Memórias da visão do clarão no Céu de Capelins
No dia 03 de Junho de 1915, foi dia de Corpo de Deus, já andava um rancho de homens e mulheres a ceifar nas courelas do Carrão, começaram a ceifar ao romper da aurora e nasceu um dia maravilhoso, sem nuvens e o sol a brilhar, anunciando um dia de calor, mas antes do meio dia começaram a surgir nuvens negras que cobriram o sol e o dia passou a ser noite.
Os trabalhadores não diziam nada, e quase sem ver nada, ceifavam, ceifavam, mas alguns começaram a ficar assustados, porque adivinhava-se uma grande trovoada, o céu estava medonho, e pouco depois as nuvens negras passaram a vermelho, deixando os ceifeiros ainda mais assustados, logo a seguir fez um clarão da cor do fogo que envolveu toda a região do Carrão.
Os ceifeiros com o susto deixaram cair as foices das mãos como se tivessem levado um choque elétrico e ficaram paralisados a olhar uns para os outros, à procura de explicação para o sucedido.
Não demorou em ouvir-se a voz do patrão: - Vamos embora daqui, nem mexam nas foices, isto foi um aviso, hoje é dia de Corpo de Deus, não se pode mexer em nada! Vamos embora!
Os ceifeiros fizeram o que o patrão lhes disse e foram todos para o Monte, quando chegaram, o céu ficou limpo e o sol voltou a brilhar, naquele dia não falaram sobre o que tinham acontecido, só passados alguns dias tiveram coragem para falar do caso e todos confessaram que tinham apanhado o maior susto das suas vidas.
Este acontecimento foi contado por toda a Freguesia de Capelins e nunca mais ninguém trabalhou no dia de Corpo de Deus e se alguém era visto a fazer alguma coisa, os capelinenses lembravam logo: - Olha o clarão!
Sem comentários:
Enviar um comentário