sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

O Ribeiro do Carrão nas terras de Capelins

O Ribeiro do Carrão nas terras de Capelins 

O Ribeiro do Carrão, tem cerca de seis quilómetros, incluindo os cursos dos Ribeiros que o complementam, parece ser o maior e mais relevante, que nasce e desagua no território da Freguesia de Capelins. Tem início em diversos lugares, através dos seus afluentes ou complementares, este Ribeiro tem vários hidrónimos, consoante os lugares ou propriedades por onde vai passando. Assim, de "Norte" para "Sul", são muitos os riachos e Ribeiros que o alimentam, até à sua foz na Ribeira do Lucefécit, na herdade do Roncão, hoje Grande Lago de Alqueva. 
O Ribeiro de Ferreira, é um dos Ribeiros que o complementam, começa a sua formação com as águas que escorrem das encostas do Monte de Igreja, da parte direita do Cebolal, do Patrício e das valetas do Caminho Municipal de Faleiros para Ferreira e Montejuntos, até  cerca de 500 metros a "Norte" da entrada na aldeia de Ferreira de Capelins. Neste lugar, o Ribeiro de Ferreira, passa por um pequeno pontão e, é forçado a correr para "Este" continuando a receber pequenos cursos de água vindos do lado esquerdo, do Cebolal e do Gomes e do lado direito recebe a água de um riacho vinda de "Capelins de Cima". Antes de ser atravessado pelo Caminho para o Gomes, para o Monte da Oliveira e da ti "Patalona", recebe do lado esquerdo, o Ribeiro do Gomes que passa pela rua deste ultimo Monte e, um pouco abaixo do dito Caminho, do mesmo lado, outro pequeno riacho vindo também da região do Gomes. 
Até ao lugar onde passa por baixo do pontão do Caminho Municipal que liga as Terras de Capelins às Terras do Rosário, tinha pelo menos, quatro lavadouros, construídos com pedras atravessadas no seu curso, as quais, prendiam a água e, nas suas margens eram assentes outras pedras inclinadas para esfregar e bater a roupa. Estes lavadouros, eram muito importantes para as mulheres, moradoras em "Capelins de Cima", porque lhes permitiam fazer a lavagem da roupa, perto de casa, enquanto existia corrente que, podia durar muitos meses no Inverno e na Primavera. 
A partir deste lugar, muda novamente a direção para "Sul", deixa o Poço do Telheiro à esquerda e, a cerca de 150  metros, entra na herdade da Defesa de Ferreira, ficando o eucaliptal à esquerda e a horta à direita, ambos da Casa Dias. Um pouco abaixo, existe uma pequena barragem, construída há cerca de um século, com a finalidade de estancar as águas e diminuir a força da corrente para permitir a passagem do gado, pessoas, carretas e carroças da mesma Casa, entre a herdade, as instalações agrícolas e o Monte Grande, ao mesmo tempo, alagava um espaço de terra para mais tarde ser semeada com culturas de verão, meloal, milho ou feijão frade, mantendo a terra fresca por mais tempo. 
O Ribeiro de Ferreira  segue o seu curso e, à esquerda, estava a Malhada dos porcos da Casa Dias, a cerca de 200 metros, recebe do lado esquerdo, a água de um pequeno riacho vindo das encostas das Colmeadas  e da Canada da herdade da Defesa de Ferreira, logo a seguir, também à esquerda, deixa o Poço da bomba, propriedade da Junta de Freguesia de Capelins, lugar onde embaraçava os moradores de "Capelins de Baixo" que tinham de recorrer a este Poço e, eram obrigados a usar as perigosas passadeiras, ou por vezes, não conseguiam passar por ali.
 Vai descendo e, a cerca de 200 metros é reforçado por mais um curso de água, designado: Ribeiro da Aldeia, ou do Chorão, cuja origem da água começa nas escorrencias das encostas dos Barrinhos, Foros, Monte Novo, Pinheiro e do Sul de "Capelins de Cima", passa pelo Monte da Cruz, Poço Largo, Poço do Chorão, hortas da Aldeia, recebendo pequenos riachos das  águas vindas dos lados do Monte do Meio e de  "Capelins de Baixo" e, a cerca de 300 metros abaixo, é a sua foz, junto à interceção dos dois caminhos vindos do lado do Monte do Meio, Norte e Oeste, um pouco acima do Poço da Estrada, onde faz uma pequena curva empurrando a herdade da Defesa de Ferreira. 
Antes de atravessar o Caminho do Malhão, onde rasa o Poço da Estrada, que chegava a submergir nas suas águas e até a invadir a horta, recebe mais um riacho que lhe entrega as águas escorrentes do lado sul do Pinheiro, do Monte Novo, as do vale do Monte Real e do lado sul de "Capelins de Baixo", passando um riacho atrás do Monte do Marco e outro em frente, encontrando-se ambos mais abaixo, continuando a recolher as águas das encostas do lado norte do Monte das Serranas e da encosta a sul do Monte da Figueira e, desagua no dito lugar no Ribeiro de Ferreira. 
O Ribeiro de Ferreira continua a correr na direção "Sul" e, a menos de um quilómetro, junto à Silveirinha, encontra-se com o Ribeiro do Quebra ou Ribeiro das Cobras, no qual desagua.  
Naquele lugar, a direção do Ribeiro de Ferreira é do "Norte" e, não segue em frente, esbarrando no Ribeiro do Quebra que vem do lado "Oeste" e, efetivamente segue a sua linha, em frente na direção da herdade da Ramalha, cujo lugar de encontro dos dois Ribeiros é semelhante a um "T", sendo o Ribeiro de Ferreira a desaguar no Ribeiro do Quebra, passando este a ser o principal, com o hidrónimo de "Silveirinha".
O Ribeiro do Quebra, das Cobras ou Terraço, tem o seu início na Serra da Sina no lado ocidental da Igreja de Santo António, recebe as águas escorrentes das encostas a sul desta Serra, do Canto de Igreja, da herdade do Terraço, da herdade do Monte Real, da herdade do Seixo e outros riachos, pelo que, dependendo das chuvadas, pode formar grande caudal até ao encontro com o Ribeiro de Ferreira, na Silveirinha e Ramalha.
Agora, um único Ribeiro, ladeado pela herdade da Ramalha à esquerda e da Silveirinha à direita, começa a descrever uma curva, virando novamente a sul até às Bispas recebendo maiores ou menores riachos vindos da herdade da Ramalha e da Silveirnha, já nas Bispas, descreve outra curva virando na direção "Este", sendo a partir daqui designado por Ribeiro do Carrão por ser neste lugar a sua entrada na antiga herdade do Carrão, no entanto, mais abaixo também tem a designação de Ribeiro da Zorra, por passar junto a esta herdade.
Já com a hidrónimo de Ribeiro do Carrão, entram nele, no lado direito, o Ribeiro das Bispas e, do lado esquerdo, da Zorra, um pequeno riacho! O Ribeiro das Bispas entrega-lhe águas vindas das pequenas encostas a "Norte" de Montejuntos, de toda aquela região e da Capeleira, atingindo um grande caudal.
Ao passar em frente ao Monte da Zorra é atravessado por um caminho que antigamente seguia paralelo e separava-se na direção dos Montes do Carrão, e Montejuntos, sendo muito difícil a sua travessia em anos de invernia.
Após deixar a herdade da Zorra, à esquerda, um pouco abaixo é atravessado por outro caminho de ligação entre os diversos Montes: do Escrivão, Colmeal, Talaveira e Talaveirinha, à Aldeia de Montejuntos, em tempos, era muito usado e, cuja travessia era feita por passadeiras! A seguir recebe as águas do Ribeiro da herdade da Negra, cuja herdade fica à sua esquerda, a partir daqui, descreve várias curvas, procurando o sul. 
Continua o seu curso e é ladeado à esquerda pela herdade da Talaveira e, à direita por Courelas do Carrão, depois de muitas curvas, a cerca de 600 metros, é atravessado pelo outro caminho que liga a Aldeia de Montejuntos e os Montes de S. Miguel e do Roncão, também aqui já com grandes correntes, era atravessado por cima de passadeiras! Mais abaixo, já perto da sua foz, ainda recebe as águas de alguns Ribeiros e riachos da direita, do Carrão e herdade do Pombal e, à esquerda das herdades da Talaveira e do Roncão, depois vai virando a Leste e, após cumprir o seu destino, chega finalmente ao encontro da Ribeira de Lucefécit, (Grande Lago de Alqueva), na herdade do Roncão, com um caudal digno de uma Ribeira. 
O lugar mais distante da foz do Ribeiro do Carrão e onde o mesmo tem início, é a  Serra da Sina, uma vez que, o Ribeiro do terraço que antecede o do quebra, recebe águas do canto da Igreja e da serra da Sina.  

Fim 



Sem comentários:

Enviar um comentário

Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...