Memórias do Chiquinho de Capelins, quando achou a ameixeira no Monte do Pinheiro
Este Blogue Tem Como Objetivo Dinamizar a História, Lendas, Tradições e, a Defesa do Património Cultural e Arqueológico das Terras de Capelins - Alandroal
terça-feira, 30 de maio de 2023
Memórias do Chiquinho de Capelins, quando achou a ameixeira no Monte do Pinheiro
sábado, 27 de maio de 2023
Memórias do Chiquinho de Capelins, quando fazia a rota da sesta
Memórias do Chiquinho de Capelins, quando fazia a rota da sesta
domingo, 14 de maio de 2023
Memórias do Chiquinho de Capelins, da paródia do avô no rio Guadiana, em Capelins
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terça-feira, 9 de maio de 2023
O mistério do roubo do macho, em Capelins
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sábado, 6 de maio de 2023
Memórias do Chiquinho de Capelins, quando mandou responsar o sacho perdido
Memórias do Chiquinho de Capelins, quando mandou responsar o sacho perdido
O pai do Chiquinho de Capelins era seareiro, além dos vários cereais que cultivava, também fazia um meloal no Gomes que, produzia alguns melões, melancias e feijão frade, para gasto da casa, mas a preparação das terras, antes e durante a produção era muito trabalhosa, depois do nascimento das plantas, a terra tinha de estar sempre bem cavada.
Nesse época, havia grandes trovoadas e a água da chuva era tanta que apertava a terra do meloal, pelo que, a parte da crosta, estava sempre a precisar de ser cavada, com uma enxada ou um sacho, mas esse serviço não devia ser feito por gaiatos, podiam danificar as plantas e comprometer a produção de melões e melancias, já o feijão frade não exigia tanto cuidado e foi esse o trabalho destinado ao Chiquinho, para nas horas vagas, cavar a terra do feijão frade.
Quando o trabalho estivesse feito, mais tempo tinha para as brincadeiras, por isso, o Chiquinho andava muito apressado, cavava, cavava, fazendo cálculos sobre o tempo que faltava para acabar, pelo que, estava quase livre daquela tarefa.
Numa tarde do mês de Junho, estava um calor que sufocava, mas não o impediu de correr para o meloal e começou a cavar, pouco depois, ouviu trovões, mas continuou a cavar, porque não podia perder tempo, mas os trovões eram cada vez mais frequentes, sinal de que a trovoada se aproximava e ele não teve outro remédio senão arrumar o trabalho e preparar-se para correr até à Aldeia, então foi esconder o sacho atrás do gargalo do poço, onde havia algum pasto que o escobria, mas passou-lhe pela cabeça que, o podiam roubar dali, seria melhor deixá-lo enterrado no lugar onde ía a cavação, uma vez que, havia a separação entre a terra cavada e a não cavada, logo seria um sinal muito fácil para no dia seguinte o encontrar e assim fez.
Nos dias seguintes, surgiram outras tarefas e a cavação do feijão frade ficou parada, passados mais de oito dias, o pai do Chiquinho perguntou-lhe se já tinha o trabalho feito, e ele respondeu que só faltava uma faixa lá em cima, por culpa da trovoada que não o tinha deixado acabar, então recebeu ordens para ir acabar o trabalho, senão, quanto mais cresciam os feijoeiros, pior era para os cavar, sem os partir.
Nesse dia, à tardinha, sem vontade nenhuma, o Chiquinho dirigiu-se ao meloal e quando chegou ao lugar onde estava semeado o feijão frade, ficou desolado, não existia nenhuma diferença na terra que já tinha já cavada e a que faltava cavar, depois de pensar um pouco sobre o que teria acontecido, chegou à conclusão que a água da trovoada, naquela tarde, tinha sido tanta que lhe tinha acabado com o trabalho já feito, ficou algum tempo inativo até aceitar que tinha de meter mãos à obra e começar de novo.
Como a peça fundamental para fazer o trabalho era o sacho, começou a dar voltas à cabeça onde o teria deixado, foi ver atrás do gargalo do poço e nada, foi a mais alguns lugares e nada, já tinham passado mais de oito dias, com tanta brincadeira pelo meio, não se podia lembrar, passaram-lhe muitas ideias pela cabeça, talvez o pai o tivesse encontrado e o tivesse levado para casa, mas sem sacho não podia fazer o trabalho e foi a casa para ver se ele lá estava, mas não o encontrou, teve de levar outro e lá foi cavar o feijão frade, sempre a tentar lembrar-se onde teria escondido o sacho.
Passados alguns dias, lamentou-se ao ti Zé Maria, onde passava muito tempo a ouvir as peripécias da sua vida, contou-lhe o que tinha acontecido com o sacho e, depois de ouvir várias ideias, a melhor que achou foi a de mandar responsar o sacho, ele disse-lhe que fosse ao ti Manel da Horta, tio avô do Chiquinho, que sabia o responso de Santo António.
Ainda nesse dia, o Chiquinho fez por se aproximar do ti Manel da Horta que andava a mudar uma cabra na pastagem, contou-lhe o sucedido e pediu-lhe para ele responsar o sacho perdido e ele respondeu-lhe: - Eu faço-te isso filho, eu faço-te isso, mas eu rezo o responso de Santo António três noites seguidas, por isso, só daqui a três dias te posso dizer se o sacho aparece, ou não.
O Chiquinho ficou aliviado e não pensou noutra coisa nos três dias seguintes, por fim esperou o ti Manel perto do poço do chorão e correu a perguntar-lhe o resultado e ele disse-lhe que o sacho aparecia e não demorava, e continuou: - Pensa lá bem a última coisa que fizeste quando fugiste da trovoada! Mas o Chiquinho respondeu que não se lembrava de nada, senão, não era preciso o responso.
Depois de agradecer ao ti Manel, foi logo contar ao ti Zé Maria que o sacho aparecia, e ele perguntou-lhe se já tinha dado a melhadura ao ti Manel, senão o sacho nunca mais ia aparecer, era assim que tinha de fazer, as pessoas tinham sempre de dar uma melhadura, gorjeta, a quem responsava o que fosse pedido e sugeriu que, como ele fumava, lhe desse um maço de cigarros Kentucky, chamado mata ratos.
O Chiquinho foi dali a pensar que tinha de cumprir o ritual até ao fim, não fosse o sacho por água abaixo e foi à taberna comprar o maço de cigarros mata ratos, com cautela para não ser visto por muita gente, senão diziam que andava a fumar e podia ficar metido numa camisa de sete varas, assim que comprou o maço de cigarros foi logo entregá-lo ao ti Manel, que agradeceu e disse-lhe que só o aceitava, porque a melhadura fazia parte do ritual.
O Chiquinho ficou com muita esperança que o sacho aparecia e passados dois ou três dias, andava a cavar o feijão frade, pensando nas suas brincadeira, ao atirar o sacho à terra acertou no sacho perdido que saltou do interior da terra e ficou direito na sua frente causando-lhe grande susto, pouco depois, veio-lhe à ideia que tinha enterrado o sacho naquele sítio, mas a água da trovoada tinha deixado a terra toda igual, sem sinal do esconderijo, assim, por obra do responso, estava desfeito o mistério do sacho perdido.
Perante este resultado, o Chiquinho não descansou enquanto não aprendeu o responso de Santo António, sendo-lhe explicado que, tinha de o rezar antes de deitar e fazer o pedido, depois a resposta de Santo António aparecia-lhe no sonho, mas nunca deu certo, porque, até podia sonhar, mas de manhã ao acordar, nunca se lembrava o que tinha sonhado e, acabou por desistir, continuando a recorrer aos serviços esotéricos do ti Manel da Horta.
Fim
Texto: Correia Manuel
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