terça-feira, 13 de maio de 2025

Resumo Histórico do Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, de Terena

Resumo Histórico do Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, de Terena 

O Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova na Vila de Terena, é o Santuário Mariano mais antigo a sul do Tejo, sendo cenário de um culto com mais de sete séculos de história, dando seguimento a Santa Maria de Terena, de 1262.

Este edifício, é um importante e singular testemunho da arquitetura medieval portuguesa, construído no decénio de 1340, classificado Monumento Nacional por Decreto de 26 de Junho de 1910.

Os registos mais antigos que fazem referência à Igreja de Santa Maria de Terena são as Cantigas de Santa Maria, da autoria do Rei Afonso X de Castela (1221-1284), avô do Rei D. Dinis, que fez várias composições poéticas dedicados a Santa Maria de Terena. Crê-se que a primeira Igreja foi edificada cerca de 1262 por D. Gil Martins e sua mulher Dona Maria Anes da Maia, os primeiros donatários de Santa Maria de Terena,  como resultado da cristianização de antigos cultos pagãos, ligados ao Deus Endovélico, cujo lugar de culto era mais acima, neste mesmo vale Sagrado da Ribeira de Lucefécit. 

A tradição popular atribui a edificação do atual edifício à Rainha D. Maria de Castela, Infanta de Portugal, filha do nosso rei D. Afonso IV, o Bravo, a quem Camões chama nos Lusíadas a "Fermosíssima Maria". Segundo a história, a dita Rainha deslocou-se ao Reino de Portugal a pedir auxílio ao seu pai, para ajudar o seu marido na luta contra os Mouros, que invadiam o Reino de Castela com grande força militar, desembarcando na região de Cádiz, mas o rei português, começou por negar auxílio ao genro, depois, talvez com receio que aquela invasão dos mouros pudesse chegar ao seu Reino, acedeu ao pedido da filha e, como o rei estava na cidade de Évora enviou emissários atrás dela a confirmar o auxílio, sendo a Rainha alcançada junto à Vila de Terena, na atual "Boa Nova" e, depois, também devido ao sucesso alcançado na batalha que se seguiu nas margens do Rio Salado ou Salgado, onde os mouros foram vencidos para sempre, com base nesse sucesso, parece que, surgiu  a invocação à Senhora da Boa Nova, embora, já nos finais da centúria de 1600, ou início de 1700, tendo passado por Santa Maria de Terena de 1262 até 1408, Nossa Senhora de Terena até finais de 1500, depois, Nossa Senhora dos Prazeres e, por fim, naquela data, Nosssa Senhora da Boa Nova.

O Templo foi erguido no vale da Ribeira do Lucefécit, a cerca de um km da vila de Terena, para além de ser um raríssimo exemplar de igreja-fortaleza, mantém, praticamente intactos, tanto no exterior como no interior, os elementos originais da sua construção, a sua forte cantaria aparelhada, o coroamento de ameias e os característicos balcões mata-cães, símbolos da sua arquitetura mista religiosa e militar. Ostenta nos balcões da fachada principal e da fachada Norte as armas reais portuguesas, esculpidas em mármore, mas com algumas alterações, não tem encimada a coroa do reino, porque, Dona Maria, nunca foi rainha em Portugal, apenas Infanta, daí a alteração verificada.

O interior é em planta de cruz grega e fortes abobadas ogivais. Os alçados das naves encontram-se revestidos de pinturas murais, do início do século XX, da autoria do pintor Silva Rato, representando Santos da devoção popular. Possui dois altares colaterais de talha dourada, em estilo barroco, dedicados a São Brás e Santa Catarina Mártir. Artisticamente destaca-se a capela-mor, cuja abobada se encontra revestida de pinturas a fresco setecentistas, representados cenas do Apocalipse de S. João e os Reis Portugueses da primeira dinastia, numa rara composição iconográfica. O retábulo, de singular riqueza, ostenta tábuas representativas da vida da Virgem e de Cristo (Anunciação, Presépio, Pentecostes, Ressurreição e Assunção da Virgem), da autoria do pintor régio Francisco de Campos (Séc. XVI). Ao centro venera-se a imagem de Nossa Senhora de Boa Nova, escultura de vestir do séc. XVIII, com o Menino ao colo, ostentando coroas de prata e vestes ricas oferecidas pelos fiéis. O título Senhora da Boa Nova exprime a felicidade de Maria pela Ressurreição de Jesus, tanto que a festa principal em sua honra se realiza anualmente no domingo e segunda-feira da oitava da Páscoa, estando assim intimamente ligada às festas pascais. A esta romaria, que é a mais antiga do Alentejo, acorre grande número de devotos vindos dos mais variados pontos do país.

Guarda-se no Santuário vasta coleção de ex-votos oferecidos ao longo dos séculos, destacando-se os quadros pintados em madeira e folha de flandres, conjunto de fotografias do período da guerra do Ultramar, assim como, várias peças de ourivesaria, objetos em cera e outros, que atestam a profunda e antiga devoção a Santa Maria de Terena, a mesma, Senhora da Boa Nova, ou seja, Nossa Senhora, mãe de Jusus.

A coroa de ouro que a imagem apresenta, nos dias da festa, oferecida pelo povo, foi benzida e colocada pelo Arcebispo de Évora, D. Manuel da Conceição Santos, em 1952.

Nossa senhora da Boa Nova em, Vila de Terena. 

De: Consulta a vários documentos, entre eles, da Arquidiocese de Évora.

Abril de 2025

Correia Manuel 

Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova




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