terça-feira, 29 de outubro de 2024

A lenda da moura Almirita, encantada na serra da sina, em Capelins

A lenda da moura Almirita, encantada na serra da sina, em Capelins

Quando em 1230 os cavaleiros vilãos da cidade de Évora, reconquistaram estas terras, o lavrador mouro, da serra da sina, chamado Almurat, foi informado pelos seus criados que tinha de fugir com a família para o Califado de Córdoba, porque, não havia sinais da vinda do auxílio pedido ao dito califado e a guarnição do castelo de Monsaraz, não podia acudir a esta região, por esta Praça se encontrar em perigo, devido a ser muito cobiçada pelos cristãos.

O lavrador mouro negou-se a partir, na esperança de, a qualquer momento chegarem os reforços pedidos ao califa do Al Andaluz, mas mandou a família com os criados e criadas que quiseram partir, no entanto, a sua filha mais velha, chamada Almirita, uma donzela muito linda, com grande afeição a seu pai, negou-se a partir e ficou na sua companhia. 

Os cavaleiros cristãos já tinham conquistado a Vila de Terena (chamada Odialuiciuez) e, preparavam-se para o assalto aos Montes e herdades até ao rio Guadiana, que eram dos mouros ricos desta região, mas ele continuava a resistir em abandonar o seu Monte, a sua casa e, só quando os cavaleiros cristãos surgiram à vista perto da atual Aldeia de Faleiros ele decidiu montar a cavalo para seguir para Sul, mas já era tarde, porque soube que já outro grupo de cavaleiros cristãos tinha descido a Ribeira de Lucefécit e podia barrar-lhe o caminho, então decidiu não levar a filha, porque era presa fácil dos cristãos e ela seria devorada por aqueles cães, pelo que, decidiu encantá-la ali no Monte e, logo que as tropas do Al Andaluz libertassem a região, a família voltava, ela seria desencantada e ficariam todos juntos e felizes como antes e, apressadamente tratou do tesouro do desencantamento, disse umas palavras mágicas (entre outras, abnati yumkinuk albaq' mashur silsilat alijabal qadar), e a linda donzela Almirita ficou encantada na serra da sina. 

 O lavrador Almurat correu para o cavalo que estava pronto para partir e, galoparam na direção da Ribeira de Azevel para descerem até à foz, mas o rio Guadiana levava grande cheia, meteram os cavalos à água, mas a corrente era tão forte que, nem chegaram ao meio do rio e foram arrastados pela corrente, alguns criados tentaram acudir ao lavrador e acabaram por desaparecer com ele, apenas se salvou um pequeno grupo que, depois de confirmar que não havia sobreviventes, e nada podiam fazer, seguiram para Córdoba.

Os mouros nunca mais voltaram a estas terras e, a donzela Almirita ficou encantada no seu Monte, porque, o seu desencantamento era muito difícil, conforme contavam algumas criadas do Monte que ficaram, porque esta era a sua terra, e de escravas não passavam, tinham ouvido ao lavrador Almurat que, a donzela Almirita só podia ser desencantada na primeira noite da Hijra, com nevoeiro, que corresponde a 16 de Julho, era uma exigência muito difícil de cumprir, nunca há nevoeiro neste lugar em pleno verão, mas havia a alternativa de darem doze pancadas na parede do Monte, e dizer as palavras mágicas, assim, houve muitas tentativas, quando os rapazes que por ali andavam ou passavam, na primeira noite da Hijra, ouviam a Almirita a cantar lindas melodias, eles corriam ao Monte e tentavam tudo o que se possa imaginar, mas sem êxito e, assim a linda donzela Almirita, continua cativa, encantada no Monte da Sina, com o tesouro associado ao seu desencantamento e, quem bem escutar, nessa noite, ainda hoje consegue ouvir as suas lindas cantigas. 

Fim

Texto: Correia Manuel  


Serra da Sina - Capelins








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