sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

A comemoração da Passagem de Ano nos tempos de outrora, em Capeelins

A comemoração da Passagem de Ano nos tempos de outrora, em Capeelins

Para quem segue o calendário Gregoriano, aprovado pelo Papa Gregório XIII, no ano de 1582, a comemoração da Passagem de Ano, acontece à meia noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro, mas a passagem de ano nem sempre foi festejada nessa data, porque nos calendários seguidos, anteriormente, como o de Júlio César, não coincidia com o atual calendário Gregoriano, usado, atualmente em quase todo o mundo.
O início de um novo ano significa despertar, é uma nova fase que se inicia com a esperança renovada e muitas pessoas fazem um ritual com pedidos e promessas que se propõem cumprir ao longo do Novo Ano.
O dia 31 de Dezembro, é véspera do Ano Novo, sendo o último dia do ano velho, nessa noite, as famílias e amigos reúnem-se para a comemoração da passagem de ano e ao soarem as badaladas da meia noite, entra-se num novo ano, surge uma mistura de sentimentos nas pessoas, as quais, cantam, dançam, riem, choram e têm sempre esperança de um ano melhor que o anterior e a festa da passagem de ano dura até de madrugada, podendo entrar pelo dia seguinte.
Na Freguesia de Capelins, não encontramos registos sobre esta comemoração em tempos remotos, mas os nossos ancestrais contavam que, sempre houve Gente que fazia alguma comemoração, bebiam uns copos de vinho ou aguardente nas tabernas, jogavam ao xito e cantavam umas modas, mas não se ligava muito a isso, muita gente nem dava pela passagem do ano, porque, só pensavam em trabalhar, para ganhar o pão para pôr na mesa e dar de comer aos filhos.
Mais tarde, já na centúria de 1900, com o aumento da população e a mudança dos costumes, a passagem de ano começou a ser comemorada por mais pessoas, muitos/as capelinenses após deixarem o trabalho, faziam a ceia (jantar) normal, depois vestiam a roupa fina e dirigiam-se para os casões dos bailes, onde se juntavam as famílias e amigos e onde dançavam até às duas/três da manhã, mas à meia noite a Passagem do Ano não passava despercebida, havia uma manifestação de boas vindas ao Ano Novo, depois o baile continuava mais umas horas e quando acabava, alguns homens, as mulheres e crianças, recolhiam às suas casas, porque, embora no dia seguinte fosse feriado, quase toda a gente tinha de trabalhar, nem que fosse no que era de seu, mas contavam-nos que, noutros tempos, como residia muita gente junto aos Montes das herdades, por vezes, faziam aí bailes, abrilhantados por um tocador de harmónio, que durante o baile tocava sempre a mesma música, o arroz com couve, como no caso, do Monte do Aguilhão e outros.
Depois dos bailes, alguns homens e rapazes agrupavam-se, conforme a afinidade e empatia e faziam mesadas com bebidas e petiscos e já de madrugada, faziam um lume na rua em volta do qual, continuavam a falar, a cantar e a beber e, alguns iam a pé à Aldeia de Montejuntos procurar alguma taberna aberta, onde bebiam vinho, cerveja, aguardente ou licor, desejavam um Bom Ano aos amigos e voltavam, novamente a pé para a Aldeia de Ferreira, sempre com algumas peripécias para contar, ou passadas no caminho ou em Montejuntos, e alguns, davam continuidade à comemoração no dia de Ano Novo, pelas tabernas da Aldeia de Ferreira.
Havia homens, que nem iam aos bailes, passavam a noite nas tabernas a beber uns copos de vinho ou de aguardente, a cantar malaguenhas, monsarenhas e cantigas de outros estilos, individualmente ou em coro, outros, passavam a noite a jogar ao xito e quando davam por isso, já estavam no dia 1 de Janeiro, como era "noite buena", as tabernas se tivessem clientes, podiam não fechar e por vezes quando umas fechavam, já outras estavam abertas, possibilitando a continuação da comemoração do dia de Ano Novo.
Fim
Texto: Correia Manuel




Sem comentários:

Enviar um comentário

Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...