sábado, 21 de novembro de 2020

A Fauna de Capelins - A Cegonha branca

 A Fauna de Capelins - A Cegonha Branca

A cegonha é uma ave muito elegante que, desde sempre, habita nas terras de Capelins, aproximando-se cada vez mais das Aldeias, onde nos últimos anos alguns casais vêm nidificar! Podemos ver um ninho de cegonha branca na torre da Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Montejjuntos e outro sobre um poste, junto ao Centro Cultural de Ferreira de Capelins! Há muitas histórias sobre cegonhas, como a que traziam as crianças no bico, o engano à comadre raposa e outras! Noutros tempos quando alguém anunciava: - Olha uma cegonha! Todos os presentes respondiam: Beija-lhe no rabo até que ela ponha! Dava uma barrigada de rir! O que caía na armadilha é que não achava graça nenhuma e, as cegonhas quando apareciam a planar nos céus de Capelins, começaram a ser cada vez menos apregoadas.
A Cegonha Branca
Desde tempos remotos que a Cegonha-branca adquiriu uma atenção popular particular, sendo em grande parte responsável por alguma consciência inata de conservação que desde há muito existe nas populações humanas.
A Cegonha-branca Ciconia ciconia é uma espécie que pertence à Família Ciconiidae. Trata-se de uma das duas espécies do género Ciconia que nidifica em Portugal. A outra espécie, Cegonha-preta Ciconia nigra, é porém bastante mais rara, ocupando apenas áreas rupícolas e alguns montados e sobreirais do interior do País.
Com uma altura de 100-125 cm e uma envergadura de 155-165 cm, a Cegonha-branca apresenta uma plumagem branca, sendo pretas as penas de voo, as grandes coberturas e as coberturas primárias, a alula e as escapulares pretas. O bico, pernas e patas são de coloração vermelha.
As diferenças morfológicas entre machos e fêmeas são muito ligeiras, de difícil detecção no campo. Esta distinção faz-se essencialmente ao nível do tamanho corporal, sendo o macho normalmente ligeiramente maior que a fêmea, e ao nível de pequenas diferenças na forma e comprimento do bico.
Apesar de ser considerada uma ave aquática, a maioria dos casais nidificantes em Portugal, utiliza diversos habitats que pouco ou nada têm que ver com zonas húmidas, tais como, pastagens naturais, searas, montados ou lameiros. Ainda assim, charcas, pequenas ribeiras, pântanos, sapais e arrozais são muito utilizados por cegonhas-brancas como locais de alimentação. Em algumas regiões, muitos casais recorrem ainda a lixeiras para encontrar alimento.
Durante o Inverno e dada a escassez de alimento na maioria das áreas de nidificação, muitas aves de origem diversa, que optam por permanecer em Portugal, concentram-se nalgumas zonas húmidas do litoral, especialmente arrozais, onde encontram quantidades elevadas de Lagostim-vermelho Procambarus clarkii, bem como alguns anfíbios. Algumas lixeiras assumem também alguma relevância para a invernada da Cegonha-branca no nosso país.
A Cegonha-branca apresenta uma dieta bastante variada, adaptando-se com alguma facilidade aos recursos tróficos disponíveis em cada região e em cada período do ano. Na Península Ibérica, os insectos (especialmente, gafanhotos, escaravelhos e insectos aquáticos) e Lagostim-vermelho Procambarus clarkii deverão constituir a base da alimentação da maioria da população nidificante. No entanto, em algumas regiões, os anfíbios e pequenos mamíferos assumem particular relevância na sua dieta. As cegonhas-brancas também se alimentam, com alguma frequência, de répteis. Nalguns locais, restos de alimento humano, que encontram em lixeiras e aterros sanitários, apresentam certamente importância na dieta destas aves.
Podem alimentar-se sozinhas, em pequenos grupos ou, quando o alimento é muito abundante, em grupos grandes, que excepcionalmente podem ter milhares de indivíduos (p. ex. pragas de gafanhotos em África).
Estas aves procuram alimento principalmente através da visão. Percorrem as áreas de alimentação, andando lentamente, de uma forma geral, mas com deslocações rápidas para capturar as presas. Podem, por vezes, utilizar a tactolocação (detecção de presas através do tacto, com o bico) em meios aquáticos.
A Cegonha-branca é monogâmica e, geralmente, utiliza o mesmo ninho, ano após ano, pelo que este pode atingir dimensões consideráveis (existem registos de ninhos com 800Kg).
Os casais podem nidificar isoladamente ou em colónias que, por vezes, chegam a ser constituídas por quase uma centena de ninhos. Em Portugal são conhecidas colónias constituídas por mais de 70 casais nidificantes.
Esta espécie escolhe árvores, construções humanas de diversos tipos, postes e escarpas fluviais e costeiras, para edificar o ninho. Nos últimos 20-30 anos, tem-se observado um acentuado aumento da percentagem da população a nidificar em postes, em particular nos da rede eléctrica nacional. No Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, mais de meia centena de casais nidificam em escarpas costeiras e pequenas ilhotas, situação única no mundo.
O ninho é construído ou reparado logo após a chegada do primeiro elemento do casal da sua área de invernada. Durante as primeiras fases da época de nidificação, a ave que se encontra no ninho recebe o parceiro com o característico bater das mandíbulas e com uma exibição de movimentos da cabeça, de cima para baixo, sendo por vezes atirada para trás. O bater do bico parece ter a função de consolidar as relações entre os membros do par.
A postura é efectuada em Fevereiro/Março, durando a incubação pouco mais que um mês (33-34 dias). O período de permanência no ninho, após a eclosão, é de aproximadamente dois meses (58-64 dias).
A incubação, tal como a protecção e a alimentação das crias, é realizada por ambos os membros do casal. Um pormenor interessante do comportamento de protecção das crias, quando são muito pequenas, é a abertura das asas, por parte dos progenitores, para produzir sombra nas horas de maior calor.
Cada casal pode criar com sucesso 1 a 5 crias. Existem ainda alguns casos conhecidos de 6 juvenis voadores por ninhada, situação considerada muito rara.
Os movimentos sazonais da Cegonha-branca e a sua conspicuidade atribuíram a esta espécie, desde tempos remotos, uma atenção popular muito particular. São vários os exemplos de significados atribuídos à chegada das cegonhas em Janeiro/Fevereiro e de ditos populares a eles associados:
A associação milenar da Cegonha-branca ao nascimento de crianças está também intimamente relacionada com os seus hábitos migratórios. O seu regresso à Europa, para aqui se reproduzir, coincidente com a estação da Primavera, que simboliza o renascimento da vida, tornou esta espécie, ao longo dos tempos e até hoje, num símbolo de fertilidade.
Dada a sua conspicuidade e esta consciência popular enraizada que lhe está associada, esta espécie possui hoje uma importância fundamental na sensibilização e educação ambiental que, adequadamente explorada e direccionada, pode contribuir para um crescente enraizamento da “consciência de conservação” nas gerações futuras.

(Adaptado de Naturlink)

Cegonha Branca



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