quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

A Fauna de Capelins - A Águia de Bonelli

 A Fauna de Capelins - A Águia de Bonelli

A águia de bonelli ou águia perdigueira é uma ave de rapina pouco frequente nas terras de Capelins, também, porque, são raras, embora estáveis, na nossa região do Alentejo.
Águia de Bonelli
Hieraaetus fasciatus
Águia de tamanho médio, com uma envergadura que varia entre o 1,5 m e 1,8 m, e com peso entre 1500 a 2400 gr. Em adulta com plumagem escura nas asas, branca na parte inferior do corpo, e com mancha branca típica no centro do dorso (bem visível por ter penas muito escuras em redor). Tem uma banda negra na extremidade da cauda. Os sexos distinguem-se sobretudo pelo tamanho, cerca de 20 cm de diferença em termos de envergadura.
Em voo as águias de Bonelli adultas podem confundir-se com outras aves com plumagem branca (ou claro) no ventre como a Águia-calçada ou a Águia-cobreira. A identificação faz-se sobretudo pela detecção do contraste entre o branco do ventre e o negro das asas, muito nítido na Águia de Bonelli, mas também pela mancha branca dorsal e observação do aspecto mais pesado do voo, planando em círculos comparativamente mais abertos e lentos.A grandes distancias a sua silhueta distingue-se da Águia-real pelo facto de ter a ponta das asas ligeiramente dobrada para baixo (contrariamente à A. real).
Em Portugal, a Águia de Bonelli nidifica principalmente nas regiões montanhosas e nos vales alcantilados do nordeste, na Beira Baixa, no Alentejo e nas serras algarvias. Diversas áreas do Baixo-Alentejo, nomeadamente as vastas zonas estepárias, são regularmente utilizadas pela espécie como quartéis de dispersão e invernada de imaturos e sub-adultos.
A população apresenta duas tendências demográficas distintas, no norte e centro litoral tem vindo a regredir apresentando parâmetros reprodutores muito baixos. Enquanto que no centro interior, Alentejo e Algarve apresenta alguma estabilidade com parâmetros reprodutores normais, e inclusive em algumas zonas tem sido detectado a instalação de novos casais.
A população nacional nidificante foi recenseada em 1999 e corresponde a 77 - 80 casais, que se encontram distribuídos pelos seguintes núcleos: Bacia do Douro – 30 casais, Estremadura - 4 casais, Bacia do Tejo – 8-10 casais, Bacias do Sado e Guadiana – 11 casais e Serras do Sudoeste – 24 casais.
Trata-se de uma espécie características dos ecossistemas mediterrâneos, ocorrendo em zonas de média e baixa montanha que combinem zonas tranquilas e protegidas em termos de nidificação com espaços de aproveitamento agro-silvo-pastoril onde se verifique abundância das suas principais presas. Nidifica em superfícies ou penhascos rochosos, e também em árvores.
Os seus habitats de alimentação preferenciais no nosso país correspondem essencialmente a formações pré florestais de diferente composição e estrutura (matos esparsos, matagais mediterrâneos e bosques abertos), mas também outro tipo de habitats dependendo da disponibilidade de presas (montados de sobro e azinho, olivais, orlas de bosques). Dada a especialização na predação de aves, nomeadamente columbiformes, também explora zonas peri-urbanas, falésias litorais e escarpas montanhosas. Fora da época de nidificação recorre também a zonas húmidas, habitats estepários e outros associados a zonas de relevo suave.
Alimenta-se sobretudo de mamíferos de médio porte (Coelho-bravo) e aves (Perdiz-vermelha e columbiformes), com menor frequência de répteis. Caça normalmente sozinha podendo também fazê-lo em pares.
A Águia de Bonelli é uma espécie monogâmica, sendo altamente territorial. Ambos os progenitores cuidam das crias, existindo no entanto uma divisão de tarefas. O macho providencia o alimento durante a nidificação e a fêmea cuida dos crias. Crias semi-altríciais e nidícolas. Em geral cada casal possui vários ninhos que utiliza de forma alternada. O processo nidificante decorre entre Janeiro e Junho, produzindo 1 a 2 crias.
A perseguição humana através do abate a tiro e da utilização de iscos envenenados, motivada por conflitos associados ao seu comportamento predatório, constitui um importante fator de mortalidade desta espécie.
As linhas de transporte de eletricidade.
A escassez de Coelhos bravos provocado pelas epizootias mixomatose e pneumonia viral hemorrágica.
O abandono e alteração de diversas práticas agro-pecuárias tradicionais, caso da cerealicultura, pastoreio extensivo, pombais tradicionais conduzem a uma diminuição das populações de presas.
A perturbação humana em zonas de nidificação e durante os períodos mais sensíveis, provocada por actividades agro-silvicolas, actividades cinegéticas, turismo e lazer, conduz a um abaixamento da produtividade da população.
Os incêndios florestais assumem forte impacte sobre a população devido à perda de habitat em especial nos núcleos nidificantes do sul do pais onde a espécie nidifica em árvores.
A degradação dos habitats de nidificação e/ou alimentação devido à construção de infra-estruturas (barragens, parques eólicos, estradas), instalação de regadios, produção florestal, actividade de extracção de inertes.
A falta de sensibilidade ambiental por parte de alguns setores da população rural, como caçadores, criadores de gado, columbófilos, gestores florestais, que vêem nesta espécie um certo entrave para algumas actividades é a causa de conflitos que levam à perseguição da espécie.
(Adaptado de Covão da Ponte)
Águia de Bonelli 




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