domingo, 11 de setembro de 2022

A lenda da pastorinha de Capelins

A lenda da pastorinha de Capelins

Conta a lenda que, na centúria de 1700, havia uma pastorinha na herdade da Galvoeira que guardava um rebanho de ovelhas, no qual, também tinha algumas cabras, sendo uma delas muito amiga da pastorinha, pastava sempre junto dela e só lhe faltava falar, mas entendia  as suas palavras na perfeição. 
Um dia, a pastorinha voltava com o seu rebanho ao Monte da Galvoeira e, ao passar um ribeiro estava uma mulher misteriosa, muito linda, com longos cabelos negros, sentada sobre a erva na margem direita desse ribeiro.
A pastorinha ficou assustada, mas a mulher disse-lhe para não ter medo, que estava ali para a ajudar a ter uma vida melhor, apenas tinha de fazer o que ela lhe ia dizer e continuou: - Sei que a tua companhia é essa cabrinha, ela é tudo para ti, são muito amigas, brevemente ela vai ter um cabrito branquinho, e vai dar muito leite para ele, mas só para ele, não podes tirar-lhe leite para ti, nem para ninguém e um dia esse cabrito vai dar-te uma grande alegria que mudará a tua vida para sempre, mas não podes contar isto a ninguém! 
A seguir, a mulher desapareceu e a pastorinha nem teve tempo de fazer perguntas, mas nessa noite, pouco dormiu a pensar no que a mulher misteriosa lhe tinha dito e, estava na dúvida se aquilo seria verdade ou se tinha sido alguma brincadeira.
Passaram alguns dias e a pastorinha já estava esquecida, até que, nasceu o cabrito branquinho, voltou-lhe à memória o encontro com a mulher. 
O cabrito foi crescendo e a pastorinha cumprindo o que tinha ouvido à mulher, mas o cabritinho tinha dificuldade em beber tanto leite, no entanto, a pastorinha lembrava-se o que a mulher lhe tinha dito e, por sim por não, continuava a cumprir, mas um dia apareceu-lhe uma vizinha que morava no Monte do Salgueiro, muito aflita a pedir-lhe uma pinguinha de leite, porque tinha um filho muito doente e não tinha nada para lhe dar. 
A pastorinha disse-lhe que não podia tirar leite da cabra, porque ela tinha o cabrito para alimentar e ele bebiam o leite todo. 
A mulher ficou conformada, mas muito triste, sem saber onde podia arranjar uma pinguinha de leite, a pastorinha percebeu e por ter tanta pena da criança doente e não ter a certeza se aquilo da mulher do ribeiro era verdade, chamou a mulher do Salgueiro, foi ordenhar a cabra e tirou-lhe mais de um litro de leite. 
A vizinha disse-lhe que, só queria meio litro ou menos e, a pastorinha ficou com o restante na ordenhadeira, depois, quando foi passar esse leite para outra vasilha, nesse momento, o cabrito, na brincadeira, saltou-lhe na frente e fez-lhe entornar o leite que se derramou por cima dele e as partes do pelo onde caiu o leite ficaram pretas, ficando o cabrito malhado, foi uma grande surpresa para a pastorinha, mas como não podia fazer nada, continuou a sua vida normal, até que, passados uns dias, quando a pastorinha andava a pastar o seu rebanho nas margens do mesmo ribeiro, viu o cabrito com uma corda ao pescoço a estrebuchar, fazendo muita força preso e a puxar alguma coisa pesada, pensou que, a corda estivesse por ali e o cabrito a tivesse enfiado pela cabeça, foi a correr ajudar o cabrito e quando estava a chegar junto dele a corda desapareceu e ouviu uma voz dizer: - Malogrado cabrito malhado, tiravas o tesouro se o leite não te têm roubado! 
A pastorinha nesse momento, percebeu que a corda ligava o cabrito a um tesouro, e que tinha perdido a oportunidade de mudar a sua vida, porque, se tivesse cumprido o que aquela mulher lhe tinha dito, agora era dona de um tesouro, mas pensou que, com o leite que tirou à cabrinha, salvou a vida do filho da vizinha do Salgueiro o que, era muito mais importante do que o tesouro, por isso, ficou feliz e pastorinha toda a vida.

Fim

Texto: Correia Manuel


Ribeiro do Carrão - Capelins 

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