quarta-feira, 18 de novembro de 2020

 O Bufo Real

Desde sempre, ouvimos os nossos ancestrais a contar que existiam umas aves de grande porte nas terras de Capelins, designados Bufos que, se alimentam de pequenos animais mamíferos e de outras aves!
Sabemos que, por vezes eram confundidos com a coruja, visto que, a sua diferença é apenas no porte, neste caso, o Bufo tem maior corpulência, podendo atingir mais de meio metro de altura!
Nunca encontrámos nenhum Bufo na nossa região, pelo menos identificado como tal, mas não temos dúvida que existiam e, talvez ainda existam, mas em pequeno número! Recordamos que, há mais de trinta anos, ouvimos contar que em determinado lugar dormia uma coruja com um disparate de tamanho, hoje, pensamos que seria um Bufo que lá se agasalhava depois de fazer a sua caçada, ou antes, para descansar, já que, sendo ave de rapina noturna, seria durante a noite que tinha de governar a sua vida.
Bufo
O Bufo-real (Bubo bubo) pertence à Família Strigidae onde se incluem as aves de rapina nocturnas vulgarmente denominadas mochos e corujas. No entanto, esta espécie, com os seus 70 cm de altura, é a ave de rapina nocturna de maior porte.
O seu habitat ocorre em regiões com pouca ocupação humana ou topograficamente inacessíveis, normalmente maciços montanhosos, vales rochosos e falésias litorais, sempre com presença de escarpas rochosos que constituem o seu abrigo e zona de nidificação. Pode também estar associado a zonas de baixa montanha com maciços florestais maduros que alternam com espaços de aproveitamento agro-silvo-pastoril (Snow & Perrins 1998).
Os ninhos situam-se usualmente em fissuras, cavernas, ou em plataformas rochosas, protegidas por rochas salientes, arbustos, troncos e buracos de árvores ou até no solo, em zonas declivosas; e em edifícios antigos. Por vezes ocupa os ninhos de outras aves (Cramp 1985).

Os lugares de alimentação preferidos segundo Martinez et al. (1992), são áreas de relevo acentuado, ocupados com matos em geral esparsos ou de aproveitamento agropecuário extensivo, tal como noutras áreas de Península Ibérica (Cramp 1985, Rufino 1989). Procura igualmente alimento em manchas florestais abertas, bosques ribeirinhos, zonas húmidas ou alagadas, e mesmo em espaços peri-urbanos e aterros sanitários.
O Bufo-real alimenta-se principalmente de mamíferos de pequeno e médio porte (ratos, ratazanas, lagomorfos e carnívoros), aves de tamanho médio, e com menor frequência aves de rapina, répteis, anfíbios, peixes e cadáveres. Pode por vezes ocorrer canibalismo, jovens mais fracos podem servir de alimento aos pais e irmãos, mas também existe registo de adultos a serem devorados (Cramp 1985, Mikkola 1994). Caça essencialmente de noite, começando logo após o pôr do sol; no período estival tem também alguma actividade crespuscular.
A perseguição humana através do abate a tiro e da utilização de iscos envenenados, motivada por conflitos associados ao seu comportamento predatório, constitui um importante factor de mortalidade desta espécie.
O abandono e alteração de diversas práticas agro-pecuárias tradicionais, caso da cerealicultura, pastoreio extensivo, pombais tradicionais conduzem a uma diminuição das populações de presas. A degradação dos habitats de nidificação e/ou alimentação devido à construção de infra-estruturas (barragens, parques eólicos, estradas), instalação de regadios, produção florestal, actividade de extracção de inertes.

(De: Covão da Ponte)

Bufo Real



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