quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

A evolução do correio em Portugal, assim como, nos Concelhos de Alandroal e de Terena

A evolução do correio em Portugal, assim como, nos Concelhos de Alandroal e de Terena 

A entrega de cartas começou por ser feita através de homens, primeiro a pé, depois a cavalo.
Antes da intervenção régia, pelo Rei D. Manuel I, eram utilizados almocreves, criados, escudeiros, barqueiros, caminheiros para transportar as cartas e outras encomendas.
Com os descobrimentos, em finais do século XV, Portugal foi obrigado a intensos contatos com outros estados, e com o clero, a nobreza e com mercadores, pelo que, era necessário um serviço postal seguro e eficiente.
Assim, o Rei D. Manuel I, em 6 de Novembro de 1520, publicou a carta Régia que criava o ofício de Correio - Mor, sendo este entregue a Luís Homem entre 1520 e 1532, sendo nomeado Luís Afonso, segundo Correio – Mor, para melhorar e aperfeiçoar o serviço de mudas de homens e cavalos, nos respetivos postos.
Em 1573 foi criada a importante linha entre Lisboa e Elvas, por onde se fazia a ligação com Espanha e toda a Europa.
O correio atravessava o rio Tejo numa barca até à Aldeia Galega do Ribatejo (Montijo) e daí seguia até Badajoz, o mais rapidamente possível, existiam as estações de Pegões, Vendas Nova, Montemor-o-Novo, Arraiolos, Estremoz, Veiros, Elvas e Badajoz.
O serviço de Correio - Mor era público, qualquer cidadão, mediante o pagamento de uma quantia, podia utilizá-lo.
O Correio - Mor foi um cargo de nomeação régia até 1606, quando foi vendido, pelo Rei Filipe II, ao Marquês português Luís Gomes da Mata, pela quantia de 70 mil cruzados, mantendo-se nesta família a posse da exploração dos correios durante quase dois séculos, até cerca de 1797 e, foi sempre modernizando os serviços.
Até ao século XVII, (1606) o serviço era usado, especialmente pela Coroa, nobreza e pelos homens de negócios, porque o povo tinha poucas cartas a enviar.
Mais tarde, o número de utilizadores começou a aumentar, mas a morosidade e a incerteza eram enormes e começaram a surgir críticas feitas ao serviço postal prestado pelo Correio - Mor, levando a Rainha Dª Maria I a incorporá-lo no Estado, em Janeiro de 1797.
Em Setembro de 1798, a administração central dava corpo ao seu projeto de correios, e publicava um documento revolucionário, a instrução para o estabelecimento das diligências entre Lisboa e Coimbra, que deu origem à primeira carreira da Mala – Posta.
Assim, as Mala Postas surgiram em portugal, sómente no ano de 1798.
As Malas - Postas eram diligências cuja função primária era a do transporte do correio, garantindo um serviço regular, realizando os percursos à segunda, quarta e sexta-feira.
O estabelecimento de carreiras regulares de Mala - Posta em todo o território nacional só seria feito 50 anos depois, cerca de 1848, com notável êxito, a carreira Lisboa – Porto.
A Mala - Posta obrigou à criação de infra- estruturas, das quais se salienta as Estações de Muda, onde eram trocados os cavalos. Ao mesmo tempo que criava a Mala - Posta, o estado apostava na distribuição ao domicílio.
Em 1800, José Diogo Mascarenhas Neto, 1º Superintendente Geral dos Correios e da Posta do Reino, fazia aprovar o diploma da distribuição domiciliária de correio em Lisboa, criando 17 distritos postais, identificando ruas e números de casa e contratando “portadores”, que fariam a distribuição de porta a porta. Os utentes só tinham que se inscrever, pagando uma pequena taxa.
O diploma criou também as caixas postais públicas, que deram origem aos marcos dos correios.
O ofício de Correio - Mor terá terminado em 1805.
Em 1852, Fontes Pereira de Melo fez aprovar o diploma da Reforma Postal. Este diploma dividiu o país em dez administrações postais, subdivididas em direções e delegações.
Os funcionários começaram a pertencer aos quadros do estado.
Em 1866, os serviços de correio acompanharam o progresso, e com a chegada do comboio, criaram a ambulância - postal ferroviária, uma carruagem postal, atrelada ao comboio. Esta carruagem deixou de existir 120 anos depois.
Nos primeiros anos da República, a Direção - Geral dos Correios passou a Administração - Geral. O Estado Novo apostou no crescimento do património para uso dos utentes, tendo-se assistido à construção de estações em todo o território nacional.
Além do comboio, o automóvel tornou-se um veículo imprescindível.
Em 1970, os correios passam a empresa pública, designada por CTT - Correios e Telecomunicações de Portugal.
adaptado de: A ESTAÇÃO DE CORREIOS DE ESTREMOZ
Arquivo Distrital de Évora
Quanto a esta evolução no Concelho de Alandroal e Terena, conforme se encontra descrito nas Memórias Paroquiais de 1758, parece que, ambos os Concelhos recebiam e enviavam o respetivo correio para a Estação de Estremoz, por vias diferentes, enquanto o Alandroal era por Vila Viçosa, o correio de Terena era via Redondo.
Vejamos:
Alandroal, pelo Prior Bento Ferrão Castelbranco em Junho de 1758
- "Não tem esta Villa correio e sim paga a Câmara a um peão (homem que ia a pé) que todas as quintas feiras vai a Vila Viçosa buscar as cartas ao correio daquela Villa e as entrega nesta, de tarde e na sexta feira pelo meio dia, parte desta, outra vez levá-las a Vila Viçosa que dista uma légua."
Quanto à Vila de Terena, escreve o Prior Mathias Viegas da Sylva em 17 de Junho de 1758
- "Não tem correio, mas sim um estafeta posto pela Câmara há seis anos, e está satisfeito, sendo conduzidas as cartas ao presente, à Vila do Redondo distante duas léguas e chegam na quinta feira pela noite e voltam na sexta feira de tarde. O correio é de Estremoz distante quatro léguas, donde parte pelo meio dia pelo estafeta do Redondo".
Como sabemos, nessa época, sendo Terena a sede do Concelho, ao qual pertenceu Capelins até 1836, o posto do correio era na dita Vila.
Dá ideia que as cartas chegavam a Terena à quinta feira e as mesmas, voltavam à sexta feira, mas entende-se.
Podemos verificar que, o correio de Terena e do Alandroal tinham os mesmos horários e o seu destino seria Estremoz.
Fim
Texto: Correia Manuel 



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