sábado, 8 de novembro de 2014

As Minas Romanas de Ferreira - 2.000 anos

As Minas Romanas de Ferreira - 2.000 anos

Os vestígios deixados pelos Romanos nos vales do Guadiana, Lucefécit e Azevel, na Lusitânia, hoje, terras de Capelins, permitem-nos saber o que eles por aqui fizeram, durante os cerca de 500 anos da sua permanência. Assim, particularmente, nestes lugares, a par da agro-pecuária, produção de azeite, vinho, cereais e gado, desenvolvidas nas terras mais férteis, também se dedicaram à exploração mineira, atualmente, ainda podemos verificar sinais dessa atividade na Defesa de Ferreira, no mesmo local onde fundaram a Vila de Ferreira, nas herdades da Negra, Roncão e Madureira, de onde foi extraído diverso minério, com maior abundância de ferro e manganês ou magnésio. Este trabalho mineiro, era muito duro e esclavagista, tal como na agro-pecuária. Os Romanos deixaram esta região cerca do ano 476 e, parece que, estas minas, ou outras ao lado, como a do outeiro alto e perto da mina chamada Algarve (Algar) de água, na Defesa de Ferreira, só voltaram a ser exploradas nos decénios de 1930/40, com pouco sucesso. Algumas, ainda se encontram a céu aberto, à espera de melhores dias.

Os Romanos nas terras de Capelins
no centro da Lusitânia 



sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Vila de Ferreira Romana - 2.000 anos Situada na Defesa de Ferreira de Cima - Capelins


Vila de Ferreira Romana - 2.000 anos

Situada na Defesa de Ferreira de Cima - Capelins



Outeiro do Castelinho 1 
CNS:19659
Tipo:Fortim
Distrito/Concelho/Freguesia:Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período:Romano
Descrição:O fortim do Outeiro dos Castelinhos  implanta-se num destacado esporão junto da Ribeira do Lucefécit, fronteiro a um importante vau, adjacente a férteis solos agrícolas e a ricas jazidas mineiras. O esporão, de vertentes declivosas, apresenta uma elevada defensabilidade natural, instalando-se o conjunto edificado no topo e parcialmente nas encostas Norte e Oeste. Extensos trabalhos de escavação clandestina, levados a efeito no local, permitiram expor um impressionante conjunto arquitectónico composto por uma ampla área construída, em notável estado de conservação, com as cisternas a atingirem cerca de 2,50 m de altura visível. A construção apresenta uma grande complexidade organizativa que, à falta de um levantamento de pormenor, se torna difícil de compreender. A área edificada é constituída por dois corpos arquitectónicos principais, um no topo e outro no início da encosta Oeste, separados entre si por um corredor ou pátio, parcialmente rebaixado na rocha. Os muros exteriores de ambos edifícios apresentam uma assinalável espessura e robustez, entre 1 m e 1,50 m, e uma construção cuidada, utilizando o xisto local, por vezes em blocos de grande dimensão; os principais muros internos chegam a atingir um espessura de 0,80 cm, o que demonstra as grandes preocupações tidas com a robustez da construção. A estrutura do topo apresenta uma planta quadrangular com aproximadamente 25 m de lado, sendo constituída por um conjunto de compartimentos organizados, aparentemente, em torno de um pátio central. No seu interior são visíveis pisos em opus signinum podendo observar-se, nalguns compartimentos, restos do revestimento das paredes. O conjunto arquitectónico situado na encosta Oeste, separado do anterior por um corredor com cerca de 5 m de largura, apresenta uma planta quadrangular com cerca de 20 m x 24 m; o seu interior é substancialmente distinto do edifício do topo, apresentando três grandes tramos construtivos, com várias subdivisões, paralelos à encosta e escalonados ao longo desta. No extremo Norte deste conjunto, já na encosta Norte, situa-se a zona das cisternas. Estas destacam-se pelo seu soberbo estado de conservação, até ao arranque das abóbadas; são pelo menos quatro tanques, dois dos quais visíveis integralmente, interligados e revestidos a opus signinum. A inclusão deste sítio no grupo dos fortins parece-me óbvia, atendendo à robustez da construção e à localização privilegiada, em termos defensivos e estratégicos, ao controlar um vau da Ribeira do Lucefécit e estar adjacente a ricas jazidas mineiras. A dimensão e riqueza da área construída, tal como a impossibilidade de aferir a diacronia da ocupação3, impõem algumas reservas e muitas cautelas quanto à sua inclusão no conjunto. Na primeira publicação foi classificado como "villa fortificada" , realçando-se a robustez da construção e o seu aspecto fortificado, no que se assemelhava com o Castelo da Lousa, reconhecendo-se, contudo, que os materiais não autorizavam uma cronologia tão recuada como para este último.
Meio:Terrestre
Acesso:Pela estrada de Aldeia de Ferreira até o Lucifecit
Espólio:Fragmentos de cerâmica comum de época indeterminada e fragmentos de terra sigillata hispânica do periodo alto imperial romano.
Depositários:ERA Arqueologia, S.A.
Classificação:-
Conservação:Bom
Processos:S - 19659 e 7.16.3/14-10(1)





segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Repassando o Rio Guadiana por Ferreira

Repassando o Rio Guadiana por Ferreira

Após a Batalha dos Atoleiros, no dia 6 de Abril de 1384, em Fronteira, Portalegre, veja-se este episódio, que envolveu o Alcaide-mor de Alandroal, Pedro ou Pêro Rodrigues (o encerra-bodes) e Álvaro Gonçalves, capitão dos escudeiros de Vila Viçosa (o coitado), que aqui se apresenta por envolver Ferreira, a nossa região e para verificarmos como foram as relações entre Portugal e Castela, em tempo de paz e de guerra.
“ Invejosos da glória obtida por D. Nuno Alvares Pereira na batalha dos Atoleiros, Álvaro Gonçalves e Pedro ou Pêro Rodrigues determinaram logo depois da Páscoa, isto é, no primeiro meado de Abril do dito ano de 1384, fazerem juntos, por sua conta e risco, uma entrada em Castela. O primeiro reuniu os trinta escudeiros que tinha Vila Viçosa e o segundo os dez ou pouco mais que tinha o Alandroal. E assim em número de quarenta e cinco de cavalo e duzentos de pé de ambas as vilas se dirigiram para o Guadiana e passando este rio, no porto da Cinza, perto de Cheles seguiram sem impedimento a sua marcha por entre Alconchel e Vila Nova del Fresno. Ali se toparam com numerosas manadas que pastavam tranquilamente e, puderam apresar mil e quatrocentas vacas, setecentos novilhos, vinte e seis éguas, nove poldras de três anos e outros poldrinhos pequenos, obrigando os quatorze vaqueiros que guardavam estes gados a virem-nos tocando para Portugal. Repassando o Guadiana, vieram por FERREIRA, e pelo Sobral caminhando placidamente até Pardais e ali na planície da antiga povoação Romana, entre a Fonte de Soeiro e a Ermida do Evangelista S. Marcos, fizeram alto para repartir a presa. Chamava-se a isto dividir no campo. Ora, pertencendo o quinto destes despojos a Álvaro Gonçalves, conforme a concessão que lhe fizera o Mestre de Aviz, renunciou a esse emolumento permitindo que se repartisse a presa com igualdade e ficassem ricos os seus soldados que eram todos naturais e moradores em Vila Viçosa como ele mesmo. As éguas que lhe pertenceram, mandou-as para uma quinta sua perto de Benavente, no Ribatejo. Isto foi o prólogo de grandes acontecimentos realizados ainda na primavera de 1384 – ano fertilíssimo deles para a nossa terra”. 

Lugar da Vila Defesa de Ferreira de 1262











O castelo da Vila Defesa de Ferreira

O castelo da Villa Defesa de Ferreira

Descrição do Castro de Capelins no Outeiro do Pombo 

O Castro do Outeiro do Pombo implanta-se num destacado esporão da margem direita do rio Guadiana, que se desenvolve paralelamente ao rio, apresenta as vertentes consideravelmente íngremes, em particular a Nascente, onde cai abruptamente, o que lhe permite usufruir de uma defensibilidade quase inexpugnável; detém, igualmente, uma excelente visibilidade sobre o vale do rio, em particular sobre dois vaus nas imediações, junto às Azenhas d’El Rei, a montante, e na ilha da Cinza, a jusante.
A ocupação desenvolve-se no topo, em várias plataformas artificiais, definidas por taludes, nos quais são por vezes visíveis muros de xisto. A área ocupada, ainda que supere a definida para a maioria dos locais aqui apresentados, não deverá atingir o 0,5 ha.
Um talude de planta aproximadamente semicircular delimita o sítio, desembocando na escarpa que cai sobre o rio. Esta estrutura dificilmente se poderá assumir como uma muralha, podendo corresponder a um muro de contenção de terras, de modo a ampliar a área habitável. No interior desta área existiria um conjunto de estruturas, denunciadas por taludes e por vários troços de muros, ainda visíveis. Na extremidade Sul do topo e simultaneamente num dos pontos mais elevados do local, existem vestígios de uma estrutura de planta quadrangular.
Este fortim foi inicialmente integrado na Idade do Ferro (Calado, 1993, p. 141; Edia, 1996, p. 169), publicando-se um conjunto de materiais de tradição indígena, nomeadamente bordos extrovertidos; em visita ao local foi possível detectar a presença de paredes de ânfora de produção bética, provavelmente Classe 15–Haltern 70.
Os dados são realmente escassos, contudo, creio ser possível integrar este sítio no conjunto aqui reunido, quer pela sua aparente cronologia, dentro do séc. I a.C., quer pelas suas dimensões e implantação, que o aproximam dos restantes.
Na margem oposta do Guadiana, já em território espanhol e ligeiramente a Sul deste Castro, identificou-se um outro local com características muito semelhantes aos aqui reunidos; implanta-se num destacado esporão, algo recuado em relação ao rio, mas com boa visibilidade sobre este. Este sítio poderia, igualmente, estar relacionado com o controlo dos importantes vaus já referidos. 

Castelo de Ferreira








domingo, 2 de novembro de 2014

Os privilégio dos moradores no termo de Terena na Idade Média

Os privilégio dos moradores no termo de Terena na Idade Média

Podemos verificar neste documento, que o privilégio concedido aos moradores do Concelho de Terena (Termo) era apenas para aqueles que moravam fora da Vila, assim, deduzimos que este privilégio englobava os moradores na Vila de Ferreira.
Carta feita em Évora em 08 de Março de 1475. 


AO CONCELHO DE TERENA CONFIRMAÇÃO DO PRIVILÉGIO DOS SEUS MORADORES NÃO SEREM DEMANDADOS EM ALTURAS DE SEMENTEIRA E COLHEITA A NÃO SER NESSA VILA.

NÍVEL DE DESCRIÇÃO: Documento simples Documento simples

CÓDIGO DE REFERÊNCIA PT/TT/CHR/K/44/72-392V

TIPO DE TÍTULO Formal

DATAS DE PRODUÇÃO 1496-11-16  A data é certa a 1496-11-16 A data é certa

DIMENSÃO E SUPORTE 43 linhas.

EXTENSÕES 43 Livros

ÂMBITO E CONTEÚDO
Apresenta inclusa uma carta de D. João II que por sua vez apresenta inclusa uma carta de D. Afonso V dando o privilégio aos moradores de Terena de não serem demandados pelos rendeiros das sacas no tempo das sementeiras nem quando apanham os seus pães a não ser em Terena. Feita em Évora a 8 de Março de 1475. El-rei o mandou por D. João Galvão, bispo de Coimbra, conde de Arganil, do Conselho, escrivão da Puridade e vedor das obras. D. João II confirmou este privilégio por carta feita em Torres Novas por João Dias, a 7 de Abril de 1483, tendo sido mandada escrever por Álvaro Lopes, secretário d'el-rei. Vicente Pires a fez.
COTA ATUAL

Chancelaria de D. Manuel I, liv. 44, fl. 72v








Resenha histórica do Concelho de Terena 1262 - 1836

Resenha histórica do Concelho de Terena 1262 - 1836

Privilégio para fazer uma Feira na Vila Terena

A Feira Medieval de Santa Maria de Terena e do seu Termo, logo, incluía a Vila de Ferreira, foi um privilégio concedido por D. Dinis em 23 de Maio de 1323

O Lugar de Ferreira, situava-se junto às Neves, no alto do Monte de Ferreira, assim, subindo a Ribeira do Lucefécit, ficava perto da Vila de Terena. 
Até 1433, o senhorio da Vila de Terena e da Vila de Ferreira, foi sempre o mesmo donatário, por isso, este privilégio de se realizar a Feira na Vila de Terena, durante 15 dias, também era extensível à Vila de Ferreira.
É assim, que vamos sabendo como era a vida dos moradores da Vila de Ferreira, na Idade Média. 

Vejamos esta carta de D. João II que refere a carta de D. Dinis, mas temos a carta de D. Dinis noutra publicação.


À VILA DE TERENA CONFIRMAÇÃO DO PRIVILÉGIO PARA FAZER UMA FEIRA.

NÍVEL DE DESCRIÇÃO Documento simples Documento simples
CÓDIGO DE REFERÊNCIA PT/TT/CHR/K/44/72-391
TIPO DE TÍTULO Formal
DATAS DE PRODUÇÃO 1496-11-16 A data é certa a 1496-11-16 A data é certa
DIMENSÃO E SUPORTE 48 linhas.
EXTENSÕES 48 Livros
ÂMBITO E CONTEÚDO
Apresenta incluso uma carta de D. João II que refere uma carta de D. Dinis, confirmando o privilégio a Terena, feita em Torres Novas por João Dias, a 7 de Abril de 1483. Álvaro Lopes, secretário d'el-rei a fez escrever. Apresenta também incluso um alvará de D. João I, bisavô d'el-rei, feito em Terena a 1 de Junho de 1421, confirmando uma carta dada por D. Dinis privilegiando quem fosse à feira no lugar de Terena de ser escusado do pagamento de portagens. Apresenta inclusa uma carta de D. Dinis feita em Santarém a 23 de Maio de 1323 mandando fazer uma feira anual com a duração de 15 dias. Vicente Pires a fez.



sábado, 1 de novembro de 2014

As Festas de Santo António de Capelins em 1859

As Festas de Santo António de Capelins em 1859 


“Das Festas Cristãs resultava que, apesar das tristezas da vida, a religião tinha encontrado meios de perpetuar de raça em raça alguns momentos de felicidade”. (Chateaubriand – Génio do Cristianismo) 
“E como se explica este fenómeno? nesta época, as pessoas não tinham quase nada e, existia tanta felicidade. Hoje temos quase tudo, e existe tanta infelicidade”
Extrato do relato na primeira pessoa, das Festas Tradicionais vividas nos Concelhos de Vila Viçosa e Alandroal nos anos 1700/1800, neste caso, da Festa de Santo António de Capelins no dia 03 de Setembro de 1859:
“Eu mesmo assisti a umas em Santo António de Capelins, termo de Terena, a 3 de Setembro de 1859. Recordamos isto. Detrás da Igreja Paroquial estava preparada a arena com paus levantados e cordas postas através delas onde se penduravam com fitas, pombos e frangos para os galhardos cavaleiros, correndo a toda a brida com a lança em riste, botarem aquelas aves, o que só logravam os mais peritos que, ufanos, iam ofertar na ponta da lança a pessoas amigas o frango ou pombo trespassado. Nos intervalos tocava uma filarmónica sobre um terraço junto da arena, etc.
Isto foi na véspera à tarde. No dia seguinte, depois da festa, saiu a procissão de Santo António e teve então lugar de ver pela primeira e última vez danças religiosas, semelhando a do Rei David que, como todos sabem, dançou em frente da Arca da Aliança ao som do seu psaltério quando ela foi trasladada para o Monte Sião em Jerusalém. Quatro homens (se bem lembrado estou) de saiotes e mitras na cabeça com tufos de fitas e guitarras nas mãos dançavam constantemente diante do andor, indo sempre de recuas para lhe não darem as costas.
Aquilo para mim foi como se achasse um monumento de arqueologia e disse com os meus botões: - Eis aqui em Terena (Santo António de Capelins), o resto do que há dois ou três séculos se fazia pelas Vilas e Cidades mais notáveis!
Tornando a Terena em 1880, vi guardadas as vestiduras dos profetas dançantes na Igreja da Boa Nova, mas soube estarem já suspensos ou extintos aqueles divertimentos de tão antiga data.” 
Autor desconhecido.



Igreja de Santo António de Capelins 









História de Capelins e de Terena 1462

  História de Capelins e de Terena 1462 Os gados vindos de Castela passavam no Porto das Azenhas D'El-Rei na Vila de Ferreira, atual Fre...