quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

O Moinho da Cinza no Rio Guadiana em Capelins

 O Moinho da Cinza no Rio Guadiana em Capelins

Como sabemos, é muito difícil de reunir os documentos que nos dão a conhecer os episódios da história das terras de Capelins que, noutros tempos, não tinham esta denominação, desde a cristianização em 1262 passaram por ser a herdade de Santa Maria de Terena, depois em 1314 a Casa das Rainhas criou a Vila de Ferreira , talvez em 1550 foi criada a Freguesia de Santo António de Terena e, cerca de 1793 passaram a ser Santo António de Capelins e, em 1941 Freguesia de Capelins Santo António.
O Moinho da Cinza prevê-se que foi construído nos finais da centúria de 1600, após a Guerra da Restauração foi necessário repovoar estas terras que tinham ficado desertas e uma das formas de atrair povoadores foi dividir as herdades cada uma em duas e vendê-las aos lavradores e pequenas parcelas a seareiros, assim como, o aforamento de courelas e esta região começou a crescer nas primeiras décadas da centúria de 1700. 
Com o desenvolvimento verificado na Freguesia de Santo António, vieram muitos povoadores de novo e foram criadas algumas estruturas, Montes, cabanas para os gados, caminhos e alguns Moinhos no Rio Guadiana e nas Ribeiras de Lucefécit e do Azevel, entre eles este Moinho da Cinza. 
Como a construção de um Moinho tinha custos muito elevados, devido à forma como era construído, preparado para estar submerso durante meses e não ser arrastado pelas cheias, assim como o seu açude, só pessoas muito ricas ou a Coroa, os podiam mandar construir, neste caso, pensamos que talvez tenha sido um grupo de lavradores, como aconteceu com outros. 
Era um Moinho de rodízio ou roda horizontal com pelo menos  dois aferidos ou seja, casais de mós ou linhas de moagem. 
Este Moinho tinha um açude construído em aparelho gravitacional que atravessava o Rio Guadiana de margem a margem, que barrava a água e a canalizava para fazer mover as mós andantes que transformavam os cereais em farinha e tinha um bom caneiro ou pesqueira, que pescava muito peixe.
Por aqui passaram muitos Moleiros, sendo um dos últimos o senhor Francisco Vieira, conhecido por ti Xico da Cinza, porque esteve aqui tantos anos, que ganhou esta alcunha, assim como alguns dos seus filhos, como o senhor António da Cinza, conhecido em Capelins por ti Tonico da Cinza. 
Nos finais dos anos de 1960, foi o seu fim, como fábrica de fazer farinha, continuou em pé a dar guarida a quem precisava, aos contrabandistas, às paródias e a quem quisesse descansar no seu interior, até que, no ano de 2002 foi submerso pelas águas da Albufeira de Alqueva que começou a encher no dia 08 de Fevereiro desse ano, e continua submerso.
Fim 
Texto: Correia Manuel 
Moinho da Cinza



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