segunda-feira, 29 de abril de 2019

Moinho do Bufo - 3

Os Moinhos de água da Freguesia de Capelins 

3 - Moinho do Bufo 

Este Moinho situava-se/situa-se na margem direita da Ribeira de Lucefécit, junto a terras da Torre, não muito distante do Monte do Escrivão e do Monte da Talaveirinha, por esse motivo, nos primeiros decénios de 1800, consta pelo menos num Registo Paroquial da Paróquia de Santo António de Capelins, com a designação de Moinho do Escrivão!, porém, logo a seguir aparece em alguns documentos com a designação de Moinho do Bufo, devido à alcunha de um seu proprietário, um lavrador da herdade de Santa Luzia, morador na Vila do Alandroal, mas como, também era o lavrador da herdade do Pego do Bufo, na Freguesia de Rosário, neste Concelho, o dito Moinho passou a ser conhecido pela alcunha do seu dono, também ficava perto do Monte de Santa Luzia, embora situado além da Ribeira, mas fabricava muita farinha para este Monte.
Era um Moinho de rodízio, ou roda horizontal, com um aferido, provido de um açude que atravessava a Ribeira e ligava as margens do lado da Torre à herdade de Santa Luzia, canalizando a água até à sua engrenagem que fazia funcionar a mó, a qual, transformava os cereais em farinha. 
No decénio de 1960, foi construído neste lugar, um passadiço pedestre pelo rendeiro da herdade de Santa Luzia, senhor Martins que, esteve ativo até à construção da barragem de Alqueva, sobre o açude, com início no Moinho até à margem do lado daquela herdade que, permitia a passagem de pessoas, mesmo no caso das grandes cheias da Ribeira.
Como todos os Moinhos das Ribeiras, só funcionava durante o Inverno e Primavera quando havia água suficiente para poder trabalhar e era auxiliar de um dos Moinhos do Rio Guadiana, ou seja, quando havia grandes cheias, que podiam durar meses, os Moinhos do Rio Guadiana não podiam trabalhar, porque ficavam submersos e eram os Moinhos das Ribeiras que fabricavam a farinha necessária para a região. 
O Moinho do Bufo tinha a casa de apoio um pouco afastada da área de eventual inundação, para resguardar os cereais e a farinha em caso de grande cheia da Ribeira e da inundação do respetivo Moinho, mas também era a habitação do Moleiro e da família. 
No dia 17 de Maio de 1862, foi encontrado morto dentro deste Moinho uma criança espanhola, que era mendigo, de 12 anos de idade, ao qual chamavam José, deixando os capelinenses muito consternados.
Este Moinho, parece ter sido construído na centúria de 1700, estando em atividade até ao início da década de 1960, atualmente está submerso nas águas da Albufeira de Alqueva e quando foi submerso já se encontrava com um rombo no teto, pelo que, em Capelins diziam que foi desmoronado pela EDIA. 
Quando do Levantamento Arqueológico e Patrimonial do Alqueva em 1995, no relatório é indicado que, foi encontrado um habitat da Idade Média junto ao Moinho do Bufo.
(Algumas informações foram obtidas no livro: "Os Moinhos e os Moleiros do Rio Guadiana, de Luís Silva, porém, outras foram em diversos documentos e conhecimentos pessoais com presença em diversos Moinhos da Freguesia de Capelins e com explicações de alguns Moleiros). 


Texto: Correia Manuel 


Do Memorial existente na Aldeia de Montejuntos - Capelins 


 



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