História e estórias do celebrado rio Guadiana
A mãe de todas as cheias, em 1876
Foram várias as cheias históricas do celebrado rio Guadiana, mas nenhuma como a da horrível, tenebrosa e inolvidável noite de 6 para 7 de Dezembro de 1876 que, deixou marcas, não só nos campos agricolas, como em todas as localidades ribeirinhas de além e daquém Guadiana.
A cidade de Badajoz foi toda inundada e devastada, de tal forma que, o seu Alcaide julgou que, o Oceano tinha subido o rio Guadiana e ali estava pregado, apressando-se a enviar um telegrama ao seu Ministro em Madrid que dizia o eguinte: " El Guadiana se fué, há llegado el Oceano", ou seja, o Guadiana desapareceu, chegou o Oceano.
A mãe de todas as cheias, naturalmente, passou pelas terras de Capelins, levando os seus moradores, consternados pela devastidão, aos outeiros das margens do rio Guadiana para, verem com os seus olhos o que tinham ouvido dizer, e o que eles viram ficou registado numa lenda que conta essa tragédia, mas também conta uma situação hilariante, quando os moradores da Freguesia de Capelins estavam boaquiabertos a comentar e a olhar para a grande cheia, surgiu na corrente uma grande almiara, ou seja, uma serra de palha, muito direitinha e sem nenhuma beliscadura, porque a palha de centeio que a tapava não a deixava desmoronar, mas, ficaram ainda mais abismados quando avistaram em cima dela, um grande e lindo galo empoleirado no ponto mais alto, sempre a cantar, e passou sem ninguém conseguir deitar-lhe a mão, conforme a lenda, parece que, a viagem desse galináceo terminou em Monsaraz, onde o apanharam.
Esta grande cheia arrasou uma parte da Vila de Mértola, fazendo desabar muitas casas num instante, devido a serem de taipa e à força da corrente, mas também, pelo embate de grandes massas de lenhas, árvores completas e tudo o que a corrente arrastou.
A Vila de Alcoutim, situada nas margens do rio Guadiana, também não escapou à fúria desta cheia que, abateu cerca de sessenta casas na Vila e Montes e, fez pelo menos onze mortos, além de ter provocado grandes prejuízos, irreparáveis, a todos os moradores, ficando esta desgraça gravada na memória das suas Gentes, sendo transmitida de geração em geração.
A Vila de Alcoutim, era próspera, mas nunca mais foi a mesma, embora, tenha havido alguma ajuda na reconstruão das casas e aos agricultores mais prejudicados.
Em ambas as Vilas, assim como, na cidade de Vila Real de Santo António, lá está a marcação do ponto alcançado pelas águas, da mãe de todas as cheias, do celebrado rio Guadiana.
Texto: Correia Manuel
Fim
De: Consulta na internet, a vários artigos, sobre a dita cheia.
Igreja da Misericórdia - Alcoutim, com a placa do sítio alcançado pelas águas, e está situada a mais de cinquenta metros de distância do rio Guadiana
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