domingo, 5 de março de 2017

As Preces para Pedir Chuva a Santo António




As Preces para Pedir Chuva a Santo António

As Preces são um conjunto de orações e rogos que se faz a um santo ou a Deus para agradecer ou pedir. Podem ser feitas de forma escrita, por pensamento, falada, (rezada), ou cantada. 
Nas terras de Capelins, as mais conhecidas eram as Preces para pedir chuva. Quando não chovia na Primavera, nos meses de Março e Abril, as searas de trigo e de outros cereais não se desenvolviam e algumas em terras mais fracas e mais secas desapareciam totalmente e, os seareiros não colhiam nada o que significava uma desgraça para toda a comunidade de Capelins, porque, mesmo os que não eram seareiros acabavam por ser envolvidos, o mais certo era ficarem desempregados. Então, assim que se começava a sentir a seca, as habituais organizadoras reuniam-se para planear e decidir quando deviam começar a novena! Assim que era decidido, em poucas horas todas as pessoas da Aldeia e arredores sabiam o horário em que deviam comparecer na Igreja de Santo António, durante nove dias consecutivos! Neste espaço temporal, através de orações e cânticos pedia-se, ou exigia-se a Santo António para que viesse chuva porque os nossos campos estavam secos. No final dos nove dias se não chovesse era organizada uma procissão com a imagem de Santo António, entre a sua Igreja e a Ermida de Nossa Senhora das Neves, sempre na esperança de, no caminho, começar a chover. No caso de não chover a imagem de Santo António ficava na Ermida de Nossa Senhora das Neves e a novena continuava, mas nesta Ermida e, Santo António, como castigo, não voltava à sua Igreja enquanto não chovesse, passando, grandes temporadas nesta Ermida, sempre até ao dia em que cumprisse o seu dever, que era o de mandar a chuva! Conta-se que, num ano de novenas, os/as crentes já não tinham esperança nenhuma que viesse chuva, decidiram acabar com as Preces e levar a Imagem de Santo António para a sua Igreja. Porém, no dia que o fizeram, saíram da Ermida de Nossa Senhora das Neves com o céu limpo e sem nenhuma aparência de nuvens e muito menos de chuva, mas quando vinham a meio caminho começou a chover, acreditaram que foi um milagre, o qual ficou registado na memória dos capelinenses, cujo testemunho tem passado de geração em geração! 

Fim

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