio Guadiana baixavam, voltava e deixava ali outro Moleiro.
Através dos Registos Paroquiais dos nascimentos, casamentos e óbitos, verificamos que, no Moinho do Roncão, existiam, pelo menos duas casas, pensamos que, uma era de apoio ao Moinho do Moleiro e da sua família e na outra moravam famílias de ganadeiros ou de pessoas que trabalhavam nesta região, sendo desmoronadas por já se encontrarem em ruínas, quando da limpeza da área que foi inundada pelas águas da Albufeira de Alqueva.  
Quando foi efetuado o levantamento arqueológico e patrimonial de Alqueva, em 1995, junto ao Moinho do Roncanito, no relatório consta o seguinte: Foi identificada uma área com cerca de 2500m2 onde se encontram à superfície fragmentos de construção e de cerâmica comum de época romana.
Habitat pré-histórico, situado no topo do cabeço, que sendo dominante na paisagem não apresentando condições especiais de defesa. À superficie foram detectados fragmentos de cerâmica manual lisa, alguns bordos sem espessamento, percutores de quartzo, seixos e lascas de quartzito, um machado de pedra polida com gume muito embotado.
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 


Texto: Correia Manuel

Do Memorial existente na Aldeia de Montejuntos - Capelins 










Sem comentários:

Enviar um comentário

Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...