domingo, 22 de novembro de 2020

A Fauna de Capelins - O Ouriço Caxeiro

 A Fauna de Capelins - O Ouriço Cacheiro

O Ouriço Cacheiro encontrava-se/encontra-se por todo o espaço geográfico da Freguesia de Capelins, não era fácil deixar-se ver durante o dia, mas à noite viam-se a atravessar os caminhos ou nos lugares onde existiam árvores de fruto que, depois de amadurecidos caiam ao solo, como pêras ou pêros bravos, encontrando-se aos quatro/cinco ouriços no seu banquete noturno! O ouriço cacheiro tem umas patas muito pequeninas, logo, não consegue correr e leva muito tempo a movimentar-se, pelo que, desenvolveu um sistema de proteção, conseguindo enrolar-se deixando salientes uma cobertura de espinhos afiados que convidam ao afastamento dos seus predadores, no entanto, isso não os protege do trânsito nas estradas, por isso, tem reduzido muito a sua população nas terras de Capelins.
O Ouriço-cacheiro é um dos mais conhecidos animais da nossa fauna. Apesar do seu aspecto severo, é inofensivo, podendo viver tranquilamente nos nossos jardins. Os espinhos são usados apenas como protecção contra predadores.
O Ouriço-cacheiro Erinaceus europaeus é um mamífero pertencente à ordem Insectivora e à família Erinaceidae. A sua identificação não levanta qualquer tipo de problemas, pois trata-se do único mamífero da nossa fauna que apresenta o corpo coberto por espinhos (cerca de 6 mil), que não são mais que pêlos modificados. Estes pêlos bastante aguçados têm entre 2 e 3 cm e cobrem o animal no dorso e flancos. O ventre, castanho-acinzentado, está coberto de pêlos. Quando se sente ameaçado, enrola-se sobre si próprio, escondendo as suas pequenas patas e as áreas desprovidas de espinhos, transformando-se numa “bola com picos”, bastante difícil de penetrar. Os espinhos possuem anéis alternadamente claros e escuros (com uma banda preta na ponta), que fazem variar a cor dos indivíduos entre o amarelado e o castanho. A cabeça distingue-se facilmente do resto do corpo, os olhos são grandes, as orelhas são relativamente pequenas e possui uma cauda rudimentar.
Não existe dimorfismo sexual entre machos e fêmeas. O comprimento do corpo varia entre 20 e 35 cm e a cauda entre 10 e 20 cm. Os animais adultos pesam em média 700 g, podendo este valor variar entre 400 e 1200 g. Um animal que não possua, pelo menos, entre 500-600 g terá dificuldade em sobreviver ao período de hibernação.
Em Portugal é considerada uma espécie não ameaçada. Está incluída no Anexo III da Convenção de Berna, onde se incluem as espécies em menor risco (subcategoria - menor preocupação).
Apesar de não ser a presa principal de nenhum predador, e da sua cobertura espinhosa ser um forte dissuasor de qualquer ataque, há todavia alguns factores de ameaça para este insectívoro. O ouriço é por vezes capturado por raposas, mochos e corujas, águias e toirões. O texugo, devido às suas fortes e compridas garras, tem alguma facilidade em penetrar na cobertura espinhosa, capturando assim alguns ouriços, principalmente os mais jovens. Outra causa importante de mortalidade para a espécie são os atropelamentos (a maioria de nós já viu um ouriço morto na beira da estrada), principalmente durante o Verão, quando os animais estão mais activos.
A dieta destes insectívoros é bastante variada, pois eles comem praticamente um pouco de tudo. Alimentam-se essencialmente de invertebrados terrestres, nomeadamente de insectos (gafanhotos, escaravelhos, moscas, etc.), consumindo ainda minhocas e caracóis. Ovos de aves, pequenas rãs e répteis, cereais e frutos silvestres, tudo pode fazer parte da dieta do Ouriço.
A época de reprodução ocorre de Abril a Agosto (quando os machos estão fecundos), sendo fácil de notar os rituais de acasalamento, pois macho e fêmea andam cerca de uma hora em volta um do outro, enquanto vão fazendo um ruído semelhante ao resfolegar. Depois da cópula, o macho abandona a fêmea e só a ela cabe a responsabilidade de criar os jovens. Podem existir duas ninhadas por ano, com picos de nascimento em Maio-Julho e Setembro. O período de gestação é de 12 a 13 semanas, após o que nascem 4-6 crias, embora possam nascer entre 2 e 10. A mortalidade das crias antes de saírem do ninho é de 20% e ao longo do primeiro ano ronda os 60-70%. Este último valor deve-se em parte a crias que não atingem o peso necessário para sobreviver à hibernação, nomeadamente as da segunda ninhada. As crias nascem de olhos fechados e peladas, mas ao fim de poucas horas despontam os primeiros espinhos. Abandonam o ninho após 22 dias e atingem a maturidade sexual ao fim de um ano.
Quando o alimento escasseia, e a descida da temperatura torna incomportável a manutenção da temperatura do corpo, o ouriço hiberna. Estando mais vulnerável a predadores enquanto hiberna, o ouriço escolhe cuidadosamente o local para o fazer, construindo um ninho em buracos, em troncos de árvores, no solo ou em rochas.
Os Ouriços-cacheiros são animais de actividade nocturna ou crepuscular. São solitários e territoriais. Os territórios dos machos são cerca de três vezes superiores aos das fêmeas e rondam, em média, os 15-40 ha. Durante a noite podem percorrer distâncias entre um e três quilómetros, sendo que os machos deslocam-se mais que as fêmeas.

(Adaptado de Naturlink)

Ouriço cacheiro



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