A lenda dos "ratinhos" de Capelins
Amigos de Capelins
Este Blogue Tem Como Objetivo Dinamizar a História, Lendas, Tradições e, a Defesa do Património Cultural e Arqueológico das Terras de Capelins - Alandroal
terça-feira, 8 de julho de 2025
A lenda dos "ratinhos" de Capelins
terça-feira, 13 de maio de 2025
Resumo Histórico do Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, de Terena
Resumo Histórico do Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, de Terena
O Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova na Vila de Terena, é o Santuário Mariano mais antigo a sul do Tejo, sendo cenário de um culto com mais de sete séculos de história, dando seguimento a Santa Maria de Terena, de 1262.
Este edifício, é um importante e singular testemunho da arquitetura medieval portuguesa, construído no decénio de 1340, classificado Monumento Nacional por Decreto de 26 de Junho de 1910.
Os registos mais antigos que fazem referência à Igreja de Santa Maria de Terena são as Cantigas de Santa Maria, da autoria do Rei Afonso X de Castela (1221-1284), avô do Rei D. Dinis, que fez várias composições poéticas dedicados a Santa Maria de Terena. Crê-se que a primeira Igreja foi edificada cerca de 1262 por D. Gil Martins e sua mulher Dona Maria Anes da Maia, os primeiros donatários de Santa Maria de Terena, como resultado da cristianização de antigos cultos pagãos, ligados ao Deus Endovélico, cujo lugar de culto era mais acima, neste mesmo vale Sagrado da Ribeira de Lucefécit.
A tradição popular atribui a edificação do atual edifício à Rainha D. Maria de Castela, Infanta de Portugal, filha do nosso rei D. Afonso IV, o Bravo, a quem Camões chama nos Lusíadas a "Fermosíssima Maria". Segundo a história, a dita Rainha deslocou-se ao Reino de Portugal a pedir auxílio ao seu pai, para ajudar o seu marido na luta contra os Mouros, que invadiam o Reino de Castela com grande força militar, desembarcando na região de Cádiz, mas o rei português, começou por negar auxílio ao genro, depois, talvez com receio que aquela invasão dos mouros pudesse chegar ao seu Reino, acedeu ao pedido da filha e, como o rei estava na cidade de Évora enviou emissários atrás dela a confirmar o auxílio, sendo a Rainha alcançada junto à Vila de Terena, na atual "Boa Nova" e, depois, também devido ao sucesso alcançado na batalha que se seguiu nas margens do Rio Salado ou Salgado, onde os mouros foram vencidos para sempre, com base nesse sucesso, parece que, surgiu a invocação à Senhora da Boa Nova, embora, já nos finais da centúria de 1600, ou início de 1700, tendo passado por Santa Maria de Terena de 1262 até 1408, Nossa Senhora de Terena até finais de 1500, depois, Nossa Senhora dos Prazeres e, por fim, naquela data, Nosssa Senhora da Boa Nova.
O Templo foi erguido no vale da Ribeira do Lucefécit, a cerca de um km da vila de Terena, para além de ser um raríssimo exemplar de igreja-fortaleza, mantém, praticamente intactos, tanto no exterior como no interior, os elementos originais da sua construção, a sua forte cantaria aparelhada, o coroamento de ameias e os característicos balcões mata-cães, símbolos da sua arquitetura mista religiosa e militar. Ostenta nos balcões da fachada principal e da fachada Norte as armas reais portuguesas, esculpidas em mármore, mas com algumas alterações, não tem encimada a coroa do reino, porque, Dona Maria, nunca foi rainha em Portugal, apenas Infanta, daí a alteração verificada.
O interior é em planta de cruz grega e fortes abobadas ogivais. Os alçados das naves encontram-se revestidos de pinturas murais, do início do século XX, da autoria do pintor Silva Rato, representando Santos da devoção popular. Possui dois altares colaterais de talha dourada, em estilo barroco, dedicados a São Brás e Santa Catarina Mártir. Artisticamente destaca-se a capela-mor, cuja abobada se encontra revestida de pinturas a fresco setecentistas, representados cenas do Apocalipse de S. João e os Reis Portugueses da primeira dinastia, numa rara composição iconográfica. O retábulo, de singular riqueza, ostenta tábuas representativas da vida da Virgem e de Cristo (Anunciação, Presépio, Pentecostes, Ressurreição e Assunção da Virgem), da autoria do pintor régio Francisco de Campos (Séc. XVI). Ao centro venera-se a imagem de Nossa Senhora de Boa Nova, escultura de vestir do séc. XVIII, com o Menino ao colo, ostentando coroas de prata e vestes ricas oferecidas pelos fiéis. O título Senhora da Boa Nova exprime a felicidade de Maria pela Ressurreição de Jesus, tanto que a festa principal em sua honra se realiza anualmente no domingo e segunda-feira da oitava da Páscoa, estando assim intimamente ligada às festas pascais. A esta romaria, que é a mais antiga do Alentejo, acorre grande número de devotos vindos dos mais variados pontos do país.
Guarda-se no Santuário vasta coleção de ex-votos oferecidos ao longo dos séculos, destacando-se os quadros pintados em madeira e folha de flandres, conjunto de fotografias do período da guerra do Ultramar, assim como, várias peças de ourivesaria, objetos em cera e outros, que atestam a profunda e antiga devoção a Santa Maria de Terena, a mesma, Senhora da Boa Nova, ou seja, Nossa Senhora, mãe de Jusus.
A coroa de ouro que a imagem apresenta, nos dias da festa, oferecida pelo povo, foi benzida e colocada pelo Arcebispo de Évora, D. Manuel da Conceição Santos, em 1952.
Nossa senhora da Boa Nova em, Vila de Terena.
De: Consulta a vários documentos, entre eles, da Arquidiocese de Évora.
Abril de 2025
Correia Manuel
Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova
domingo, 11 de maio de 2025
A origem do hidrónimo da Ribeira do Azevel
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quarta-feira, 7 de maio de 2025
O hidrónimo da Ribeira de Lucefece ou Lucefécit
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domingo, 4 de maio de 2025
A lenda do mouro Abadel, Senhor das terras de Capelins
A lenda do mouro Abadel, Senhor das terras de Capelins
O Reino de Badajoz foi um reino mouro ou Taifa, localizado no que hoje é a região da Estremadura, na Espanha, com Badajoz como sua principal cidade, e incluía uma parte que é hoje Portugal, desde o rio Douro até, praticamente todo o Alentejo, pelo menos até Beja, assim como, as cidades de Lisboa e de Santarém.
Este reino era parte do Al-Andalus e existiu após a fragmentação do Califado de Córdoba, no final do século X, início do século XI, ou seja, entre 1009 e 1151, com um interregno entre 1094 e 1144, quando da invasão dos Almorávidas da Mauritânia.
Foram vários os caudilhos conhecidos que se destacaram ao serviço deste reino, entre eles, Azovel e Abadel que, conforme ficou registado por alguns cronistas mouros de então, percorreram o dito reino e as atuais terras de Capelins, onde deixaram os seus nomes ligados a lugares, rios e ribeiras, neste caso, escrevemos sobre Abadel que deixou o seu nome ligado a uma grande herdade ou defesa situada no Vale do rio Guadiana junto à sua margem direita, um pouco a Norte do sinuoso curso do Azovel e, encarando o pueblo espanhol de Cheles, a qual, mais tarde, em 1262, integrou o Termo (Concelho) cristão de Santa Maria de Terena, hoje designada herdade da Defesa de Bobadela, mas, ainda encontramos alguns registos como Defesa do Abadel, tal como a designação do Monte mouro, da dita herdade, na atual Freguesia de Capelins.
Sabe-se, pelas crónicas da época, que de facto o mouro a quem o rei D. Fernando II de Leão, entregou o governo de Badajoz, logo a seguir à derrota do seu sogro D. Afonso Henriques e do Geraldo Sem Pavor, devido à aliança feita por aquele rei com os mouros, chamava-se Aben Habel (conf. Júlo González - Registo de Fernando II, pág. 87, Madrid 1943). Este nome, Aben Habel, por aglutinação, deve ter conduzido a Ababel e depois, na forma moderna foi corrompida Abadel.
A região geográfica antes descrita, onde está registada esta forma toponímica de Abadel, encontra-se incluída numa zona que a carta geográfica de Portugal de 1875 escala 1x100.000 designa por Algarve Sêco. Este espaço geográfico, do Algarve Sêco, no século XII, na época do reino mouro de Badajoz, estava incluído no Termo (Concelho) de Juromenha ou seja, Jelmanah e, devia ser o centro estratégico das correrias de Geraldo Sem Pavor, a que alude Ibne Sáhibe Açalá num dos passos da sua crónica quando se refere à tática dos assaltos noturnos em que o fronteiro de Évora era tão costumado especialista "perfídeo que o rude galego utilizava (Allah o amoldiçoe) nas fortalezas e cidades que conquistava, (conf. texto de comunicação de Martim Velho um texto da crónica de Ibne Sáhibe Açalá respeitantes a D. Afonso Henriques e a Geraldo Sem Pavor e ao território português).
O dito Algarve Sêco situava-se na atual Freguesia de Capelins e de São Pedro de Terena, no tempo dos mouros era Termo (Concelho) de Juromenha, ou seja, Jelmanah, vizinha de Badajoz, Évora e Monsaraz, tudo leva a crer que tivesse sido a zona das famosas aventuras militares de Geraldo Sem Pavor ao longo do Vale do rio Guadiana, a que se refere Ibne Sáhibe Açalá.
Quando do desastre em Badajoz, de D. Afonso Henriques, no dia 03 de Maio de 1169, já o reino mouro de Badajoz estava desintegrado, uma vez que, os reis cristãos já tinham conquistado a maior parte do seu território, mas a cidade de Badajoz ainda resistia, até esse dia, porém era cobiçada por todos os reinos da cristãos da Península Ibérica, então, o rei de Leão e da Galiza Fernando II, genro de D. Afonso Henriques fez uma aliança com o rei mouro, que consistia em este o ajudar a derrotar o seu sogro e ele entregava-lhe a cidade e, foi assim que D. Afonso Henriques, não só foi derrotado em Badajoz como ao fugir do castelo caiu do cavalo ao bater com a perna direita no ferrolho da porta, partindo o fémur, sendo aprisionado pelo genro, e foi o seu fim militar.
Quanto a Geraldo Sem Pavor, rendeu-se e, para não ser decapitado, como parece que ele fazia aos mouros que dominava, aceitou ir para Marrocos com 150 dos seus homens, também aqui aprisionados, para, sendo necessário, pelejarem ao lado dos mouros, mais tarde, caiu numa cilada em Badajoz onde foi decapitado e, como sabemos, o reino de Portugal perdeu todas as praças antes conquistadas nesta região do Guadiana e, depois só algumas voltaram ao domínio de Portugal, cerca de 1230/1240.
O rei de Leão Fernando II, conforme a aliança, entregou a cidade de Badajoz aos mouros, porque, seria uma questão de tempo para voltar a si, ficando a ser governada por Aben Habel, o mesmo que Abadel, Senhor mouro das terras de Capelins, onde tinha um castelo, na herdade do Abadel, na margem direita do rio Guadiana.
Fim
Texto: Correia Manuel
De: Consulta de diversos documentos e do trabalho: "Valor da prospeção toponímica no levantamento histórico de uma região portuguesa do Guadiana incluida no reino mouro de Badajoz" por José Pires Gonçalves.
"Esboço da carta toponímica da Reconquista no Termo (Concelho) de Monsaraz. Os desenhos a pena são de Domóstenes Espanca. O desenho geográfico é de Manuel Guimarães. A fotografia é de David de Freitas. Redução de gravura em escala de 1/100.000."
sexta-feira, 2 de maio de 2025
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domingo, 20 de abril de 2025
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