segunda-feira, 6 de maio de 2019

Moinho de Miguéns - 12

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

12 - Moinho de Miguéns
O Moinho designado Miguéns situava-se/situa-se na margem direita do Rio Guadiana, junto à herdade do Roncanito, em Capelins.
Desconhecemos quando e quem o mandou construir, mas temos indícios que pode ter sido construído na centúria de 1.500, no reinado de D. Manuel I, quando foi concedido o segundo Foral ao Concelho de Terena, talvez por um grupo de lavradores, um militar de alta patente, um nobre ou alto funcionário do reino, porém, sabemos que, o último proprietário, que começou como acarretador da farinha nele produzida, foi Francisco Martins Malato, natural de São Marcos do Campo e residente na Aldeia do Outeiro, que o herdou do sogro. 
Desde a segunda metade da centúria de 1800, que o Moinho de Miguéns pertencia à  Família "Paulino" de São Marcos do Campo, quando em 1898, foi doado ao senhor Joaquim Caeiro Paulino, pelo seu padrinho, senhor Joaquim Moreno, que não tinha filhos.
A Família Paulino teve origem na cidade da Guarda, sendo Simão Monteiro, o pioneiro na Freguesia do Freixo, (Redondo), onde casou com Inês Gonçalves, no decénio de 1670 ou 1680.
O seu filho, Manuel Gonçalves casou em São Miguel de Machede, com Bernarda Francisca, continuando esta Família a residir na Freguesia de São Miguel de Machede durante algumas gerações, assim:
Em 17 de Dezembro de 1719, nasceu João Francisco, em São Miguel de Machede, filho de Manuel Gonçalves e de Bernarda Francisca, ele natural da Freguesia do Freixo e ela da Freguesia de São Miguel de Machede. 
Em 16 de Março de 1755, nasceu António José, em São Miguel de Machede, filho de João Francisco e de Inês Maria, naturais da Freguesia de São Miguel de Mchede, onde casaram em 22 de Setembro de 1754.
Em 06 de Janeiro de 1793 nasceu Paulino José, em São Miguel de Machede, filho de António José e de Joana Luíza, os quais casaram em São Miguel de Machede em 24 de Novembro de 1784,  sendo a partir dele que surgiu o ramo Paulino, e começou a emigração, neste caso, dele para Montoito. 
Em 27 de Abril de 1824 nasceu Domingos Paulino, em Montoito, filho de Paulino José e de Rosa Joaquina, os quais casaram no dia 03 de Setembro de 1815 em São Miguel de Machede.
Em 04 de Junho de 1854 nasceu Joaquim Paulino, em Reguengos de Monsaraz, filho de Domingos Paulino e de Josefa Ramalho, os quais casaram em 30 de Julho de 1848 em Reguengos de Monsaraz.
Em 04 de Setembro de 1881 nasceu Joaquim Caeiro Paulino, em São Marcos do Campo, filho de Joaquim Paulino e de Maria Felizarda, os quais, casaram em 30 de Setembro de 1877 em Reguengos de Monsaraz, ele natural de Reguengos de Monsaraz e ela de São Marcos do Campo, daí a ligação desta família a esta localidade de São Marcos do Campo.
Em 07 de Setembro de 1904, Joaquim Caeiro Paulino e Luzia Lopes, casaram na Igreja Paroquial de São Marcos do Campo.
O Moinho de Miguéns tinha três aferidos, ou seja, casais de mós ou linhas de moagem.
Como todos os Moinhos, era provido de um açude, sem caneiro, ou pesqueira, construído em pedra imbrincada ou travada (em Capelins chamada enrroncada) em aparelho gravitacional afunilado que barrava e canalizava a água para as suas adufas ou bocas dos canais com comportas interiores, neste caso, este Moinho tem uma particularidade, os canais apresentam um prolongamento para montante do mesmo, cerca de um metro. A roda motriz fazia mover as mós andadeiras sobre as fixas ou poisos, cujos cereais entravam em pequenas quantidades ao centro das mós, chamado olho, e eram transformados em farinha, que caía lentamente de lado, entre as ditas mós.
Quando as grandes cheias do rio Guadiana impediam este Moinho de trabalhar, em alguns anos passava dois ou três meses submerso, o Moleiro deslocava-se para o Moinho do Azinhal na Ribeira do Azevel, sendo este Moinho do mesmo proprietário, ou seja, da família Paulino.
É de salientar que, na linha deste Moinho, na parte alta, existia um Posto da antiga Guarda Fiscal, onde moravam alguns guardas com as famílias que, contribuíam para mais movimento nesta região. 
Existem estudos arqueológicos que provam, já existir um povoado no Lugar de Miguéns há mais de cinco mil anos.
O Moinho de Miguéns foi dos últimos, na Freguesia de Capelins, a deixar de fabricar farinha, estando a funcionar até ao decénio de 1980.
O Moinho de Miguéns, encontra-se submerso pelas águas da Albufeira de Alqueva, desde o ano de 2002.
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 


Texto: Correia Manuel
Moinho de Miguéns - Capelins




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