terça-feira, 7 de maio de 2019

Moinho da Volta - 13

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

13 - Moinho da Volta 

O Moinho da Volta situava-se/situa-se na margem direita do rio Guadiana, junto à herdade do Roncanito de Capelins, onde o rio descrevia curvas e contra curvas, para fugir ao obstáculo natural que, o empurrava para os lados do território espanhol, obrigando-o a dar uma volta apertada, também para trás e, é na primeira curva que ficava/fica este Moinho, o qual, recebeu a designação da "Volta", devido à dita volta do Rio Guadiana.
Desconhecemos, quando e quem mandou construir o Moinho da Volta, mas pensamos ter sido construído em finais da centúria de 1600, ou início de 1700, ou por um grupo de lavradores da região, por alguma alta patente militar, por um alto funcionário do Reino ou Congregação Religiosa.
Este Moinho é de rodízio ou roda motriz horizontal, com pelo menos dois aferidos, senão três, ou seja, dois ou três casais de mós, ou linhas de moagem.
 Como todos os Moinhos tinha um açude, neste caso, com caneiro ou pesqueira, construído de pedra imbrincada ou travada em aparelho gravitacional, que barrava e canalizava a água para as adufas ou canais que movimentava as rodas motrizes e estas as mós andadeiras sobre as mós fixas ou poisos, entrando os cereais em pequenas quantidades no olho das mós e eram transformavam em farinha.
Este Moinho, tinha uma abertura na parede dianteira à porta de entrada, destinada à passagem de pessoas, também, para dar acesso às comportas do caneiro, o qual, foi desativado já depois da desativação do Moinho.     
Um dos últimos Moleiros do Moinho da Volta foi o senhor José Manuel Torres, natural de Mourão e morador na Aldeia do Outeiro, mas ainda ele era criança e já o seu pai era o Moleiro deste Moinho.
O Moinho da Volta, tinha como auxiliar o Moinho do Major na Ribeira de Azevel, para onde o Moleiro se mudava durante as grandes cheias do Rio Guadiana que impediam o seu funcionamento, prevendo-se que eram do mesmo proprietário. 
O Moinho da Volta deixou de trabalhar nos anos de 1960 ou 1970 e encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva desde 2002. 
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros).



Texto: Correia Manuel


Moinho da Volta 








segunda-feira, 6 de maio de 2019

Moinho de Miguéns - 12

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

12 - Moinho de Miguéns
O Moinho designado Miguéns situava-se/situa-se na margem direita do Rio Guadiana, junto à herdade do Roncanito, em Capelins.
Desconhecemos quando e quem o mandou construir, mas temos indícios que pode ter sido construído na centúria de 1.500, no reinado de D. Manuel I, quando foi concedido o segundo Foral ao Concelho de Terena, talvez por um grupo de lavradores, um militar de alta patente, um nobre ou alto funcionário do reino, porém, sabemos que, o último proprietário, que começou como acarretador da farinha nele produzida, foi Francisco Martins Malato, natural de São Marcos do Campo e residente na Aldeia do Outeiro, que o herdou do sogro. 
Desde a segunda metade da centúria de 1800, que o Moinho de Miguéns pertencia à  Família "Paulino" de São Marcos do Campo, quando em 1898, foi doado ao senhor Joaquim Caeiro Paulino, pelo seu padrinho, senhor Joaquim Moreno, que não tinha filhos.
A Família Paulino teve origem na cidade da Guarda, sendo Simão Monteiro, o pioneiro na Freguesia do Freixo, (Redondo), onde casou com Inês Gonçalves, no decénio de 1670 ou 1680.
O seu filho, Manuel Gonçalves casou em São Miguel de Machede, com Bernarda Francisca, continuando esta Família a residir na Freguesia de São Miguel de Machede durante algumas gerações, assim:
Em 17 de Dezembro de 1719, nasceu João Francisco, em São Miguel de Machede, filho de Manuel Gonçalves e de Bernarda Francisca, ele natural da Freguesia do Freixo e ela da Freguesia de São Miguel de Machede. 
Em 16 de Março de 1755, nasceu António José, em São Miguel de Machede, filho de João Francisco e de Inês Maria, naturais da Freguesia de São Miguel de Mchede, onde casaram em 22 de Setembro de 1754.
Em 06 de Janeiro de 1793 nasceu Paulino José, em São Miguel de Machede, filho de António José e de Joana Luíza, os quais casaram em São Miguel de Machede em 24 de Novembro de 1784,  sendo a partir dele que surgiu o ramo Paulino, e começou a emigração, neste caso, dele para Montoito. 
Em 27 de Abril de 1824 nasceu Domingos Paulino, em Montoito, filho de Paulino José e de Rosa Joaquina, os quais casaram no dia 03 de Setembro de 1815 em São Miguel de Machede.
Em 04 de Junho de 1854 nasceu Joaquim Paulino, em Reguengos de Monsaraz, filho de Domingos Paulino e de Josefa Ramalho, os quais casaram em 30 de Julho de 1848 em Reguengos de Monsaraz.
Em 04 de Setembro de 1881 nasceu Joaquim Caeiro Paulino, em São Marcos do Campo, filho de Joaquim Paulino e de Maria Felizarda, os quais, casaram em 30 de Setembro de 1877 em Reguengos de Monsaraz, ele natural de Reguengos de Monsaraz e ela de São Marcos do Campo, daí a ligação desta família a esta localidade de São Marcos do Campo.
Em 07 de Setembro de 1904, Joaquim Caeiro Paulino e Luzia Lopes, casaram na Igreja Paroquial de São Marcos do Campo.
O Moinho de Miguéns tinha três aferidos, ou seja, casais de mós ou linhas de moagem.
Como todos os Moinhos, era provido de um açude, sem caneiro, ou pesqueira, construído em pedra imbrincada ou travada (em Capelins chamada enrroncada) em aparelho gravitacional afunilado que barrava e canalizava a água para as suas adufas ou bocas dos canais com comportas interiores, neste caso, este Moinho tem uma particularidade, os canais apresentam um prolongamento para montante do mesmo, cerca de um metro. A roda motriz fazia mover as mós andadeiras sobre as fixas ou poisos, cujos cereais entravam em pequenas quantidades ao centro das mós, chamado olho, e eram transformados em farinha, que caía lentamente de lado, entre as ditas mós.
Quando as grandes cheias do rio Guadiana impediam este Moinho de trabalhar, em alguns anos passava dois ou três meses submerso, o Moleiro deslocava-se para o Moinho do Azinhal na Ribeira do Azevel, sendo este Moinho do mesmo proprietário, ou seja, da família Paulino.
É de salientar que, na linha deste Moinho, na parte alta, existia um Posto da antiga Guarda Fiscal, onde moravam alguns guardas com as famílias que, contribuíam para mais movimento nesta região. 
Existem estudos arqueológicos que provam, já existir um povoado no Lugar de Miguéns há mais de cinco mil anos.
O Moinho de Miguéns foi dos últimos, na Freguesia de Capelins, a deixar de fabricar farinha, estando a funcionar até ao decénio de 1980.
O Moinho de Miguéns, encontra-se submerso pelas águas da Albufeira de Alqueva, desde o ano de 2002.
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 


Texto: Correia Manuel
Moinho de Miguéns - Capelins




Moinho da Moinhola ou Minhola - 11

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins 

11 - Moinho da Moinhola ou Minhola

O Moinho designado a Moinhola, ou "Minhola" como era conhecido nesta região, situava-se/situa-se na margem direita do Rio Guadiana, junto à herdade da Defesa de Bobadela de Baixo, em Capelins. 
A sua construção parece ter sido em meados da centúria de 1700, uma vez que, foi quando se deu a construção da maioria dos Moinhos nesta Freguesia de Capelins, devido à partição e venda das herdades e por consequência, grande aumento de seareiros e da população. 
Não temos a certeza quem o mandou construir, mas com base em alguns documentos parece-nos ter sido a família "Inxado" da Vila de Terena, por estarem envolvidos como proprietários de vários Moinhos nesta região.
Este Moinho, é de rodízio ou roda motriz horizontal, com três aferidos, ou seja, casais de mós ou linhas de moagem.
As mós andadeiras, eram encimadas pelas Tremonhas, ou seja, um depósito de madeira em forma de pirâmide invertida onde o Moleiro depositava os cereais que, lentamente caiam nos olhos das mós andadeiras e, eram moídos por estas, contra os poisos ou mós fixas, sendo transformados em farinha. Quando as Tremonhas ficavam vazias, ou porque o Moleiro adormecia, uma vez que trabalhava 24 horas, ou andava fazendo outros trabalhos e descuidava-se, existia um alarme artesanal feito com uma armação de arame com um pequeno chocalho na extremidade superior e, quando faltava cereal entre as mós, começavam a trepidar fazendo tocar o dito chocalho que chamava o Moleiro. 
Como todos os Moinhos, era provido de um açude sem caneiro, ou pesqueira, construído em pedra imbricada ou travada (em Capelins chamada enrroncada) em aparelho gravitacional que barrava e canalizava a água para as suas adufas, ou bocas dos canais com comportas interiores, que fazia mover a roda motriz. 
Quando as grandes cheias do rio Guadiana impediam este Moinho de trabalhar, em alguns anos passava dois ou três meses submerso, o Moleiro deslocava-se para o Moinho do Inxado na Ribeira de Lucefécit, por isso, talvez os seus proprietários fossem os mesmos, ou seja, a família Inxado de Terena que, tinham vários Moinhos.
Na década de 1930, o Moleiro deste Moinho foi o senhor Venâncio Silva, nascido aqui, filho de Inácio António da Silva natural da Freguesia de São Bartolomeu de Vila Viçosa, o qual, foi aqui Moleiro muitos anos, depois, com apenas 17 anos o senhor Venâncio Silva tomou conta do dito Moinho e, aqui trabalhou muitos anos, até passar daqui para o Moinho das Azenhas del Rei de Fora, onde ficou como Moleiro, enquanto o mesmo trabalhou. 
Devido à sua localização, este Moinho tinha muitos fregueses da Vila do Redondo e das localidades em linha.
O Moinho a Moinhola, deixou de fazer farinha nas décadas de 1960/70 e, encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva desde 2002. 
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 

Texto: Correia Manuel


Moinho da Moinhola ou Minhola - Capelins 


domingo, 5 de maio de 2019

Moinho Novo de Baixo ou de Fora - 10

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

10 - Moinho Novo de Baixo ou de Fora

O Moinho Novo de Baixo ou de Fora, situava-se/situa-se na margem direita do Rio Guadiana, a jusante do Moinho de cima ou de dentro, junto à herdade da Defesa de Bobadela de Cima. 
A sua construção parece ter sido na centúria de 1600, uma vez que, já aparece num mapa desenhado pelo engenheiro de guerra, o francês Langres, em 1656, mas desconhecemos quem o mandou construir, mas parece que não foi a Coroa, uma vez que, não o encontramos nas chancelarias régias, ao contrário da Azenha del Rei.
Este Moinho, é de rodízio ou roda horizontal, com dois aferidos, ou seja, casais de mós ou linhas de moagem.
As mós andadeiras, eram encimadas pelas Tremonhas, ou seja, um depósito de madeira em forma de pirâmide invertida onde o Moleiro depositava os cereais que, lentamente caiam nos olhos das mós andadeiras e, eram moídos por estas, contra os poisos ou mós fixas, sendo transformados em farinha. Quando as Tremonhas ficavam vazias, ou porque o Moleiro adormecia, uma vez que trabalhava 24 horas, ou andava fazendo outros trabalhos e descuidava-se, existia um alarme artesanal feito com uma armação de arame com um pequeno chocalho na extremidade superior e, quando faltava cereal entre as mós, começavam a trepidar fazendo tocar o dito chocalho que chamava o Moleiro. 
Como todos os Moinhos, era provido de um açude sem caneiro, ou pesqueira, construído em pedra imbricada ou travada (em Capelins chamavam enrroncada) em aparelho gravitacional que barrava a água e canalizava para as suas adufas, ou bocas de canais com comportas interiores, que fazia mover a roda mortriz. 
Os Moinhos Novos, de Baixo e de Cima eram os Moinho de água mais próximos da Aldeia de Montejuntos, por isso, tal como o da Cinza, eram os de maior ligação a esta Aldeia e às suas gentes.
Através das escrituras feitas no Cartório de Terena, metade deste Moinho foi vendido no dia 08 de Fevereiro de 1787 por Joaquim José Paes e sua mulher Ignês Maria, lavradores da herdade da cabeça de Mourão em Terena a José Martins Inxado, da Vila de Terena por 80 mil réis, porém, passados cinco anos no dia 26 de Fevereiro de 1791, essa mesma metade foi novamente vendida por José Martins Inxado e sua mulher Francisca Jacinta a Anastácio Nunes lavrador do Monte da Zorra em Capelins, pelos mesmos, 80 mil réis. verifica-se que, geralmente os Moinhos eram um negócio dos lavradores.
Nos anos de seca do rio Guadiana, na centúria de 1800, a água não chegava para fazer funcionar os dois Moinhos aqui existentes, em simultâneo, dando origem a uma demanda em Tribunal e a ser decretado que, o Moinho de cima ou de dentro, como tinha três aferidos trabalhava três dias e Este de baixo ou de fora tinha só dois, trabalhava só um dia, ou seja, três por um. 
Também, o Moinho Novo de Baixo, deixou de fazer farinha na década de 1960 e, encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva desde 2002. 
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram de diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 

Texto: Correia Manuel 

Moinho Novo de Baixo ou de Fora - Capelins 



sábado, 4 de maio de 2019

Moinho Novo de Cima ou de dentro - 9

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

9 - Moinho Novo de Cima ou de dentro 

Este Moinho Novo de Cima, ou de dentro, situava-se/situa-se a meio do curso do Rio Guadiana, por isso, também chamado de dentro, a jusante da ilha da cinza na alçada da herdade da Defesa de Bobadela de Cima em Capelins.
Com base em diversos documentos, entre eles a Escritura de compra/venda de metade do Moinho Novo de baixo ou de fora no dia 08 de Fevereiro de 1787, na dita Escritura está mencionado "Moinho Novo de fora", pelo que, prova a existência do Moinho Novo de dentro, já nessa mesma data, caso contrário não era necessário indicar que o Moinho era o de fora.
É um Moinho de rodízio, ou roda horizontal, com três aferidos, ou seja, casais de mós ou linhas de moagem. 
Como todos os Moinhos, era provido de um açude construído em pedra imbricada ou travada, em aparelho gravitacional que barrava e canalizava a água para as adufas (bocas dos canais) com comportas interiores que acionava a roda motriz.
As mós andadeiras, eram encimadas pelas Tremonhas, ou seja, um depósito de madeira em forma de pirâmide invertida onde o Moleiro depositava os cereais que, lentamente caiam nos olhos das mós andadeiras e, eram moídos por estas, contra os poisos ou mós fixas, sendo transformados em farinha. Quando as Tremonhas ficavam vazias, ou porque o Moleiro adormecia, uma vez que trabalhava 24 horas, ou andava fazendo outros trabalhos e descuidava-se, existia um alarme artesanal feito com uma armação de arame com um pequeno chocalho na extremidade superior e, quando faltava cereal entre as mós, começavam a trepidar fazendo tocar o dito chocalho que chamava o Moleiro. 
A construção deste Moinho, nas imediações do outro já existente, acabou por complicar o funcionamento de ambos, porque nos anos de seca do rio Guadiana, não existia água suficiente para os dois poderem trabalhar, por isso, na segunda metade de 1800, como os seus proprietários eram diferentes, entraram em demanda em Tribunal, sendo decidido pelo Juíz que, o Moinho Novo de dentro ou de Cima, como tinha três aferidos, podia trabalhar três dias por semana e, o Moinho Novo de fora ou de baixo como tinha dois aferidos, trabalhava só um dia por semana, durante a seca, (conf. Ti Venâncio).
O proprietário do Moinho Novo de dentro ou de Cima, era o mesmo, do Moinho do Roncão ou Roncanito na Ribeira de Lucefécit, para onde o Moleiro se mudava, quando o rio Guadiana submergia este Moinho que, chegava a ser, dois ou três meses. 
Este Moinho, encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva, desde o ano de 2002. 
Este Moinho trabalhou pela última vez no dia 20 de Maio de 1994, apenas para demonstração para visitas guiadas, durante a Semana do Alandroal.
(Algumas informações foram obtidas no livro, "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís, Silva", porém, sobre outras, tivemos conhecimento pela nossa presença em alguns destes Moinhos, com explicações dos Moleiros). 

Texto: Correia Manuel 

Moinho Novo de Cima ou de dentro - Rio Guadiana




sexta-feira, 3 de maio de 2019

Moinho da Cinza - 8

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins

8 - Moinho da Cinza 

O Moinho da Cinza, situava-se/situa-se na margem direita do Rio Guadiana, junto à herdade da Defesa de Bobadela de cima no Porto da Cinza em Capelins. 
Prevê-se que, a sua construção, tenha sido nas primeiras décadas de 1700, quando se deu grande mudança na Vila de Ferreira, em termos sócio económicos, esta herdade e a herdade da Defesa de Ferreira, foram doadas à Casa do Infantado e as restantes dez herdades foram divididas em duas, e vendidas aos lavradores e foram feitos aforamentos de algumas courelas a Irmandades e a seareiros, aumentando a necessidade de Moinhos nesta região.
Como, as pessoas, animais e mercadorias que passavam, a fronteira tinham de pagar a "Sisa ou imposto da alfândega", que na linguagem popular era "Cinza", esta situação deu a designação ao "Porto Seco de Terena", ao lugar e ao Moinho.
Este Moinho, era de rodízio ou roda horizontal, com pelo menos dois aferidos, ou seja, casais mós ou linhas de moagem.
As mós andadeiras, eram encimadas pelas Tremonhas, ou seja, um depósito de madeira em forma de pirâmide invertida onde o Moleiro depositava os cereais que, lentamente caiam nos olhos das mós andadeiras e, eram moídos por estas, contra os poisos ou mós fixas, sendo transformados em farinha. Quando as Tremonhas ficavam vazias, ou porque o Moleiro adormecia, uma vez que trabalhava 24 horas, ou andava fazendo outros trabalhos e descuidava-se, existia um alarme artesanal feito com uma armação de arame com um pequeno chocalho na extremidade superior e, quando faltava cereal entre as mós, começavam a trepidar fazendo tocar o dito chocalho que chamava o Moleiro. 
 O Minho da Cinza tinha um açude construído em pedra com aparelho gravitacional provido de caneiro ou pesqueira, permitindo ao Moleiro e família fartura de peixe. O açude barrava e canalizava a água para as adufas, ou bocas dos canais, fazendo mover a roda motriz.
"O caneiro era uma pesqueira fixa instalada no leito do rio, abaixo dos paredões dos açudes, aos quais era adicionada uma rampa afunilada com uns orifícios laterais na base, chamados «ouvidos», e com um ligeiro declive no sentido inverso ao curso de água, feita de pedra e cal e com estacas verticais de varas de arbusto, ou em ferro. Quando os peixes subiam o rio, deparavam-se com o açude, então procuravam o ponto onde era mais fácil galgá-lo, esse ponto era a esquina de junção entre a rampa e o açude! Quando os peixes saltavam, entravam pelos ouvidos da rampa e eram logo apanhados pela corrente e arrastados para dentro da armadilha e das redes. 
Sabemos que, nos últimos anos da sua laboração pertencia a alguns lavradores da região, mas desconhecemos quem o mandou construir, no entanto, por analogia com outros casos, pensamos que, também teriam sido alguns lavradores.
Um dos Moleiros mais conhecidos que esteve muitos anos no Moinho da Cinza foi o senhor Francisco Vieira, conhecido como, "ti Xico da Cinza", foram tantos anos, que ele e alguns filhos ficaram com a alcunha "Cinza" ligada ao dito Moinho, como foi o caso do senhor António da Cinza, conhecido pelo "Tonico da Cinza", com o nascimento registado em Amareleja, mas capelinense de coração, que toda a sua vida esteve ligado ao Rio Guadiana, não só como Moleiro, e pescador, mas também, como organizador das paródias que lá faziam.
O Moinho da Cinza, como quase todos nesta região, deixou de fazer farinha na década de 1960/70 e, atualmente encontra-se submerso pelas águas da Albufeira de Alqueva, deixando muitas saudades à população de Montejuntos, por ser o lugar que quase toda a gente frequentava nas suas ligações ao rio Guadiana. 
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 


Texto: Correia Manuel

Moinho da Cinza - Capelins 






quinta-feira, 2 de maio de 2019

Moinho do Bolas - 7

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins 

7 - Moinho do Bolas 

O Moinho do Bolas situava-se/situa-se na margem direita do rio Guadiana, junto ao limite das herdades da Amadoreira e da Bobadela de Cima. 
Este Moinho foi construído cerca do ano de 1920, sendo o mais recente nesta região.
O Moinho do Bolas era de rodízio ou roda horizontal e tinha pelo menos dois aferidos, senão três, ou seja, casais de mós ou linhas de moagem. 
As mós andadeiras, eram encimadas pelas Tremonhas, ou seja, um depósito de madeira em forma de pirâmide invertida onde o Moleiro depositava os cereais que, lentamente caiam nos olhos das mós andadeiras e, eram moídos por estas, contra os poisos ou mós fixas, sendo transformados em farinha. Quando as Tremonhas ficavam vazias, ou porque o Moleiro adormecia, uma vez que trabalhava 24 horas, ou andava fazendo outros trabalhos e descuidava-se, existia um alarme artesanal feito com uma armação de arame com um pequeno chocalho na extremidade superior e, quando faltava cereal entre as mós, começavam a trepidar fazendo tocar o dito chocalho que chamava o Moleiro. 
Como todos os Moinhos era provido de um açude construído em pedra em aparelho gravitacional, com caneiro ou pesqueira, que barrava e canalizava a água para as adufas, ou bocas dos canais, acionando a roda motriz.
O seu primeiro proprietário e que o mandou construir foi o senhor António Raínho, com a profissão de carpinteiro, nascido no ano de 1885 na Aldeia das Hortinhas, Terena, que era já dono de outro Moinho, designado da "Loba", situado na parte alta da Ribeira de Lucefécit.
A sua construção passou por alguns problemas, eram tempos muito difíceis em termos económicos e, a construção de um Moinho, devido à sua arquitetura e ao tipo de materiais usados era muito caro, e neste caso, para agravar a situação a primeira construção foi levada numa grande cheia e teve de ser reconstruído, aumentando ainda mais os custos, mas era um sonho do seu proprietário e não desistiu, passando por grandes dificuldades, assim como a sua família, gastou tudo o que tinha, chegando a ser difícil pôr umas sopas ao lume, mas conseguiu pôr o Moinho do Bolas a trabalhar. 
Quando o senhor António Raínho foi prestar contas a Deus, o dito Moinho foi herdado pelo seu filho Manuel Raínho que, organizou a sua vida por Caplelins e casou na Igreja de Santo António, mas pouco depois ficou viúvo e casou pela segunda vez em Capelins e por cá ficou alguns anos no seu Moinho do Bolas, porém, devido à diminuição da afluência de fregueses aos Moinhos, no decénio de 1950 decidiu vender o Moinho ao senhor José Glórias, um conhecido Moleiro nesta região, natural da Aldeia de Cabeça de Carneiro que, continuou a dar-lhe vida durante alguns anos, até deixar de trabalhar, como todos os Moinhos no Rio Guadiana, uns mais cedo, outros mais tarde, entre finais de 1950 até ao decénio de 1970, apenas um, nesta Freguesia, chegou a trabalhar até 1980, sendo o seu declínio devido à mecanização das moagens e à emigração da população desta região.
O Moinho do Bolas já não fazia farinha e, depois de ter sido usado durante alguns anos como apoio ocasional para paródias e alojamento provisório, o senhor José Glórias acabou por o vender ao senhor Kuni um alemão que estava a morar na Vila de Terena, pelo valor simbólico de cem escudos (hoje cinquenta centimos de euro), depois o novo proprietário fez algumas alterações no interior do edifício e foi frequentado pelo senhor Kuni e amigos, onde fizeram festas até perto do ano de 2000, quando os ditos alemães desapareceram de Terena e o Moinho ficou abandonado.
Quando a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva, EDIA, mandou efetuar o levantamento patrimonial no regofo da Barragem de Alqueva, procuraram o proprietário, desaparecido desta região e desconhecemos se o conseguiram encontrar ou a familiares, porque, parece que, o dito Moinho nessa data foi avaliado em dez mil euros. 
O Moinho do Bolas, encontra-se submerso nas águas da Albufeira de Alqueva.
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros e neste caso, com a colaboração do bisneto do primeiro proprietário senhor António Rainho e do neto do último Moleiro e proprietário António Ramalho).



Fim 

Texto: Correia Manuel 

Moinho do Bolas, em Capelins 






História de Capelins e de Terena 1462

  História de Capelins e de Terena 1462 Os gados vindos de Castela passavam no Porto das Azenhas D'El-Rei na Vila de Ferreira, atual Fre...