sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Os lugares das compras dos capelinenses noutros tempos

Os lugares das compras dos capelinenses noutros tempos
Noutros tempos, as compras de produtos, dos quais os capelinenses não eram autosuficientes, eram feitas nas feiras de Reguengos, Redondo ou Vila Viçosa, porém havia outras que eram feitas em mercearias das Aldeias que, dispunham de produtos que mais se consumiam no dia a dia! Estas Mercearias não tinham horário, se eventualmente estivessem fechadas, todas as pessoas sabiam onde procurar os proprietários que, a qualquer hora do ida ou da noite, iam aviar o que cada cliente desejava, nunca podiam desperdiçar uma venda, era desgoverno, nem que fosse meio arrate (500 gramas) ou uma quarta (250 gramas) de arroz, açúcar ou massa, podendo nem ver o dinheiro naquele momento, porque, a maior parte das vezes o pagamento era: aponte aí! Depois, mais tarde, tinham de pagar! Muitas vezes, homens e mulheres trabalhavam longe de casa, em herdades das redondezas e, chegavam já pela noite dentro, pelo que, ainda tinham de recorrer à Mercearia, estivesse fechada ou aberta, era só chamar e, o merceeiro tinha de interromper a ceia e ir atender a cliente! Era uma situação injusta, mas nesse tempo, tudo era injusto, o merceeiro, nem podia comer descansado, não podia dormir descansado, não podia dormir a sesta, nem afastar-se da Mercearia, para não ser censurado, era uma vida que, aparentemente parecia boa, por ele estar debaixo de telha, não apanhava chuva nem frio, mas era muito desgastante, então, um merceeiro de Capelins, saturado daquela vida, nem pensou duas vezes e afixou na porta o horário de funcionamento da sua Mercearia, escrevendo assim, numa folha de papel pardo, de embrulho: 
Aviso
Abridura às 7 
Fechadura às 12
Abridura à 1
Fechadura às 8 
E depois da Fechadura, não há mais Abridura. 
Conforme nos contaram, ninguém ligou ao Aviso, não só porque, poucas sabiam ler, mas era assim a necessidade e a tradição e, tudo continuou com era antes! Quando o chamavam para ir aviar algum produto, fora do horário afixado, nunca se negava, mas perguntava sempre: "Viste o horário?" E a maioria das resposta das clientes era: "Vi, vi, ti Zéi, mas hoje não quero, ainda lá devo ter quase meia arrati": 
E tudo continuou como antes! 
Hoje, já não temos Mercearias dessas, nas terras de Capelins! 



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