“Das Festas Cristãs resultava que, apesar das tristezas da vida, a religião tinha encontrado meios de perpetuar de raça em raça alguns momentos de felicidade”. (Chateaubriand – Génio do Cristianismo)
“E como se explica este
fenómeno? nesta época, as pessoas não tinham quase nada e, existia tanta
felicidade. Hoje temos quase tudo, e existe tanta infelicidade”
Extrato do relato na primeira pessoa, das Festas
Tradicionais vividas nos Concelhos de Vila Viçosa e Alandroal nos anos
1700/1800, neste caso, da Festa de Santo António de Capelins no dia 03 de
Setembro de 1859:
“Eu mesmo assisti a umas
em Santo António de Capelins, termo de Terena, a 3 de Setembro de 1859.
Recordamos isto. Detrás da Igreja Paroquial estava preparada a arena com paus
levantados e cordas postas através delas onde se penduravam com fitas, pombos e
frangos para os galhardos cavaleiros, correndo a toda a brida com a lança em
riste, botarem aquelas aves, o que só logravam os mais peritos que, ufanos, iam
ofertar na ponta da lança a pessoas amigas o frango ou pombo trespassado. Nos
intervalos tocava uma filarmónica sobre um terraço junto da arena, etc.
Isto foi na véspera à tarde. No dia seguinte,
depois da festa, saiu a procissão de Santo António e teve então lugar de ver
pela primeira e última vez danças religiosas, semelhando a do Rei David que,
como todos sabem, dançou em frente da Arca da Aliança ao som do seu psaltério
quando ela foi trasladada para o Monte Sião em Jerusalém. Quatro homens (se bem
lembrado estou) de saiotes e mitras na cabeça com tufos de fitas e guitarras
nas mãos dançavam constantemente diante do andor, indo sempre de recuas para
lhe não darem as costas.
Aquilo para mim foi como
se achasse um monumento de arqueologia e disse com os meus botões: - Eis aqui
em Terena (Santo António de Capelins), o resto do que há dois ou três séculos
se fazia pelas Vilas e Cidades mais notáveis!
Tornando a Terena em 1880, vi guardadas as
vestiduras dos profetas dançantes na Igreja da Boa Nova, mas soube estarem já
suspensos ou extintos aqueles divertimentos de tão antiga data.”
Autor desconhecido.
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