Breve história da Aldeia de Cabeça de Carneiro - Santiago Maior
As nossas pesquisas sobre a origem e toponímia da Aldeia de Cabeça de Carneiro levaram-nos a D. António Carneiro, cavaleiro da casa del-Rei, foi de escrivão da Câmara de D. João II, D. Manuel I e D. João III, e secretário destes dois últimos, tomou o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo em Tomar, por D. Manuel I, no dia 15 de Junho de 1533, nasceu em 1459 e faleceu no dia 03 de Abril de 1545, sendo longa a sua história de vida, uma vez que viveu 86 anos.
Como este cavaleiro prestou bons serviços ao Reino e era muito afeiçoado aos reis, foi donatário da ilha de S. Tomé e Principe, porém, este e outros privilégios terminaram com a sua morte. Deixou viúva Dona Beatriz da Alcáçova, com a qual teve 16 filhos e filhas e, por coincidência, uma das filhas casou com um dos Condes de Vila Nova, comendadores nos Termos (Concelhos) de Terena e do Alandroal, onde tinham muitas herdades.
Após a morte de D. António Carneiro em 1545, a Coroa teve de garantir meios de subsistência à viúva Dona Beatriz da Alcáçova, como acontecia a todas as esposas viúvas dos cavaleiros do Reino, as quais, recebiam bens da Coroa à "Cabeça", geralmente herdades, das quais recebiam os rendimentos de rendas pagas pelos respetivos lavradores, por isso, as herdades doadas chamavam-se à Cabeça, como Cabeça de Carneiro, Cabeça da Sina, Cabeça de Mourão e outras.
Neste caso, verificámos que existia a herdade de Cabeça de Carneiro no Termo do Alandroal (Rosário), tal como a herdade da Xamorreira, e que existiam outras duas herdades com a mesma designação no Termo (Concelho) de Terena, aqui já não conhecemos a herdade de Cabeça de Carneiro, porque, após o falecimento da sua donataria Dona Beatriz da Alcáçova, foi dividida em courelas que foram aforadas (arrendadas definitivamente, com todos os direitos de superficie) aos lavradores e seareiros, desaparecendo a dita herdade, mas deixando a toponímia de Cabeça de Carneiro, como se designava aquele lugar, ou seja, o nome do privilégio concedido pela Coroa à Cabeça de António Carneiro, que era a sua viúva, até ao seu falecimento, talvez nos decénios de 1550-1560, não está indicado na sua árvore genealógica.
Os primeiros Montes que foram construídos, referidos em alguns documentos, foram as Queijeiras, pelo que, essa será a parte mais antiga da Aldeia, mas como eram muitas courelas, foram construindo novos Montes e, a partir da centúria de 1600 a Aldeia foi crescendo, aumentando os povoadores e o casario.
Nos seus limites, existia o Baldio do Seixo, desde Fevereiro de 1262, um dos treze Baldios da Câmara de Terena que, era dividido em courelas, as quais eram sorteadas pelos lavradores e seareiros deste Termo, nas quais, fizeram cabanas (chamadas cabanões) onde viviam, periodicamente, e alguns permanentemente com as suas famílas, fixando povoadores, muito necessários nestas terras.
Com base em alguns documentos históricos que consultámos, via on line, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ANTT, nos Registos Paroquiais de Santiago Maior, São Pedro de Terena e de Santo António de Capelins, é nossa convicção que a fundação e a toponímia da Aldeia de Cabeça de Carneiro, deve-se à doação de uma herdade, pelo Rei D. João III, à viúva de D. António Carneiro, ou seja, à Cabeça de Casal, Dona Beatriz da Alcáçova, em 03 de Abril de 1545 que, depois do seu falecimento, talvez no decénio de 1550, (uma vez que ele faleceu em 3 de Abril de 1545 com 86 anos), foi dividida em courelas, que foram aforadas a seareiros e lavradores, os quais, construiram algumas residências, chamados Montes e, assim nasceu a Aldeia de Cabeça de Carneiro, antes do ano de 1600.
Na verdade, não encontrámos documentos específicos que atestem o que escrevemos, pelo que, não podemos afirmar que foi mesmo assim, mas através dos documentos antes referidos, chegámos a este caminho, por onde seguimos, porque, a pesquisa vai continuar.
Cabeça de Carneiro em 18 de Outubro de 2024
Texto: Correia Manuel
Sem comentários:
Enviar um comentário