quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

A cozedura do pão das feiticeiras de Capelins

 Tradições de Capelins

A cozedura do pão das feiticeiras de Capelins
Noutros tempos, em Ferreira de Capelins, quando chovia e ao mesmo tempo estava sol, geralmente na primavera, no mês de Abril, a rapaziada ficavam admirados por chover com sol, não achavam normal e lembravam-se da lenga lenga "A chover e sol, estão as feiticeiras a fazer pão mole" e começavam a dizê-la em coro. Depois, alguns rapazes interrogavam outros: - Isto será mesmo verdade? E alguns rapazes afirmavam que sim, já ouviam isso aos avós e bisavós e a toda a gente da Aldeia! E logo outros propunham ir a percorrer os Fornos de cozer pão da Aldeia de Ferreira a ver se a ti Maria, a ti Antónia, a ti Chica e outras mulheres que tinham fama de ser feiticeiras, estavam a fazer a cozedura do pão naquele momento, e todos se prontificavam a fazer a rota dos Fornos do pão e partiam a correr debaixo de chuva, porque tinha de ser confirmado enquanto chovia e fazia sol, e os Fornos eram todos passados a pente fino, mesmo os que ficavam dentro de casas particulares, mas não era preciso entrar lá, porque se estivessem de cozedura o cheiro do bom pão cozido ou enquanto cozia chegava a grande distância, mas não avistavam as chamadas feiticeiras e voltavam ao ponto de partida encharcados até aos osso, mas arranjavam sempre alguma desculpa para manter viva a tradição da lenga lenga, e para não se renderem, cada um defendia a sua ideia, uns diziam que já deviam ter acabado a cozedura, àquela hora já era tarde, outros diziam que secalhar não precisavam de pão nesse dia, ou outra coisa qualquer, mas que o ditado era certo, disso a rapaziada não duvidava, e rematavam que mais cedo ou mais tarde as feiticeiras seriam apanhadas a cozer o pão, porque o dito não falhava.
Texto. Correia Manuel
Fotografia: Correia Manuel 2013
Forno Comunitário de Ferreira de Capelins



terça-feira, 2 de dezembro de 2025

História de Capelins Custo de um sepultamento na Freguesia de Santo António de Capelins no ano de 1835

 História de Capelins

Custo de um sepultamento na Freguesia de Santo António de Capelins no ano de 1835
No ano de 1835 na Freguesia de Santo António de Capelins, e não só, os sepultamentos ainda eram feitos dentro da Igreja, era impensável sepultar um Cristão fora de uma Igreja, se estava esgotada era acrescentada, ou faziam outra.
Vejamos quanto custava um funeral nesse ano e nesta Freguesia, sendo diferente se fosse um adulto ou um anjinho, ou seja, uma criança e por quantas partes se dividia esse valor. Os indigentes ou de extrema pobreza não pagavam nada.
Assim:
"Dos usos e costumes dos enterros desta Freguesia de Santo António de Capelins, Termo de Terena, Arcebispado de Évora, que achei quando dela tomei posse como Pároco a 12 de Agosto de 1835.
De encomendar uma pessoa grande ao pé da Igreja, uma Missa de corpo presente e Assento no livro tem o Pároco: -----2.500 réis.
O Sacristão que acompanha tudo:--------------------- 740 réis.
A Fábrica da Igreja-------------------------------- 400 réis
Custava o funeral: 3.640 réis.
Sendo a encomenda junto à Igreja, porque supõ-se que se fosse mais longe seria diferente, mais caro.
De encomendar um Anjinho ao pé da Igreja, uma Missa de corpo presente e Assento tem o Pároco:--------- 340 réis.
O sacristão que acompanha tudo: -------300 réis.
A Fábrica da Igreja: ----------------------- 200 réis.
Custava o funeral: -------------------------840 réis.
O Pároco: António Laurentino Sopa Godinho
Diz o Sacristão Moreira, que quando querem Missa de corpo presente falem das duas, o Pároco tem obrigação dizer que tem o Pároco por esta 800 réis e o Sacristão 120 réis.
Lembramos que 1000 réis era 1 escudo.
No inicio dos anos 70, 1 pão de quilo custava 3.300 réis, ou seja, 3 escudos e 30 centavos.
Logo, não se podia morrer, o funeral era mesmo muito caro.
Este livro foi rubricado pelo Pároco José Agostinho da Silveira Gusmão.




segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Planta das sepulturas dentro da Igreja de Santo António de Capelins

 História de Capelins

Santo António de Capelins
Notícias
8 de Setembro de 2025
Documento do mês de agosto de 2025
Até ao séc. XIX, nomeadamente até 1840, era prática comum os corpos serem sepultados nas igrejas. É notória a existência de uma hierarquia dentro das mesmas, ficando as famílias de elevado estatuto social, como nobres, eclesiásticos ou pessoas abastadas com os lugares privilegiados junto aos altares e em capelas particulares, locais que segundo a ideologia católica os deixava mais próximos de Deus. Já o povo era sepultado no adro das igrejas em covas em que colocavam vários corpos, como podemos testemunhar nos livros de registos de óbito das paróquias, mas existiam algumas exceções.
Para documento do mês de agosto seleccionou-se a “Planta das sepulturas da Igreja de Santo António de Capelins” que se encontravam na Capela-mor, no Altar do Rosário e no Altar das Almas, para os sacristãos se orientarem na abertura das covas pela antiguidade dos enterros, regulando-se pelo número das mesmas. Em baixo consta uma sugestão para os párocos anotarem, nos registos, o número da sepultura em que enterravam os defuntos, para os sacristãos se orientarem na abertura da cova seguinte, e não enterrassem “…um corpo sobre outro antes de ser consumido…”, como já acontecera. Ao folhear o livro verificou-se que a maior parte dos párocos não aplicou o que lhes fora sugerido.
Arquivo Distrital de Évora






A cozedura do pão das feiticeiras de Capelins

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