sexta-feira, 28 de março de 2025

Santo António de (Capelins) - Terena - 1758

 História e estórias do celebrado rio Guadiana e de seus afluentes

6 - Santo António de (Capelins) - Terena - 1758

A descrição do rio Guadiana e de seus afluentes, na Freguesia de Santo António (de Capelins) então, do Concelho da Vila de Terena, em resposta ao Inquérito do Marquês de Pombal, escrita pelo Pároco Manuel Ramalho Madeira, nas Memórias Paroquiais de Santo António, em 13 de Junho de 1758. 

Rio Guadiana 

"O rio desta terra é chamado rio Guadiana, dizem que nasce nas manchas de Aragão. Não nasce logo caudaloso, porém depois se faz juntar as correntes das lagoas sempre corre mais. Alguns anos secos passa-se a pé enxuto por algumas partes.

No sítio desta Freguesia entram nela duas Ribeiras pequenas, chamada uma Lucefece e a outra Azavel, as duas que de Verão não correm, porém têm seus moinhos de pão. 

O rio Guadiana no sítio desta Freguesia tem uma barca que leva trinta cavalgaduras e alguma gente, e assim umas são maiores outras são menores, porém três homens a governam, tem seus pegos determinados que não são todos lugares de embarcações. Também tem barquinhos pequenos que os governa só um homem e levam dez a doze pessoas.

O rio Guadiana é de curso quieto todo ele, exceto no tempo das enchentes e algumas correntes que tem nos assudes em que estão fundados os Moinhos.

O rio Guadiana corre do Nascente ao poente. 

Cria alguns peixes e chamam-se estes, bogas, bordalos, sarrelhos, vieiros (?), barbos, estes pesam até meia arroba (7,5 Kgs). Em todo o ano se pesca nele e as pescarias são livres, e não há memoria que o rio tivesse outro nome, e dizem morre no mar e entra nele em Mértola. 

O rio Guadiana nesta Freguesia tem algumas asuelas e cachapos que lhe embaraçam o ser navegável. Tem alguns Moinhos e pezoins (tipo de mecanismo capaz de aproveitar a energia cinética da movimentação de águas, e que permite moer grãos), com base do que escreveu o Pároco de São Pedro de Terena, nesta data, existiam 9 moinhos no rio Guadiana na Freguesia de Santo António (Capelins), sendo, mais tarde, construídos 2, o das Bolas, já no século XX, cerca de 1920 e, talvez, o Moinho Novo de dentro, construído ainda antes de 1800, somando 11 moinhos e, mais 11 nas duas Ribeiras, antes referidas. 

Este rio está à distância de légua e meia desta Paróquia e nesta Freguesia não passa por povoação alguma. (Assim, o Pároco, informa que, da Igreja de Santo António (de Capelins) até ao Rio Guadiana, eram cerca de 7,5 kms).

Hoje 13 de Junho de 1758 

O Pároco Manuel Ramalho Madeira 


O Pároco Manuel Ramalho Madeira, destaca duas Ribeiras nesta Freguesia: 

A Ribeira de Lucefécit que nasce junto de Rio de Moinhos, Borba, e tinha a sua foz no rio Guadiana a montante das Azenhas D'El-Rei, entre as herdades do Aguilhão e do Roncão.

A Ribeira do Azevel, que nasce na herdade da Defesa da Pedra Alçada, na parte Noroeste da Freguesia de Santiago Maior, vai juntando Ribeiros e tinha a sua foz no rio Guadiana, junto ao lugar do Gato.

Porém, o Pároco, não menciona os principais Ribeiros da Freguesia, como o Ribeiro do Carrão e o Ribeiro do Peral, que no tempo das chuvas metiam muita água, o primeiro na Ribeira de Lucefécit e o último na Ribeira do Azevel. 

O Pároco Manuel Ramalho Madeira, menciona a existência da barca que fazia os transportes entre as duas margens, do lado de cá, tinha o cais junto ao castelo da Vila de Ferreira, na aba Oeste do outeiro do Pombo, a montante da Cinza que, também, ali a protegiam das grandes cheias e navegava nesse pégo que tinha água suficiente para as manobras e quando, no Verão, o rio Guadiana secava passava-se em algumas partes a pé enxuto.

Temos notícias desta barca desde meados da centúria de 1400, sendo nesse tempo explorada a meias, entre o Senhor da Vila de Ferreira, e o Senhor da Vila de Cheles, ou seja, família Freire de Andrade e família Manuel Villena.

O rio Guadiana entrava/entra na Freguesia de Santo António (de Capelins) junto à foz da Ribeira de Lucefece, na dita herdade do Roncão, sendo esta Freguesia costeada por ele, desde esse lugar até à foz da Ribeira do Azevel, no lugar do Gato.

Existem muitas estórias que, compõem a história do celebrado rio Guadiana, quando temos oportunidade, vamos escrevendo, porque, também é a história desta região.

Uma árvore sem raízes, não existe.

Fim 

Correia Manuel 

Memórias Paroquiais de Santo António - 1758 

Escritas aqui na Casa Paroquial de Santo António (de Capelins)

 



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