Repassando o Rio Guadiana por Ferreira
Após a Batalha dos Atoleiros, no
dia 6 de Abril de 1384, em Fronteira, Portalegre, veja-se este episódio, que
envolveu o Alcaide-mor de Alandroal, Pedro ou Pêro Rodrigues (o encerra-bodes)
e Álvaro Gonçalves, capitão dos escudeiros de Vila Viçosa (o coitado), que aqui
se apresenta por envolver Ferreira, a nossa região e para
verificarmos como foram as relações entre Portugal e Castela, em tempo de paz e
de guerra.
“ Invejosos da glória obtida por
D. Nuno Alvares Pereira na batalha dos Atoleiros, Álvaro Gonçalves e Pedro ou
Pêro Rodrigues determinaram logo depois da Páscoa, isto é, no primeiro meado de
Abril do dito ano de 1384, fazerem juntos, por sua conta e risco, uma entrada
em Castela. O primeiro reuniu os trinta escudeiros que tinha Vila Viçosa e o
segundo os dez ou pouco mais que tinha o Alandroal. E assim em número de
quarenta e cinco de cavalo e duzentos de pé de ambas as vilas se dirigiram para
o Guadiana e passando este rio, no porto da Cinza, perto de Cheles seguiram sem impedimento a sua
marcha por entre Alconchel e Vila Nova del Fresno. Ali se toparam com numerosas
manadas que pastavam tranquilamente e, puderam apresar mil e quatrocentas
vacas, setecentos novilhos, vinte e seis éguas, nove poldras de três anos e outros
poldrinhos pequenos, obrigando os quatorze vaqueiros que guardavam estes gados
a virem-nos tocando para Portugal. Repassando o Guadiana, vieram por FERREIRA, e pelo Sobral caminhando
placidamente até Pardais e ali na planície da antiga povoação Romana, entre a
Fonte de Soeiro e a Ermida do Evangelista S. Marcos, fizeram alto para repartir
a presa. Chamava-se a isto dividir no campo. Ora, pertencendo o quinto destes
despojos a Álvaro Gonçalves, conforme a concessão que lhe fizera o Mestre de Aviz,
renunciou a esse emolumento permitindo que se repartisse a presa com igualdade
e ficassem ricos os seus soldados que eram todos naturais e moradores em Vila
Viçosa como ele mesmo. As éguas que lhe pertenceram, mandou-as para uma quinta
sua perto de Benavente, no Ribatejo. Isto foi o prólogo de grandes
acontecimentos realizados ainda na primavera de 1384 – ano fertilíssimo deles
para a nossa terra”.
Lugar da Vila Defesa de Ferreira de 1262
Lugar da Vila Defesa de Ferreira de 1262
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