História e estórias do celebrado rio Guadiana e de seus afluentes
3 - Vila e Concelho do do Alandroal - 1758
Respostas sobre o rio Guadiana e seus afluentes, do Prior Bento Ferrão Castelbranco, da Vila do Alandroal, ao Marquês de Pombal Sebastião José de Carvalho e Melo Secretário de Estado do Reino (Primeiro Ministro) do rei D. José I, em Abril de 1758, neste caso, a respostas são ao nível do Concelho do Alandroal, desse tempo, cujo espaço geográfico era diferente do atual, uma vez que, em 1836 recebeu os Concelhos de Juromenha e de Terena.
Rio Guadiana
"Está esta Vila e seu Termo (Concelho) situada entre um rio e uma Ribeira, o rio Guadiana a que os latinos chamavam Anas, de que trata Pompónio, e nasce no Reino de Espanha junto da serra de Alcaraz e depois de entrar neste Reino, e passar por algumas Terras chega ao Termo (Concelho) desta Vila em que entra no Moinho chamado dos Mocissos e sem entrar no interior dele (do Concelho) o vai costeando e dividindo, do castelo (castelo dos Mocissos) até ao sítio onde chamam o Aguilhão. (assim, parece que, nesse tempo, em termos do limite com o rio Guadiana, o Concelho do Alandroal iniciava junto ao castelo dos Mocissos e terminava no Aguilhão).
Com a água dele moem três moinhos situados neste Termo (Concelho) o primeiro chamado de Mocissos, o segundo é chamado do Padre Manuel Infante e o terceiro o moinho das Beatas.
Cria muito peixe de várias castas como são Tencas, Barbos, Eirozes, Escárpios, Bogas, Picões e Sarrelhos.
Tem a água deste rio a circunstância que não cria sanguessugas e se sucede ir o gado beber a ele e algum levar sanguessuga logo que bebe lhe cai e fica limpo. (parece que, esta era a qualidade das suas águas, no dito espaço geográfico).
Este rio corre para Sul e costeia este Termo (Concelho) pela parte do Nascente.
A Ribeira de Lucefece nasce no Termo (Concelho) de Estremoz na Freguesia de Rio de Moinhos de uma lagoa que aí há , corre para o Nascente e entra a costear este Termo (Concelho) no Sítio dos Galvões e vai dividindo todo o Concelho pela parte do Sul e mete-se no rio Guadiana onde se sepulta e perde o nome num Sítio chamado Aguilhão. Tem duas pontes, uma ao pé da Vila de Terena, outra no moinho chamado dos ouros, que é a estrada que vai para a Vila do Redondo, quando há cheia. (parece que, quando a Ribeira não ia cheia, havia caminho mais direto para o redondo, sem ir passar à dita ponte dos ouros).
No Sitio chamado castelo velho por onde passa a Ribeira há uma concavidade grande feita pela natureza que parece um edifício.
Tem esta Ribeira abundânia de peixe , é suposto que não tenha Tencas, tem todas as mais castas de peixe que produz o Guadiana, e além destes, tem também abundância de pardelhas, que são uns piscículos pequenos muito gostosos. (Parece que, não tinha Tencas, mas tinha todas as outras espécies de peixes que tinha o rio Guadiana).
Nesta Ribeira se mete a Ribeira do Alandroal que principia à Fonte das Freiras e se mete em Lucefece no Sítio de Entre as Águas, onde perde o nome, e nesta Ribeira do Alandroal se mete o Ribeiro dos Machos que principia no Pégo da Moura e se mete na dita Ribeira na Coutada onde perde o nome.
O Ribeiro da Serrada nasce no Sítio da herdade do Conjeito da Fonte de Pedra e mete-se na Ribeira do Alandroal no Sítio chamado da Retorta onde perde o nome.
O Ribeiro da Sovereira principia no Vale da Silveirinha e mete-se na Ribeira do Alandroal por cima do Pégo do Touril, onde perde o nome.
O Ribeiro de Pero (Pedro) Nunes nasce no Penedo do Macho Termo (Concelho) de Vila Viçosa e mete-se já neste Termo (Concelho) no Pégo da Maria Neves na Lucefece.
O Ribeiro de Bargados principia na herdade da Mota e mete-se na Lucefece por baixo do Pégo das Milharadas.
O Ribeiro do Negro principia na herdade da Pipa e mete-se na Lucefece ao pé da herdade da Barranca.
O Ribeiro da Churreira principia em Vale de Cágados ao pé do Monte do Oleiro e mete-se na Lucefece no Sítio da Águas Frias de Cima.
O Ribeiro dos Ardonhos principia na herdade do Soveral (Sobral) e mete-se na Lucefece no Sítio das Águas Frias de Baixo.
O Ribeiro de Alcalate principia no Sítio chamado das Bispas Termo (Concelho de Vila Viçosa, entra neste Termo (Concelho) ao pé da Horta Grande e mete-se na Lucefece ao pé da herdade da Barranca, onde perde o nome.
A Ribeira de Lucefece só tem um moinho neste Termo (Concelho) a que chamam o moinho dos Ouros.
A Ribeira de Pardais principia na Alagoa do mesmo nome, no Termo (Concelho) de vila Viçosa, num lugar chamado a Azenha de Pedra e vai dividindo o Termo (Concelho) de Vila Viçosa e Juromenha e mete-se no Rio Guadiana no Sítio do Azinhalinho, onde perde o nome.
A Ribeira de Pardais tem neste Termo (Concelho) um moinho chamado dos Azaboeiros. Tem mais quatro Azenhas a saber: De Valverde, do Boticário, dos Frades, e a da Rocha.
As pescarias que se fazem no Rio Guadiana e nestas Ribeiras que temos tratado, são livres e fazem-se tão só no Inverno, porém no Guadiana e na Lucefece todo o ano nos Pégos que têm fundura.
Só o Guadiana e as Ribeiras de Lucefece e Pardais correm todo o ano, mas o curso arrebatado tão só no Inverno no tempo que enchem por causa das chuvas.
Estas Ribeiras não são navegáveis não têm aptidão para isso, só o Rio Guadiana é navegável na latitude e não na longitude, porque de Inverno pela longitude é perigoso por ser arrebatado e de Verão não leva água com capacidade de nadarem embarcações e só nas péguias que conserva todo o ano são lugares certos onde andam as barcas que servem de transporte.
Alandroal, Abril de 1758
O Pior Bento Ferrão Castelbranco
Achamos uma excelente descrição do celebrado rio Guadiana e de seus afluentes, no espaço geográfico do então Concelho do Alandroal, acaba por englobar não só a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, como também, a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, neste caso, muito melhor do que o Pároco desta Freguesia.
São muito bem descritas as principais Ribeiras e Ribeiros que se encostam ou passam pelo interior do Concelho, ou seja, a Ribeira de Pardais a Ribeira do Alandroal e a Ribeira de Lucefécit, esta última, recebe as águas da anterior e, desagua no Rio Guadiana, no Pégo de Dona Catarina de Sousa, esposa de D. João Freire de Andrade, Senhor da Vila de Ferreira na centúria de 1400, ou seja, junto às herdades de Aguilhão na margem esquerda, e do Roncão na margem direita, sendo esta no Concelho de Terena e Freguesia de Santo António (Capelins).
A Ribeira de Pardais, também morre no rio Guadiana no Sítio do Azinhalinho.
Não foi transcrito à palavra.
Fim
Correia Manuel
Março de 2025
De: Memórias Paroquiais da Matriz do Alandroal - 1758
Respostas sobre o rio Guadiana e seus afluentes, do Prior Bento Ferrão Castelbranco, da Vila do Alandroal, ao Marquês de Pombal Sebastião José de Carvalho e Melo Secretário de Estado do Reino (Primeiro Ministro) do rei D. José I, em Abril de 1758, neste caso, a respostas são ao nível do Concelho do Alandroal, desse tempo, cujo espaço geográfico era diferente do atual, uma vez que, em 1836 recebeu os Concelhos de Juromenha e de Terena.
Rio Guadiana
"Está esta Vila e seu Termo (Concelho) situada entre um rio e uma Ribeira, o rio Guadiana a que os latinos chamavam Anas, de que trata Pompónio, e nasce no Reino de Espanha junto da serra de Alcaraz e depois de entrar neste Reino, e passar por algumas Terras chega ao Termo (Concelho) desta Vila em que entra no Moinho chamado dos Mocissos e sem entrar no interior dele (do Concelho) o vai costeando e dividindo, do castelo (castelo dos Mocissos) até ao sítio onde chamam o Aguilhão. (assim, parece que, nesse tempo, em termos do limite com o rio Guadiana, o Concelho do Alandroal iniciava junto ao castelo dos Mocissos e terminava no Aguilhão).
Com a água dele moem três moinhos situados neste Termo (Concelho) o primeiro chamado de Mocissos, o segundo é chamado do Padre Manuel Infante e o terceiro o moinho das Beatas.
Cria muito peixe de várias castas como são Tencas, Barbos, Eirozes, Escárpios, Bogas, Picões e Sarrelhos.
Tem a água deste rio a circunstância que não cria sanguessugas e se sucede ir o gado beber a ele e algum levar sanguessuga logo que bebe lhe cai e fica limpo. (parece que, esta era a qualidade das suas águas, no dito espaço geográfico).
Este rio corre para Sul e costeia este Termo (Concelho) pela parte do Nascente.
A Ribeira de Lucefece nasce no Termo (Concelho) de Estremoz na Freguesia de Rio de Moinhos de uma lagoa que aí há , corre para o Nascente e entra a costear este Termo (Concelho) no Sítio dos Galvões e vai dividindo todo o Concelho pela parte do Sul e mete-se no rio Guadiana onde se sepulta e perde o nome num Sítio chamado Aguilhão. Tem duas pontes, uma ao pé da Vila de Terena, outra no moinho chamado dos ouros, que é a estrada que vai para a Vila do Redondo, quando há cheia. (parece que, quando a Ribeira não ia cheia, havia caminho mais direto para o redondo, sem ir passar à dita ponte dos ouros).
No Sitio chamado castelo velho por onde passa a Ribeira há uma concavidade grande feita pela natureza que parece um edifício.
Tem esta Ribeira abundânia de peixe , é suposto que não tenha Tencas, tem todas as mais castas de peixe que produz o Guadiana, e além destes, tem também abundância de pardelhas, que são uns piscículos pequenos muito gostosos. (Parece que, não tinha Tencas, mas tinha todas as outras espécies de peixes que tinha o rio Guadiana).
Nesta Ribeira se mete a Ribeira do Alandroal que principia à Fonte das Freiras e se mete em Lucefece no Sítio de Entre as Águas, onde perde o nome, e nesta Ribeira do Alandroal se mete o Ribeiro dos Machos que principia no Pégo da Moura e se mete na dita Ribeira na Coutada onde perde o nome.
O Ribeiro da Serrada nasce no Sítio da herdade do Conjeito da Fonte de Pedra e mete-se na Ribeira do Alandroal no Sítio chamado da Retorta onde perde o nome.
O Ribeiro da Sovereira principia no Vale da Silveirinha e mete-se na Ribeira do Alandroal por cima do Pégo do Touril, onde perde o nome.
O Ribeiro de Pero (Pedro) Nunes nasce no Penedo do Macho Termo (Concelho) de Vila Viçosa e mete-se já neste Termo (Concelho) no Pégo da Maria Neves na Lucefece.
O Ribeiro de Bargados principia na herdade da Mota e mete-se na Lucefece por baixo do Pégo das Milharadas.
O Ribeiro do Negro principia na herdade da Pipa e mete-se na Lucefece ao pé da herdade da Barranca.
O Ribeiro da Churreira principia em Vale de Cágados ao pé do Monte do Oleiro e mete-se na Lucefece no Sítio da Águas Frias de Cima.
O Ribeiro dos Ardonhos principia na herdade do Soveral (Sobral) e mete-se na Lucefece no Sítio das Águas Frias de Baixo.
O Ribeiro de Alcalate principia no Sítio chamado das Bispas Termo (Concelho de Vila Viçosa, entra neste Termo (Concelho) ao pé da Horta Grande e mete-se na Lucefece ao pé da herdade da Barranca, onde perde o nome.
A Ribeira de Lucefece só tem um moinho neste Termo (Concelho) a que chamam o moinho dos Ouros.
A Ribeira de Pardais principia na Alagoa do mesmo nome, no Termo (Concelho) de vila Viçosa, num lugar chamado a Azenha de Pedra e vai dividindo o Termo (Concelho) de Vila Viçosa e Juromenha e mete-se no Rio Guadiana no Sítio do Azinhalinho, onde perde o nome.
A Ribeira de Pardais tem neste Termo (Concelho) um moinho chamado dos Azaboeiros. Tem mais quatro Azenhas a saber: De Valverde, do Boticário, dos Frades, e a da Rocha.
As pescarias que se fazem no Rio Guadiana e nestas Ribeiras que temos tratado, são livres e fazem-se tão só no Inverno, porém no Guadiana e na Lucefece todo o ano nos Pégos que têm fundura.
Só o Guadiana e as Ribeiras de Lucefece e Pardais correm todo o ano, mas o curso arrebatado tão só no Inverno no tempo que enchem por causa das chuvas.
Estas Ribeiras não são navegáveis não têm aptidão para isso, só o Rio Guadiana é navegável na latitude e não na longitude, porque de Inverno pela longitude é perigoso por ser arrebatado e de Verão não leva água com capacidade de nadarem embarcações e só nas péguias que conserva todo o ano são lugares certos onde andam as barcas que servem de transporte.
Alandroal, Abril de 1758
O Pior Bento Ferrão Castelbranco
Achamos uma excelente descrição do celebrado rio Guadiana e de seus afluentes, no espaço geográfico do então Concelho do Alandroal, acaba por englobar não só a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, como também, a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, neste caso, muito melhor do que o Pároco desta Freguesia.
São muito bem descritas as principais Ribeiras e Ribeiros que se encostam ou passam pelo interior do Concelho, ou seja, a Ribeira de Pardais a Ribeira do Alandroal e a Ribeira de Lucefécit, esta última, recebe as águas da anterior e, desagua no Rio Guadiana, no Pégo de Dona Catarina de Sousa, esposa de D. João Freire de Andrade, Senhor da Vila de Ferreira na centúria de 1400, ou seja, junto às herdades de Aguilhão na margem esquerda, e do Roncão na margem direita, sendo esta no Concelho de Terena e Freguesia de Santo António (Capelins).
A Ribeira de Pardais, também morre no rio Guadiana no Sítio do Azinhalinho.
Não foi transcrito à palavra.
Fim
Correia Manuel
Março de 2025
De: Memórias Paroquiais da Matriz do Alandroal - 1758
Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Alandroal
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